quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
«SÃO JUDAS TADEU»
Antigo lugre e lugre-motor da nossa frota bacalhoeira, o «São Judas Tadeu» foi construído em 1923 num estaleiro da Figueira da Foz. Recebeu, inicialmente, o nome de «Hércules» e pertenceu à Companhia Fomentadora Marítima Figueirense. Passou, a partir de 1926, por outras mãos, navegando, sucessivamente, com as designações de «João José» e de «João José Segundo». Em 1933 foi-lhe adaptado um motor auxiliar e o navio começou a alternar as campanhas de pesca longínqua com o tráfego comercial ao longo da costa portuguesa. Em 1942 deixou definitivamente a pesca bacalhoeira para se consagrar, definitivamente, à navegação de cabotagem. Presume-se que, nesse ano, já se chamasse «São Judas Tadeu» e que já estivesse ligado à Sociedade Naval e Comercial de Lisboa, seu derradeiro proprietário. O velho navio prestava serviço de carga diversa na África ocidental, visitando os portos angolanos e Matadi, no então Congo Belga, quando -a 13 de Novembro de 1966- a sua tripulação se apercebeu que, surpreendentemente, o navio metia água em grande quantidade. Incapaz de detectar a causa do incidente, o capitão do «São Judas Tadeu» mandou instalalar quatro bombas para tentar escoar a água que entrava no navio. Infelizmente essa manobra (que durou várias horas) revelou-se insuficiente e a equipagem recebeu ordens para abandonar o navio e tentar alcançar a Ponta da Moita Seca (junto a Santo António do Zaire), situada a pouco mais de 3 milhas do lugar da ocorrência. O navio acabou por afundar-se, salvando-se, porém os seus 10 tripulantes, cinco europeus e cinco africanos. Que, por terem seguido (nas baleeiras) o seu navio até ao momento do fatídico desfecho, na esperança de um milagre, se afastaram muito da costa. Que acabariam, finalmente, por alcançar após 18 horas de porfiados esforços.
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