segunda-feira, 22 de outubro de 2012

«WAIMATE»



Galera de 3 mastros e com casco de aço, construída em 1874 pelos estaleiros de J. Blumer & Cº, de Sunderland (G.B.), para a casa armadora British Eastern Shipping Cº, de Liverpool; que lhe atribuíu o nome de «Indostan», designativo que este navio conservou até 1875. Este veleiro apresentava as seguintes características físicas: 1 156 toneladas de arqueação bruta, 67 metros de longitude e 10,70 metros de boca. Em 1875, foi vendido à empresa londrina New Zealand Shipping Cº, que decidiu chamar-lhe «Waimate» e colocá-lo no comércio com a Oceania, particularmente com a Nova Zelândia. Muito rápido, este veleiro estabeleceu um recorde de velocidade entre Londres e Lyttelton, naquele arquipélago, que perdurou durante 30 anos. Vocacionado para o transporte de carga diversa e de emigrantes, este navio levou inúmeros europeus para aquelas paragens do fim do mundo, consideradas em finais do século XIX como terras de promissão. A rota escolhida era, naturalmente, a do cabo Horn, considerava mais perigosa mas que reduzia a distância e o tempo de navegação. Depois de ter efectuado várias viagens entre o Velho Mundo e as terras austrais, este veleiro foi vendido a armadores russos, que lhe modificaram o velame (passando o navio a aparelhar em barca) e que lhe deram o seu derradeiro nome : «Valkyrian». O ex-«Waimate» teve um triste fim, já que se perdeu sem deixar rasto, em 1899, quando navegava com um carregamento de carvão, entre a Austrália e o porto chileno de Iquique.

«DUC DU MAINE»



Navio negreiro francês que levou (com o «Aurore», um seu congénere de mesma nacionalidade) a primeira leva de escravos negros de África para a Luisiana; onde o «Duc du Maine» chegou a 6 de Junho de 1719. Este veleiro, que pertencia a uma denominada Companhia das Índias, foi construído num estaleiro de Saint Malo no ano de 1707. Deslocava à volta de 365 toneladas e media 31 metros de comprimento por 9 metros de boca. Tinha uma tripulação de 71 homens e estava armado com 20 peças de artilharia. Preparado para receber entre 500 e 600 escravos (negociados com chefes tribais da Senegâmbia), esta embarcação fez várias viagens entre a Europa, a África e as Américas (o tristemente famoso comércio triangular), como o atestam escrituras que chegaram até aos nossos dias. Nas ditas, estão documentadas três dessas viagens, que referenciam o tráfico de 250 escravos (no primeiro desse périplo, feito sob comando do capitão Lauduoine), de 349 outros (na segunda viagem com o capitão Roseau) e, finalmente, 491 cativos (transportados no mesmo navio, desta vez sob as ordens do capitão Delavigne). O documento referente à derradeira viagem do negreiro «Duc du Maine» também faz referência à morte, durante a viagem transatlântica, de 60 escravos; desta feita destinados às plantações da Martinica, ilha das Antilhas sob administração francesa. Nota : a imagem anexada é a de um ex-voto representando o navio negreiro «Saphir» (de La Rochelle), contemporâneo do veleiro aqui em apreço.

«VEGA»


LFP (Lancha de Fiscalização Pequena) da Armada Portuguesa. Pertencia à classe ‘Antares’ e foi construída em 1959 nos estaleiros de James Taylor, em Shoreham, Sussex, Inglaterra. Era uma embarcação de porte modesto -18 toneladas de deslocamento, 17 metros de comprimento, 4,60 metros de boca e 1,20 metros de calado- com casco fabricado em fibra de vidro. As lanchas desta categoria foram, aliás, as primeiras destinadas à marinha de guerra que utilizaram esse material; que até então só era utilizado em embarcações de recreio. A propulsão da «Vega» era assegurada por 2 motores diesel de 500 cv, que lhe facultavam uma velocidade operacional de 18 nós. Esta LFP estava armada com 1 peça de 20 mm montada à proa. A sua guarnição compreendia um oficial e 5 praças. A «Vega» teve três ‘sister ships’ na Armada Portuguesa, que foram as lanchas «Antares», «Sirius» e «Regulus». À excepção desta última (que foi utilizada pela nossa marinha de guerra no lago Niassa, nos tempos da guerra colonial), todas elas serviram na Índia Portuguesa. Quando, em 1961, se deu a invasão desse território por forças da União Indiana (muito superiores às tropas portuguesas ali estacionadas), a «Vega» viu-se envolvida em combates aéreos e navais impossíveis de suportar, tal a desigualdade de meios. E, a 18 de Abril desse ano, a «Vega» foi atacada por jactos De Havilland ‘Vampire’ indianos, cujo fogo atingiu a lancha da Armada, que ripostou aos tiros; mas que acabou por sofrer mortos -entre os quais se contou o seu comandante, 2º tenente Oliveira e Carmo- e feridos, antes de se afundar, inevitavelmente, nas águas do oceano Índico. Este combate (tal como aquele que levou à perda do aviso «Afonso de Albuquerque») foi o derradeiro travado pela nossa Armada naquelas longínquas paragens, onde os Portugueses permaneceram durante quase cinco séculos.

«NORTHAMPTON»



Cruzador pesado da armada dos Estados Unidos. Foi o primeiro de uma classe de navios que tem o seu nome e que compreendeu mais cinco unidades : o «Chester», o «Louisville», o «Chicago», o «Houston» e o «Augusta». O «Northampton» foi realizado em Quincy (Massachusetts) pelos estaleiros da firma Bethlehem Steel Corporation, que o lançaram à água no dia 5 de Setembro de 1929. Este cruzador deslocava 11 420 toneladas em plena carga e media 182,96 metros de comprimento por 20,14 de boca. O seu calado era e 5,92 metros. O seu sistema propulsor (4 turbinas/8 caldeiras) desenvolvia uma potência de 107 000 cv, força que permitia ao «Northampton» navegar à velocidade máxima de 32,5 nós e de beneficiar e uma autonomia de 10 000 milhas náuticas com andamento reduzido a 15 nós. Modestamente blindado (para um navio das suas dimensões), este cruzador estava armado com 9 canhões de 200 mm, com 4 de 130 mm, com 9 tubos lança-torpedos de 530 mm e com 52 peças antiaéreas (24 de 40 mm + 28 de 20 mm). O «Northampton» estava equipado com 2 catapultas a vapor e com 2 hidroaviões. A sua guarnição era composta por 621 oficiais, sargentos e praças. Este navio foi uma das primeiras unidades da armada dos Estados Unidos a receber o radar RCA CXAM, um aparelho de utilização complexa e pouco eficaz. Aquando do ataque japonês contra a base aeronaval de Pearl Harbour (07/12/1941), este navio estava afectado à escolta do porta-aviões «Enterprise» e foi protagonista de um abalroamento com o contratorpedeiro «Craven», que o obrigou a recolher a um estaleiro, para se submeter a reparações, que duraram vários meses. Depois de voltar à vida activa, já em plena guerra contra os nipónicos, o «Northampton» esteve em várias missões importantes. Foi, por exemplo, um dos navios que escoltou o porta-aviões «Hornet» aquando da famosa ‘operação Doolittle’, que conduziu ao primeiro bombardeamento de Tóquio (1942), esteve envolvido nas batalhas do Mar de Coral e de Midway, esteve nas perigosas águas de Guadalcanal como escolta do porta-aviões «Wasp», quando este navio foi afundado por um submarino japonês e (cúmulo do azar) escoltou o USS «Hornet», durante a batalha de Santa Cruz», na altura em que este porta-aviões foi torpedeado e afundado por submarinos da marinha de Hiro Hito. O seu último confronto com a armada imperial nipónica ocorreu a 30 de Novembro de 1942, quando durante a chamada batalha naval de Tassafaronga, o «Northampton» (CA-26) foi alvo de um ataque de submersíveis, cujos torpedos lhe provocaram o afundamento, depois de terem alvejado a sua cintura couraçada e atingido um dos seus tanques de combustível. No soçobro deste navio norte-americano, as perdas humanas foram limitadas, devido ao rápido socorro prestado aos náufragos por outras unidades da ‘USS Navy’.

domingo, 21 de outubro de 2012

«TRITÃO»


Navio de guerra de 5ª classe pertencente à armada do rei de Portugal. Foi lançado à água no dia 30 de Junho de 1783 pelo arsenal da Ribeira das Naus (Lisboa), que o construiu. O seu primitivo nome (usado, muito provavelmente, até 1794) foi «Nossa Senhora das Necessidades». Tinha dois conveses de artilharia, equipados com 44 canhões (40 a partir de 1795). Teve, pelo menos, três comandantes, que foram, sucessivamente, o capitão-de-mar-e-guerra Pedro de Mariz de Sousa Sarmento e os capitães-de-fragata Thomas Stone e Donald Campbell, ambos de origem britânica. Era este último oficial que comandava o «Tritão» em 1797 e foi ele quem transmitiu à ‘Royal Navy’ e ao almirante John Jervis informações preciosas e detalhadas sobre uma numerosa formação de navios espanhóis, que, provenientes de Cádiz, preparavam uma junção com uma frota da França revolucionária. O embate entre as forças navais franco-espanholas e a esquadra britânica teve lugar –a 14 de Fevereiro daquele mesmo ano- ao largo do cabo São Vicente (promontório da costa algarvia), saindo os ingleses vitoriosos da contenda. Embora devesse permanecer como simples espectadora dos acontecimentos, a fragata «Tritão» acabou por quebrar a sua neutralidade, ao prestar socorro ao navio HMS «Captain» (comandado por Horácio Nelson), que, em muito mau estado, se encontrava sob o fogo cruzado (e cerrado) dos navios de linha «Salvador del Mundo» e «San Inocencio». Indiferente ao perigo, o navio português aproximou-se da nau inglesa e passou-lhe o cabo que permitiu safá-la da sua melindrosa situação. Nota final : ao que sabemos, não existem detalhes sobre as características físicas do «Tritão».

sábado, 20 de outubro de 2012

«JASKÓLKA»



O «Jaskólka» foi cabeça de uma série de caça-minas (6 navios, todos construídos nos anos 30 do século XX) da armada polaca, que tomou o seu nome. O «Jaskólka» foi lançado à água no dia 1 de Setembro de 1934 e, tal como os seus gémeos, era uma unidade de pequeno porte. Deslocava 183 toneladas e media 45 metros de comprimento por 5,50 metros de boca. O seu calado era de 2,40 metros. Navegava graças à força de uma máquina diesel de 1 040 bhp (que lhe imprimia a velocidade máxima de 17,5 nós) e à utilização de 2 hélices. Estava armado com 1 peça de 76 mm e com 2 metralhadoras AA e podia transportar 20 minas ou 20 cargas de profundidade. A sua guarnição era de 30 homens. Quando, no dia 1º de Setembro de 1939, a Alemanha hitleriana invadiu a Polónia, este pequeno navio (então colocado sob o comando do capitão Tadeusz Borysiewicz) e os seus congéneres tiveram papel relevante nos combates desesperados travados contra o poderoso inimigo do seu país. O «Jaskólka» deu luta à aviação germânica e largou minas nas águas da baía de Hel, para manter as unidades da armada do 3º Reich a prudente distância das costas polacas. Mas, tratava-se de um combate desigual e antecipadamente perdido, visto a desproporção das forças em presença. Depois da sua briosa participação na chamada batalha da baía de Gdansk, o caça-minas «Jaskólka» recolheu ao porto de Jastarnia, onde, no dia 14 de Setembro, foi atingido por uma bomba do adversário e destruído. Curiosidade : todos os navios desta classe receberam o nome de aves. Daí o facto dos 6 caça-minas em questão serem conhecidos na marinha de guerra da Polónia pelo carinhoso designativo de ‘passarinhos’. Para além da unidade aqui em apreço (Jaskólka traduz-se por Andorinha), os outros navios chamavam-se «Mewa» (Gaivota), «Rybitwa» (Garajau), «Czajka» (Abibe), «Czapla» (Garça) e «Zuraw» (Grou).

«BRIGIDA AF DRAMMEN»



Belo veleiro norueguês (barca de 3 mastros) construído, em 1861, num estaleiro de St. Martins, pequena localidade da baía de Fundy, na província canadiana de New Brunswick. Usou, primitivamente, o simples nome de «Brigida». Era um navio com casco de madeira, de 471 toneladas, que media 40,75 metros de comprimento por 7,60 metros de boca. Sabe-se que se destinava ao transporte de carga geral, mas ignoram-se o nome do seu primeiro proprietário e o essencial do seu historial. Foi vendido para a Noruega, em data incerta, país onde teve quatro armadores : B. Holst, de Drammen, que o comprou aos canadianos e o trouxe para a Europa, Hans Scheel, também ele de Drammen, W. Klaveness, de Fredriksvaern e A F. Klaveness, de Sandfjord. Este último armador tê-lo-á conservado de 1875 até 1898, ano em que o «Brigida af Drammen» foi vendido para a sucata e desmantelado em Fredrikstad. Curiosidade : a tela que aqui apresentamos com a representação deste bonito (mas pouco conhecido) veleiro foi pintada em 1871 -a guache e aguarela- pelo artista Andreas Lind. Pertenceu à colecção de História Marítima Holm-Petersen, antes de passar para as mãos de um amador de arte alemão.

«DESERTAS»



Vapor mercante de bandeira portuguesa (na fase final da sua carreira), pertencente aos Transportes Marítimos do Estado. Foi construído na Alemanha (no estaleiro Flensburger Schiffsbau AG, de Flensburg) em 1895. Usou, sucessivamente, os nomes de «Thekla» (na Kingsin Linie, de Bremen), de «Wittenberg» (na Norddeutscher Lloyd, de Bremen) e de «Hochfeld» (na Continental Reederei, de Hamburgo), antes de ser requisitado pelo governo português em 1917, no Funchal; porto onde este navio germânico se havia refugiado desde o início da Grande Guerra, para escapar às represálias da armada real britânica. Baptizado «Desertas» em homenagem aos ilhéus desabitados do arquipélago da Madeira, este navio -com 3 689 toneladas de arqueação bruta e com 108,10 metros de comprimento por 12,80 metros de boca- foi alugado ao governo britânico, passando a navegar sob as cores da companhia Furness Withy, de Hartlepool. Tendo encalhado -a 5 de Setembro de 1918- junto à Costa Nova (Aveiro), este vapor foi alvo de um ataque, com tiros de peça, por um submarino germânico não-identificado. Essa acção de guerra, que durou cerca de meia hora, foi presenciada por umas duas centenas de pessoas, na sua maioria banhistas, que desfrutavam dos últimos dias cálidos do Verão. E que, segundo notícias de um jornal nortenho («O Comércio do Porto»), entraram em pânico perante a intensidade do fogo disparado do submersível. O ataque frustrou-se, até porque de S. Jacinto (onde funcionava uma estação naval francesa) descolaram dois hidroaviões armados para dar caça ao intruso; que desapareceu nas profundezas do Atlântico, ao detectar a presença das duas aeronaves inimigas. O vapor «Desertas» só seria desencalhado em Março de 1920. Dali seguiu para Lisboa, onde foi submetido a grandes reparações. Em 1921, recebeu um nome novo, o de «Mendes Barata», em homenagem ao homem que concorreu para a sua recuperação. Em 1926, foi parar à frota da Companhia Colonial de Navegação, que o utilizou durante um período de tempo muito curto. Com efeito, o navio «Desertas» foi vendido no ano seguinte a um negociante holandês de sucatas, que procedeu -em Outubro de 1927- ao seu desmantelamento num estaleiro de Scheveningen.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

«ARCTIC PRINCESS»



O «Arctic Princess» é, com as suas 121 587 toneladas de arqueação bruta e com os seus 288 metros de comprimento por 49 metros de boca e com os seus 10 metros de calado, o maior navio de transporte de gás natural jamais construído. Foi lançado à água no ano de 2006 pelos estaleiros japoneses da sociedade Mitsubishi Heavy Industries Ltd, que levaram cerca de quatro anos a realizá-lo. O «Arctic Princess», que iça bandeira norueguesa e que está registado no porto de Hammerfest (cidade da ilha de Kvalo, próxima do círculo polar), pode transportar (em cada uma das suas viagens) 147 835 m3 de gás liquefeito, ou seja a quantidade necessária para abastecer -durante um ano inteiro- uma cidade de 45 000 habitantes. A propulsão deste gigante dos mares é assegurada por motores dotados com turbinas a vapor fabricados pela firma Kawasaki e que desenvolvem uma potência de 27 600 kW. A velocidade máxima deste navio ronda os 20 nós. O «Arctic Princess» tem acomodações para receber 39 pessoas, mas a sua tripulação normal é de, apenas, 28 membros. O navio abastece-se, geralmente, no terminal de Melkoya, com gás em proveniência de Snohvit, no mar de Barentz, a 72º de latitude norte. E distribui, depois, esse produto pelo mundo inteiro. A carga (arrefecida até temperatura de -163º) é transportada em quatro tanques de forma esférica, com 42 metros de diâmetros. A visão deste navio, cuja pintura predominante é o cor-de-laranja, é deveras impressionante. O «Arctic Princess» está a operar, actualmente, por conta da companhia Statoil Hydro, uma empresa do grupo norueguês Hoegh LNG Ltd.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

«MOSHULU»



Este soberbo veleiro de casco de aço e com 4 mastros (aparelhados em barca) foi construído pelos estaleiros A. W. Hamilton & Cº, de Port Glasgow, em 1904. Foi, com o seu gémeo «Hans», um dos últimos grandes veleiros realizados por estes prestigiados estaleiros navais escoceses. O veleiro em apreço chamou-se primitivamente «Kurt», em homenagem ao Dr. Kurt Siemers, director da sua primeira casa armadora : a companhia GHJ Siemers, de Hamburgo. Hasteou pavilhão germânico até 1917 (ano em que foi apresado pelas autoridades norte-americanas), depois de ter navegado entre a Europa e regiões tão longínquas como o Chile, a Austrália, as Filipinas ou a costa oeste dos Estados Unidos. Este navio encontrava-se, aliás, no porto de Astoria (Oregon) quando os Estados Unidos decidiram entrar (em 1917) na guerra contra os Impérios Centrais. Navegou algum tempo com o nome de «Dreadnought», antes do serviço de registo de navios se aperceber que já havia, nos ‘states’, um mercante com esse designativo. Passou, então, a usar o nome de Moshulu», que é um termo do dialecto dos Senecas (grupo étnico dos EUA) significando ‘destemido’. Esta barca passou, entre 1920 e 1935, pelas mãos de vários armadores, que o continuaram a utilizar no comércio internacional; sobretudo no rentável negócio das madeiras. Em 1935, a barca «Moshulu» foi vendida ao armador finlandês Gustaf Erikson, que negociava cereais com a Austrália. Foi durante uma dessas viagens para esse país dos antípodas, que viajou no «Moshulu» (como moço de bordo) um certo Eric Newby, que se tornaria, anos mais tarde, um conceituado escritor. Este veleiro foi apreendido no porto de Kristiansand em 1940, aquando da invasão da Noruega pelos exércitos nazis. Depois da 2ª Guerra Mundial, a carreira deste veleiro continuou a ser atribulada, pois passou por um naufrágio e por negociatas que lhe fizeram, várias vezes, mudar de proprietário, de estatuto (foi, sucessivamente mercante, armazém flutuante, navio-escola, etc) e de bandeira. Mas o navio sobreviveu ao tempo e a todas essas vicissitudes e é, hoje, um navio-restaurante-bar, exposto no porto de Filadélfia. O antigo moço de bordo, Eric Newby, deu-lhe alguma visibilidade, graças aos seus livros, assim como vários filmes («Rocky», «O Padrinho II» ou «Blow Out»). Estranho destino o deste navio de início do século XX… Características gerais : 7 000 toneladas de deslocamento; 121 metros de comprimento; 14,30 metros de boca; 8,50 metros de pontal; mastro grande com 65 metros de altura; 4 180 m2 de velas; 35 homens de tripulação.

«BULL»



Galeaça inglesa de meados do século XVI, que fez parte da armada do rei Henrique VIII, da dinastia dos Tudor. Pertenceu a uma série de quatro navios idênticos construídos -por volta de 1546- no estaleiro de Woolwich, uma antiga localidade autónoma das margens do Tamisa, hoje integrada na área urbana de Londres. Como todos os navios do seu tipo (galeaça significa literalmente galé grande), o «Bull» movia-se à vela e a remos. Este de navio deslocava cerca de 200 toneladas e media 36,50 metros de comprimento por 6,70 metros de boca. O seu calado cotava 3 metros. O «Bull» estava armado com 18 bocas de fogo de pequeno calibre e de fraco alcance; o que deixa presumir que o navio foi concebido para cumprir missões de carácter puramente defensivo no estuário do rio Tamisa. Usava pano redondo e latino nos seus 4 mastros e empregava uma tripulação de 84 marinheiros (entre os quais se incluíam 44 remadores), 16 artilheiros e 20 soldados. Apesar das suas fracas capacidades bélicas, é dado como adquirido o facto do «Bull» ter participado nos combates contra a Invencível Armada. Parece ter sobrevivido até 1603, ano em que se perdeu o rasto deste curioso navio das armadas reais de Inglaterra. Curiosidade : algumas fontes (minoritárias) referem o «Bull» ('Touro') como sendo um galeão.

«FIUME»


Cruzador pesado da 'Regia Marina', lançado à água a 27 de Abril de 1930 pelos estaleiros Stabilimeno Tecnico Triestino. Era um navio da classe 'Zara', que deslocava 14 530 toneladas em plena carga e que media 182,80 metros de comprimento por 20 metros de boca. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma potência de 95 000 cv, o que lhe garantia uma velocidade máxima da ordem dos 33 nós. A sua autonomia ultrapassava as 5 300 milhas náuticas, com andamento estabelizado a 16 nós. O «Fiume», que tinha uma guarnição de 1 090 homens (oficiais incluídos), era um navio razoavelmente blindado, que estava armado com 8 canhões de 203 mm, com 16 peças AA de 100 mm e com um número importante de meios de defesa/ataque de calibre inferior. Estava dotado com uma catapulta para hidros, o que lhe permitia operar 2 aparelhos Romeo Ro-43. Mobilizado durante a 2ª Guerra Mundial para actuar contra as forças britânicas do Mediterrâneo, o «Fiume» estreou-se, em Março de 1941, numa operação lançada pela armada real italiana contra navios mercantes dos Aliados, que navegavam para a Grécia. Mas a sua carreira bélica foi de curta duração, já que terminou abruptamente no dia 29 de Março de 1941, data em que foi afundado -durante a moderna batalha naval do cabo Matapão- por uma forte esquadra britânica, superiormente comandada pelo almirante Cunningham. Que ali obteve um êxito estrondoso, ao causar a perda de várias unidades da frota fascista. Entre elas, contaram-se, para além do «Fiume», mais dois navios da sua classe : o «Zara» e o «Pola». Curiosidade : foi também ao largo do cabo Matapão (Grécia), onde ocorreu o combate acima referido, que, a 19 de Julho de 1717, se feriu uma outra memorável batalha naval, durante a qual os navios portugueses de el-rei D. João V -comandados por Lopo Furtado de Mendonça, conde do Rio Grande- venceram brilhantemente uma armada turca. 

«REINA MERCEDES»



Cruzador da armada espanhola pertencente à classe ‘Reina Cristina’. Foi construído, em 1887, pelo arsenal de Cartagena. Deslocava 3 900 toneladas e media 84 metros de comprimento por 13 metros de boca e o seu calado era de 6,70 metros. Concebido no período de transição da vela para o vapor, este navio usava esses dois modos de propulsão, envergando (nos seus 3 mastros) 1 725 m2 de pano e utilizando 1 máquina alternativa com 4 100 cv de potência e 1 hélice. Atingia a velocidade máxima de 15 nós. O «Reina Mercedes» tinha uma guarnição de 380 homens. O seu armamento compreendia 6 canhões de 160 mm, 3 de 57 mm, 2 de 42 mm, 6 de 37 mm, 2 metralhadoras e 5 tubos lança-torpedos. O seu nome prestava homenagem à primeira esposa do soberano Afonso XII, Dona Maria de las Mercedes de Orleans. Foi enviado para Santiago de Cuba em 1893, para reforçar os efectivos da esquadra espanhola naquela região das Caraíbas e ali serviu, inicialmente, como navio de instrução e, a partir de 1895, como navio-almirante das forças navais do país vizinho. Quando rebentou a guerra hispano-americana, este navio estava (por falta de manutenção) praticamente impossibilitado de combater. Facto que provocou o desembarque de 4 das suas peças de artilharia de 160 mm, que foram colocados em Socapa, para reforçar a defesa costeira. Nessas condições, o «Reina Mercedes» não podia rivalizar com as unidades inimigas e foi, por essa razão, conduzido até ao canal de acesso ao porto de Santiago, onde a sua guarnição tencionava afundá-lo. Interceptado -a 6 de Junho de 1898- por forças do inimigo, o navio espanhol recebeu 35 impactos directos da artilharia naval norte-americana e foi semi-afundado. O «Reina Mercedes» acabou por ser capturado pelos ianques no dia 17 de Julho desse mesmo ano de 1898, em consequência da rendição dos defensores de Santiago de Cuba. Reemergido e rebocado para os Estados Unidos, este navio foi reparado (nos estaleiros de Kittery, Maine) e transformado em navio-quartel. Em 1912, sofreu novas transformações (nos estaleiros de Norfolk), sendo enviado, depois, para Annapolis (sede da Academia Naval da armada dos Estados Unidos), onde alojou, durante muitos anos, os cadetes desse estabelecimento militar de ensino superior. Em 1957, foi, finalmente, enviado para o ferro-velho e desmantelado no porto de Baltimore. Curiosidade : os restos do antigo cruzador «Reina Cristina» (entretanto baptizados «IX-25» pelos cadetes de Annapolis) tornaram a arvorar pavilhão espanhol em 1920, aquando da visita do couraçado «Alfonso XIII». Gesto amistoso dos anfitriões, que muito sensibilizou os membros da guarnição deste vaso de guerra ibérico.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

«QUEEN OF THE CHANNEL»



Antes da tragédia provocada pela 2ª Guerra Mundial, as viagens turísticas entre Londres e a foz do Tamisa, as viagens ao largo das costas do Kent e no canal da Mancha (entre as costas de Inglaterra e as da França, da Bélgica e dos Países Baixos) eram intensas. Foi, pois, na perspectiva de desenvolver a sua actividade nessa área, que o consórcio London & Continental Southend Shipping Cº/New Steam Packet Medway encomendou a construção do navio «Queen of the Channel» aos estaleiros navais William Denny & Brothers, de Dumbarton. Que o terminaram e lançaram à água no ano de 1935. Este bonito navio, que tinha 1 030 toneladas de arqueação bruta e media 83 metros de comprimento por 11 metros de boca e por 2,80 metros de calado, estava equipado com 2 máquinas diesel, desenvolvendo uma potência de 560 nhp. Força que permitia ao navio vogar à velocidade máxima de 19 nós. Muito elegante, este navio de classe única, foi considerado por um dos seus utentes como «um deleite para os olhos». O Aparecimento do «Queen of the Channel» marcou o seu tempo, pelo facto dos navios ingleses de excursões marítimo-fluviais que o precederam serem bastante antiquados, navegando ainda, a maioria deles, a carvão e com a ajuda de rodas laterais de palhetas. Este navio cumpriu cabalmente a sua missão de passear turistas até à declaração de guerra do Reino Unido à Alemanha, na sequência da invasão (em 1939) da Polónia. Alguns meses mais tarde (em Maio de 1940), devido aos insucessos, em França, do corpo expedicionário britânico, o «Queen of the Channel» foi arregimentado para participar (como muitas centenas de outras embarcações de todos os tipos e tamanhos) na tristemente célebre operação ‘Dynamo’, que consistiu na evacuação das forças aliadas de Dunquerque. Depois de ter realizado várias viagens entre a França e a Inglaterra, sempre com grande perigo, foi no dia 28 do mês e ano acima referidos que, na sequência de um ataque de ‘Stukas’ (os temíveis bombardeiros alemães de voo picado), o «Queen of the Channel» foi alvejado e afundado a pouca distância das costas francesas do Pas de Calais. Os seus restos ainda por lá permanecem, a cerca de 23 metros de profundidade. Ignora-se o número de pessoas (tripulantes e soldados) que morreram em consequência do ataque aéreo a este navio.

«RAPOSO TAVARES»



O «Raposo Tavares» (indicativo de amura P 21) é, na terminalogia da armada brasileira, um NPaFlu, ou seja um navio-patrulha fluvial. Pertencente à classe ‘Pedro Teixeira’, foi lançado à água no dia 11 de Junho de 1972 pelo arsenal da Ilha das Cobras, do Rio de Janeiro, que o construiu. Desloca 962 toneladas em plena carga e mede 63,74 metros de comprimento por 9,35 metros de boca. O seu calado é de 2,40 metros. A sua propulsão é assegurada por 4 máquinas diesel de 6 cilindros, gerando uma potência global de 3 480 bhp, e por 2 hélices de 4 pás. A velocidade máximo deste patrulheiro ultrapassa os 16 nós e o seu raio de acção atinge as 5 000 milhas náuticas, com andamento reduzido a 13 nós. O navio está armado com um canhão de 40 mm, 6 metralhadoras e 2 morteiros de 81 mm. As suas 2 lanchas de acção rápida (com capacidade para 15 homens) transportam, cada uma delas, 2 metralhadoras de 7,62 mm. O «Raposo Tavares» também dispõe de instrumentos modernos de ajuda à navegação nos rios da bacia amazónica, onde desenvolve as suas missões e de equipamentos de comunicações, nomeadamente via satélite. Tem pista para helicópteros, podendo operar um UH-12/UH-13 ‘Esquilo’. A sua guarnição é composta por 80 membros, dos quais 7 são oficiais. Também pode receber, por períodos curtos, uma força de 30 fuzileiros navais. Para lá das suas missões de carácter militar, o «Raposo Tavares» também pode executar tarefas de índole diplomática, visitando portos colombianos (como Letícia) ou peruanos (como Iquitos) ou humanitára, prestando assistência (social e médica) às populações ribeirinhas de regiões recônditas da sua área de acção. Já recebeu a bordo algumas ilustres personagens, como, por exemplo, os presidentes da República João Figueiredo e José Sarney, o ministro da marinha Silveira Serpa, várias primeiras damas, comitivas parlamentares, o embaixador dos E.U.A. Langhorne A. Motley, o jornalista Warren Hage, do «The New York Times», etc. O «Raposo Tavares» tem, por outro lado, participado em inúmeros exercícios navais, tanto de natureza nacional como internacional. Conhecido como o ‘Leão dos Rios’, este navio opera sob o patriótico lema «Enquanto navegar eu possa, a Amazónia será nossa !». Curiosidade : o nome deste navio rende homenagem ao famoso bandeirante António Raposo Tavares, natural de Beja (Alentejo), onde nasceu no ano de 1598.

domingo, 14 de outubro de 2012

«BERGENSFJORD»



Transatlântico pertencente à frota da companhia Norwegian América Line. Construído em 1913 pelos estaleiros britânicos Cammell Laird, de Birkenhead, este navio teve vida atribulada e conheceu as bandeiras de quatro nações diferentes. E usou, também, quatro nomes distintos. Com 10 700 toneladas de arqueação bruta, o «Bergensfjord» media 156 metros de comprimento por 18,65 metros de boca. Movia-se graças a um sistema propulsivo que desenvolvia 1 470 cv de potência, o que lhe permitia navegar à velocidade de cruzeiro de 15 nós. Tinha capacidade para receber 1 200 passageiros distribuídos por três classes. Este navio transportou, essencialmente, emigrantes da Europa para o Novo Mundo e esteve colocado numa linha que começava em Christiania (a actual cidade de Oslo) e fazia escala em Christiansand, Stavanger e Bergen, antes de tocar Nova Iorque. Foi completamente remodelado em 1924, após uma explosão acidental ocorrida a bordo. Recebeu, então, nova maquinaria e sofreu modificações, que reduziram a duas classes (1ª e 3ª) as acomodações dos passageiros. O «Bergensfjord» encontrava-se a caminho de Nova Iorque quando a Alemanha nazi invadiu a Noruega (Abril de 1940), facto que impediu o seu apresamento pelas forças de ocupação estrangeiras. Mobilizado pelos britânicos durante o segundo conflito generalizado, este transatlântico foi adaptado (num estaleiro de Liverpool) ao transporte de tropas, tendo cumprido essa missão até à vitória dos Aliados. Esteve em várias frentes de combate, nomeadamente nos desembarques do norte de África (1942) e da Sicília (1943). Foi durante esta última operação que este antigo paquete norueguês resgatou os sobreviventes do «Talamba», navio-hospital dos Aliados afundado pelo inimigo. Estima-se que, durante a guerra, o «Bergensfjord» tenha percorrido 300 000 milhas náuticas e transportado 165 000 combatentes da coligação anti-hitleriana. O navio foi vendido, em 1946, a uma companhia panamiana de navegação, que lhe deu o novo nome e «Argentina» e o colocou numa linha, que transportou (a partir de Génova) inúmeros emigrantes para a América do sul e central. Em 1953, nova transacção levou o navio até ao porto de Haifa –onde foi registado, pela Zim, com o nome de «Jerusalém»- e passou a realizar viagens (fez 11 travessias de ida e volta nessa rota) entre esse porto israelita e Nova Iorque. Em 1957, mudou, novamente, o seu nome para «Aliya» e passou a operar entre Haifa e Marselha. E, finalmente, em Agosto de 1959, hasteou bandeira italiana. Por um breve período : o da travessia Haifa-La Spezia, onde, ainda nesse ano, o antigo «Bergensfjord» foi desmantelado.

«SINDIA»



Imponente veleiro de 4 mastros (aparelhados em barca), que hasteou bandeira britânica e flâmulas das companhias TJ Brocklebank (de Liverpool) e Anglo-American Oil (de Londres). Construído em aço pelos estaleiros Harland & Wolff, de Belfast, que o lançaram à água no dia 19 de Novembro de 1887, o «Sindia» apresentava uma arqueação bruta de 3 067 toneladas e media 100,34 metros de comprimento por 13,76 metros de boca. Destinado ao comércio com territórios longínquos (com o Oriente, em particular), este navio tornou-se famoso por ter encalhado -no dia 15 de Dezembro de 1901- num perigoso banco de areias movediças, situado a cerca de 150 metros da praia de Ocean City, na Nova Jérsia. Devido à impossibilidade de o remover do sítio do naufrágio, o «Sindia» foi sendo destruído (e soterrado), ao longo dos anos, pela força dos elementos. A carga do veleiro, que vinha dos portos do Japão e da China, era constituída por preciosidades (tecidos finos de seda, porcelanas caras, cânfora, etc, para além do seu valioso lastro, composto por 1 200 toneladas de minério de manganês) ainda hoje desperta a cobiça das populações locais; que fizeram várias tentativas (todas elas fracassadas) para recuperar o tesouro. Essa cobiça foi ampliada por um boato posto a circular, logo após o encalhe, que pretendia que os porões do «Sindia» também continham riquezas (objectos em ouro e em jade) provenientes de templos budistas chineses, então ameaçados pela revolta dos Boxers. Enfim, o navio (que navegava com 33 homens a bordo, que se salvaram todos) continua a fazer sonhar muita gente; gente que, desde 1969, tem cada vez mais dificuldade em aceder ao local do naufrágio, pelo facto deste ter sido considerado oficialmente «sítio histórico do estado da Nova Jérsia».

terça-feira, 9 de outubro de 2012

«NAPOLÉON»



Paquete francês das linhas da Córsega. Pertenceu à frota da C.G.T. (Compagnie Générale Transatlantique), sendo o primeiro ‘car-ferry’ desta casa armadora a navegar no mar Mediterrâneo. Foi construído em 1959 pelos estaleiros Forges et Chantiers de la Méditerranée, de Seyne-sur-Mer, que o lançaram à água no dia 4 de Abril desse ano. O «Napoléon» media 108,86 metros de comprimento por 15,82 metros de boca. O seu calado era de 4,75 metros. Este navio, que tinha o seu porto de abrigo em Marselha, estava preparado para receber 100 veículos (que entravam a bordo através de portas laterais e de popa) e 1 220 passageiros, divididos por quatro classes. Este navio era considerado o prolongamento da linha ferroviária Paris-Marselha e as suas diversas cabines correspondiam (em matéria de espaço e de conforto) às classes dos comboios da companhia S.N.C.F.. Este ‘car-ferry’ tinha uma tripulação de 76 membros, 11 dos quais eram oficiais da marinha mercante. Depois das indispensáveis provas de mar, o «Napoléon» executou duas viagens de apresentação, fazendo escalas –na primeira delas- em Marselha, Toulon, Nice, Calvi, Ajaccio e, na segunda, em Nice, Cannes e San Remo. A sua primeira rotação comercial só foi efectuada em Janeiro de 1960. Em Julho de 1962, em consequência da programada independência da Argélia, o «Napoléon» foi um dos navios que repatriou -através do porto de Oran- muitos franceses de retorno à metrópole. Depois desse episódio doloroso da descolonização, este ‘car-ferry’ foi mantido nas linhas da Córsega (Marselha-Ajaccio ou Bastia e Nice-Calvi ou Île Rousse) até 1974. Nesse ano foi vendido para a Arábia Saudita, onde o seu novo armador (a Saudi Line) lhe mudou o nome para «Al Pasha». Segundo as parcas informações obtidas sobre a sua carreira com bandeira daquele país do Próximo Oriente, o navio parece ter naufragado em 1980. Recuperado, acabou por ser vendido para a sucata e desmantelado em 1988.

«IOWA»



Couraçado da armada dos Estados Unidos. Foi construído pelos estaleiros New York Naval Yard, de Brooklyn, que o lançaram à água no dia 27 de Agosto de 1942, com a bênção de uma madrinha ilustre : a senhora Eleanor Roosevelt, primeira-dama dos E.U.A.. Foi o primeiro dos quatro navios da classe que tomou o seu nome. Os três outros foram os couraçados «New Jersey», «Missouri» e «Wisconsin». O «Iowa» esteve no serviço activo da ‘US Navy’ entre 1943 e 1990. Devido à sua excepcional longevidade, este navio sofreu (durante a sua carreira) várias modernizações, sendo de todas a mais radical aquela que, em 1980, o dotou de mísseis ‘Tomahawk’ e ‘Harpoon’. No início da sua vida, o «Iowa» deslocava 57 600 toneladas em plena carga e media 271 metros de comprimento, 32,90 metros de boca e 10,90 metros de calado. O seu sistema de propulsão (4 turbinas, 8 caldeiras, 4 hélices) facultavam-lhe 33 nós de velocidade máxima. Este navio estava, então, equipado com aeronaves (hidros) de reconhecimento e com o indispensável dispositivo de catapultagem, que se situava à popa. Durante a 2ª Guerra Mundial, a sua guarnição era composta por 134 oficiais e por 2 400 sargentos e praças. Poderosamente blindado, o «Iowa» dispunha de uma panóplia de armas impressionante, da qual se destacavam 9 canhões de 406 mm (distribuídos por 3 reparos), 20 canhões de 127 mm e mais de uma centena de peças de artilharia antiaérea. Em 1943, este possante navio (um dos mais temíveis do seu tempo) transportou o presidente Franklin D. Roosevelt até Casablanca, quando este estava a caminho de Teerão, onde conferenciou com Churchill e Estaline sobre os destinos do mundo em guerra. O «Iowa» foi o único dos grandes couraçados da sua classe a servir no teatro de operações do Atlântico; mas, em 1944, foi transferido para a frota do Pacífico, onde se ilustrou na luta contra as forças do império japonês, apoiando as acções militares dos E.U.A. até à vitória final. Em Setembro de 1945 esteve na baía de Tóquio, como representante da 3ª Frota (chefiada pelo almirante Halsey), enquanto a cerimónia de rendição dos nipónicos se desenrolava na coberta do seu gémeo «Missouri». O «Iowa» viu-se implicado, nos anos 50, na guerra da Coreia. Depois foi desactivado, permanecendo na reserva até à década de 80, altura em que foi reactivado para fazer face à modernização da frota soviética. Presentemente é um navio-museu. Está imobilizado no porto de Los Angeles, onde recebe (desde o Verão de 2012) a visita do público; de gente interessada pela sua história de veterano da Segunda Guerra Mundial ou de simples curiosos. Nota final : este navio foi a quarta unidade da armada dos 'states' a receber o nome de «Iowa».

«MENTOR I»



Brigue vianense concebido para as viagens de longo curso, já que foi colocado na carreira do Brasil; país da América do sul para onde este elegante navio transportou muitos emigrantes minhotos, mas também de outras regiões de Portugal. Podia carregar, igualmente, carga geral, levando e trazendo mercadorias de negociantes das duas nações irmãs. Veleiro de 500 toneladas, o «Mentor I» tinha casco em madeira, arvorava 2 mastros (envergando, essencialmente pano redondo) e foi construído em Viana do Castelo por volta de 1860. Gozou da reputação de ser um navio bastante confortável e muito seguro. Foi propriedade do armador local José Magalhães, do Cais Novo, e esteve longos anos sob o comando do capitão Pedro Martins Branco. Diz-se que efectuou viagens ao Brasil durante um quarto de século, antes de ser substituído por um navio de maior porte –um lugre patacho com 600 toneladas- denominado «Mentor II». Infelizmente não nos foi possível obter mais informação sobre este veleiro, nomeadamente dados sobre as suas dimensões (comprimento, boca, calado, etc). Curiosidade : uma miniatura deste navio (executada por João Gonçalves Pinto) esta exposta no Museu Municipal de Viana do Castelo desde 1993. A fotografia anexa (de qualidade sofrível) é do modelo em questão.

«CALIFORNIA»



Construído pelos estaleiros de Alexander Stephen & Sons, de Glásgua, no ano de 1923, este navio pertenceu à frota da firma Henderson Brothers Ltd, também ela sedeada naquela cidade da Escócia. Utilizado na rentável linha de Nova Iorque, o «California» passou a usar, em meados dos anos 30, as cores da famosa Anchor Line, companhia que sucedeu à acima denominada firma. Com 16 792 toneladas de arqueação bruta, este navio -de 167,64 metros de comprimento por 21,34 metros de boca- navegava graças à potência das suas turbinas a vapor, que lhe conferiam uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 16 nós. O «California» sofreu modificações em data que não pudemos apurar, mas que lhe alteraram radicalmente a silhueta, pois o navio, que tinha 3 chaminés, passou a dispor de um único desses atributos. Em 1939, ano em que o Reino Unido declarou guerra à Alemanha nazi, este navio foi requisitado (como tantos outros mercantes) pela ‘Royal Navy’, que utilizou o «California» como cruzador auxiliar (até 1942) e, depois, como transporte de tropas. Em 11 de Julho de 1943, quando o «California» se encontrava integrado no designado ‘Convoy Faith’ (que compreendia vários navios mercantes e de guerra) e navegava de Port Glasgow (G.B.) para Freetown (Serra Leoa), foi surpreendido pelo ataque de três quadrimotores alemães de grande raio de acção (eram aparelhos Focke Wulf Fw-200 ‘Kondor’), que o alvejaram e afundaram. Essa acção de guerra (que causou várias dezenas de mortos aos britânicos) foi perpetrada por aviões da base de Mérignac -situada perto de Bordéus, na França ocupada- e ocorreu a cerca de 300 km das costas do norte de Portugal. Durante esse ataque aéreo, dois outros navios do comboio foram incendiados pela aviação hitleriana e torpedeados pela própria ‘Royal Navy’, pelo facto de representarem grande perigo para a navegação.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

«VIRIBUS UNITIS»



Este cruzador de batalha foi o primeiro ‘dreadnought’ da armada austro-húngara. Construído em 1911, pelos estaleiros S.T.T., de Trieste, o navio recebeu o nome de «Viribus Unitis» (‘Com Forças Unidas’), que era o lema pessoal do imperador Francisco José I. Pertencente à classe ‘Tegetthoff, deslocava 21 690 toneladas em plena carga e media 152 metros de comprimento por 28 metros de boca. O «Viribus Unitis», que tinha uma guarnição de mais de mil homens, era propulsionado por 4 turbinas a vapor (alimentadas por 12 caldeiras), que desenvolviam uma potência de 27 000 cv; força que proporcionava ao navio a velocidade máxima de 20 nós. Bem protegido, este cruzador de batalha estava armado com uma quarentena de bocas de fogo de vários calibres, de entre as quais se destacavam 12 canhões de 305 mm e 12 outros de 150 mm. Este navio também dispunha de armas anti-submarinas materializadas na forma de 4 tubos lança-torpedos de 533 mm. O «Viribus Unitis» recebeu a bordo (em Junho de 1914) o arquiduque Francisco Fernando de Áustria, que nele assistiu às manobras militares da sua armada. Coube a este cruzador levar -da Bósnia para Trieste- os restos mortais deste príncipe assassinado em Sarajevo, acto de um tresloucado que tão trágicas consequências teve para a Europa do tempo. Durante a Grande Guerra, este navio viu a sua acção limitada pelo poder e capacidade de bloqueio dos Aliados. Da sua actividade puramente militar há que salientar o bombardeamento do porto italiano de Âncona (em Maio de 1915) e pouco mais. Tendo-se refugiado em Pula, onde permaneceu até finais de 1917, este navio (assim como outras unidades da armada imperial) sofreu cerca de 80 ataques por parte da aviação inimiga. Em meados do ano seguinte (1918), o «Viribus Unitis» zarpou, finalmente, da sua base naval, integrado numa frota dirigida pelo contra-almirante Horthy, que deveria anular o bloqueio sustentado pelas forças inimigas. Essa sortida saldou-se por um desaire, já que, no seu confronto com a Regia Marina, se perderam vários navios austro-húngaras, entre os quais figurava o couraçado «Szent István». Com o conflito a chegar ao fim e com o já previsível desmantelamento do império de Francisco José, o governo de Viena vendeu o navio à recém-criada união de sérvios, croatas e eslovenos, que viria a transformar-se na futura Jugoslávia. Mas os Aliados, mormente os Italianos, ignoraram esse negócio feito à revelia dos inimigos da Áustro-Hungria e –a 1 de Novembro de 1918- o «Viribus Unitos» foi afundado (com minas) no porto de Pula por um comando de elite da marinha de guerra transalpina. Calcula-se que entre 300 e 400 membros da guarnição deste cruzador de batalha tenham perecido aquando da explosão do navio; que se afundou com o pavilhão croata hasteado.

«ORÉNOQUE»



Fragata francesa de propulsão mista (vapor/velas) construída no arsenal de Toulon, que a lançou ao mar no dia 19 de Agosto de 1843. Este navio deslocava 2 568 toneladas e media 83,50 metros de comprimento fora a fora por 26,50 metros de boca. Estava equipada com 3 mastros, que carregavam um importante velame e com uma máquina a vapor de 450 cv, que movimentava 2 rodas laterais de palhetas. Mal artilhada (16 canhões) este vaso de guerra foi mais frequentemente usado como navio de transporte de tropas do que, propriamente, como unidade combatente. A «Orénoque» (que recebeu o nome do segundo mais importante rio da América do sul) tinha uma guarnição de 270 homens e serviu os interesses do rei Luís-Filipe e da 2ª República em várias circunstâncias : esteve no mar Negro, aquando da guerra da Crimeia, participou (embora modestamente) no conflito franco-alemão de 1870 e esteve implicado no desembarque de 1873 de Civita-Vecchia, que visava impedir as tropas de Garibaldi de conquistar Roma e de depor o papa. Em 1878, quando já eram perfeitamente obsoletos os navios do seu tipo, a fragata «Orénoque» foi desarmada, riscada dos efectivos navais franceses e vendida a um armador particular; que a transformou num navio baleeiro, que operou ao longo das costas da Terra Nova e do vizinho arquipélago de Saint Pierre e Miquelon. Ignoramos as circunstâncias do seu desaparecimento e o ano em que deixou de navegar.

«GALEOTA PEQUENA»



Esta embarcação -guardada em impecável estado de conservação no nosso esplêndido Museu de Marinha- é também conhecida pelo nome de «Galeota de D. José I», pelo facto de ter sido planeada e construída para esse monarca da 4ª dinastia pelo Arsenal da Ribeira das Naus, em Lisboa. Com risco de Manuel Vicente (nomeado pelo rei primeiro-construtor da referida instituição, com honras e regalias de capitão-tenente da Armada), este bergantim notabiliza-se pela beleza das suas linhas e pelos ornamentos em talha trabalhada ao estilo dito de D. José. Esta embarcação, que se movia graças ao saber de 1 patrão e de 1 cabo proeiro e ao esforço físico de 52 remadores, dispõe de uma luxuosa camarinha (onde tomavam lugar o rei e os membros mais chegados da sua família), com «sobrecéu colorido e (…) cortinados de seda com borlas douradas». Os assentos estofados são de grande conforto e franjados de ouro, ao gosto do tempo. As decorações externas desta galeota, destinada aos passeios fluviais da família real, são de uma grande beleza, delas se distinguindo as magníficas sereias que enfeitam os dois bordos da proa. Em consequência da implantação da República (e também da falta de sensibilidade para salvaguardar as obras de arte do passado), a ré –aonde figuravam as armas do Reino de Portugal- foi modificada. Segundo os entendidos, essa transformação quebrou a unidade escultórica inicial, desfavorizando a obra no seu todo. Ainda assim, esta embarcação é uma das mais preciosas peças do Museu que a conserva. Parece que a chamada «Galeota Pequena» foi muito apreciada pela rainha D. Mariana Vitória (esposa do «Reformador»), que até a terá usado com maior frequência do que o próprio marido. A soberana deslocava-se amiúde até Pedrouços, onde ia assistir às festas religiosas realizadas pelas freiras dominicanas do convento local. Esta embarcação também foi solenemente usada, em 1764, nas cerimónias de despedida do conde de Lippe, general alemão que modernizou e comandou os exércitos de Portugal. Em finais do século XIX e inícios da centúria seguinte, a «Galeota Pequena» foi, igualmente, a embarcação preferida da rainha D. Amélia nas suas deslocações pelo estuário do Tejo. Este bergantim foi utilizado pela derradeira vez pela casa real no dia 1º de Outubro de 1910, aquando da visita oficial ao nosso país de Hermes da Fonseca, presidente do Brasil, transportando-o do navio de guerra que o trouxe a Portugal até ao Cais das Colunas. Após a queda da dinastia dos Braganças, a «Galeota Pequena» passou para o serviço oficial da República (daí as tais infelizes transformações), servindo nas cerimónias de recepção ao Dr. António José de Almeida depois do seu regresso do Brasil em 1922; no acolhimento triunfal (também nesse ano de 1922) feito aos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral; e, pela última vez, antes da sua merecida reforma, em 1923, no transporte do presidente Manuel Teixeira Gomes (regressado do Reino Unido), entre um cruzador britânico e a terra firme da capital portuguesa.

domingo, 7 de outubro de 2012

«PENRHYN CASTLE»



Belo veleiro com casco de aço construído em 1890 pelo estaleiro de Charles Hill, de Bristol (Inglaterra). O «Penrhyn Castle» era uma barca de 3 mastros, deslocando 1 350 toneladas. Media 72,45 metros de comprimento por 11 metros de boca. Destinado ao transporte de carga geral, este navio pertenceu, inicialmente, à firma Penrhyn Castle & Cº Ltd, de Criccieth, sendo mais tarde (1893) adquirido pela casa armadora Robert Thomas & Cº, de Liverpool; que pagou por este ‘clipper’ a soma de 16 600 libras esterlinas. Praticamente toda sua tripulação foi recrutada na cidade portuária de Criccieth, no País de Gales. Especializado no transporte de granéis (cereais, fosfatos, carvão, etc), o «Penrhryn Castle» também transportou maquinaria, material ferroviário e até armas e munições para a Guerra dos Boers. Este navio ligou, com frequência, os portos da Europa às duas costas da América do Sul, à África austral e à Austália. Registaram-se a bordo deste ‘clipper’ vários casos de indisciplina e de deserção por parte dos seus tripulantes, que levaram ao despedimento de, pelo menos, dois dos seus capitães. Atribuiu-se-lhe, em 1914, um encontro (nunca oficialmente confirmado) com o vaso de guerra alemão «Dresden», que só terá poupado este veleiro britânico depois de saber que a esposa e o filho menor do seu capitão viajavam a bordo. O elegante «Penrhyn Castle» desapareceu, em data incerta de Abril de 1915 e sem deixar rasto, quando navegava –com um carregamento de trigo- entre Bahía Blanca (Argentina), de onde zarpara a 20 desse mês e ano, e Fremantle (Austrália). Curiosidade : David Lloyd George, o famoso político britânico que chegou a ser primeiro-ministro do seu país, foi accionista da sociedade R. T. & Cº, a última armadora deste navio.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

«SAMARIA»



Paquete de bandeira britânica, realizado (em 1920) pelos estaleiros Cammel Laird & Co, de Birkenhead, para a prestigiosa companhia Cunard Line. A arqueação bruta do «Samaria» era de 19 602 toneladas, sendo as suas dimensões as de um navio de 190,20 metros de comprimento por 22,46 metros de boca. As suas turbinas a vapor permitiam-lhe atingir a velocidade de cruzeiro de 16 nós. O «Samaria» foi preparado para poder receber 350 passageiros de 1ª classe, outros tantos de classe intermediária e 1 500 de 3ª. Destinado a compensar as perdas sofridas pelo seu armador durante a Grande Guerra, este navio foi inaugurado a 19 de Abril de 1922 na linha Liverpool-Cobh-Boston-Nova Iorque. Como tantos outros dos seus congéneres, o «Samaria» foi mobilizado no início do segundo conflito generalizado e utilizado como transporte de tropas, tendo cumprido a sua primeira missão de tempo de guerra numa viagem entre Liverpool (seu porto de abrigo) e Suez. No derradeiro ano de guerra deve-se-lhe a evacuação de um milhar de prisioneiros e de refugiados do porto soviético de Odessa. Este navio retomou a actividade civil em Setembro de 1948, assegurando uma carreira regular entre Cuxhaven, Havre e Quebeque. O paquete foi completamente renovado em 1950, com o objectivo de ser utilizado (como já o fora antes da 2ª Guerra Mundial) como unidade de cruzeiros. A sua derradeira viagem, enquanto navio de lazer, ocorreu em finais do ano de 1955. Quando completou 35 anos de vida, o «Samaria» foi considerado obsoleto e levado para Firth Inverkeithing, Escócia, onde foi desmantelado, no ano seguinte (1956), num estaleiro especializado. Curiosidade : este navio (segundo paquete da Cunard a usar o nome de «Samaria») teve quatro gémeos, que foram o «Scythia», o «Laconia», o «Franconia» e o «Carinthia».

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

«SUPERB»



Barca construída, em 1875, na Escócia, pelos estaleiros de Alexander Stephen & Sons, de Glásgua. Tinha casco de aço, deslocava 2 147 toneladas, arvorava 3 mastros e media 75,10 metros de comprimento por 11,70 metros de boca. Pertenceu, num primeiro tempo, a dois armadores britânicos –Bruce & Cº, de Dundee, e W. Montgomery & Cº, de Londres- que utilizaram este navio com o nome de «Airlie». A partir de 1899 passou a hastear bandeira norueguesa e a usar o merecido designativo de «Superb». Entre esse ano de 1899 e 1904, foi propriedade de A. Meling, de Stavanger, e passou, depois, para posse do armador C. L. Endresen, de Kristiansand. Destinado ao transporte de carga geral, este veleiro percorreu, infatigavelmente, os mares e oceanos do planeta no cumprimento da sua missão de navio de trabalho. Entre outras tarefas, transportou emigrantes para a Austrália e para a Nova Zelândia, quando ainda desfraldava a bandeira da marinha mercante britânica. Esta barca teve uma carreira sem sobressaltos, até que, no dia 7 de Junho de 1915, quando seguia de Buenos Aires para Queenstown (Irlanda) com um carregamento de cereais, foi interceptada (a 50 milhas náuticas a Oeste de Fastnet) pelo submarino germânico «U-34» -capitaneado pelo oficial Claus Rücker- e afundada com tiros de peça. Como acontecia, geralmente, às presas civis, a sua tripulação foi intimada, pelos alemães, a abandonar o navio antes da sua destruição. Curiosidade : a imagem que ilustra este texto é uma tela do notável artista Antonio Jacobsen, representando o veleiro em apreço.