sábado, 30 de janeiro de 2016

«AMAGI»

História singular a desta unidade da marinha imperial japonesa ! Foi inicialmente projectada (nos anos que sucederam à Grande Guerra e como todos os outros navios da futura classe 'Amagi') como um cruzador de batalha; mas, devido aos constrangimentos do famoso Tratado de Washington de 1922, seria transformado... em porta-aviões. Mais tarde, numa fase já avançada da sua realização, este navio foi seriamente danificado -nos estaleiros de Kure- por um violento tremor de terra, que pôs um ponto final ao seu plano de construção. Na realidade, o referido sismo comprometeu todo o projecto, já que dos 4 navios previstos («Amagi», «Atago», «Takao» e «Akagi»), só o último referido chegou a ser concluído; e a ter participação activa na Segunda Guerra Mundial. O «Akagi» foi seriamente danificado pelas forças norte-americanas durante a batalha aeronaval de Midway e, julgado irrecuperável, foi afundado por 'destroyers' da própria armada nipónica. Os navios da classe 'Amagi' deveriam deslocar 33 800 toneladas e medir 260 metros de comprimento por 31 metros de boca. E deveriam poder embarcar meia centena de aviões de várias valências. O único e já referido sobrevivente da série em questão, acabaria -na sequência das várias modificações estruturais por que passou- por ultrapassar esses números. Presumimos que o inacabado «Amagi» tenha sido desmantelado antes de ter começado o segundo conflito generalizado, a fim de se recuperar o material já utilizado na obra. A imagem anexada mostra como seria o «Amagi», se tivesse sido concluído, depois de ter passado por todas as vicissitudes descritas neste texto.

«NOVIK»

Corveta russa do século XIX. De propulsão mista (vela/vapor), este navio da armada do czar Alexandre II foi construído no arsenal de São Petersburgo em 1856, segundo os planos do tenente Ivanchtchenko. Era um navio com casco em madeira e 3 mastros, equipado com uma máquina a vapor de 1 200 cv. Esta corveta deslocava 903 toneladas e media 49,10 metros de comprimento por 9,10 metros de boca. Estava armada com 11 armas de fogo de diferentes calibres. A sua guarnição era composta por 15 oficiais e por 163 sargentos e praças. Em 1861, recebeu uma nova caldeira de origem inglesa, que lhe deu novo vigor. Foi um dos navios que participaram na famosa expedição Bakhina, que fez levantamentos hidrográficos na baía de Pedro, o Grande, nos confins da Sibéria. Mas a sua fama advém do facto de ter integrado, em 1863, a esquadra do contra-almirante Aleksandr Popov, que zarpou da Rússia -com 6 navios de guerra- para efectuar uma viagem de circum-navegação. E  de a «Novik» se ter afundado, a 14 de Setembro desse mesmo ano, na baía de São Francisco da Califórnia, por ter entrado em colisão com uns rochedos, em consequência de um espesso nevoeiro. Não encontrámos registos do desastre, daí não sabermos se o dito terá provocado vítimas. Curiosidade : da referida frota do contra-almirante Popov também faziam parte os navios «Bogatyr», «Kalevala», «Rynda», «Gaidamak» e «Abrek».

«ARAGÓN»

Este navio misto espanhol (passageiros/carga) foi encomendado pela Compañia Anónima de Vapores Vinuesa, de Sevilha, aos estaleiros navais britânicos R. Thompson & Sons, de Southwick (Sunderland); que o entregaram ao supracitado armador ibérico em 1902. O «Aragón» deslocava 3 710 toneladas em plena carga e media 83,13 metros de comprimento por 11,60 metros de boca por 5,80 metros de calado. Dispunha de 4 porões podendo receber um volume de carga de 3 214 m3 e de acomodamentos para 80 passageiros. Movia-se graças a 1 máquina a vapor de tríplice expanção, desenvolvendo uma potência de 190 nhp; que lhe permitia atingir os 9 nós de velocidade de cruzeiro.  Ao serviço do seu armador, percorreu todo o Mediterrâneo ocidental. Em 1916, devido à fusão operada entre a Vinuesa e várias outras companhias espanholas de transporte marítimo, passou a hastear as cores da Compañia Mediterránea, que lhe conservou o nome. Continuou a navegar em águas do 'Mare Nostrum', transportando carga, passageiros civis e também soldados (e respectivo armamento) aquando das campanhas militares sustentadas pelo país vizinho no norte de África. No início dos anos 30, o «Aragón» foi colocado na linha Sevilha-Canárias. Mas quando, em 1936, rebentou a Guerra Civil de Espanha, este navio encontrava-se, de novo, a operar no litoral sul da península. E, no dia 1º de Janeiro de 1937, navegava o «Aragón» entre Almeria e Málaga, quando foi interceptado e apresado pelo couraçado hitleriano «Admiral Graf Spee» (os alemães haviam-se aliado aos rebeldes franquistas na sua luta contra o governo legítimo de Espanha) e conduzido a Melilla; onde foi transformado em navio-prisão pelos nacionalistas. No seu bojo, muitos detidos republicanos sofreram prolongadas penas de cadeia e maus tratos. No imediato pós-guerra civil, em 1943 e 1944, o navio foi submetido a grandes trabalhos de restauro, que beneficiaram, sobretudo, as áreas destinadas aos passageiros. Foi recolocado na linha Sevilha-Canárias e, posteriormente naquela que ligou os portos da Cantábria às mesmas ilhas. Em Março de 1957, foi dado como impróprio à navegação e enviado para um estaleiro de demolição. Foi destruído no ano seguinte.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

«TORRALTA»

Esta embarcação -do tipo 'hovercraft'- fez parte de uma flotilha, que compreendeu outras 3 unidades; que se chamaram «Soltróia», «Troiamar» e «Troiano» e que se destinaram a assegurar o transporte rápido de passageiros entre Setúbal e Sesimbra e a península de Tróia , conhecida e apreciada zona balnear do concelho de Grândola. A vedeta «Torralta», assim como as suas irmãs gémeas, foram concebidas e construídas em Inglaterra pela empresa Hovermarine, Ltd., sedeada em Woolston, Southampton. O comanditário e armador das ditas embarcações foi a Sociedade Turística Ponta do Adoxe, empresa subsidiária do grupo Torralta - Club Internacional de Férias, SARL. A «Torralta» foi inauguradA a 7 de Julho de 1971 pelo almirante Américo Thomaz, então presidente da República Portuguesa. Era uma embarcação da série HM-2 Sidewall, equipada com 2 motores 'Cummins' diesel V8, que desenvolviam uma potência unitária de 320 bhp. Força que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 35 nós. O casco desta embarcação era em GRP (fibra de vidro) e as suas dimensões eram as seguintes : 15,54 metros de comprimento por 6,10 metros de boca. Era tripulada por 3/4 homens e podia transportar (confortavelmente) 60 passageiros. Esta embarcação navegou durante os anos 70 do passado século, nas carreiras referidas (estuário do rio Sado e um curto trecho da costa atlântica), e viu a sua acção extinguir-se (ao que nos foi possível apurar) nos anos quentes pós-revolucionários.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

«VIKRANT»

Porta-aviões da armada indiana.  A não confundir com um navio do mesmo género e com o mesmo nome (o ex- HMS «Hercules») comprado ao Reino Unido nos anos 50. O navio em apreço foi realizado, com apoio técnico da firma italiana Fincantieri, pelos estaleiros navais de Cochim (Cochin Shipyard Limited), que o lançaram ao mar no ano de 2013. Depois da fase de apetrechamento, este navio (o maior e mais complexo jamais construído na Índia) realiza testes de navegação e outros, esperando-se que integre os efectivos da armada em 2018. É um navio com um deslocamento de 40  000 tonladas em plena carga, que mede 262 metros de comprimento por 58 metros de boca por 8,40 metros de calado. Do seu sistema propulsivo constam 4 turbinas a gás e 8 máquinas diesel desenvolvendo uma potência global de 100 MW; que lhe facultarão uma velocidade máxima de 28 nós e um raio de acção de 7 500 milhas náuticas com andamento limitado a 18 nós. O novo «Vikrant (cujo nome significa 'Corajoso' em sanscrit) beneficia dos mais modernos equipamentos de ajuda à navegação (mas não só), de um sistema modelar de autodefesa e deverá ser guarnecido com uma trintena de aeronaves, das quais se evidenciarão aviões de combate MiG 29K. Ainda não se sabe, de fonte segura, qual o número dos seus tripulantes. Dentro de pouco tempo, a União Indiana será, depois dos EUA, a marinha de guerra a alinhar a maior frota de porta-aviões no activo : 3, contando com o «Vikramaditya» e o «Viraat». O que não deixará de preocupar a China e o Japão, as outras grandes potências da região com influência no oceano Índico.

«QUEEN ISABEL»

Este moderno barco-hotel pertence à frota da Douro Azul. Foi construído, em 2012, no estaleiro Navalria, de Aveiro, e apresenta as seguintes dimensões : 1 650 toneladas de deslocamento; 80 metros de longitude; 11,40 metros de boca; 1,80 metro de calado. A sua propulsão é assegurada por 2 máquinas Scania com uma potência unitária de 445 kW, o que lhe permite vogar à velocidade máxima de 12 nós. Classificada como 'amiga do ambiente', esta embarcação dispõe de vários sistemas que reduzem substancialmente as emissões de Co2 e de 155 m2 de painéis fotovoltaicos no convés superior, que produzem o essencial da energia necessária ao «Queen Isabel». No domínio da segurança é também uma embarcação inovadora, já que possui modernos dispositivos de detecção e luta contra incêndios, anteparas e portas estanques (contra alagamentos), novos equipamentos salva-vidas, etc. Pode acolher -nas suas 2 suites de luxo e nos seus 57 confortáveis camarotes, todos eles equipados com casa de banho privativa, ar condicionado, TV, rede Internet e janelas panorâmicas- 118 passageiros. Que também podem gozar do bar, do restaurante, da piscina aquecida, do solário e do espaço consagrado ao spa e fitness. O «Queen Isabel» dispõe de 1 elevador, que facilita o acesso entre os diferentes conveses. Uma pista, situada à popa da embarcação, pode receber helicópteros ligeiros para voos turísticos sobre a região duriense. A tripulação deste barco-hotel a operar no rio Douro é constituída por 30 membros, dos quais 25 pertencem ao pessoal de cabine. O «Queen Isabel» -que teve como madrinha a conhecida actriz Andie MacDowell- homenageia aquela  infanta de Aragão, que, na Idade Média, desposou o nosso rei D. Dinis. A tal do milagre das rosas, que foi canonizada pela Igreja e pelo papa Urbano VIII em 1625.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

«U-963»

..... O submarino «U-963» -que foi utilizado pela armada hitleriana durante a Segunda Guerra Mundial- era do tipo VIIC (cujas características físicas e performances já foram, por várias vezes, descritas neste blogue) e teve como derradeiro comandante o jovem 1º tenente Rolf-Werner Wentz. Oficial que, a 30 de Abril de 1945 e em previsão de uma próxima capitulação da Alemanha, recebeu (no quadro da Operação 'Regenbogen') ordens superiores para afundar o seu navio. No cumprimento dessas ordens -emanando do estado-maior do almirante Doenitz- Wentz conduziu o «U-963» diante da Nazaré, na costa portuguesa, e procedeu à sabotagem desse submersível, que se afundou -no dia 20 de Maio de 1945, já depois da rendição incondicional dos exércitos nazis- no famoso canhão submarino, agora tão apreciado pela elite mundial dos surfistas.  A guarnição completa do 'u-boot', constituída por 48 homens (oficialidade incluída), evacuou o navio com a ajuda dos botes de borracha de bordo e em barcos de pescadores locais, que deixaram todos os homens do «U-963» na praia. Onde a autoridade marítima tomou conta deles, antes de os remeter para Lisboa, de onde, posteriormente, seguiram para Inglaterra, onde foram internados num campo de prisioneiros de guerra. E de onde só seriam libertados em 1948. Quanto ao submersível em apreço, refira-se que a sua carcaça repousa a uns 100 metros de fundo, num sítio de acesso difícil, quase inviolável, mas perfeitamente identificado pelas nossas autoridades; que já ali procederam a explorações com um minissubmarino e com equipamentos de detecção modernos, tais como, por exemplo, um sonar de varrimento lateral. O «U-963» foi construído pelos estaleiros da firma Blohm und Voss, de Hamburgo, que o lançaram à água a 17 de Fevereiro de 1943. Pertenceu à 11ª Flotilha de Submarinos, que, ao tempo, tinha a sua base em Bergen, na Noruega ocupada. Operou, essencialmente, em águas do Atlântico norte, do mar Báltico e do golfo da Biscaia. Não se lhe conhecem vitórias alcançadas sobre navios dos Aliados. Nota final : a ilustração anexada representa o «U-552», um submarino do tipo VIIC idêntico ao afundado em 1945, diante da praia da Nazaré.

sábado, 9 de janeiro de 2016

«SYLVANIA»

Paquete britânico, que pertenceu à frota da prestigiada companhia Cunard Line. Foi lançado à água em 1956 pelos estaleiros John Brown & Cº, a laborar no Clydebank (Escócia). Fez parte de uma classe de navios que compreendeu, igualmente, o «Saxonia», o «Ivernia» e o «Carinthia»; que deveriam rivalizar com as unidade da Canadian Pacific em serviço na linha Reino Unido-Montreal. A arqueação bruta do «Sylvania» aproximava-se das 22 000 toneladas. Media 185,40 metros de comprimento por 24,50 metros de boca por 8,90 metros de calado. O seu sistema de propulsão compreendia 4 turbinas a vapor e desenvolvia uma potência global de 18 227 cv. No início da sua carreira (a viagem inaugural ocorreu a 5 de Junho de 1957) podia transportar 878 viajantes, número que superaria os 900, quando, na década de 70, passou a funcionar como navio de cruzeiros. Isso, pelo facto de ter sido ultrapassado pela aviação comercial, que, por essa época, destronou o transporte marítimo de passageiros. A partir de então, chamou-se, sucessivamente, «Fairwind», «Sitmar Fairwind», «Dawn Pricess», «Albatros» e «Genoa» e mudou três vezes de bandeira, usando a liberiana e a das Baamas, depois de ter hasteado o pavilhão da marinha mercante do Reino Unido. O «Sylvania» foi vendido em Fevereiro de 1968 à Sitmar Line (depois absorvida pela P & O), que projectou colocá-lo na linha da Austrália, mas o plano abortou. Facto que determinou a sua incorporação na frota internacional de navios de cruzeiros. Como tal navegou em mares que, até então lhe eram desconhecidos, com milhares de turistas. Dois incidentes determinaram -nos anos 90- a sua retirada, após 40 anos de serviço. O primeiro deles foi um incêndio, ocorrido em 1995, nas águas do mar Vermelho, que obrigou a uma evacuação dos seus passageiros; o segundo, com as mesmas consequências, foi um encalhe, em 1997, nas ilhas Scilly. A decisão de o mandar para a sucata começou a desenhar-se na cabeça dos armadores, que, depois de mais um curto período operacional recheado de avarias, acabaram por mandá-lo para Alang, na Índia, onde o navio chegou com o seu derradeiro nome de «Genoa» para ser desmantelado. O que aconteceu em 2003.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

«DUQUE DE PALMELA»

Corveta de propulsão mista (vela/vapor) da Armada Portuguesa, na qual serviu de 1864 até 1913. Pertenceu à chamada classe 'D. João', que era constituída pelo navio em apreço e pela corveta «Infante D. João». A «Duque de Palmela» foi realizada pelo Arsenal da Marinha, em Lisboa, no quadro do programa naval estabelecido pelo ministro Mendes Leal. Deslocava 952 toneladas e apresentava as seguintes dimensões : 50 metros de comprimento; 9 metros de boca; 4,50 metros de calado. Estava armada com 12 peças de 32 mm e com um rodízio (Brackeley) de 56 mm. Este navio arvorava 3 mastros e dispunha de 1 máquina a vapor (acoplada a 1 veio), desenvolvendo uma força de 150 hp. A sua velocidade máxima não ultrapassava os 7 nós. Este navio tinha uma guarnição de 164 homens, incluindo oficiais. Esteve um tempo destacada em Macau, em cujas águas a corveta «Duque de Palmela» e a sua guarnição desenvolveram uma acção meritória contra a pirataria local. De regresso à metrópole, este navio esteve destacado no Algarve, fazendo da ria Formosa o seu ancoradouro. Dessa época, conta-se que se deve à sua tripulação a organização do primeiro jogo de futebol que alguma vez se disputou no sul do país. O evento (que tem a sua graça) ocorreu em Faro, em 1907. Numa altura em que este navio já funcionava como Escola de Marinheiros. O «Duque de Palmela» foi riscado da lista dos efectivos da Armada em 1913 e posteriormente desmantelado.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

«NARKUNDA»

Paquete britânico que, entre 1920 e 1940, integrou a frota da companhia P & O. Foi construído para assegurar uma carreira regular entre o Reino Unido e a Austrália/Extremo Oriente, pela rota do canal de Suez. Este navio foi construído em Belfast, pelos estaleiros da firma Harland & Wolff. Apresentava uma arqueação bruta de 16 118 toneladas e media 177,15 metros de comprimento por 21,15 metros de boca. Foi concebido para poder receber 673 passageiros, 426 dos quais em camarotes de 1ª classe. Tinha uma tripulação de 230 membros. Inicialmente equipado com um sistema de propulsão a vapor (de quádrupla expansão), o «Narkunda» viu a sua maquinaria substituída, em 1927, por propulsores funcionando a gasóleo, que lhe garantiam uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 17 nós. Em 1940, após 20 anos de bons serviços, o «Narkunda» foi requisitado pela autoridade militar e convertido em navio tropeiro. Já com essa qualidade, foi um dos navios britânicos que, em início de 1942, participou na evacuação de Singapura (que acabaria por ser conquistada pelos nipónicos) e, que, no Verão desses mesmo ano, se viu envolvido na troca de prisioneiros ingleses por diplomatas japoneses, desembarcando os primeiros no porto neutro de Lourenço Marques. Em Novembro de 1942, desembarcou tropas dos Aliados no norte de África (no quadro da Operação Tocha) e -a 14 desse mesmo mês e ano, quando volvia ao Reino Unido para embarcar novos contingentes de combatentes- foi afundado ao largo de Bougie, na Argélia. Morreram 31 membros da sua equipagem em consequência do ataque da 'Luftwaffe'.

«IRENE»

Cruzador protegido (por uma couraça de 20 mm de espessura à volta do casco) da marinha imperial alemã. Foi construído pela empresa AG Vulcan, de Stettin (hoje Szczecin, na Polónia), que o lançou à água em Julho de 1887. Deslocava (em plena carga) cerca de 5 000 toneladas e apresentava as seguintes dimensões : 103,70 metros de longitude por 14,20 metros de boca. O seu calado era de 6,70 metros. A sua propulsão era assegurada por máquinas a vapor, desenvolvendo uma potência global de 8 000 ihp; força que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 18 nós e uma autonomia de 2 500 milhas náuticas. A sua guarnição era composta por 337 sargentos e praças, enquadrados por 28 oficiais. Do seu armamento constavam 4 peças de artilharia de 150 mm, 1 canhão-revólver e 3 tubos lança-torpedos de 350 mm. Teve um gémeo que se chamou «Prinzess Wilhelm». O «Irene» era conhecido por ser escolta habitual  do iate do 'kaiser' Guilherme II, aquando dos seus cruzeiros pelos portos da Europa, inclusivamente os do Mediterrâneo. Também fez uma prolongada viagem pela Ásia, na última década do século XIX, encontrando-se nas Filipinas, quando ali se defrontaram as esquadras dos países intervenientes na Guerra Hispano-Americana. Ali, chegou a participar em operações de evacuação de cidadãos germânicos ameaçados pelo conflito. O «Irene» regressou à Alemanha em 1901 e permaneceu no serviço activo (depois de ter sofrido modernizações em 1903 e 1905) até Fevereiro de 1914. Quando rebentou a Grande Guerra, este antigo cruzador já funcionava -em Kiel- como navio de apoio às esquadrilhas de submarinos e não teve, obviamente, papel de relevo na contenda que opôs os Impérios Centrais à Grã-Bretanha e seus aliados. O «Irene» foi transferido para Wilhelmshaven (em 1916), onde permaneceu até 1922, ano em que foi desmantelado.

«ROBUSTE»

Navio de linha da marinha militar francesa. Pertencia à classe 'Bucentaure', desenhada pelo engenheiro naval Jacques-Noel Sané. Reconhecidos pela sua robustez e excelentes qualidades náuticas, estes navios foram copiados pelos arsenais britânicos, que dotaram a 'Royal Navy' com inúmeras réplicas. O «Robuste» foi construído no arsenal de Toulon, que o lançou ao mar no dia 30 de Outubro de 1806. Deslocava cerca de 3 900 toneladas e media 55,88 metros de comprimento por 16,27 metros de boca. O seu calado era de 7,63 metros. Os seus três mastros podiam vestir-se com 2 683 m2 de vela. Estava armado com 80 bocas de fogo, de três calibres distintos. Em Abril de 1809, quando se encontrava sob o comando do capitão Julien Cosmao, foi designado para exercer as funções de navio-almirante de uma esquadra que demandou Barcelona, para ali descarregar abastecimentos para as tropas napoleónicas que combatiam na Guerra Peninsular. De regresso a França, foi (com outros navios da sua frota) alvo de renhida perseguição por parte de unidades da armada real britânica, que o obrigaram a tomar riscos, navegando a escassa distância da costa. Encalhou junto a Frontignan na manhã de 26 de Outubro de 1809 e, após duas horas de infrutíferos esforços para o safar, o «Robuste» foi incendiado -por ordem do contra-almirante François Baudin- pela sua guarnição. Foi destroçado por uma explosão ocorrida a bordo às 10 h 30 desse mesmo dia. Nota final : não confundir o navio em apreço com um homónimo que servira na armada gaulesa no século precedente.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

«NOSSA SENHORA DA ATALAIA»

..... Nau setecentista, que hasteou pavilhão de D. João V e que se notabilizou no cumprimento de missões de soberania ao longo das costas do Brasil e da África ocidental. É provável que este navio tenha sido construído no arsenal de Lisboa. Desconhecem-se as suas características gerais, mas sabe-se que era um vaso de guerra de porte médio, armado com 52 canhões. Em inícios dos anos 20 do século XVIII, esta navio (comandado pelo capitão de-mar-e-guerra Semedo) protegia o litoral brasileiro, quando foi incumbido pelo estado-maior da Armada de rumar às costas de Angola, onde os ingleses desenvolviam acções viradas contra os interesses lusos. No dia 23 de Setembro de 1723, no litoral de Cabinda, a nau «Nossa Senhora da Atalaia» topou com dois navios armados (que pertenceriam a corsários), que lhe fizeram frente; mas que a nau portuguesa tomou um a um, após um curto duelo de artilharia. Tendo os sobreviventes da refrega com o navio português procurado refúgio num forte (artilhado com 30 bocas de fogo) ilegalmente construído na costa, o capitão Semedo mandou desembarcar uma força armada, que obrigou os britânicos a render-se e a despedir-se definitivamente da região. Depois dessa campanha vitoriosa, o «Atalaia» rumou a norte e, em Novembro desse mesmo ano, ao largo da chamada Costa do Ouro, deu combate a uma fragata holandesa, que, naquelas paragens, perturbava a navegação mercante portuguesa. Atacado o navio batavo, foi afundado pelos nossos, depois de uma violenta troca de tiros de canhão. A nau portuguesa regressou ao Brasil, onde chegou no mês de Abril de 1724, e daí tomou o rumo de Portugal; depois de uma campanha triunfante, que durou um ano e meio e que o fez percorrer mais de 14 000 milhas náuticas. Nota : a imagem anexada reporta-se não ao «Nossa Senhora da Atalaia», mas a um navio similar do seu tempo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

«ISLAMORADA»

Luxuoso iate-motor de bandeira norte-americana, que foi construído, em 1912, num estaleiro de Massachusetts, com o primitivo nome de «Santana». No início da década de 20, foi adquirido por um certo Alfonso Capone (chefe mafioso de Chicago), que, no decorrer dos anos da Lei Seca, o utilizou no contrabando de álcool (rum e whisky) entre Cuba e a Dominicana e as 'keys', ilhotas do litoral da Florida. Era uma embarcação com 94 toneladas de deslocamento e com 96 metros de comprimento. Tinha casco em madeira e possuía interiores ricamente decorados com mogno e outros materiais caros. Por várias vezes -no tempo em que foi utilizado no tráfico ilegal de bebidas espirituosas- este rapidíssimo navio sofreu perseguições por parte da Guarda Costeira e da Polícia dos Estados Unidos. Às quais logrou escapar por um tempo. Capturado, finalmente, nos anos 30, pelas autoridades, foi remetido à USS Navy, que, durante a 2ª Guerra Mundial, o transformou em draga-minas. Vendido em 1960 a um armador da América Central, que o remodelou em vista de o lançar numa nova carreira ao serviço da indústria do turismo, o centenário «Isla Morada» (outra grafia do seu nome) transportou estrelas de cinema, tais como John Wayne, Errol Flynn, James Garner e Steve McQueen entre outras), e milhares de turistas anónimos, fascinados pelo seu passado ao serviço de 'Scarface', o famoso gangster de Chicago. Nos nossos dias, é propriedade da companhia Canal & Bay Tours, que proporciona cruzeiros de curta duração nas águas do complexo hidrográfico do canal de Panamá.