terça-feira, 24 de abril de 2018

«BAYERN»

Este couraçado da armada imperial alemã deu o seu nome a uma classe de navios, que deveria compreender 4 unidades. A saber : o navio em apreço, o «Baden», o «Sachsen» e o «Württenberg». Mas só a construção dos dois primeiros seria concretizada. O «Bayern» -feito nos estaleiros Howaldtswerke-Deutsche Werft, de Kiel- entrou em serviço em Março de 1916. E o facto mais marcante da sua vida operacional ocorreu no dia 12 de Outubro do ano seguinte, durante a Operação Albion, quando chocou com uma mina no golfo de Riga. Este navio sofreu, então, algumas avarias, que necessitaram trabalhos de estaleiro; sendo, por via de consequência, afastado dos combates da Grande Guerra. Depois do armistício, o «Bayern» tomou (como tantos outros navio da frota imperial) o rumo de Scapa Flow, onde foi afundado por elementos da sua própria guarnição. Em Setembro de 1934, uma empresa de salvados -a Metal Industries of Charlestown- procedeu à sua reemersão (para aproveitamento de materiais), mas, durante essa complicada manobra para trazer o navio a flor das águas, as suas famosas torretas da artilharia principal soltaram-se e não puderam ser recuperadas. O «Bayern» deslocava 32 000 toneladas e media 180 metros de comprimento por 30 metros de boca. O seu calado ultrapassava os 9 metros. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma potência de 56 000 cv, força que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 22 nós e uma autonomia de 5 000 milhas náuticas com andamento reduzido a 12 nós. Este vaso de guerra estava fortemente blindado (120 mm - 350 mm). Do seu armamento destacavam-se 8 poderosos canhões de 380 mm, 16 de 150 mm, 2 de 88 mm e 5 tubos lança-torpedos de 600 mm. A sua guarnição era composta por 1 270 homens, oficiais incluídos. Nota : a acima referida Operação Albion consistiu na ocupação alemã de um arquipélago situado ao largo da Estónia; que resultou na expulsão das forças navais russas daquela região do Báltico.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

«AUGUSTUS»

Transatlântico italiano. Foi construído, em 1927, no estaleiro naval G. Ansaldo & Cº, de Sestri Ponente, para a armadora genovesa Navigazione Generale Italiana. Era gémeo do «Roma», construido no ano precedente. O «Augustus» apresentava uma arqueação bruta de 32 652 toneladas e media 232,90 metros de comprimento por 27,16 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por máquinas diesel, desenvolvendo uma potência de 28 000 ihp. Força que lhe permitia navegar à velocidade de cruzeiro de 20 nós. Dispunha de 4 hélices. Este paquete foi, no seu tempo, o maior navio do mundo do seu tipo a usar motores diesel. Podia transportar 1 675 passageiros na sua versão civil e 2 116 combatentes enquanto transporte de tropas; função que desempenhou a partir de 1939. O «Augustus», que, antes da eclosão do conflito, navegara nas linhas Génova-Nápoles-Buenos Aires e posteriormente entre Génova e Nova Iorque, foi escolhido pelas autoridades fascistas -tal como o «Roma»- para ser transformado em porta-aviões, plano que nunca chegou a concretizar-se. E foi, nesse entretanto, sucessivamente nomeado 'Falco» e «Sparviero». Recuperado pelos alemães, já depois o desembarque dos Aliados em Itália, este navio foi voluntariamente afundado pelos nazis em frente do porto de Génova, para dificultar o seu acesso ao inimigo. Depois do armistício, em 1946, o navio foi reemergido e vendido, como sucata, para futuro desmantelamento. O que ocorreu, por completo, em 1951.

domingo, 22 de abril de 2018

«REINA MARÍA LUÍSA»

Navio de linha espanhol dos séculos XVIII e XIX. Pertencente à classe 'Santa Ana', foi construído (segundo planos do arquitecto naval Romero Landa) nos estaleiros de Esteiro (Ferrol, Galiza) em 1791. Deslocava 2 308 toneladas e media 59,60 metros de comprimento por 15,50 metros de boca. O seu calado era de 7,40 metros. O «Reina María Luísa» estava armado com 112 bocas de fogo (de quatro calibres distintos) distribuídas por 3 conveses. Navegou até dia 10 de Dezembro de 1815, ano em que se afundou -em consequência de uma violente tempestade- na enseada de Bougie, no norte de África. Isso, após ter derivado durante vários dias, quando navegava de Mahón para Cartagena. Alguns dos seus náufragos foram recolhidos por navios amigos e os restantes foram retidos pelo 'bey' de Argel; que só os libertou após as negociações que levaram à restituição de um dos seus bergantins e respectiva tripulação, que haviam sidos apresados em águas espanholas. A perda do «Reina María Luísa» deu lugar ao julgamento em Tribunal Militar do seu comandante, capitão de fragata Vicente de Lama Montes, que foi ilibado de responsabilidades. De entre os acontecimentos marcantes da história do «Reina María Luísa», há que salientar o seguinte : em 1793 (sendo navio-almirante da esquadra do tenente-general Lángara) participou -com a esquadra britânica do almirante Samuel Hood- na evacuação dos monárquicos franceses acossados pelos revolucionários em Toulon. En 1795, conheceu o baptismo de fogo, num combate travado contra a fragata francesa «Ephigénie», que capturou. Em 1809 viu o seu nome ser alterado para «Fernando VII». Este navio operou com uma guarnição superior a 1 000 homens.

«ROTHESAY BAY»

Veleiro (barca) de bandeira britânica, construído no estaleiro Birrell Stenhouse & Company, de Dumbarton (Reino Unido). Foi lançado à água no dia 26 de Setembro de 1877. O «Rothesay Bay» tinha casco de aço e arvorava 3 mastros. Apresentava-se como um navio de 775 toneladas de arqueação bruta, medindo 57 metros de comprimento por 9,50 metros de boca. O seu primeiro proprietário foi a casa armadora Hatfield Cameron & Cº, que o registou na capitania do porto de Glásgua. Destinado ao transporte de carga geral, este veleiro foi colocado nas ligações comerciais com a Austrália e a Nova Zelândia. Para onde realizou inúmeras viagens. Em 1909, o navio foi vendido a um armador norueguês (A. J. Freberg, de Sandefjord), que lhe deu o nome de «Activ». Que usou até 1914, ano em que o veleiro recuperou o seu nome original, na sequência de nova venda para Inglaterra. Três anos mais tarde, em 1917, esta barca foi parar às mãos da empresa Australian Ship Activ Ltd. (gerida por Charles Lundin e filhos), que a levou para a ilha-continente da Oceania. Onde estes seus novos donos acabariam por desfazer-se do velho navio; que, já noutras mãos, acabou por ser desarvorado e transformado num simples batelão. Entre 1921 e 1922 o seu casco foi parar à Nova Zelândia -aos portos de Wellington e de Aukland- onde ele foi usado como armazém flutuante de carvão. A carcaça inutilizada do outrora elegante «Rothesay Bay» acabou por ser desmantelada muitos anos depois -em 1936- num estaleiro de Orakei Beach, na ilha de Rangitoto.

«ABDA»

Anteriormente denominado «Koning Wilhem I», este navio, que hasteou bandeira dos Países-Baixos durante quinze anos, foi construído (em 1898) no estaleiro Royal Schelde, de Flessingen, para a companhia de navegação N. V. Stoomvaart Maats Nederland, com sede em Amesterdão. Adquirido pela Compagnie de Navigation Marocaine et Armenienne-Paquet (de Marselha), recebeu o novo nome de «Abda» e foi colocado numa linha rápida e directa que ligava a mais populosa cidade do sul de França a Marrocos. Na qual este paquete se manteve até 1915, ano em que -por causa da Grande Guerra- foi requisitado e transformado em navio auxiliar da armada gaulesa e usado como transporte de tropas. Nesse tempo, o navio em apreço apresentava as seguintes características : 4 332 toneladas de arqueação bruta, 116,40 metros de comprimento e 13,70 metros de boca. A sua propulsão era garantida por 1 máquina a vapor de quádrupla expansão, que lhe imprimia uma velocidade de cruzeiro de 14 nós. Podia transportar 944 passageiros em quatro classes distintas. Número que aumentou substancialmente na sua verão tropeira. Regressou à sua actividade civil no decorrer do ano de 1917. Em Setembro de 1931, o «Abda» zarpou de Marselha pela última vez. E, depois de um curto espaço de tempo passado no estaleiro de La Seyne-sur-Mer -onde lhe foram retiradas algumas peças ainda aproveitáveis, foi levado para Génova (no início de 1932), onde se procedeu ao seu desmantelamento. O «Abda» foi o navio em que -a 28 de Agosto de 1928- embarcou o famoso chefe rebelde Abd el-Krim (protagonista da guerra do Rif, contra franceses e espamhóis), para ser conduzido ao seu exílio forçado na ilha da Reunião. De onde esse herói do mundo árabe logrou evadir-se, após 22 anos de detenção.

sábado, 21 de abril de 2018

«BUONI AMICI»

Veleiro italiano construído, em 1885, pelo estaleiro de G. B. Guastavino, de Savona, Itália. Hasteava bandeira desse país e navegava (com carga diversa) no Mediterrâneo e costas da Europa atlântica, por conta do armador F. Cassini, de Porto Maurizio. Estava registado na capitania de Viarreggio. O «Buoni Amici» tinha casco em madeira, arvorava 3 mastros (aparelhados em lugre) e apresentava uma arqueação bruta de 235 toneladas. Media 31,55 metros de comprimento fora a fora por 7,82 metros de boca por 4,10 metros de pontal. A sua tripulação era constituída por 10 homens. O «Buoni Amici» foi afundado pelo submarino da armada imperial alemã «U-22» (então comandado pelo subtenente Heinrich Hashagen) ao largo da costa norte de Portugal, em data de 20 de Agosto de 1918. A equipagem do pequeno navio foi, como era hábito, intimada a abandoná-lo, antes deste ser destruído -provavelmente a tiros de canhão- pelo inimigo. O mestre do navio, Giuseppe Foggini (cujo veleiro se dirigia de Pasajes para Málaga) aportou a Viana do Castelo durante a tarde do fatídico dia e fez um relatório completo dos acontecimentos às autoridades marítimas locais. Esse relato seria confirmado posteriormente, quando se teve acesso ao diário de bordo do submersível germânico implicado nesse acto de guerra. Nota : a imagem anexada não reproduz o navio em apreço, mas uma embarcação do seu tipo.

«YONGALA»


Vapor de bandeira australiana, lançado à água em 29 de Abril de 1903, pelos estaleiros britânicos da empresa Armstrong Whitworth & Cº, de Newcastle-upon-Tyne. Foi construído na sequência de uma encomenda feita pela casa armadora Adelaide Steamship Company; que colocou este navio de transporte de passageiros na sua linha Adelaide-Melbourne-Sidney-Brisbane, prolongada, no inverno, até Cairns. Em 1906, o «Yongala» foi o primeiro navio de passageiros a navegar de Brisbane a Fremantle (porto da Austrália Ocidental) numa ligação directa de 5 000 quilómetros. Tratava-se de um pequeno paquete com 3 664 toneladas de arqueação bruta, que media 107 metros de comprimento. Estava equipado com 1 máquina de tripla expansão, cuja potência lhe garantia uma velocidade de cruzeiro de 15 nós. Da sua tripulação, faziam parte 72 membros. Este navio prestou grandes serviços na sua ligação entre os portos da Austrália, num tempo em que os transportes terrestres eram escassos e de qualidade duvidosa. O «Yongala» perdeu-se no dia 23 de Março de 1911, por não ter podido resistir a um violento ciclone que o assaltou durante uma viagem que efectuava entre Melbournr e Cairns; e depois de ter feito escalas em Brisbane e Mackay. O naufrágio ocorreu ao largo do cabo Bowling Green, na costa do Queensland. No desastre morreram todos os ocupantes do «Yongala» (tripulantes e passageiros), ou seja 122 pessoas. Cujos corpos nunca seriam devolvidos à terra pelo mar. Os restos do navio só seriam encontrados em 1958. E começaram, desde logo, a ser ponto de encontro de muitos mergulhadores desportivos locais e estrangeiros. Alguns despojos do navio foram entregues ao Museu Marítimo de Townsville, que os expõe nas suas salas.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

'YVETTE»

Lugre-patacho de bandeira francesa, construído especialmente para a faina maior nos Grandes Bancos do Canadá. Este navio de 400 tonéis (com casco em madeira) estava registado no porto de Granville, na Normandia. Já após ter feito a campanha de pesca de 1909, da qual regressou (proveniente de Saint Pierre e Miquelon) com o bojo a abarrotar de bacalhau salgado, o «Yvette» fez-se à vela para Fécamp, onde a sua tripulação pretendia descarregar 80 000 bacalhaus destinados às importantes secas locais. Mas, devido a uma inesperada e rija tempestade, o navio foi empurrado para terra e acabou por varar num trecho rochoso da costa, próximo do Conquet. O seu capitão e alguns homens da equipagem desembarcaram para pedir ajuda para safar o lugre, mas tiveram de desistir dessa empresa, por evidente falta de meios. Estava-se no dia 2 de Outubro do acima referido ano. E o «Yvette», assim como a sua preciosa carga de pescado, acabou mesmo por ceder à fúria dos ventos e do mar, perdendo-se por completo. A marinhagem pôde, no entanto e felizmente, sobreviver ao desastre. A frota bacalhoeira francesa, que nessa primeira década do século XX, era uma das mais numerosas e produtivas do mundo tem, tal como a nossa, uma história trágico-marítima marcada pela perda de muitos navios e equipagens...

«CUBA»


O paquete «Cuba» (com uma arqueação bruta de 11 900 toneladas e 151 metros de comprimento) foi construído em Inglaterra, pelos estaleiros da empresa Swan, Hunter & Richardson, de Newcastle. Foi registado no porto do Havre e integrado na frota da Compagnie Générale Transatlantique em Maio de 1923. Aquando da sua viagem inaugural, este navio partiu de Saint Nazaire e dirigiu-se para Vera Cruz (no México) depois de ter escalado Havana. Em 1930 passou a servir Colón (na costa atlântica de Panamá). E, cinco anos mais tarde, foi -a par do seu congénere «Colombie»- colocado na linha rápida Havre-Southampton-Antilhas. Foi por essa altura, que (já todo pintado de branco) este paquete francês foi vertido, ocasionalmente, para o serviço de cruzeiros, e que fez as suas primeiras viagens ao Báltico e ao arquipélado de Spitzberg. Em 1940 -no início da Segunda Guerra Mundial- o «Cuba» foi apresado pelo cruzador-auxiliar britânico «Moreton Bay» e levado para Freetown, na África Ocidental. Em 1941, este transatlântico (já com bandeira de Sua Majestade e ao serviço do 'Ministry War Transport') navegou para a costa leste dos Estados Unidos com um carregamento de cacau. E ali, nos estaleiros de Newport News, foi transformado em navio de transporte de tropas. Terminados esses trabalhos, o «Cuba» assegurou, numa primeira missão, o transporte -entre Halifax e Liverpool- de 2 100 elementos da aviação canadiana. Desde logo, este navio passou a operar, essencialmente, na zona Mediterrâneo-Suez-Índico, tendo participado na transferência de militares aliados para as frentes do norte de África e de Itália. Em Outubro de 1943, o «Cuba» transportou para Barcelona uma leva de prisioneiros alemães (sobretudo ex-combatentes do 'Afrika Korps'), que, naquele porto espanhol, foram trocados por prisioneiros dos Aliados. Convém referir que, nesse tempo, o antigo paquete da CGT já navegava com uma equipagem composta por elementos das Forças Navais da França Livre (FNFL), afecta à pessoa do general De Gaulle e à Resistência. E que, em Dezembro de 1944, quando o conflito se aproximava do seu termo, essa tripulação foi substituída por pessoal do seu armador original; que prosseguiram a missão de transportar militares. Na manhã de 6 de Abril de 1945, quando navegava (com 265 pessoas a bordo) do Havre para Southampton, o «Cuba» foi alvejado e afundado (a 8 milhas de Bambridge) pelo submarino alemão «U-1195»; que, refira-se a título anedótico, foi, pela mesma ocasião, destruído pelo contratorpedeiro HMS «Watchman». O naufrágio do «Cuba» foi o derradeiro de um mercante francês, ocorrido durante o segundo conflito generalizado. Notas : a escassa informação existente sobre o navio em apreço, não nos permitiu incluir neste articuleto dados sobre as suas principais características físicas e outras; também não nos foram facultadas fontes com informação sobre as eventuais vítimas do seu torpedeamento.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

«SERRÃO»

Lugre de bandeira portuguesa. Pertenceu, primitivamente, ao armador Manuel Pereira Serrão e foi matriculado no registo da capitania do porto de Lisboa, cidade de onde o seu proprietário era originário. A construcção deste navio de 3 mastros foi dada como pronta em fins do ano de 1916, pelo estaleiro de José da Silva Lapa, de Vila Nova de Gaia. Este veleiro apresentava uma arqueação bruta de 221,25 toneladas e media 35,10 metros de comprimento ponta a ponta por 8,40 metros de boca e por 2,80 metros de pontal. Quando foi lançado à água, navegava com 7 tripulantes colocados (entre 1916-1917) sob o mando do capitão ilhavense Manuel Pereira Ramalheira. Concebido para viagens de longo curso, o «Serrão» teve vida curta nas mãos do seu primeiro dono, pois cedo foi vendido (talvez devido aos perigos incorridos pela navegação -portuguesa, nomeadamente- durante a Grande Guerra) à empresa portuense J. Mourão & Companhia; que lhe mudou o nome para «Guadiana» e que transferiu (em 1917) o registo do navio para a Cidade Invicta. Foi afundado, no dia 5 de Março de 1917, pela guarnição do submarino «UC-44» -comandado pelo capitão Kurt Tebbenjohanns- por meio de explosivos e cargas incendiárias, no canal de Bristol, Reino Unido. O navio português carregava madeira da foz do rio Douro para Cardiff. Não temos notícias sobre a sorte da tripulação do malogrado lugre. Mas presumimos que se tenha salvo, pois a destruição de um navios em tais circunstâncias era, quase sempre e nos piores momentos do conflito, precedida por uma ordem de evacuação dos tripulantes. Nota : a imagem anexada não representa o navio em apreço; mas, isso sim, a de um congénere (não-identificado) do seu tempo.

terça-feira, 3 de abril de 2018

«GOLDEN GROVE»

Este navio (um veleiro de fins do século XVIII) foi construído em 1780 num estaleiro de Whitby, no norte de Inglaterra, e usou primitivamente o nome de «Russiam Merchant». Pertenceu à casa armadora Leighton & Cº, de Londres, e terá servido no comércio com São Petersburgo. Em 1783 recebeu o nome pelo qual passou a ser definitivamente designado : «Golden Grove». Fez parte (e daí lhe advém o facto de ser ainda hoje conhecido) da chamada Primeira Frota, termo que os australianos dão aos navios que iniciaram o ciclo de transferências de população europeia para a ilha-continente. Pensa-se que tenha deslocado entre 320 e 400 toneladas e que as suas dimensões fossem de 29 metros de comprimento por 9 metros de boca. Apesar do seu estatuto de navio mercante, esteve armado com 6 bocas de fogo. Depois da sua aventura australiana, há informação que o dá como tendo navegado da Grã-Bretanha para o Caribe (Jamaica) e para os mares Báltico e Mediterrâneo. Para a História, também ficaram registados os nomes de quatro dos seus capitâes : T. Parker, J. Mann, Thompson e W. Sharp. Em 1813 perdeu-se o rasto deste navio, ignorando-se, pois, a data e circunstâncias do seu desaparecimento. Um dos subúrbios de Sidney recebeu o nome deste navio e perpetua-lhe a memória.

«STELLA»

Navio britânico de transporte de passageiros, pertencente à frota da companhia London & South Western Railway. O «Stella» foi construído, em 1890, num dos estaleiros de Clydebank (Escócia)  pela firma J. & G Thompson. Era um navio com uma arqueação bruta de 1 059 toneladas, medindo 77,11 metros de longitude por 10,67 metros de boca. Navegava com a ajuda de 2 máquinas a vapor de tripla expansão, cuja potência lhe permitia deslocar-se à velocidade de cruzeiro de 18 nós. Estava registado no porto de Southampton e assegurava uma linha regular entre esta cidade do sul de Inglaterra e a ilha de Guernesey, no arquipélago anglo-normando. O vapor «Stella» tinha capacidade para transportar 750 passageiros, 240 dos quais alojados em camarotes iluminados electricamente. A companhia armadora do «Stela» rivalizava, em finais do século XIX, com a Great Western Railway e impunha-se à clientela pela apregoada velocidade das suas embarcações, E talvez tenha sido a vontade de reforçar a sua supremacia nesse domínio que, em 30 de Abril de 1899, levou o seu capitão a exigir do «Stella» a velocidade máxima para atingir o porto de St. Peter; desconsiderando, imprudentemente, o espesso nevoeiro que, nesse fatídico dia, pairava sobre o canal da Mancha. Pelo facto de não ter avistado o farol que assinalava a proximidade do porto de destino, o 'ferry' inglês desviou da sua rota e foi esventrar-se contra os rochedos de Casquets. Seriamente atingido, o «Stella» afundou-se em, apenas, 8 minutos. 105 passageiros e tripulantes do pequeno navio (segundo as fontes mais criteriosas) perderam a vida no desastre. Curiosidade : os ingleses chamam Ilhas do Canal (Channel Islands) ao arquipélago anglo-normando, outrora francês.

domingo, 1 de abril de 2018

«WITTELSBACH»

Couraçado alemão (pré-'Dreadnought'), que esteve activo na frota imperial durante a Grande Guerra. Deu o nome a uma classe de 5 navios realizados entre 1899 e 1904. Os outros couraçados deste tipo chamaram-se «Wettin», «Zähringen», «Mecklenburg» e «Schwaben». O navio em apreço foi construído pelo estaleiro Kaiserliche Werf, de Wilhelmshavem, que o lançou à água a 3 de Julho de 1900. Mas este navio só foi oficialmente declarado apto ao serviço em meados de Outubro de 1902. O «Wittelsbach» foi, assim como todas as outras unidades da sua classe, integrado na 1ª Frota de Navios de Linha; mas quando, em 1914, a guerra estalou entre os chamados Impérios Centrais e a coligação franco-britânica (e os aliados desta) todos eles foram declarados obsoletos e a sua acção foi limitada ao mar Báltico e a confrontos menores com a marinha imperial russa. Em 1916, o «Wittelsbach» e congéneres foram retirados do combate, passando a desempenhar funções subalternas : como aquartelamento, prisão militar, navio-escola e até como alvos para exercícios de tiro. Findo o conflito, todos estes navios foram remetidos aos Aliados (mais precisamente aos britânicos), que os mandaram desmantelar entre 1920 e 1921. À excepção, porém, do «Zähringen», que foi conservado como alvo e que foi afundado em 1944, aquando de um raide da aviação tudesca. O «Wittelsbach» e restantes navios da sua classe deslocavam 12 800 toneladas em plena carga e mediam 126,70 metros de comprimento por 20,70 metros de boca por 8 metros de calado. Estavam fortemento blindados e armados com 4 canhões de 240 mm, 18 de 250 mm, 12 de 88 mm, 12 de 37 mm e com 5 tubos lança-torpedos de 450 mm. O seu sistema propulsivo compunha-se de 3 máquinas a vapor de tripla expansão (12 caldeiras), desenvolvendo uma potência de 14 000 cv. Características que lhe conferiam 18 nós de velocidade máxima e um raio de acção de 5 850 milhas náuticas com andamento reduzido a 10 nós. Cada um destes navios dispunha de uma guarnição de 680 homens, 30 dos quais eram oficiais.

«BEN LOMOND»

Cargueiro de bandeira britânica, que, antes de usar este nome, se chamou, sucessivamente, «Cynthiana», «Hoosac», «London Corporation» e «Marionga J. Goulandris». Era um navio a vapor de 6 630 toneladas, construído, em 1922, no Reino Unido pelos estaleiros Irvine's Shipbuilding & Dry Dock Cº Ltd., de West Hartlepool. A sua camanditária e primeira armadora foi a companhia Ben Line Steamers, de Leith. Em 1942, quando o «Ben Lomond» foi afundado -às 14 h 10 do dia 23 de Novembro- no Atlântico, ao largo de Fortaleza (Brasil), dirigia-se (vazio) para o porto de Nova Iorque com 53 tripulantes a bordo. Foi alvejado (com 2 torpedoa) pelo submarino alemão «U-172» e soçobrou em apenas 2 minutos. No ataque morreram todos os membros da sua equipagem, à excepção, porém, de um servente chinês de nome Pun Lim. Este único sobrevivente do «Ben Lomond» (nome por vezes ortografado 'Benlomond') deu alguma celebridade ao navio; pois o homem sobreviveu, sozinho, 133 longos dias numa balsa do cargueiro, até ser resgatado por um pescador brasileiro; que o desembarcou, são e salvo, no dia 8 de Abril de 1943 no porto de Belém do Pará. A prolongada e solitária estadia no oceano do náufrago Pun Lim parece ter constituído um recorde e ainda hoje se pergunta como foi possível a um homem sobreviver naquelas circunstâncias. E deu visibilidade a um navio (o seu) que, sem a sua extraordinária odisseia, só faria parte das estatísticas dos navios afundados pela frota submarina dos hitlerianos. Nota : a fotografia anexada mostra o navio quando este ainda se chamava «London Corporation».

«ROCHAMBEAU»

Paquete francês, que pertenceu à frota da Compagnie Générale Transatlantique (CGT), vulgarmente designada por French Line. Foi construído pelos Chantiers de Penhoët, de Saint Nazaire, e entrou em serviço no ano de 1911, na linha Havre-Nova Iorque. O «Rochambeau» era, na realidade, uma versão de maiores dimensões do seu congénere «Chicago», lançado ao mar em 1908 e que serviu o mesmo armador. O «Rochambeau» era um navio de 17 000 toneladas, que media 163 metros de comprimento por 19,50 metros de boca. O seu sistema propulsor de turbinas desenvolvia uma força de 13 000 cv, que lhe permitia navegar a 17,5 nós de velocidade de cruzeiro. Entre 1915 e 1918, em razão da Grande Guerra e por medida de precaução, este transatlântico passou a zarpar de Bordéus, porto mais afastado da linha da frente. Apesar disso, o «Rochambeau» foi alvo (a 30 de Abril de 1917, na foz do rio Gironda) de um submarino alemão, que lhe expediu um torpedo. Graças à detecção atempada do pessoal de bordo (que pôde observar o rasto do engenho inimigo) e às hábeis manobras de esquiva executadas pelo comandante do paquete francês, o navio não foi atingido. Os artilheiros do «Rochambeau» (que se encontrava armado com peças de artilharia, para poder reagiar à acção dos submersíveis do adversário) ainda ripostaram; mas, ao que parece, sem causar danos ao agressor. Este incidente, que não causou sequer pânico a bordo, também não interrompeu a viagem do navio, que prosseguiu a sua rota até à chamada Cidade dos Arranha-Céus. Depois do armistício de 1918, o paquete em apreço voltou a retomar as suas carreiras a partir do Havre; que era o seu porto de registo. O paquete «Rochambeau» foi modernizado em 1926 e interrompeu a sua actividade no ano de 1934. Pois foi dado como obsoleto e vendido para a sucata. A sua demolição teve lugar (nesse mesmo ano) num estaleiro especializado de Dunquerque.

«INDEFATIGABLE»

Porta-aviões da armada britânica pertencente à classe 'Implacable'. Foi construído na Escócia (Clydebank) pelos estaleiros de John Brown & Cº, que o lançaram à água a 8 de Dezembro de 1942, em plena guerra mundial. Mas este navio só entrou em serviço operacional nos inícios do mês de Maio de 1944. A tempo, no entanto, de participar (com as suas aeronaves) na Operação Goodwood, que visou o couraçado alemão «Tirpitz», bloqueado num fiorde da Noruega. E, também, após ter sido destacado para o Pacífico (depois da rendição dos nazis na Europa), na renhida batalha de Okinawa; da qual sairia com avarias importantes e 14 mortos, causados por um ataque 'kamikaze'. Nesta última ocasião, o «Indefatigable» usou a flâmula do então contra-almirante Philip Vian, comandante-chefe da Frota Britânica do Pacífico (BPF) e foi, nessa condição. que este navio esteve presente na baía de Tóquio (em 2 de Setembro de 1945), aquando da cerimónia da rendição incondicional do Japão. Que ocorreu na coberta do couraçado USS «Missouri». Dispensado do serviço operacional depois do seu regresso à Europa, o «Indefatigable» foi reactivado em 1950, como navio-escola. Mas, em 1956, este porta-aviões foi definitivamente afastado e posteriormente desmantelado. Esta unidade da 'Royal Navy' deslocava, em plena carga, 32 624 toneladas e media 233,60 metros de comprimento por 29,18 metros de largura máxima. O seu calado era de 8,80 metros. O seu sistema propulsor era constituído por turbinas a vapor -que desenvolviam uma potência de 148 000 cv- e por 4 hélices; que lhe proporcionavam uma velocidade próxima dos 60 km/h. O navio em apreço estava fortemente armado, pois dispunha de 90 peças de artilharia de distintos calibres. As aeronaves que operavam do «Indefatigable» chegaram a ser em número de 73 e foram, essencialmente, 'Seafires' (versão naval do 'Spitfire'), TBF 'Avengers' e Fairey 'Fireflys'.