sábado, 17 de abril de 2010

«SPHINX»


Foi o primeiro navio militar francês (era uma corveta de rodas laterais) a utilizar o vapor no seu sistema de propulsão; que era misto, já que o «Sphinx» também utilizava, nos seus três mastros e quando necessário, cerca de 750 m2 de pano. Construído em Rochefort, segundo os planos do engenheiro naval M. Hubert, o navio foi lançado à água en 1829. Deslocava 777 toneladas e media 46,20 m de comprimento (ao nível da linha de navegação) por 8,15 m de boca. A sua máquina de 160 cv proporcionava-lhe uma velocidade de 7 nós. Estava armado com 11 peças de artilharia de dois calibres diferentes. O «Sphinx» juntou-se, em 1830, à esquadra do almirante Victor Guy Duperré que assediava Argel,. Efectuou várias vezes a travessia do Mediterrâneo, assegurando o serviço de correio entre as forças que empreendiam a conquista das costas barbarescas e o porto militar de Toulon. Foi ao «Sphinx» que, em 1833, se confiou a missão de rebocar o batelão que trouxe do Egipto o obelisco de Luxor (oferecido pelo sultão Mehemet Ali ao rei Carlos X), que hoje está erigido na praça da Concórdia, em Paris. Esta corveta perdeu-se por encalhe ocorrido nos recifes do cabo Matifou (na costa argelina) em 1845.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ALEXANDER VON HUMBOLDT»


Veleiro de três mastros (barca) construído em 1906 pelos estaleiros Werft AG Weser, de Bremen. Desloca cerca de 400 toneladas e mede 62,55 m de comprimento fora a fora por 8 m de boca. Os seus mastros podem arvorar (em simultâneo) 25 velas, cuja superfície atinge 1 035 m2. Chamou-se, sucessivamente, «Sonderburg» e «Kiel», exercendo com este último nome as funções de barco-farol. Foi adquirido em 1986 pela S.T.A.G. (‘Sail Training Association of Germany’), que o restaurou e condicionou para servir como navio de apoio à aprendizagem da navegação à vela. E que também lhe escolheu o patrono : Alexander von Humboldt, importante naturalista e explorador alemão dos séculos XVIII e XIX. Com a sua nova configuração, o navio pode receber 37 alunos, para além dos seus 23 tripulantes normais. O seu actual armador é a D.S.S.T. (Deutsch Stiftung Sail Training) e o seu porto de registo é o de Bremerhaven, na Alemanha. Tem surgido, com alguma frequência, nas grandes concentrações de veleiros, onde se distingue dos outros navios do seu género graças às suas pouco vulgares velas de cor verde.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

«BARTOLOMEU DIAS»


Fragata portuguesa com o indicativo de amura F 333. É a ex-«Van Nees», pertencente à classe ‘Karel Doorman’ da marinha de guerra neerlandesa. Foi construída por um estaleiro de Flushing e lançada à água em 1992. Aumentada ao efectivo dos navios da nossa armada em 2009, esta fragata desloca 3 320 toneladas e tem as seguintes dimensões : 122,30 m de comprimento por 14,40 m de boca. O seu calado é de 4,30 m. Dispõe de um poderoso sistema propulsivo que lhe permite atingir uma velocidade máximo da ordem dos 30 nós. A sua autonomia é (com a velocidade estabilizada a 18 nós) de 9 000 km. A sua guarnição é constituída por 156 oficiais, sargentos e praças. Apresenta uma reduzida assinatura radar e está equipada com moderníssimos sistemas de navegação, de detecção e de defesa antiaérea. A nova «Bartolomeu Dias» está armada com uma peça de 76 mm , com uma outra de 30 mm e com 2 tubos lança-torpedos, além de dispor de dois sistemas de disparo de mísseis : o primeiro armado com 16 projécteis Raytheon ‘Seasparrow’ (antiaéreos) e o segundo com 8 Boeing ‘Harpoon’ (antinavios). Para além de missões de combate, a F 333 também deve poder cumprir tarefas de patrulha costeira e outras de carácter humanitário, como, por exemplo, o resgate de refugiados e o apoio a populações atingidas por catástrofes naturais. O navio dispõe de uma área de aterragem, de modo a poder utilizar um helicóptero ‘Super Lynx’ Mk 95. Este navio é gémeo do NRP «D. Francisco de Almeida» (também ele adquirido nos Baíses Baixos) e veio -como o supracitado- substituir as duas últimas fragatas da classe ‘João Belo’ cedidas à marinha de guerra do Uruguai.

terça-feira, 13 de abril de 2010

«MALTESE FALCON»


Moderníssimo iate, propriedade do milionário Tom Perkins. Projectado pelo engenheiro alemão Wilhelm Prölss e construído na Turquia (em 2006) com a supervisão da firma italiana Perini Navi, o «Maltese Falcon» custou mais de 100 milhões de dólares e é uma das maiores e mais modernas embarcações do mundo do seu género. Desloca 1 240 toneladas, mede 88 m de comprimento por 12,60 m de boca e o mais longo dos seus três revolucionários mastros (fabricados em fibra de carbono) culmina a 58,20 metros de altura. Além das velas, este iate possui um sistema de propulsão constituído por duas máquinas Deutz com 3 600 cv de potência combinada. O «Maltese Falcon» pode atingir a velocidade máxima de 20 nós. O seu casco de aço contém 6 luxuosas cabines capazes de receber 12 passageiros e 8 outras destinadas à sua equipagem, que é, normalmente, formada por 16/18 membros. O iate tem uma autonomia de 4 000 milhas náuticas. Inovador (também) no domínio da propulsão eólica, o iate de Perkins pode arvorar 2 400 m2 de velas, que têm a particularidade de poder ser ‘armazenadas’ nos próprios mastros. Que são rotativos ! O velame (15 panos independentes) pode ser recolhido em menos de 5 minutos, graças a um dispositivo motorizado accionado do posto de comando. «O Falcon Maltese», cujo nome é revelador dos gostos cinematográficos do seu riquíssimo proprietário (um homem que fez fortuna em Sillicon Valley, no ramo da informática), possui também um sistema de navegação único, que permite que este gigantesco iate possa ser conduzido por uma só pessoa. ‘Nec plus ultra’ da navegação desportiva e de recreio, o futurista «Maltese Falcon’ participou -com sucesso- em várias regatas internacionais.

«DAUPHINE»


Era uma galé (de comando) do século XVIII, pertencente à frota do Mediterrâneo do rei Luís XIV. A França utilizou, nesse mar e durante vários séculos, uma numerosa armada de navios deste tipo. Os quais eram, tal como a «Dauphine», movidos por velas latinas (duas, neste caso) e por uma ‘chiourme’ de remadores, que (também neste caso preciso) ascendia a 392 galerianos. Este navio media 60 metros de comprimento e estava armado com seis bocas de fogo, de diversos calibres, concentradas na proa e servidas por um corpo de 14 artilheiros. Além dos remeiros –que eram, geralmente cativos de guerra ou prisioneiros de direito comum- a «Dauphine» dispunha de um número variável de marinheiros (40 deles utilizados, exclusivamente, nas manobras da vela grande) e de 100 soldados de várias especialidades. Toda esta gente recebia ordens de 8 oficiais superiores e de 19 outros chefes subalternos. Depois de terem perdido eficácia militar, as galés permaneceram como instituição penal até 1748, ano em que um decreto do rei Luís XV aboliu, definitivamente, esse duro castigo. A «Dauphine» ainda sobreviveu, por mais alguns anos, a essa lei e, em 1792, recebeu um derradeiro nome : «L’Espérance».

«SAINT-ROCH»


Navio de propulsão mista (vela/diesel) utilizado, primeiramente, como abastecedor, guarda-costas, unidade de fiscalização aduaneira e de protecção das fronteiras pela Real Polícia Montada do Canadá e, depois, como navio de estudos polares pelo famoso explorador Henry A. Larsen. Deslocando 328 toneladas e medindo apenas 31,78 m de comprimento fora a fora por 7,54 m de boca, o «Saint-Roch» foi construído, em madeira, pela firma Burrard Dry Dock Ltd (de North Vancouver) em 1928, por encomenda daquele corpo de polícia. Foi o segundo navio a atravessar a Passagem do Noroeste e o primeiro a percorrê-la numa viagem de ida e volta; daí a sua merecida celebridade. Essas expedições ocorreram entre 1942 e 1944, durante os anos difíceis da Segunda Guerra Mundial. Em 1950, o «Saint-Roch» franqueou o canal de Panamá, tornando-se, assim, o primeiro navio a efectuar uma circum-navegação da América do norte. Foi preservado e encontra-se, desde 1962, no porto de Vancouver (Columbia Britânica), onde goza do estatuto de navio-museu e recebe, anualmente, milhares de visitantes.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

«EMDEN»


Cruzador ligeiro da classe 'Dresden', construído pelo estaleiro Kaiserliche Werft, de Dantzig. Foi lançado à água em Maio de 1908 e entregue à marinha imperial alemã em Novembro desse mesmo ano. Era um navio com 118,30 m de comprimento por 13,40 m de boca, que deslocava 4 268 toneladas em plena carga. O seu sistema de propulsão (totalizando 18 800 cv de potência) permitia que singrasse à velocidade máxima de 24 nós. Ligeiramente couraçado, o «Emden» estava armado com 10 peças de tiro rápido de 105 mm, com 8 outras de 52 mm e com 2 tubos lança-torpedos de 450 mm. O seu raio de acção era de 6 000 km. Tinha uma guarnição de 361 homens. Em 1910 foi integrado na chamada esquadra de cruzadores da Ásia, que tinha a sua base no porto de Qingdao (hoje Shandong), na China. Quando rebentou o primeiro conflito generalizado, o capitão de corveta Karl von Müller, comandante do «Emden», recebeu instruções para se lançar numa guerra de corso contra a navegação do inimigo que cruzasse a sua rota. Missão que o cruzador germânico e a sua tripulação cumpriram plenamente, já que, em apenas três meses, o «Emden» afundou ao adversário uma vintena de navios mercantes e 2 navios de guerra (o cruzador russo «Jemtchug» e o torpedeiro francês «Mousquet»); além de ter destruído reservatórios de carburante no porto de Madrasta (Índia), que canhoneou. Mas, a 9 de Novembro de 1914, depois de já ter percorrido 30 000 milhas em operações de guerra, o corsário germânico encontrou na sua frente o HMAS «Sydney», que o destruíu após um violento duelo de artilharia. O «Emden», cuja tripulação estava desfalcada de 6 oficiais e de 38 marinheiros -força desembarcada no arquipélago de Cocos, para sabotar uma estação telegráfica- sofreu, nesse seu derradeiro combate, baixas significativas : 134 mortos e 65 feridos. Pela acção desenvolvida durante esses curtos meses de conflito, o «Emden» recebeu a Cruz de Ferro. O seu comandante sobreviveu à guerra, assim como a maior parte dos elementos que fez parte do raide contra a central telégráfica de Cocos. Comando que foi protagonista de uma rocambolesca aventura (a bordo de um veleiro capturado), até atingir a Turquia, país aliado da Alemanha.

domingo, 11 de abril de 2010

«VALMY»


O «Valmy» (que usou, durante alguns meses, o nome de «Formidable») foi o primeiro grande navio encomendado para a marinha francesa depois das chamadas guerras da Revolução e do Império. Foi construído no arsenal de Brest, que o lançou à água em 1847. Era um impressionante navio de linha com 120 bocas de fogo distribuídas por três níveis, que deslocava (em plena carga) 5 230 toneladas e dispunha de uma guarnição de 1 100 marinheiros e soldados. Media 64 m de comprimento por 18 m de boca. Os seus três mastros (o mais alto culminava a 60 m) envergavam uma vintena de velas. Apesar da sua imponência (ou talvez por isso) o «Valmy» revelou-se lento e pouco manobrável. Um autêntico fracasso, na opinião dos conhecedores. Foi o navio-almirante da esquadra francesa, aquando da guerra da Crimeia (1853-1854), que colocou frente a frente a Rússia imperial, por um lado, e uma coligação anglo-franco-turca, por outro lado. Foi desarmado em 1855 e utilizado como escola flutuante pelos cadetes da Academia Naval, com o nome de «Borda». O navio ainda foi rebaptizado uma quarta vez (com o designativo de «Intrépide»), antes de ser riscado da lista dos efectivos da armada francesa (em 1891) e de ser desmantelado.

«KIROV»


Cruzador da marinha soviética (e depois russa) com propulsão atómica. Foi lançado à água pelos estaleiros do Báltico, em Leninegrado (hoje São Petersburgo), em 26 de Dezembro de 1977. Deslocava 28 000 toneladas (em plena carga) e media 252 m de comprimento por 28,50 m de boca. Foi dotado com 2 reactores nucleares e com 2 turbinas a vapor. A sua velocidade máxima era de 32 nós e a sua autonomia praticamente ilimitada. Os peritos militares ocidentais chegaram a dizer do «Kirov» que ele era o navio de superfície mais poderoso do mundo. Recheado com moderníssimos equipamentos electrónicos, este cruzador dispunha de armamento constituído por perto de 200 mísseis de todos os tipos e valências, além de um sofisticado sistema de canhões automáticos e de tubos lança-torpedos. Três helicópteros Kamov Ka-27 faziam igualmente parte das suas dotações. Pertenceu à Frota do Norte, passando, mais tarde, para o Mediterrâneo. Foi neste mar que o «Kirov» sofreu, em 1990, um grave acidente num dos seus reactores. Depois disso, foi colocado na reserva naval. Em 1992 foi, por razões políticas, rebaptizado com o nome de «Admiral Uchakov»; isto porque o seu primeiro patrono era um íntimo amigo e colaborador do ditador Estáline. Os trabalhos de revisão empreendidos depois da sua avaria, foram definitivamente interrompidos em 2001 e (por falta de verbas) o navio acabou por ser desmantelado em 2003. A sua classe compreendeu três outros navios : o «Admiral Lazarev», o «Admiral Nakhimov» e o «Pyotr Velikiy».

quinta-feira, 8 de abril de 2010

«SCHARNHORST»


Cruzador de batalha alemão da Segunda Guerra Mundial. Lançado à água pelos estaleiros navais de Wilhelmshaven em 3 de Outubro de 1936, o «Scharnhorst» deslocava cerca de 39 000 toneladas em plena carga (tal qual o seu gémeo «Gneisenau») e apresentava as seguintes dimensões : 230 m de comprimento por 30 metros de boca e 9,90 m de calado. Dispunha de forte couraça, distribuída pelo casco (onde podia atingir, em certos sectores, a espessura de 343 mm), pela coberta (75 mm) e por outras partes sensíveis do navio. A sua artilharia principal era constituída por 9 canhões de 279 mm e por 12 outros de 150 mm. Do seu equipamento, também faziam parte 3 hidroaviões de reconhecimento Arado Ar 196. As potentes turbinas do «Scharnhorst», permitiam que o navio atingisse a velocidade máxima de 32 nós e dispusesse de um raio de acção de 16 300 km; isto, com velocidade estabilizada a 19 nós. Concebido para exercer represálias contra o tráfego naval do inimigo, este poderoso vaso de guerra foi destacado para o Atlântico norte, onde afundou -em 23/11/1939, logo no decorrer da sua primeira missão- o cruzador britânico «Rawalpindi». Durante a campanha da Noruega, o «Scharnhorst» destruiu vários contratorpedeiros inimigos e, também, o porta-aviões «Glorious», em cujo soçobro morreram 1 500 tripulantes. O cruzador de batalha alemão foi, em seguida, destacado para a uma área sensível do oceano Atlântico, onde (na companhia do «Gneisenau») destruiu ou capturou 22 navios mercantes aos Aliados. E, no início do ano de 1941, depois dessa campanha vitoriosa, o «Scharnhorst» refugiou-se no porto de Brest, onde estava previsto sofrer reparações e reabastecer-se, antes de encetar novas missões de guerra. Apesar da vigilância apertada exercida pela marinha real britânica sobre Brest, o «Scharnhorst» (assim como o «Gneisenau» e o «Prinz Eugen») logrou sair desse porto ocupado pelos nazis, escapar às forças dos Aliados que bloqueavam o canal da Mancha e regressar a Alemanha. Esse ousado raide, que decorreu durante o mês de Fevereiro de 1942, foi considerado uma autêntica vitória para a ‘Kriegsmarine’. Depois de algumas operações de menor importância, este cruzador de batalha foi –com a sua escolta de contratorpedeiros- enviado para o Árctico, na esperança de que ali pudesse interromper o fluxo de armamento canalizado pelos Aliados para a Rússia Soviética, através de comboios de navios com destino ao porto de Murmansk. Foi no dia 26 de Dezembro de 1943 que, ao tentar destruir o comboio JW55B, o «Scharnhorst» foi interceptado pela 10ª Esquadra da ‘Navy’ e que, depois de seriamente atingido pelas peças de 356 mm do couraçado «Duke of York», ele foi, finalmente, afundado pela escolta do grande vaso de guerra inimigo, que utilizaram nada menos do que 22 torpedos para o imobilizar e destruir. Do afundamento do cruzador de batalha alemão apenas foi possível salvar 36 marinheiros da sua guarnição de 1 968 homens. A este combate naval travado nas águas do Oceano Glacial Árctico foi dado o nome de batalha do Cabo Norte.

terça-feira, 6 de abril de 2010

«FRAM»


Este navio de exploração polar, foi encomendado por Fridtjof Nansen ao estaleiro naval Colin Archer, de Larvik (Noruega). Empresa que o considerou «o navio de madeira mais sólido do mundo» e o entregou ao famoso explorador em 1892. A característica principal do «Fram» consistia no seu casco de formas arredondadas, concebido de tal forma que, quando envolvido pelo gelo polar, o navio escorregava literalmente para cima, em vez de se deixar esmagar, como acontecia às embarcações comuns. O «Fram», navio de três mastros, armava em lugre-escuna e dispunha de uma superfície vélica de 602 m2. A sua velocidade de cruzeiro era de 7 nós. Deslocava um pouco mais de 800 toneladas e media 39 metros de comprimento fora a fora por 5,20 metros de boca. O navio (que navegava, geralmente, com uma equipagem de 16 homens) participou em três importantes expedições ao Árctico e à Antárctida. A primeira delas foi realizada, sob o comando de Nansen, entre 1893 e 1896; a segunda, por conta de Otto Sverdrup, teve lugar entre 1898 e 1902; e a terceira (a sul), fez-se sob a chefia de Roald Amundsen, entre 1910 e 1912. Em todas estas viagens o «Fram» comprovou a superioridade da sua concepção e deu provas de ser um navio fiável, seguro. Este singular navio polar foi preservado e encontra-se, hoje, exposto num museu que lhe é exclusivo –o Frammuseet- em Bygdoy, nas imediações de Oslo.

«BRETAGNE»


Couraçado da marinha de guerra francesa, construído em 1913 pelo arsenal de Brest. Pertenceu a uma classe de navios de 25 000 toneladas de deslocamento (em plena carga) da qual também faziam parte os navios «Provence» e «Lorraine». Armado em Setembro de 1915, este couraçado ainda participou nos combates da Grande Guerra, à qual sobreviveu. O «Bretagne» sofreu duas grandes operações de restauro e de modernização (sendo a última delas executada entre 1932-35 nos estaleiros de La Seyne-sur-Mer), antes do início do segundo conflito generalizado. Foi afundado pela ‘Royal Navy’ aquando do malfadado combate de Mers el Kebir ('operação Catapulta'), ocorrido em 3 de Julho de 1940 na baía de Oran, Argélia. Os canhões britânicos que destruíram o «Bretagne» provocaram, só neste navio, perto de 1 000 mortos. E o drama (que os franceses ainda hoje consideram como tendo sido uma traição dos ingleses) marcou de tal modo a opinião pública, que o nome do couraçado foi dado a uma rua da cidade de Brest, onde fora construído. O «Bretagne» media 166 m de comprimento por 27 m de boca. A sua propulsão era assegurada por um conjunto de turbinas -desenvolvendo uma potência global de 43 000 cv- que podiam imprimir ao navio a velocidade máxima de 21,5 nós. Fortemente blindado, o navio estava armado com 10 peças de artilharia de 340 mm, 14 de 138 mm, 8 de 100 mm e 12 metralhadoras antiaéreas. Da guarnição do «Bretagne» faziam parte 1 133 oficiais, sargentos e praças.

«D. JOÃO DE CASTRO»


Foi o primeiro navio construído pelo arsenal do Alfeite. O seu lançamento à água teve lugar em 1941 e a sua inscrição nos efectivos da Armada data desse mesmo ano. O «D. João de Castro» foi a primeira unidade da nossa marinha de guerra a ser concebida e realizada de raiz para executar missões hidrográficas. Deslocava mais de 1 300 toneladas em plena carga e media 66,50 metros de comprimento por 9,80 metros de boca. Dispunha de 2 conjuntos-motor de T.E., desenvolvendo 1 400 cv, que lhe permitiam navegar à velocidade máxima de 12,5 nós. Encarou-se a possibilidade de dotar este navio com um hidroavião, mas não há notícias de que esse projecto se tenha alguma vez concretizado. A sua primeira missão foi cumprida nos Açores, onde, logo em 1941, os cientistas que viajavam a bordo descobriram um importante vulcão submarino (entre a Terceira e São Miguel), ao qual foi dado o nome do navio hidrográfico. O «D. João de Castro» -que tinha uma guarnição de 97 homens- perdeu-se por encalhe, ocorrido em 2 de Outubro de 1947 no porto da Janela, ilha de Santo Antão (arquipélago de Cabo Verde), onde, então, operava. Foi abatido do serviço da Armada, por ter sido considerado impossível o seu salvamento.

«IMPERATOR ALEXANDRE III»


Couraçado da marinha imperial russa pertencente à classe ‘Borodino’. Fazia parte de uma unidade da frota do Pacífico com base em Porto Artur e participou na batalha de Tsushima (durante a guerra russo-japonesa de 1905), sob as ordens do capitão Nikolai M. Bukhvostov. O «Alexandre III» foi construído (como os outros quatro navios da sua classe, o «Borodino», o «Orel», o «Knyaz Suvarov» e o «Slava») no arsenal de São Petersburgo. Lançado à água no final do ano de 1901, este couraçado de 121 m de comprimento por 12,20 m de boca deslocava mais de 14 000 toneladas (em plena carga) e estava fortemente blindado e armado. Da sua artilharia constavam 4 peças de 305 mm, 12 de 152 mm e 20 de 47 mm, além de 4 tubos lança-torpedos de 381 mm. Podia atingir –graças à potência desenvolvida pelas suas duas máquinas a vapor de tripla expansão e pelas suas 12 caldeiras- a velocidade máxima de 18 nós. A sua guarnição era composta por 28 oficiais e por 754 sargentos e praças. Apesar do seu poderio, o «Imperator Alexandre III» foi severamente castigado pelo fogo da marinha rival, durante os dois combates que travou aquando da já citada batalha de Tsushima. E, na tarde de 27 de Maio de 1905, o navio virou-se, acabando, pouco depois, por afundar-se. Da sua equipagem, só quatro marinheiros sobreviveram à tragédia.

«BUCINTORO»


Com este nome foram designados vários navios de parada pertencentes à cidade-estado de Veneza. Diga-se, referentemente à última dessas explendorosas embarcações –que se deslocava à força de remos, accionados por 168 homens- que ela foi lançada à água em 1728. Era utilizada anualmento pelo Doge numa cerimónia que ocorria no dia da Ascensão do Cristo e que simbolizava o casamento de Veneza com o mar. Durante essa festa tradicional, o chefe de estado lançava –do «Bucintoro»- um anel às águas do Adriático, pronunciando (em latim) a seguinte frase : «Mar, nós te desposamos, em sinal de perpétua e real soberania». O último «Bucintoro» (nome que, na nossa língua, significa ‘centauro’, por alusão à figura de proa que ostentava) era um navio com 34,70 m de comprimento por 7,2 m de boca. Sem mastreame (salvo aquele, de pequeno porte, no qual se arvorava o pavilhão do príncipe reinante), o navio apresentava-se sumptuosamente ornamentado com esculturas em talha dourada. Em 1797, após a conquista de Veneza pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte, o «Bucintoro» foi desguarnecido das suas belíssimas esculturas em madeira e transformado num batelão. Ulteriormente, foi utilizado pela marinha de guerra austro-húngara como bateria de artilharia flutuante. O que restava do soberbo navio original acabou por ser inteiramente desmantelado no ano de 1824.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

«LA GLOIRE»


Lançada à água no dia 24 de Novembro de 1859 pelo arsenal de Toulon (França), «La Gloire» foi a primeira fragata couraçada do mundo. A sua protecção blindada (assegurada por chaparia de ferro forjado de 110/120 mm) envolvia todo o navio, que deslocava 5 630 toneladas e apresentava as seguintes dimensões : 77,80 m x 17 m x 8,40 m. A sua propulsão mista era assegurada por 1 máquina de dois cilindros, 8 caldeiras e 1 hélice de oito pás e por um aparelho eólico que compreendia 1 100 m2 de pano; esse dispositivo imprimia ao navio a velocidade máxima de 13 nós. Do seu armamento principal constavam, inicialmente, 36 canhões (de carregar pela boca) de 160 mm; peças que foram substituídas, após o restauro sofrido pela fragata em 1866, por artilharia mais moderna (com carregamento executado pela culatra) e reduzida a 8 canhões de 239 mm e 6 outros de 193 mm. A guarnição do navio ascendia a 570 homens. «La Gloire» -que tinha projecto do engenheiro naval Dupuy de Lôme- despertou (graças às inovações que introduzia na marinha de guerra e tornava obsoletos todos os navios construídos antes dela) a imensa curiosidade da esfera militar do seu tempo e provocou, na Europa, uma verdadeira corrida ao armamento naval. A Grã-Bretanha (a maior potência marítima da época), por exemplo, lançou-se, quase imediatamente, na construção de um navio similar para a sua própria armada : o HMS «Warrior». A fragata couraçada «La Gloire», que teve dois navios gémeos («l’Invincible» e «La Normandie»), foi abatida do serviço activo em 1879 e desmantelada quatro anos mais tarde. Uma instrutiva maqueta deste inovador navio está exposta no Museu de Marinha (Palácio de Chaillot) em Paris.

«COMANDANTE JOÃO BELO»


Fragata da Armada Portuguesa lançada à água no dia 22 de Março de 1966 pelos estaleiros da firma Ateliers et Forges de la Loire (Nantes). Derivava da classe francesa ‘Commandant Rivière’. Foi integrada na nossa marinha de guerra em 1968, com o indicativo de amura F480. Era um navio com 108,50 m de comprimento por 12 m de boca. Deslocava 2 250 toneladas e tinha uma autonomia de 7 500 milhas náuticas com velocidade estabilizada a 15 nós. A sua velocidade máxima ultrapassava, no entanto, os 23 nós. O seu sistema propulsivo era constituído por 4 motores diesel totalizando uma potência 16 000 cv. O armamento da «Comandante João Belo», cuja classe nacional compreendia três outros navios (o «Comandante Hermenegildo Capelo», o «Comandante Roberto Ivens» e o «Comandante Sacadura Cabral»), era constituído por 3 peças de 100 mm, por 2 de 40 mm, por um morteiro quádruplo de 305 (este retirado em 1989, após modernização do navio) e por tubos lança-torpedos. Estava dotada com sistemas de detecção de várias valências e dispunha de um dispositivo de detecção e medida de radioactividade. Esta fragata tinha uma guarnição de 164 homens. Tomou parte em missões de guerra aquando do conflito colonial e realizou várias viagens de instrução com alunos da Escola Naval. Foi abatida do serviço da Armada em 2008 e vendida à marinha de guerra uruguaiana, navegando agora com o seguinte indicativo : ROU «Uruguay».

«GALILEO GALILEI»


Paquete italiano (gémeo do «Guglielmo Marconi») construído, em 1963, pelos Cantieri Riuniti dell’Adriatico, de Monfalcone, para a Lloyd Triestino Line; companhia que o destinou à ligação regular entre a Itália e a Austrália. Não podendo (como tantos outros dos seus congéneres) suportar a concorrência dos transportes aéreos, foi retirado dessa linha em 1977 e transformado em navio de cruzeiro. Transformado em 1989/90, o seu deslocamento passou de 28 000 para 30 500 toneladas, ao mesmo tempo que aumentava o número de passageiros transportados. Teve vida atribulada. Navegou com turistas no Mediterrâneo, nas Caraíbas e no Índico, usando sucessivos nomes («Galileo», «Meridian», «Sun Vista») e bandeiras diversas. Este belíssimo navio (com 213,65 m de comprimento por 28,60 m de boca) afundou-se no dia 20 de Maio de 1999 no estreito de Malaca, quando efectuava uma viagem entre a ilha de Phuket e Singapura. As causas do naufrágio permanecem inexplicáveis. Não houve vítimas a lamentar.

«CONSTITUTION»


Quando a fragata «Constitution» foi lançada à água em 1797, depois de ter sido construída num estaleiro de Boston, era –com os seus 54 canhões- o mais poderoso navio que sulcava mares e oceanos. Medindo 53,30 m de comprimento por 13,30 m de boca, este vaso de guerra norte-americano deslocava 2 200 toneladas e estava equipado com 3 mastros, que sustentavam um impressionante sistema vélico com cerca de 4 000 m3 de pano . A sua guarnição compreendia 450 elementos (pessoal de navegação e homens de armas). Teve dois gémeos : as fragatas «President» e «United States». Distinguiu-se, no início do século XIX, na luta contra os corsários barbarescos e defrontou a poderosa ‘Royal Navy’ aquando da guerra de 1812; durante a qual demonstrou a sua superioridade sobre os navios da antiga potência colonial. Sob as ordens do comandante Isaac Hull, bateu-se vitoriosamente contra o HMS «Guerriere» e, pouco depois, quando já se encontrava às ordens do capitão William Bainbridge, levou de vencida o HMS «Java» num combate travado ao largo da costa brasileira. A «Constitution» teria sido desmantelada em 1830, se um movimento de patriotas não tivesse promovido uma acção junto do governo para a salvar e preservar. Restaurada, ainda participou em missões de polícia contra o tráfico negreiro. Acabou por ser desarmada em 1882. De novo reabilitada, entre 1992 e 1995, a ‘Old Ironsides’, como é popularmente designada, é, hoje, o navio-emblema da armada dos Estados Unidos, participando em manifestações de carácter histórico e recebendo anualmente a visita de muitos saudosistas da marinha à vela.

DREADNOUGHT»


Este navio fortemente couraçado foi concebido em 1907 -por lorde Fisher- para a marinha de guerra britânica e constituiu uma autêntica revolução no mundo da construção naval . Deslocava cerca de 22 000 toneladas em plena carga e as suas turbinas (sistema de propulsão que, pela primeira vez, equipava um navio da sua dimensão) imprimiam-lhe uma velocidade máxima da ordem dos 21 nós. A sua artilharia principal, reduzida a um único calibre, assentava em 10 peças de 305 mm, o que lhe permitia castigar o inimigo longe e de maneira violenta. A artilharia secundária do «Dreadnought» contava com 25 canhões de 76 mm. O outro armamento do navio era constituído por 5 tubos lança-torpedos de 457 mm. A sua autonomia era superior a 12 000 km com a velocidade estabilizada a 10 nós. A guarnição do navio compreendia 697 homens. O aparecimento do «Dreadnought» (termo que significa, na nossa língua, ‘que nada teme’) relançou a corrida ao armamento naval entre a Grã-Bretanha e a Alemanha imperial. Que teve como desfecho trágico o afrontamento entre essas duas grandes potências durante a Grande Guerra. As dimensões deste famoso couraçado eram as seguintes : 160,60 m de comprimento por 25 m de boca.