segunda-feira, 21 de novembro de 2016

KVALSUND (NAVIO DE)

Este navio Viking foi descoberto, em 1920, numa zona pantanosa situada junto da aldeia de Kvalsund, na ilha norueguesa de Nerlandsoya. Segundo os peritos que o estudaram, a sua construção remontaria ao século VII. Peritos que também pensam que navegava exclusivamente à força de remos. Igualmente chamado 'navio de Kvalsund 2', para o distinguir de uma outra embarcação achada ao mesmo tempo e no mesmo lugar, o seu casco (18 metros de comprimento por 3,20 metros de boca por 0,78 metro de calado) foi realizado em madeiras de carvalho e de pinho Era impulsionado por 10 pares de remos (presumindo-se que a sua equipagem fosse constituída por 21 homens) e dispunha, à popa e do lado estibordo, de um remo de esparrela para o direccionar. A carcaça do chamado navio de Kvalsund foi removida (sob a orientação técnica do arqueólogo norueguês Haakon Shettelig) do seu original jazigo, depois de todas as suas peças terem sido fotografadas e previamente tratadas com óleo de linhaça. E, depois dessa preparação necessária, foi transportada para o Museu de Bergen, onde permanece exposta à admiração do público. Uma réplica conforme ao original e executada à escala 1/1 (cuja fotografia aqui se apresenta) foi realizada em 1973. Pode ser admirada no Sunnmore Museum de Alesund, onde foi colocada.

«MAURETANEA» (II)


O «Mauretanea» (segundo do nome) foi um paquete britânico (do armador Cunard-White Star), que navegou entre 1939 e 1965. Construído pelos estaleiros ingleses da firma Cammell Laird, de Birkenhead, era um navio com 35 738 toneladas de arqueação bruta, medindo 235 metros de comprimento por 27 metros de boca. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma potência de 42 000 shp, força que lhe imprimia uma velocidade máxima de 23 nós. Este «Mauretanea» tinha, inicialmente, capacidade para receber 1 300 passageiros. A sua tripulação compreendia 802 membros. Fez a sua viagem inaugural (com partida a 17 de Janeiro de 1939) entre Liverpool e Nova Iorque. E, no início do ano seguinte, foi colocado na linha Londres-Nova Iorque. Por muito pouco tempo, já que, por causa do conflito mundial, o navio foi requisitado pela 'Navy', que o converteu em transporte de tropas. Nessa condição e durante a guerra em questão, o «Mauretania» (II) percorreu 540 000 milhas náuticas e transportou 340 000 militares. Regressou, em 1947, ao seio da Cunard, que o readaptou ao transporte de civis e o colocou na sua linha de Southampton-Nova Iorque. Em 1962, viu os seus interiores serem modificados e o seu casco pintado de verde, pois passou a servir, essencialmente, a indústria do cruzeiros; passando o Mediterrâneo e o mar das Caraíbas a constituir as suas principais áreas de acção. A vida activa do «Mauretania» (II) terminou em 1965, ano em que foi mandado desmantelar num estaleiro especializado da Escócia.

«D. AUGUSTO»


O vapor de rodas «D. Augusto» operou -desde os derradeiros anos do século XIX até inícios de 1941- na linha Lisboa-Barreiro-Lisboa mantida pelos Caminhos-de-Ferro do Sul e Sueste e, posteriormente, pela C.P.. Depois de pacientes buscas, confesso que não fui capaz de recolher informação substantiva e fidedigna sobre as suas características físicas e outras : tonelagem, dimensões, motorização, capacidade, etc. Em 1910, depois do triunfo da revolução republicana, o seu nome passou a ser «Algarve», pelo facto do precedente ter conotações monárquicas. Após mais de quatro décadas de serviço, este navio foi atirado contra o molhe da estação do Barreiro-Mar no dia 15 de Fevereiro de 1941, em consequência do devastador ciclone que assolou o território português e que causou estragos mais visíveis na orla marítima. O ex-«D. Augusto» sofreu tais danos, que foi julgado irrecuperável; sendo, por essa razão, enviado para a sucata. A gravura anexada -da autoria do mestre barreirense Manuel Cabanas, que, por sua vez, se inspirou num desenho de Américo Marinho- é uma das raras imagens conhecidas (senão a única) do navio em apreço.

sábado, 12 de novembro de 2016

«ATLANTE»

Este navio foi lançado à água, em 1894, pelos estaleiros da companhia Wigham Richardson, de Newcastle (GB), com o primitivo nome de «New Londoner»; e navegou sob pavilhão britânico até 1910. Nesse ano, passou a hastear bandeira espanhola, depois de ter sido adquirido pela Sociedad Navigación y Industria, que o rebaptizou com o nome de «Atlante» e o registou em Barcelona. Navio misto (passageiros e carga), mudou novamente de mãos em 1918, ao ser vendido à Compañia Transmediterranea, da qual foi propriedade até 1940. Foi nesse ano que, por se encontrar obsoleto, que este navio foi vendido como sucata e desmantelado num estaleiro de Puerto Mahón, na ilha balear de Minorca. Navio de 2 cobertas, deslocava (em plena carga) 2 707 toneladas e media 89,10 metros de longitude por 10,24 metros de boca. O seu calado não excedia 4,10 metros. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina a vapor de tripla expansão com uma potência de 390 nhp. A sua velocidade de cruzeiro era da ordem dos 14 nós. Estava preparado para receber 110 passageiros. Depois de ter navegado (por conta dos seus proprietários ingleses) em águas dos mares da Mancha e do Norte, passou a operar (ao serviço dos seus patrões espanhóis) para as Canárias (na linha Barcelona-Cádiz-Santa Cruz de Tenerife) e, posteriormente, da chamada Cidade Condal para as Baleares e portos do norte de África. A sua fama advém-lhe, no entanto, do facto de, em 1936 -durante a Guerra Civil de Espanha- ter sido arrestado por forças republicanas em Puerto Mahón e de, ali, ter sido transformado em navio-prisão; onde muitos detidos sofreram dos maus-tratos dos seus carcereiros, antes de 75 deles (entre os quais se encontravam padres) serem fuzilados, na sequência de um bombardeamento aéreo franquista, que fez vítimas na cidade. Enfim, os horrores da guerra...

«CARINTHIA»

Paquete da companhia White Star, futura Cunard Line. Foi construído pelos estaleiros da firma Vickers-Armstrong, de Barrow-in-Furness, que o lançou ao mar no dia 24 de Fevereiro de 1925. Deveria ter usado o designativo de «Servia», mas, finalmente, o dito foi modificado para «Carinthia», sendo o segundo paquete britânico a ser baptizado com esse nome. Fez a sua viagem inaugural seis meses mais tarde, navegando entre Liverpool e Nova Iorque. Passaria, posteriormente, a servir o porto de Boston. Este «Carinthia» era um navio com 20 277 toneladas de arqueação bruta, que media 190 metros de comprimento por 22,40 metros de boca. O seu sistema propulsivo era constituído por 4 conjuntos de turbinas a vapor acoplados a 2 hélices, que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 16,5 nós. A sua tripulação compreendia 450 membros. O navio, bastante bem equipado e confortável, podia acolher 1 650 passageiros em três classes distintas. Em 1931, o «Carinthia» sofreu algumas alterações internas, para poder participar num cruzeiro à volta do mundo, durante o qual o paquete haveria de percorrer 40 000 milhas náuticas (64 000 km) e fazer escalas em 40 portos. Depois desse extraordinário périplo, em 1934, foi transferido para a linha Londres-Havre-Southampton-Nova Iorque, onde se manteve até meados de 1939. Passando a funcionar, no Inverno, como navio de cruzeiros na zona turística Miami/Caraíbas. Foi aliás nessa área (a cerca de 150 km a norte da Flórida) que, em 1938, lhe foi dado afrontar um temível furacão; ao qual o «Carinthia» sobreviveu -graças à perícia do seu comandante e à experiência da respectiva equipagem- com danos menores e com apenas alguns passageiros incomodados por enjoo. Quando, em Setembro do ano seguinte, rebentou a 2ª Guerra Mundial, o «Carinthia) foi requisitado pelas autoridades navais do Reino Unido e transformado em cruzador auxiliar. No dia 6 de Junho de 1949, ao largo das costas da Irlanda, onde executava uma patrulha, o paquete militarizado foi torpedeado pelo submarino germânico «U-46». O navio ainda se aguentou à tona de água durante 36 longas horas, antes de se afundar na noite de 7 de Junho. Quatro pessoas, 2 tripulantes do navio e 2 serventes da artilharia de bordo, morreram durante o ataque dos alemães.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

«AUDACIEUSE»

Fragata francesa de propulsão mista(vela/vapor), lançada à água a 26 de Abril de 1856 pelo arsenal de Brest. O seu desenho (como o dos demais navios da classe 'Impératrice Eugénie', à qual pertenceu) foi trabalho do afamado engenheiro naval Henri Dupuy de Lôme. Esta fragata da armada de Napoleão III deslocava 3 765 toneladas e media 73,80 metros de comprimento por 14,78 metros de boca por 6,90 metros de calado. Dispunha de 3 mastros e respectivo aparelho e de 1 máquina (com veio acoplado a 1 hélice) com 2 150 ihp de potência; força que lhe permitia alcançar uma velocidade de cruzeiro de 12 nós. A «Audacieuse» estava armada com uma vintena de peças de artilharia de distintos calibres, de entre as quais se destacavam 2 canhões de 160 mm. Tal como as suas três congéneres da acima referida classe («Impératrice Eugénie», «Souveraine» e «Foudre»), a «Audacieuse» foi subaproveitada, resumindo-se a sua vida operacional a pouco mais do que uma viagem ao Oriente, onde conduziu o barão Gros, nomeado embaixador extraordinário de França na corte imperial da China; cruzeiro que durou cerca de dois anos. Depois do seu regresso à Europa, entrou no arsenal de Cherburgo para sofrer trabalhos de modernização, que se prolongaram até Novembro de 1862; e, dois anos mais tarde foi, surpreendentemente, desarmada a título definitivo. Foi desmantelada no porto militar de Cherburgo em 1872, logo depois da derrota de Napoleão III, na chamada guerra Franco-Prussiana.

«A. J. GODDARD»

Esta modesta embarcação a vapor navegou entre 1898 e 1901 no curso superior do rio Yukon (Canadá), nos tempos, pois, da famosa corrida ao ouro de Klondyke. Foi realizado em São Francisco da Califórnia  e os elementos constitutivos do seu casco e da sua máquina a vapor levados para Skagway (no Alasca) e dali -com os sacrifícios que se imaginam- até às margens do lago Bennett, onde foi montado, peça por peça. O barco em apreço era propriedade de Albert J. Goddard, um importante homem de negócios norte-americano; que, com ele, pensou aumentar a sua fortuna, transportando homens e mercadorias até às concessões mineiras situadas ao longo do rio Yukon. Não se conhece o essencial das suas características físicas, que podem, no entanto, ser observadas graças a algumas fotografias que resistiram à prova do tempo. Parece que media uns 15 metros de comprimento e que a sua propulsão era assegurada por uma máquina de fraca potência (alimentada a lenha), acoplada a uma roda de pás instalada à popa. A sua tripulação não ultrapassava os 5 homens. A sua clientela era constituída, sobretudo, por garimpeiros e por outras pessoas ligadas à extracção e ao negócio do ouro. O seu primeiro armador integrou o vapor pioneiro «A. J. Goddard» numa firma então denominada The Upper Yukon Company. E parece que o vendeu a terceiros, que o exploraram comercialmente até ao seu naufrágio, ocorrido -nas águas do lago Laberge, em consequência de uma tempestade- no dia 22 de Outubro de 1901. Os seus destroços foram identificados e explorados, em 2010,  por uma equipa internacional de arqueólogos subaquáticos patrocinada pelo governo provincial do Yukon, pelo Institute of Nautical Archaelogy, pelo Yukon Transport Museum, pela OceanGate e por outras organizações sem fins lucrativos. De entre os despojos recuperados do vapor «A. J. Goddard» contam-se, curiosamente, um grafonola e 3 discos gravados em finais do século XIX.