sexta-feira, 23 de junho de 2017

«KONING DER NEDERLANDEN»

Couraçado da armada neerlandesa construído em finais do século XIX (1877) no estaleiro Rijkswerf de Amesterdão. Era um navio com um deslocamento de 5 400 toneladas, medindo 81,80 metros de longitude por 15,20 metros de boca. O seu calado atingia (em plena carga) os 6 metros. O seu sistema propulsivo (2 máquinas a vapor e 7 caldeiras) desenvolvia um potência de 4 630 cv, força que lhe permitia atingir uma velocidade de 12 nós. Podia carregar 630 toneladas de carvão e a sua autonomia ficava dependente do consumo (mais ou menos pródigo) desse combustível sólido. A sua cinta estava blindada com chaparia de 150/200 mm e nos pontos mais sensíveis a sua couraça podia exceder os 300 mm de espessura. Do seu armamento inicial constavam 4 canhões de 280 mm, 2 peças de 120 mm e um canhão-revólver de 37 mm. O «Koning der Nederlanden», que aquando da sua integração na marinha de guerra batava, era o seu maior navio, tinha uma guarnição de 256 homens, incluindo oficiais. Em finais do século, já completamente ultrapassada, esta unidade passou a exercer funções de navio-quartel e foi enviada para Surabaia, na actual Indonésia, então colónia dos Países-Baixos. O antiquado navio sobreviveu até 1942, até ao momento em que se travou a batalha de Java, e foi afundado pelo sua própria equipagem, para que não caísse nas mãos do invasor japonês. A imagem anexada mostra o navio em apreço no início da sua vida activa. E ainda apresentando os seus 3 mastros de origem mais o respectivo velame.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

«SIRIO»

Paquete da companhia Navigazione Generale Italiana. Foi construído nos estaleiros navais da firma Robert Napier & Sons, de Glásgua (Escócia), que o lançaram à água em 1883. Deslocava 4 141 toneladas e media 129 metros de comprimento por 14 metros de boca. A sua máquina a vapor desenvolvia uma potência de 5 323 cv, que lhe conferiam uma velocidade máxima de 18 nós. Podia receber, oficialmente, uns 1 300 passageiros. Todas estas características faziam deste navio o orgulho da marinha mercante italiana de fins do século XIX  e transição para a centúria seguinte. Foi colocado pelo seu armador na rentável linha da América do Sul, para onde convergiam, nesse tempo, muitos milhares de emigrantes transalpinos, mas também espanhóis e de outras nacionalidades. A rota do «Sirio» começava em Génova (onde o navio estava matriculado) e passava por Barcelona, Cádiz, arquipélagos das Canárias e de Cabo Verde, antes de escalar Rio de Janeiro, Santos e Buenos Aires. Na viagem fatídica de Agosto de 1906, este paquete (que embarcara 620 passageiros na origem e 75 outros na capital da Catalunha) navegava em águas calmas, nada pressagiando que, no dia 4 (por volta das 16 horas), se fosse enfeixar nuns recifes da costa espanhola, existentes nas imediações do cabo de Palos, perto de Cartagena. O navio italiano levou algum tempo a resistir às golfadas que haveriam de o engolir totalmente, o que permitiu a algumas embarcações espanholas navegando naquele lugar do Mediterrâneo ocidental de o abordar e de salvar algumas centenas de náufragos. De referir (entre outras) a intervenção do vapor «Joven  Miguel», ao qual se atribui o resgate de umas 200 pessoas. Mas o essencial dos passageiros (alguns não contabilizados por serem clandestinos) e tripulantes do «Sirio» terminaram ali as suas vidas, Números oficiais do município de Cartagena apontaram para 242 mortos, mas esses números revelaram-se ultrapassados e fontes mais credíveis (embora extraoficiais) referem entre 400 e 500 vítimas. A catástrofe provocou uma verdadeira onda de solidariedade no sul de Espanha, onde a população socorreu os sobreviventes do «Sirio» com víveres e agasalhos, com dinheiro proveniente da receita de espectáculos e até com a oferta de adopção de órfãos. No soçobro do navio morreram algumas celebridades, tais como a cantora de 'zarzuelas' Lola Millajes e o bispo de São Paulo (Brasil). Referentemente a esta última personagem, disse-se que deu a sua bênção a muitos dos que iriam morrer. O grande pintor brasileiro Benedito Calixto até imortalizou essa atitude do bispo numa das suas telas (conservada no Museu de Arte Sacra de São Paulo), a que deu o título «O Naufrágio do Sirio».

quinta-feira, 15 de junho de 2017

«LAGOS»

Navio de transporte de passageiros utilizado na travessia entre o Barreiro e Lisboa-Terreiro do Paço. Pertenceu à famosa série de embarcações do tipo dito 'Viana do Castelo', pelo facto de todas elas (em número de 6) terem sido construídas nos estaleiros navais daquela cidade minhota. Os seus armadores foram, sucessivamente, a CP e, já em fins da sua vida em águas nacionais, a Soflusa. O «Lagos» foi construído em 1970 e, nesse mesmo ano, começou a operar regularmente no estuário do Tejo. Apresentava uma arqueação bruta de um pouco mais de 700 toneladas e media 50 metros de longitude por 9,52 metros de boca. Podia transportar 1 022 passageiros -em condições de tempo normais- distribuídos por três classes distintas. Estava equipado com uma máquina diesel de origem alemã (MAN), que lhe facultava uma velocidade de cruzeiro de 13 nós. O que lhe permitia percorrer o trajecto onde se manteve largos anos (até inícios do século XXI) em 25 minutos. Depois de ter sido retirado do serviço activo e substituído (como os seus congéneres por modernos catamarãs), o «Lagos» esteve algum tempo atracado ao cais da Siderurgia Nacional (no rio Coina), à espera do seu desmantelamento. O que acabou por não acontecer, visto, ter sido adquirido por um armador de São Tomé e Príncipe. Que o denominou «Liliana Carneiro» e o empregou numa linha de transporte de passageiros e frete entre aquela antiga colónia portuguesa e Libreville, no Gabão. No seu historial recente, está registado o facto de ter sido assaltado, em 2010, por piratas nigerianos. Posteriormente resgatado, este antigo navio da frota dos Caminhos-de-Ferro Portugueses continua a navegar e usa, agora, pavilhão da República dos Camarões.

sábado, 3 de junho de 2017

«CAPITÂNIA»

Este navio -uma galé- é geralmente referido na lista de vasos de guerra portugueses que participaram, no seio da malfadada Invencível Armada, no ataque lançado -em meados de 1588- por Filipe II (o nosso Filipe I) contra a Inglaterra isabelina. Sabe-se que foi construído num estaleiro nacional, mas não há (ao que julgamos saber) informação específica sobre a sua tonelagem, dimensões e demais características físicas. Estava armado com 5 canhões e pertenceu, aquando do referido evento, a uma esquadra de galés -da qual terá sido capitânia, daí o nome pelo qual é conhecido- colocada sob as ordens de D. Diego de Medrano. Naufragou, em data incerta do mês de Junho daquele ano de 1588, no golfo de Biscaia, ao largo da cidade francesa de Bayonne. Foi um dos vários navios portugueses do seu tipo -já algo ultrapassado e pouco adaptado à navegação nos mares que circundam as ilhas britânicas- que foram mobilizados contra os 'hereges protestantes' e que, depois da derrota sofrida, deixaram o campo livre para que a Inglaterra passasse a assumir a liderança das nações de vocação marítima. A imagem aqui anexada mostra um navio português do tipo e do tempo da galé «Capitânia».