domingo, 30 de julho de 2017

«LEONARDO DA VINCI»


Couraçado italiano da classe 'Conte di Cavour', com vida operacional (não muito activa) durante o primeiro conflito generalizado. Foi construído -com desenho do engenheiro naval Edoardo Masdea- pelos estaleiros Ansaldo, de Génova, que o lançaram à água no dia 14 de Outubro de 1912. Mas só em 1914 foi integrado, oficialmente, nos efectivos da 'Regia Marina'.  Deslocava 25 086 toneladas em plena carga e media 168,90 metros de comprimento por 28 metros de boca. O seu calado cotava 9,40 metros. O seu sistema propulsivo apoiava-se em maquinaria dispondo de 20 caldeiras a vapor (desenvolvendo 31 000 cv de potência) acoplada a 4 hélices. Podia navegar à velocidade máxima de 21,5 nós e a sua autonomia era de 4 800 milhas náuticas com velocidade reduzida a 10 nós. Estava razoavelmente blindado e do seu armamento constavam 13 canhões de 305 mm, 18 de 120 mm, 22 de 76 mm e 3 tubos lança-torpedos de 450 mm. Tinha uma guarnição de cerca de 1 000 homens. O seu uso durante a Grande Guerra foi relativamente frouxa, devido à passividade do inimigo directo da marinha militar italiana : as forças navais do império Austro-Húngaro. O acto mais relevante da vida deste couraçado, ocorreu (no porto de Tarento (onde tinha a sua base) no dia 2 de Agosto de 1916, quando, a bordo, se deu uma terrível explosão, que ceifou a vida a 249 membros da tripulação. As causas desse rebentamento nunca foram esclarecidas, mas o estado-maior da 'Regia Marina' atribuiu-as a sabotagem dos Austro-Húngaros. Só depois de ter terminada a guerra, em Agosto de 1919, é que o navio entrou no estaleiro para sofrer reparações; que logo foram abandonadas. E o couraçado «Leonardo da Vinci» acabou para seguir para o ferro-velho em 1923, ano em que começou o seu desmantelamento.

«EUROPE»

Escuna de 3 mastros e com casco em madeira que, sob bandeira francesa, usou o nome de «Europe» e foi utilizada no transporte de carga diversa e na pesca do bacalhau. Este veleiro -com 356 toneladas de arqueação- foi construído em 1888 no estaleiro Stiansen, de Arendal (Noruega), e, durante muito tempo, fez campanhas de pesca longínqua nos Grandes Bancos da Terra Nova. Pouco mais se sabe sobre este navio, que (em França) pertenceu, sucessivamente, aos armadores Viúva A. Ladiray, de Fécamp, e Gustave Gauthier, de Sables-d'Olonne. Em Setembro de 1916, este veleiro seguia -sob as ordens do capitão Gustave Joly- de Cardiff para Nantes com um carregamento de carvão proveniente das minas galesas. No dia 9 do citado mês, o «Europe» foi interceptado pelo submarino germânico «UB-39» -que se encontrava sob o mando do 1º tenente Heinrich Küstner- a 30 milhas Oeste noroeste da ilha de Sein. Depois de ter enviado a bordo uma equipa de inspecção munida com bombas incendiárias, o oficial alemão intimou a equipagem do veleiro (maioritariamente constituída por marítimos de Fécamp) a embarcar em duas baleeiras e a afastar-se do «Europe». Que, em breve, se transformou numa gigantesca tocha, antes de se afundar nas profundezas do Atlântico. Não houve mortos a lamentar neste episódio da Grande Guerra e que se desenrolou segundo um plano há muito usado pelos submarinistas do 'kaiser'; que só usavam torpedos para afundar navios de guerra ou presas mercantes de muito maior porte. Nota : a ilustração que aqui se publica não representa o «Europe», mas, isso sim, um navio do seu tipo.

«ISIS»

Contratorpedeiro da marinha real britânica pertencente à classe 'I'. Foi construído, em 1936, pelos estaleiros Yarrow & Co, de Glásgua. Deslocava 1 370 toneladas e media 98,50 metros de comprimento por 10,10 metros de boca. Tinha uma guarnição variável, que podia ultrapassar os 150 homens. Baptizado com o nome de uma deusa da mitologia egípcia, o HMS «Isis» estava equipado com um sistema propulsivo que desenvolvia uma potência de 34 000 shp, força que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 35,5 nós e uma autonomia de 5 500 milhas náuticas. Do seu armamento principal constavam 4 canhões de 120 mm, 2 reparos (quádruplos) de metralhadoras de 12,7 mm, tubos lança-torpedos de 533 mm e rampas de lançamento de cargas de profundidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, o D87 (seu indicativo de amura) participou nas operações de evacuação da Grécia -em Abril de 1941- e, nesse mesmo ano, foi alvejado (ao largo de Haifa) por um bombardeiro Ju-88, que lhe causou avarias. Em 13 de Fevereiro de 1943, perto da costa líbia atacou e afundou (com outras forças britânicas) o submarino alemão «U-562». Mas teve um fim trágico, não sobrevivendo ao conflito. Com efeito, no dia 20 de Julho de 1944, quando se encontrava implicado numa missão no litoral normando, o «Isis» explodiu e afundou-se rapidamente. No seu naufrágio pereceram 11 oficiais (encontrando-se, entre eles, o comandante do navio) e 143 marinheiros. O desastre ocorreu por volta das 18 horas, mas só às 2 da manhã do dia seguinte se soube da tragédia; quando, por acaso, o 'destroyer' HMS «Hound» resgatou uma vintena de sobreviventes do «Isis». Pensou-se, durante muito tempo, que o navio afundado tivesse sido torpedeado, mas verificou-se, depois, que, naquele funesto dia e àquela hora, nenhum submersível inimigo estivera em operações na zona do soçobro. Hoje, pensa-se que a causa mais provável do naufrágio do navio britânico tenha sido o choque com uma mina. Nota : na ilustração anexada, o «Isis» é o navio em primeiro plano.

terça-feira, 18 de julho de 2017

«LA CURIEUSE»

Pequeno veleiro de bandeira francesa (aparelhado ora como um 'ketch', ora como uma escuna), que deixou o seu nome ligado à exploração científica das ilhas (pré-antárcticas) Kerguelen. O veleiro «La Curieuse» apresentava 75 toneladas de arqueação bruta e media 20,75 metros de comprimento. Foi construído, em 1911, no estaleiro de Léon Lefèvre, de Boulogne-sur-Mer com desenho original do arquitecto naval G. Soé. Dispunha de motor auxiliar. Durante a segunda expedição ao arquipélago Kerguelen levada a cabo por Raymond Rallier du Baty, esta pequena embarcação navegou com uma equipagem de, apenas, 7 homens, incluindo o chefe de expedição. «La Curieuse» fez-se ao mar a 16 de Julho de 1912, para realizar uma viagem (patrocinada pelo Museu de História Natural e pelo Ministério da Educação Pública), que deveria durar 5 anos; e que serviria para completar os trabalhos executados aquando de um precedente cruzeiro às mesmas ilhas, feito com o suporte de um outro navio. Antes de atingir o seu objectivo (as Kerguelen), este veleiro escalou vários portos, nomeadamente o do Funchal. «La Curieuse» chegou ao seu destino final a 22 de Outubro de 1913, onde realizou um trabalho de grande interesse científico; mas interrompeu a sua actividade, quando  Rallier du Baty tomou conhecimento do estado de guerra entre o seu país, a França, e a Alemanha Imperial. Essa tomada de decisão foi feita em sintonia com os outros membros da expedição, pois alguns deles (incluindo o chefe) decidiram alistar-se nas forças armadas para combater o 'kaiser' e os seus exércitos. A embarcação em apreço ficou-se por Sidney, na Austrália, desconhecendo o escriba de serviço qual terá sido o seu destino.

«HIGHLAND HOPE»

Paquete de bandeira britânica, pertencente à frota da companhia Nelson Line; que foi fundada em 1880 com o primeiro intuito de explorar o negócio de transporte de carne congelada da Argentina para os mercados europeus. Construído nos estaleiros da firma Harland & Wolff de Belfast (Irlanda do Norte) em 1930, o «Highland Hope» era um navio que também transportava correio e passageiros. Neste último domínio, refira-se que tinha capacidade para receber a bordo mais de 700 pessoas, que eram, na sua quase generalidade, emigrantes com destino ao Brasil e à Argentina. A sua arqueação bruta era de 14 129 toneladas e o navio media 159 metros de comprimento por 21,20 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas diesel, desenvolvendo uma potência de 2 190 nhp, que lhe permitia avançar à velocidade de cruzeiro de 16 nós. O «Highland Hope» foi colocado numa linha que ligava Londres a Buenos Aires, com escalas nos portos de Boulogne-sur-Mer, Vigo, Lisboa (acessoriamente) e Rio de Janeiro. No dia 19 de Novembro de 1930, quando ainda não completara 1 ano de serviço, este paquete britânico (com 550 passageiros e tripulantes a bordo) foi despedaçar-se contra os Farilhões -perto de Peniche- devido ao nevoeiro e, ao que tudo indica, a um grosseiro erro de navegação. Alertados pelo tremendo estrondo provocado pelo encalhe, os penicheiros que por ali pescavam nas suas frágeis embarcações, dirijiram-se para o lugar do sinistro, logrando salvar todos os náufragos. Acto que seria, mais tarde, reconhecido e recompensado com diplomas e medalhas pelo governo de Sua Majestade. O navio, considerado irremediavelmente perdido, pelo armador e respectiva companhia de seguros, foi depois pilhado pelos pescadores locais, que dele sacaram objectos de pequena dimensão, que ainda hoje existem e são mostrados como troféus. Um empresa de salvados recuperaria, quando as condições do mar lhe permitiram o acesso à carcaça do malfadado «Highland Hope», metais não ferrosos e outros materiais com algum valor comercial. De modo que aquilo que hoje resta do navio (que já passou cerca de 90 anos no fundo do mar) é pouca coisa (um amontoado de chapas e ferros retorcidos), que apenas representa um espólio para os arqueólogos subaquáticos e para os curiosos da História Marítima. Curiosamente, o navio que foi mandado construir para substituir o navio aqui em apreço, foi, também ele, vítima de um destino infeliz. Com efeito, o «Highlant Patriot» foi afundado -no dia 1 de Outubro de 1940- pelo submarino alemão «U-38». Só que aqueles que nele viajavam não tiveram a mesma sorte dos que se encontravam a bordo do seu predecessor. 140 morreram...

segunda-feira, 17 de julho de 2017

«VENTUROSO»


Lugre português de 4 mastros e com casco de madeira, construído em 1919 num estaleiro de Vila do Conde pelo mestre carpinteiro Jeremias Martins Novais; que era membro de uma família de afamados construtores navais do norte do país, responsável pela realização de numerosos e excelentes navios à vela. O «Venturoso» pertenceu à Sociedade Comercial de Navegação, Lda., com sede no Porto. A rara informação existente sobre este navio, apenas refere que apresentava 413 toneladas de arqueação líquida (TAL) e que nunca usou motor auxiliar. São igualmente conhecidos os nomes dos seus dois capitães : José Cochim (que passou pelo navio em apreço entre 1919 e 1921) e José Ançã (que o terá governado entre 1922 e 1923). Este quase misterioso navio perdeu-se num também pouco documentado naufrágio, que ocorreu em pleno oceano Atlântico, quando o «Venturoso» navegava de Belém do Pará, para a Cidade Invicta. Nada se sabe sobre a existência de eventuais sobreviventes ao soçobro do navio. Mas depreende-se, pela data da morte do seu capitão, que este terá sido uma das vítimas do afundamento do lugre. A foto aqui anexada é de autor desconhecido. Foi apresentada (julgo que pela primeira vez) no excelente blogue «Navios à Vista», ao qual pedimos desde já a sua indulgência por esta bem intencionada usurpação e apresentamos melhores comprimentos. Mas também ela (a foto) é polémica, pois não há certezas de que, realmente, represente o «Venturoso».

sábado, 15 de julho de 2017

«P. R. HAZELTINE»


O veleiro «P. R. Hazeltine» (uma galera de 3 mastros com casco em madeira) foi construído em 1876 nos estaleiros Carter C. P. & Company, de Belfast, no estado norte-americano de Maine. O seu único armador foi a firma Ezekiel H. Herriman, da mesma cidade. Que perdeu este navio aquando da sua viagem inaugural, que começou Liverpool (Nova Iorque, a não confundir com o porto britânico homónimo) e tinha como destino São Francisco da Califórnia. Transportava carga diversa. Nesse tempo, a passagem para o oceano Pacífico fazia-se obrigatoriamente pela rota do cabo Horn, reputado pelas dificuldades que causava mesmo aos capitães e marinheiros mais experimentados. Foi por ali que este veleiro se perdeu, depois de se ter esventrado contra os recifes da ilha Wollaston, pertencente à República do Chile. Grande parte da carga deste novo veleiro estadunidense foi salva (graças ao bom estado do tempo) e toda a equipagem e passageiros do «P. R. Haxeltine» se salvou com recurso às baleeiras de bordo. Depois de terem rumado ao canal de Le Maire, os náufragos foram resgatados pelos navios «Sonoma» e «Gustave» (também eles veleiros) e deixados em porto seguro. O naufrágio da galera americana ocorreu no dia 25 de Agosto de 1876. Curiosidade : a tela que aqui representa o navio em apreço é da autoria do artista Percy A. Senborn.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

«SÃO GABRIEL»

Cruzador de 3ª classe da Armada Portuguesa. Foi encomendado, ainda nos tempos da monarquia e ao mesmo tempo que o seu gémeo «São Rafael», para cumprir os planos de modernização da nossa frota de guerra delineados pelo então ministro Jacinto Cândido. Foi construído em França, na cidade do Havre, pelos estaleiros da firma Forges et Chantiers du Havre (Augustin Normand), que o botaram ao mar no ano de 1900. Era um belo navio protegido por uma coberta couraçada de 35 mm, que deslocava 1 850 toneladas. Media 75 metros de comprimento por 10,80 metros de boca por 4,35 metros de calado. O sistema de propulsão deste cruzador era constituído por 2 máquinas a vapor de tripla expansão, que desenvolviam 3 000 cv e que podiam conferir ao navio 16 nós de velocidade máxima. O «São Gabriel» estava armado (artilharia principal) com 2 canhões de 150 mm, com 4 de 120 mm, com 8 de 75 mm e com 1 tubo lança-torpedos posicionado à proa. Tinha, inicialmente, mastros aparelhados com velas, como ainda era de uso na época da sua realização. Recebeu, já depois de ter sido recepcionado pela Armada, aparelhagem TSF. Teve a sua base em Lisboa. A coroa de glória do «São Gabriel» advém-lhe do facto de ter sido o primeiro navio português a ter realizado uma circum-navegação do globo (entre 11 de Dezembro de 1909 e 19 de Abril de 1911) e através de uma rota reconhecidamente difícil, que passou pelo estreito de Magalhães e pelos canais da Patagónia. A dita viagem durou 16 meses e 9 dias, tendo o navio percorrido cerca de 42 000 milhas náuticas (durante as quais afrontou um tufão nos mares da China) e visitado 72 portos nacionais e estrangeiros. Repare-se que o navio partiu de Portugal quando por cá ainda reinava D. Manuel II e que regressou à base já depois de instaurada a República. A viagem decorreu sem incidentes, já que, durante esse longo périplo, não ocorreram a bordo nem mortes, nem feridos, nem sequer houve doenças de membros da guarnição. Este cruzador, que não teve papel relevante durante o primeiro conflito generalizado, foi abatido do serviço activo em 1924, quando já era um navio obsoleto.

«GALGO»

Esta minúscula embarcação entrou na História naval durante os anos quentes da Grande Guerra, ao prestar serviço para a nossa Armada nas águas do Algarve. Era um rebocador pertencente à firma Júdice Fialho & Companhia, registado no porto da então Vila Nova de Portimão, que a autoridade marítima requisitou (em finais de Setembro de 1916) e transformou em patrulha armado. Para tanto, recebeu artilharia (1 canhão-revólver Hotchkiss de 37 mm) e a sua tripulação foi reforçada com elementos da marinha de guerra. Entre os quais figurava o 1º tenente Alberto Carlos dos Santos, que assumiu o comando. A missão do «Galgo» consistia na vigilância da costa algarvia, entre o cabo de São Vicente e Lagos. O «Galgo» fora construído nos estaleiros Ross & Duncan, de Glásgua, em data não apurada e renovado em Lisboa no ano de 1911. Deslocava 83 toneladas (em plena carga) e media 27,10 metros de comprimento fora a fora por 5,18 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina de origem inglesa desenvolvendo uma potência de 75 cv, que lhe imprimia uma velocidade máxima de 10 milhas/hora. Foi o único 'navio' da Armada Portuguesa que, durante aquele devastador conflito e com os seus limitados meios, ousou opor-se à acção do submarino germânico «U-35» (comandado pelo famoso e temível capitão-tenente Lothar von Arnauld de la Perière), que afundou quatro navios dos Aliados só na zona de Sagres. Foi também o modesto «Galgo» e a sua corajosa tripulação de 15 homens, que lograram resgatar (com vida) ao oceano muitos dos náufragos dos cargueiros destruídos pelo supracitado submersível. Largas dezenas. O «Galgo» foi desmilitarizado pela Armada em 1918 e posteriormente devolvido ao seu legítimo proprietário. Desconhece-se quando e em que circunstâncias deixou de navegar. Curiosidade : as instâncias nacionais e internacionais protegeram os restos dos navios afundados ao largo do promontório de Sagres, transformando essa zona numa espécie de 'santuário', que a UNESCO já classificou, aliás e segundo a imprensa, como património da Humanidade.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

«HAR ZION»

Este navio (um cargueiro) foi lançado à água em 1907 pelos estaleiros Burmeister & Wain Maskin, de Copenhague; que o construíram para satisfazer uma encomenda do armador (também ele dinamarquês) Det Ostasiatiska. Armador que o utilizou até 1913, com o primitivo nome de «St. Jan». Passou depois por várias mãos, inclusivamente pelas do governo dos EUA (que se se serviu dele, entre 1918 e 1919, para repatriar alguns dos seus militares que haviam combatido em França, durante a Grande Guerra), e usou variadas bandeiras. Para além de também ter ostentado o nome de «Nikerie», este navio ainda viu pintado no seu casco o nome de «Risveglio». Após ter navegado, pois, sob bandeiras dinamarquesa, norte-americana, neerlandesa (anos 30) e italiana, este cargueiro foi vendido, em 1935, a um armador judeu, proprietário da companhia Palestine Maritime Lloyd Ltd., que o registou na Grã-Bretanha e que para o navio requereu pavilhão desse país. Vocacionado para o transporte de carga geral, o agora chamado «Har Zion» esteve algum tempo a operar entre o futuro estado de Israel e os portos do mar Negro, implicado num negócio de troca de frutos (especialmente citrinos) por madeiras, animais vivos, etc. No início da 2ª Guerra Mundial, o «Har Zion» passou a navegar no oceano Atlântico. A sua derradeira viagem desenrolava-se entre Liverpool e Savannah, quando transportava para esta cidade da Geórgia (EUA) um carregamento de álcool e de fertilizantes. Seguia integrado no comboio OB-205 (devidamente protegido por navios de guerra da 'Royal Navy'), quando foi surpreendido -ainda em águas europeias- pelo submarino inimigo «U-38»; que o torpedeou e afundou. Dos seus 37 tripulantes, só um escaparia com vida ao soçobro do navio. Este facto ocorreu em data de 31 de Agosto de 1940. O «Har Zion» apresentava as seguintes características : 2 508 toneladas de arqueação bruta; 98,90 metros de comprimento por 12,40 metros de boca por 5,84 metros de calado. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina a vapor de tripla expansão (com veio acoplado a 1 hélice) desenvolvendo uma potência de 1 450 hp. Força que lhe transmitia uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 11 nós. Curiosidade : aqui há uns anos, a administração postal israelita emitiu um selo homenageando este navio e a sua tripulação.

domingo, 9 de julho de 2017

«HAVHINGSTEN FRA GLENDALOUGH»


Este navio -lançado ao mar em 2004 e cujo nome significa, na nossa língua, 'garanhão marinho de Glendalough'- é a réplica (à escala 1/1) de um drakkar Viking achado, em 1972, no fiorde de Roskilde e conhecido , no Museu dos Navios Vikings dessa localidade dinamarquesa, onde está exposto, pelo nome de «Skuldelev 2»; que data, segundo os peritos, do ano de 1042 da era cristã. A réplica foi construída na Dinamarca, segundo os métodos usados na Idade Média e com materiais não muito diferentes dos utilizados nessa recuada época. Considerado muito próximo do original que lhe serviu de modelo, este drakkar (navio de guerra dos antigos escandinavos) desloca 9,6 toneladas e mede 29,26 metros de comprimento por 3,80 metros de boca. O seu calado é inferior a 1 metro. Dispõe, naturalmente, de um único mastro (que culmina a 14 metros) , que está equipado com uma vela com 112 m2 de superfície., Está, igualmente, equipado com vários remos, que são accionados por alguns dos 60 homens que o navio pode receber a bordo. Quando não está fundeado no seu porto de abrigo (Roskilde), esta cópia de embarcação antiga é usada por cientistas (estudiosos dos Vikings e dos seus navios) e/ou navega nos fiordes locais em cruzeiros de formação para jovens e menos jovens. Já visitou todos os países da Escandinávia e regiões limítrofes e, em 2007, empreendeu uma expedição até Dublin (na actual República da Irlanda), onde despertou grande curiosidade.

domingo, 2 de julho de 2017

«NIOBE»

Depois de ter servido na 'Royal Navy' e de ter indirectamente participado na 2ª Guerra dos Boers, desembarcando homens e material bélico na África do Sul, o «Niobe» -um cruzador protegido da classe 'Diadem'- foi integrado na armada do Canadá; constituindo com o «Rainbow» o primeiro grupo de navios de combate da marinha militar desse grande país. O «Niobe» foi construído, em 1898, pelos estaleiros navais da Vickers em Barrow-in-Furness. Era um navio de 11 000 toneladas de deslocamento, medindo 141 metros de longitude por 21 metros de boca e com um calado de 7,77 metros. Movia-se pela força (20 000 cv) de 1 máquina a vapor de tripla expansão, accionando 2 hélices. A sua velocidade máxima atingia os 20 nós. Do seu armamento principal constavam 16 canhões de 152 mm, 17 outras peças de menor calibre e 2 tubos lança-torpedos de 450 mm. Tinha uma guarnição de 677 homens (oficiais incluídos) e a sua base situava-se em Halifax, na província litorânea da Nova Escócia. Depois de um incidente de navegação, que imobilizou o navio (por encalhe e durante 18 longos meses), o «Niobe» teve a oportunidade de participar nos combates do primeiro conflito generalizado : a chamada Grande Guerra. Para tanto, foi reintegrado na 'Royal Navy', que o mandou patrulhar costas sensíveis, durante 12 meses. Devido à sua vetustez, o navio foi retirado da primeira linha e regressou a Halifax, onde chegou em meados do ano de 1915; e onde passou a servir -até ao fim do conflito- como quartel-general. Uma parte dos seus marinheiros pereceu na terrível e mortífera catástrofe de Halifax de 1917, provocada pela explosão do navio francês «Mont Blanc». Depois disso, sem utilidade prática, acabou a sua carreira a funcionar como simples depósito de material. Em 1920, o «Niobe» foi desarmado e, dois anos mais tarde, em 1922, foi conduzido a Filadélfia, nos Estados Unidos, par ali ser desmantelado.

«CABO DE BUENA ESPERANZA»

Navio espanhol de utilidade mista (passageiros/carga). Navegou sob pavilhão ibérico ('bandera oro y sangre') desde 1940, ano em que, depois de ter sido adquirido nos Estados Unidos pela Ybarra y Cia., tomou o nome de «María del Carmen». Por muito pouco tempo, já que, ainda nesse mesmo ano, passou a chamar-se, dessa vez definitivamente, «Cabo de Buena Esperanza». Este navio nasceu nos estaleiros da firma Shipbuilding Corporation, de Camden, Nova Iorque, em 1920, onde foi baptizado com o nome original de «Hoosier State». Tomou, em 1922,, o seu último nome americano de «President Lincoln». Pertenceu, primitivamente, à frota da companhia Dollar Steamship Company, sendo transferido posteriormente para a American President Line. Foi o primeiro paquete a operar na carreira regular San Francisco-Manila. Após a sua transferência para a Europa e de ter sido registado em Sevilha, o «Cabo de Buena Esperanza», foi colocado na linha da América do Sul, servindo Barcelona (cidade de partida da carreira), Cádiz, Santa Cruz de Tenerife, La Guaira, Curaçau, Rio de Janeiro, Santos, Montevideu e Buenos Aires. Assim chamado em honra do promontório descoberto, em fins do século XV, pelo navegador português Bartolomeu Dias, este navio teve uma vida mais ou menos tranquila, apesar de ter feito muitas travessias transatlânticas durante os anos perigosos da 2ª Guerra Mundial. Dois factos marcantes inscrevem-se no seu historial : nos anos 40, em pleno oceano Atlântico, o «Cabo de Buena Esperanza» resgatou um hidroavião do couraçado HMS «Malaya» e respectiva tripulação, desembarcando aparelho e homens (são e salvos) em Santa Cruz de Tenerife. E, em 1946, coube-lhe a suprema honra de transferir para território espanhol os restos mortais do grande compositor e músico Manuel de Falla, que havia falecido na Argentina. O navio em apreço apresentava, na sua fase final, as seguintes características : 12 594 toneladas de arqueação bruta; 170,28 metros de comprimento por 32,82 metros de boca por 7,62 metros de calado. A sua propulsão era assegurada por um sistema propulsivo (equipado com 4 turbinas a vapor) que desenvolvia uma potência de 13 200 hp e que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 17 nós. A sua tripulação era constituída por 206 membros; que estavam ao serviço dos 560 passageiros (300 em 1ª classe) que o navio podia transportar. O «Cabo de Buena Esperanza» foi desmantelado em 1958 num estaleiro especializado do porto de Barcelona. Deixou muitas saudades àqueles que o utilizaram, mormente aos milhares de emigrantes europeus que nele embarcaram para se fixar em vários países da América do Sul.

«BOURBAKI»

Veleiro francês de 3 mastros (barca) e casco de aço lançado à água em 1898 pelos Ateliers et Chantiers de la Loire, de Nantes, para os armadores R. Guillon & R. Fleury da mesma cidade. Era um navio de 2 297 toneladas de arqueação bruta, medindo 79,54 metros de comprimento por 12,26 metros de boca. O seu calado cotava 6,20 metros. A superfície do seu velame era de 2 631 m2. Durante várias décadas assegurou o transporte de fosfatos (Nantes foi o primeiro porto francês importador desse produto) entre os portos chilenos e a cidade-natal de Júlio Verne, via cabo Horn. Mas chegou a operar noutros percursos. Em 1935, altura em que os grandes veleiros já haviam sido suplantados pelos navios a vapor, o obsoleto «Bourbaki»  foi adquirido pela sociedade local Neptune (pertença de negociantes de ferro velho), desarvorado, equipado com uma grua e transformado em batelão transportador de restos de navios desmantelados. Estava ancorado -no dia 19 de Dezembro de 1938- à entrada de Port Haliguen (situado na península de Quiberon), quando foi afundado por terrível tempestade. Presumo que a este navio tenha sido dado o nome de Charles Denis Bourbaki, um general dos exércitos de Napoleão III.