sábado, 31 de março de 2018

«FREDERIK VIII»


O transatlântico dinamarquês «Frederik VIII» usou a bandeira do armador Scandinavian America Line, de 1913, ano do seu lançamento à água pelo estaleiro AG Vulkan, de Stettin (então na Alemanha), até Novembro de 1936, quando foi vendido (como sucata) à empresa The Hughes Bolckow Shipbreaking & Cº., que procedeu ao seu desmantelamento em Blyth. Durante a sua viagem inaugural, ocorrida em 1914, entre Kristiania (a actual Oslo) e Nova Iorque, este navio fez uma inesperada escala técnica no porto de Ponta Delgada. Manteve-se na linha Europa-América do norte até 1918. Mas, nesse ano (em Novembro), foi afretado pelo governo de Londres para evacuar 7 500 prisioneiros de guerra britânicos da Alemanha para o seu país de origem. Para o efeito, este navio executou cinco rotações entre diferentes portos germânicos e Hull. Em 1919 voltou à sua carreira inicial. E, em 1920, o «Frederik VIII» foi um dos primeiros navios mercantes a ser equipado com giro-compasso, piloto automático e outros modernos equipamentos de ajuda à navegação. Em 1924 fez duas viagens especiais de Copenhague para Londres; com visitantes para a grande Exposição do 'Commonwealth'. Entre esse ano e 1932, este navio começou também a fazer escalas (ocasionais) no porto canadiano de Halifax. Ainda nesse ano de 1924, em 23 de Agosto, este paquete entrou em colisão com o navio britânico «Royal Fusilier», sofrendo avarias ligeiras. Incidente que não o impediu de realizar o seu primeiro cruzeiro turístico ao Mediterrâneo, com uma escala em Lisboa. Em 1925 e 1929 sofreu trabalhos de modernização dos seus camarotes. No dia 21 de Novembro de 1930, o navio em apreço chocou acidentalmente -à saída de Copenhague- com uns rochedos submersos e sofreu uns rombos no casco. Não houve vítimas a bordo, mas o paquete teve de regressar à capital dinamarquesa para reparar as avarias causadas. Em Novembro de 1935, este veterano das viagens transatlânticas efectuou a sua derradeira visita à América do norte. Tinha 42 anos de actividade e uma longa vida de bons serviços prestados ao seu armador e aos passageiros que transportou. Características principais do «Frederik VIII» : 11 850 toneladas de arqueação bruta; 160 metros de comprimento por 19 metros de boca; 17 nós de velocidade máxima; 245 membros de tripulação; capacidade para mais de 1 100 passageiros, na sua configuração inicial.

sexta-feira, 30 de março de 2018

«ABRAHAM CRIJNSSEN»

Draga-minas da marinha real neerlandesa, que operou nos mares índicos durante a Segunda Guerra Mundial. Foi construído, em 1936, nos estaleiros da Werf Gusto, de Schiedam, nos Países-Baixos. Era um navio da classe 'Jan van Amstel', que deslocava 525 toneladas e media 56 metros de comprimento por 7,60 metros de boca. O seu calado não ultrapassava os 2,10 metros. O seu sistema propulsivo, alimentado a gasóleo, desenvolvia 1 690 ihp, força que lhe conferia uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 15 nós. O «Abraham Crijnssen» (assim baptizado em honra de um ilustre marinheiro holandês do século XVII) estava armado com 1 peça de artilharia de 76 mm e com 2 outras de 20 mm. A sua guarnição era constituída por 45 oficiais, sargentos e praças. Antes a invasão nazi dos Países-Baixos, este navio foi enviado para as Índias Orientais (a actual Indonésia), para participar na defesa daquele território em caso de ataque dos japoneses. O que viria a acontecer. Em 1941-42, rapidamente submergidas pelo poderio naval (e aéreo) japonês, várias unidades da armada batava estacionadas em Java tentaram uma fuga desesperada para alcançar portos amigos, nomeadamente australianos. Nenhuma delas conseguiu fazê-lo, à excepção, porém, do pequeno navio em apreço. E isso, graças a um curioso estratagema montado pelo seu capitão. Que consistiu em transformar o seu draga-minas numa 'ilha exótica', eriçada de palmeiras e de outra vegetação tropical; e que, mercê dessa camuflagem, conseguiu enganar a vigilância apertada dos nipónicos. Assim disfarçado, o «Abraham Crijnssen» passava os dias acostado a uma das muitas ilhas da região, só navegando depois do sol posto. O navio atingiu a Austrália em data indeterminada de 1942 e foi integrado na armada local (RAN), para a qual cumpriu várias missões. Tendo sobrevivido conflito, o «Abraham Crijnssen» foi desclassificado pelos australianos e remetido para os Países-Baixos; onde, depois de ter servido para o treino dos cadete da armada neerlandesa até 1960, essa relíquia da mais calamitosa guerra da História da Humanidade foi transformada em navio-museu.

terça-feira, 27 de março de 2018

«U-461»

Submarino da armada hitleriana. Pertenceu à classe XIV, que, no seio da 'Kriegsmarine' era popularmente designada pelo epíteto de 'Milchkuh', termo que significa, na nossa língua, 'vaca leiteira'. Que ficou a dever-se ao facto dos submersíveis dessa classe terem servido, essencialmente, no transporte de combustível para abastecer (em pleno mar) os submarinos de combate. 13 navios de tipo XIV foram construídos (entre 1941 e 1943), mas 3 deles nunca chegaram a ter vida operacional. Todos os outros foram perdidos. O «U-461» foi construído em Kiel, pelo Deutsche Werke e, oficialmente, integrado ma frota no dia 30 de Janeiro de 1942. Deslocava 1 932 toneladas em imersão e media 67,10 metros de comprimento por 9,35 metros de boca. A sua propulsão era assegurada (como a dos demais submarinos do tempo) por máquinas diesel e motores eléctricos; que no seu caso lhe permitiam navegar à velocidade máxima de 15 nós à superfície e de 6,2 nós em imersão. Este submersível podia mergulhar à profundidade de 240 metros. O «U-461» (como, aliás, todos os navios do seu tipo) não usava tubos lança-torpedos, mas dispunha de 3 armas de defesa : 2 canhões AA de 37 mm e 1 peça AA de 20 mm. Podia transportar uma carga de 432 toneladas de 'mazout' para abastecimento das unidades de combate, para além de 14 torpedos destinados aos mesmos navios. A sua guarnição era, geralmente, constituída por 53 homens, de entre os quais 7 eram oficiais, sendo um deles médico. O «U-461» esteve baseado em Saint Nazaire (França) e, a partir dali, executou 6 missões em todo o Atlântico, desde as águas que circundam as ilhas Feroé até às que banham as costas de África e da América do Sul. No decorrer da sua quinta patrulha, quando já estava de regresso à sua base, o «U-461» foi atacado -a 23 de Abril de 1943- por um avião Wellington da RAF, que lhe causou avarias importantes; e que obrigaram o seu comandante a tomar o rumo de Bordéus, para reparar os danos. A sua sexta e derradeira missão teve consequências mais desastrosas, já que -a 30 de Julho de 1943- no golfo da Biscaia, quando navegava à vista do cabo Ortegal, este submarino alemão foi detectado e bombardeado por um hidro Sunderland da RAAF (aviação militar australiana) e afundado. A tripulação da aeronave da coligação aliada ainda teve tempo -num louvável acto de abnegação- de lançar aos náufragos inimigos uma balsa unsuflável, que permitiu salvar a vida a 15 submarinistas. Os outros 53 homens do «U-461» pereceram nessa acção de guerra. Curiosidade : o Sunderland australiano ostentava o número de identificação 461...

terça-feira, 20 de março de 2018

«PALINURO»

Este navio foi construído em Nantes (pelos estaleiros Dubigeon) no ano de 1934 e chamou-se primitivamente «Commandant Louis Richard». É um antigo navio de pesca longínqua que, por conta da casa armadora Société des Pêches Malouines, operou nos bancos bacalhoeiros da Terra Nova. Teve um 'sister-ship' que foi baptizado com o nome de «Lieutenant René Guillon», registado, também ele, na capitania do porto de Saint Malo. O navio em apreço foi adquirido, em 1951, pela marinha de guerra italiana, para treino dos seus cadetes. Passou por uma transformação importante para poder cumprir a sua nova missão de navio-escola e recebeu, depois de pronto, o nome de «Palinuro», ou seja o de uma das personagens míticas (piloto de Eneias) da guerra de Tróia. Com casco de aço, o navio original deslocava 1 350 toneladas e media 69 metros de comprimento fora a fora por 9,20 metros de boca. O seu velame actual completa-se com 17 panos latinos, áuricos e redondos, totalizando 900 m2. Sempre esteve equipado com um motor auxiliar; que foi sendo substituído ao longo dos anos de serviço. A sua velocidade (recorrendo exclusivamente à energia eólica) é da ordem dos 8/10 nós. O seu porto de registo actual é o de Génova. A sua equipagem permanente é de 6 homens e, na sua presente configuração, o «Palinuro» pode receber 76 alunos e docentes. Para além da sua missão principal (a de formar futuros oficiais para a marinha militar) este belo veleiro desempenha (a par do pesado «Amerigo Vespucci») o papel de embaixador itinerante da armada e da República Italiana. Nota : pelo aparelho que apresenta, este navio receberia, em Portugal, a designação de lugre-patacho.

«IURI DOLGORUKI»

Este submarino nuclear da armada russa é o primeiro navio do Projecto 955 (classe 'Borei' no código NATO). O programa de construção de 8 unidades iniciou-se com a realização do «Iuri Dolgoruki»; que foi lançado à água pelos estaleiros Sevmash, de Severodvinsk em 2008. Este navio -que entrou em serviço operacional no mês de Janeiro de 2013, desloca 24 000 toneladas em configuração de mergulho e em plena carga e mede 170 metros de comprimento por 13,50 metros de boca. A sua propulsão é assegurada por 1 reactor do tipo OK-650, por 1 turbina a vapor e por 1 hélice. A sua velocidade de cruzeiro será da ordem dos 25 nós. Está dotado com 16 mísseis intercontinentais R-30 'Bulava' (sua arma principal), com 6 mísseis de cruzeiro SS-N-15 e com 6 tubos lança-torpedos de 533 mm. Refira-se que cada um dos 'Bulava' dispõe de 10 ogivas de trajectórias independentes, o que lhe confere um extraordinário poder de destruição. A equipagem do «Iuri Dolgoruki» -que pertence à chamada Frota do Norte- é constituída por 130 homens, oficiais incluídos. Um dos grandes trunfos dos navios da classe 'Borei' é, segundo os especialistas, a sua excepcional furtividade. Diz-se, igualmente, que os sonares de bordo deste submarinos e dos outros navios da mesma classe são dos mais sofisticados; capazes de detectar navios num raio superior de 50% ao de todos os seus rivais; russos ou estrangeiros. Pelo menos 4 navios da classe 'Borei' já se encontram ao serviço das armadas russas do Norte e do Pacífico : o navio aqui em apreço e os «Alexandr Nevski», «Vladimir Monomach» e «Printz Vladimir».

domingo, 18 de março de 2018

«COMPIÈGNE»

Este 'car-ferry' (o primeiro do seu tipo realizado em França) foi construído em 1957/58 nos estaleiros de Grand Quevilly, então explorados pela empresa Chargeurs Réunis Loire-Normandie. Era um navio com 3 400 toneladas de arqueação bruta, medindo 115 metros de longitude por 18,35 metros de boca, capaz de transportar 1 000 passageiros e 164 viaturas ligeiras. Podendo estas ser (em parte) substituídas por autocarros e por outros veículos pesados. O «Compiègne» navegava graças a 2 máquinas diesel, que desenvolviam 9 000 cv de potência, força que lhe imprimia uma velocidade de cruzeiro de 20 nós. Este navio foi concebido para operar no mar da Mancha, entre os portos franceses da região norte e a cidade inglesa de Dover. Nesses trajectos (de Boulogne, Calais e Dieppe para o outro lado do canal), o «Compiègne» realizou, até 1980, nada menos do que 22 712 travessias. Estava dotado com todos os requisitos de conforto, equipado nomeadamente com amplas salas para os passageiros, restaurantes, bares, lojas e lugares de diversão. Depois de ter servido os seus primeiros armadores -a Société Anonyme de Gérance et d'Armement (SAGA) e a Société Nationale des Chemins de Fer (SNCF)- sem incidentes dignos de menção, este navio deixou águas franco-britânicas para adoptar várias outras bandeiras, vários outros nomes e as cores de vários outros armadores. Assim, em 1981, foi parar às mãos de uma companhia helénica (a Strintzis Line), que lhe deu o nome de «Ionian Glory» e sob as cores da qual navegou entre Brindisi e os portos de Corfú e Patras. Em Dezembro de 1983, o ex-«Compiègne» foi afretado pela O.N.U., para evacuar 4 000 Palestinianos de Tripoli (Líbano) e levá-los a diferentes destinos : Iémen, Tunísia e Argélia. Depois disso, usou bandeiras cipriota, maltesa, sueca, saudita, hondurenha; chamando-se, alternativamente, «Queen Vergina», «Freedom I», «Katarina», «AL Ameera» e «Alamira». Não existem registos (ao que sabemos) sobre os seus derradeiros anos de actividade e sobre o seu fim.

«ENTERPRISE»

Porta-aviões da armada dos Estados Unidos. Foi o primeiro navio do seu tipo dotado de propulsão nuclear. Foi construído nos estaleiros Newport News Shipbuilding, na Virginia (EUA). Entrou oficialmente ao serviço da US Navy no dia 25 de Novembro de 1961, após 4 anos de trabalhos de uma extrema complexidade. O «Enterprise» deslocava 85 000 toneladas (em plena carga) e media 341 metros de comprimento por 78 metros de largura máxima. O se calado era de 10,80 metros. Autêntica base de guerra flutuante, este gigantesco navio tinha uma guarnição de 5 600 homens. A sua propulsão era assegurada por 8 reactores de água pressurizada (que lhe proporcionavam uma potência de 280 000 cv), por 4 turbinas a vapor e por 4 hélices. Que asseguravam ao navio uma velocidade máxima de 34 nós. Do seu armamento defensivo constavam 2 baterias de lança-mísseis Sea Sparrow, 2 canhões anti-aéreos de 20 mm e 2 rampas para lançamento de mísseis RAM. Nos anos 2000 (O «Enterprise» foi desactivado em 2012) o seu contingente aéreo compreendia 85 aeronaves de vários tipos e valências : F-18, EA-6 'Prowlwer', E-2 'Hawkeye', S-3 'Viking' e 'Sea King' e 'Sea Hawk'. O raio de acção deste formidável navio (que pertenceu, sucessivamente às 2ª e 7ª esquadras) era praticamente ilimitado. Esteve em operações (com os seus poderosos meios aéreos) em diferentes teatros de guerra (Vietnam, golfo Pérsico, Bósnia-Herzegovina, Iraque, Afeganistão) e lugares onde a política imperial dos 'states' era contestada, como, por exemplo, em águas de Cuba, aquando da chamada 'Crise dos Mísseis' (Outubro de 1962). O «Enterprise» esteve (em 1962) implicado na missão 'Friendship 7', dando apoio ao primeiro voo orbital dos norte-americanos, do qual foi principal protagonista o astronauta John Glenn. E participou, em 1964, na missão 'Sea Orbit', que viu a primeira força naval nuclear realizar uma circum-navegação da Terra sem assistência externa. As horas mais sombrias da história deste titã dos mares ocorreram (quando o navio operava em águas do Havaí) no dia 14 de Janeiro de 1969 : oito explosões acidentais a bordo mataram cerca de 30 dos seus tripulantes, feriram 100 outros e provocaram estragos importantes a bordo, de entre os quais se salientam a destruição completa ou parcial de 15 aeronaves. A desnuclearisação e desmantelamento deste navio (CVN-65) prossegue, desde 2013, no estaleiro que o construiu. Entretanto, outros porta-aviões (ainda mais gigantescos) substituiram o «Enterprise» no seio da armada dos Estados Unidos, tais como os navios da classe 'Nimitz'.

sexta-feira, 16 de março de 2018

«SARDHANA»


Veleiro de transporte (barca de 3 mastros) de bandeira norueguesa. Foi construído em 1885 nos estaleiros Russell & Company, de Greenock (Escócia) para o armador britânico W. & J. Crawford, que lhe deu o nome que sempre usou, «Sardhana»; isso, apesar de navio ter mudado várias vezes de mão e de bandeira. Com efeito, depois de ter sido vendida a armadores ingleses, esta barca integrou a frota da companhia norueguesa Karl Bruusgaard, Sigurd & Martin, de Drammen, na qual permaneceu entre 1911 e 1914. Passou depois para a posse da E. Monsen, de Tvedestrand, que a conservou até 1916. Mais tarde, foi adquirida por novo armador norueguês, Hans I. Larsen, de Porsgrunn, que a conservou até 1918, ano do desaparecimento deste veleiro. Apresentava uma arqueação bruta de 1 144 toneladas e media 65,90 metros de comprimento por 10,70 metros de boca por 6,50 metros de calado. Percorreu mares e oceanos, com predominância para o Atlântico (norte e sul), até que, em 5 de Julho do derradeiro ano da Grande Guerra, foi abandonada pela sua tripulação; na sequência e uma tempestade que a acometeu, durante uma viagem que realizava entre Buenos Aires e Nova Iorque. Essa decisão foi tomada depois de constatado o perigo imediato de soçobro e de se ter verificado a perda do seu carregamento de linho. Os tripulantes escaparam do navio em perdição nos escaleres de bordo. Alguns deles foram resgatados ao mar (10 dias mais tarde) pelo navio inglês «Polish Monarch», que os desembarcou, sãos e salvos, no porto de Montevideu. Infelizmente, 12 marinheiros do «Sardhana» foram dados como desaparecidos...

«DANTON»

Couraçado francês da Grande Guerra. Foi construído pelo arsenal de Brest, que o deu como concluído em 1911. Era um navio que deslocava mais de 18 000 toneladas e que media 145 metros de comprimento por 25,80 metros de boca. O seu aparelho propulsor (de turbinas) dispunha de 26 caldeiras a vapor do tipo 'Belleville' alimentadas a carvão; que lhe garantiam uma potência de 22 500 cv e que lhe proporcionavam uma velocidade máxima ultrapassando os 19 nós. O «Danton» dispunha de espessa couraça, que na cinta de casco podia atingir a espessura de 255 mm e 300 mm na torre de comando. O navio -que tinha uma tripulação de 920 homens- estava armado com 4 peças de 305 mm, 12 de 240 mm, 16 de 75 mm e com 2 tubos lança-torpedos de 450 mm. Destacado para o Mediterrâneo, ficou registado no porto militar de Toulon. Deu o nome à sua classe, que pertenceu a uma categoria de navios que antecedeu os 'dreadnought'. Durante a sua vida operacional, o «Danton» esteve em Inglaterra nas cerimónias comemorativas do coroamento do rei Jorge V, após as quais foi integrado na 1ª Esquadra com os seus congéneres (mais modernos) «Courbet» e «Jean Bart». Em 1913 foi teatro de uma explosão acidental, que matou 3 dos seus marinheiros. Durante a Grande Guerra, este navio esteve nos Dardanelos, onde se opôs à frota turca. No dia 19 de Março de 1917, quando se dirigia de Toulon para Corfú (na Grécia) para cumprir nova missão, o «Danton» foi interceptado e alvejado, ao largo da Sardenha, pelo submarino inimigo «U-64». Que o afundou com dois torpedos certeiros. As perdas de tripulantes elevaram-se a 296 homens, pertencentes às tripulações do couraçado e de diferentes navios a operar nos mares do Levante e que seguiam a bordo como simples passageiros. O soçobro durou cerca de meia hora, facto que permitiu ao contratorpedeiro «Massue» e ao pesqueiro «Louise Marguerite» salvar 806 homens. Os destroços do couraçado «Danton» foram descobertos, em 2007, a 35 km da costa sarda e a 1 000 metros de profundidade, aquando dos estudos feitos, naquele lugar, por técnicos holandeses, que definiam o traçado de um gasoduto que deveria ligar a Argélia a Itália. Depois disso, o naufrágio tem sido objecto de estudos efectuados pelas autoridades navais.

«MASSILIA»

Paquete francês construído nos estaleiros da firma Forges et Chantiers de la Méditerranée, localizados em La Seyne-sur-Mer, em França. O início dos trabalhos data de 1914, mas o navio só entrou em serviço no ano de 1920, por causa da Grande Guerra. Com uma arqueação bruta de 15 363 toneladas, o «Massilia» media 182,63 metros de comprimento por 19,54 metros de boca. Dispunha de acomodações para poder transportar 1 000 passageiros. Pertencente à frota da Compagnie de Navigation Sul-Atlantique, este paquete navegou até 1930 entre a França e os mais importantes portos da América do Sul. Para onde transportou, essencialmente, muitas famílias de emigrantes. Quando a guerra rebentou na Europa, ficou retido em França, devido ao perigo que representavam os submarinos alemães. A sua celebridade ficou a dever-se ao facto de, em Junho de 1940, ter transportado alguns membros do governo (que, devido ao avanço das tropas hitlerianas, se encontrava, então, na cidade de Bordéus) e parlamentares para o norte de África; onde pretendiam resistir aos nazis. Essa partida do navio fez-se num momento de grande confusão. Entre os passageiros figurava um certo Pierre Mendès-France (político judeu de origem portuguesa), que seria uma das grandes figuras da IV República Francesa. Depois dessa polémica viagem, o navio passou sob o controlo das autoridades colaboracionistas de Vichy e, durante um tempo, assegurou o transporte de tropas entre a França e a Argélia. Em 1944, o «Massilia» encontrava-se em Marselha e foi afundado (pelas tropas de ocupação) em frente do porto dessa cidade, a fim de bloquear o seu eventual uso pelos Aliados. Em 1945, já depois da vitória sobre o chamado 3º Reich, o navio foi desmantelado 'in situ'. Curiosidade : Massilia foi o nome dado pelos antigos gregos a Marselha; cidade que foi uma das suas mais florescentes colónias do Mediterrâneo ocidental.

«PRINCESSE MARIE JOSÉ»

Este navio foi construido nos estaleiros de John Cockerill, em Hoboken (Antuérpia); que o lançaram à água no dia 29 de Outubro de 1922. Destinado ao tráfego de passageiros entre Ostende e Dover, o «Princesse Marie José» apresentava-se como um navio de 1 821 toneladas de arqueação bruta e media 106 metros de comprimento por 12 metros de boca. O seu calado era de 7 metros. A sua viagem inaugural ocorreu em 19 de Junho de 1923. Infelizmente, não nos foi possível obter informações sobre outras das suas características, nomeadamente sobre a sua motorização e 'performances'. Podia transportar -em condições de relativo conforto- muitas centenas de passageiros. O único incidente que se lhe conhece antes da 2ª Guerra Mundial, teve lugar nos primeiros minutos do dia 8 de Agosto de 1937, quando este 'ferry' foi violentamente abalroado pelo cargueiro inglês «Clan MacNeil». O navio belga teve o seu bojo esventrado e houve 5 feridos graves a bordo. Só a proximidade do porto francês de Dunquerque (para onde foi conduzido a reboque) evitou o seu afundamento. Levado posteriormente para Ostende, onde foi reparado, o «Princesse Marie José» voltou ao seu vaivém habitual entre a Bélgica e o sul de Inglaterra. Quando rebentou o conflito com a Alemanha nazi, o navio foi (para evitar a sua captura pelos hitlerianos) apreendido pela 'Royal Navy', que o utilizou (sob vários nomes : «Southern Islands», «Nemesis» e «Baldur») até 1946. Nesse ano regressou às origens e, com o seu nome de baptismo, serviu (como navio auxiliar) nas Forças Navais Belgas. Obsoleto, foi desmantelado em 1947. Curiosidades : este navio usou o nome de uma filha do rei Alberto I; que, depois do seu casamento com Umberto de Sabóia, foi rainha (efémera) de Itália. A foto do navio aqui anexada, mostra o «Princesse Marie José» encalhado numa praia de Dunquerque, aquando do incidente de 1937.