sábado, 22 de outubro de 2016

«SÃO JOSÉ PAQUETE DE ÁFRICA»

Desconhece-se se foi este o seu nome oficial, mas foi o estranho designativo que este navio negreiro português do século XVIII deixou na História. Das suas características físicas também nada se sabe, a não ser que era um veleiro de porte médio. A sua fama adveio-lhe de factos ligados ao seu naufrágio -que ocorreu (depois de dobrado o cabo da Boa Esperança) em frente de Capetown, no dia 27 de Dezembro de 1794. O «São José Paquete de África», que zarpara de Lisboa a 27 de Abril desse mesmo ano, sob o mando do capitão Manuel João Pereira, dirigiu-se a Moçambique para proceder ao embarque de 400/500 escravos, destinados a serem vendidos no Maranhão, Brasil. 212 deles morreram afogados aquando do já referido soçobro do navio. Uma catástrofe que só não teve as repercussões esperadas, porque os cativos ainda não beneficiavam -nesse tempo- do estatuto de seres humanos; mas eram vergonhosamente considerados, isso sim, mera mercadoria. Os restos deste naufrágio foram descobertos por caçadores de tesouros, que os confundiram com os destroços de um navio holandês afundado naquelas paragens. Só em 2008-2009, uma equipa de mergulhadores da S.W.P. (Slave Wrecks Project) fez a sua identificação correcta, já que devidamente comprovada por documentação fidedigna, encontrada nos arquivos de Lisboa. Nota final : a imagem que ilustra este texto não é a do veleiro em apreço, mas a de um brigue daquela época, utilizado no infame contrabando de seres humanos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

«SÁNCHEZ BARCÁIZTEGUI»

Contratorpedeiro da armada espanhola, que fez parte da 1ª série da classe 'Charruca'. Recebeu o nome de um notável marinheiro galego do século XIX, caído em combate durante a 3ª Guerra Carlista. Este navio foi construído pela SECN - Cartagena e colocado no serviço activo em 1928. Deslocava 1 800 toneladas em plena carga e media 101 metros de comprimento por 9,60 metros de boca. Do seu armamento principal constaram 4 canhões de 120 mm, 1 peça antiaérea de 76 mm, 6 tubos lança-torpedos de 533 mm e 2 calhas para arremesso de cargas de profundidade. A sua propulsão era assegurada por um sistema (com uma potência de 42 000 cv) que compreendia 2 turbinas, 4 caldeiras e 2 hélices e que lhe proporcionava uma velocidade da ordem dos 30 nós e uma autonomia de 4 500 milhas náuticas, com andamento reduzido a 14 nós. A sua tripulação normal era de 160 homens, incluindo oficiais. Uma das mais sombrias páginas da sua história foi ter servido (no porto de Barcelona) de navio-prisão, onde estiveram detidos Miguel Azaña -acusado de ser o instigador da Revolução das Astúrias- e alguns dos seus seguidores. Em Julho de 1936, este navio estava ancorado no porto de Cartagena, quando, no dia 17, o seu comandante (um capitão de fragata) recebeu ordens do ministro da marinha para se dirigir a Melilla, território espanhol do norte de África. Onde o comandante do «Sánchez Barcáiztegui» e parte do quadro de oficiais decidiram aderir à sublevação franquista. Mas, fiel à República, a marinhagem prendeu os seus superiores e forçou a saída do porto para se dirigir a Málaga. Ao serviço do governo legítimo de Espanha, este navio foi -durante a Guerra Civil- um dos mais activos na luta contra os franquistas, participando em operações no Mediterrâneo, principalmente na zona do estreito de Gibraltar.  A 5 de Março de 1939, já no final do conflito vencido pelos fascistas, o «Sánchez Barcáiztegui» foi gravemente atingido pelas bombas de 5 trimotores Savoia- Marchetti SM.79; aviões mussolinianos colocados ao serviço dos interesses de Franco. Com o fim da guerra, o navio em apreço foi integrado na frota dos chamados nacionalistas. Ainda a registar no historial deste navio, esteve um dramático incidente ocorrido na ria do Ferrol -a 28 de Fevereiro de 1947- durante o qual este 'destroyer' causou o afundamento acidental de uma lancha de transporte de passageiros e matou 13 pessoas : 12 mulheres e 1 homem. Refira-se, a título de pura curiosidade, que o barco abalroado se chamava «Generalissimo Franco»...

«HAWAIIAN PATRIOT»

Petroleiro de bandeira liberiana (registado em Monróvia) e construído no Japão, em 1965, pelos estaleiros Mitsui Sempaku K.K.. Era um navio com 51 420 toneladas de arqueação bruta, e com um comprimento de 258 metros. Movia-se graças a maquinaria diesel, desenvolvendo uma potência de 23 000 bhp, força que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 16,5 nós. Antes de ostentar o nome pelo o qual aqui é designado, chamou-se (entre 1965-1973) «Borgila», pertenceu à Olsen Fred - Ganger Rolf A/S e hasteou bandeira norueguesa; depois (entre 1973-1975) foi registado como «Oswego Patriot», pertenceu à Marine Transport Lines Inc e içou bandeira dos Estados Unidos da América; com a sua última identidade, esteve sob a responsabilidade (1975-1977) da Panagopoulos Indo-Pacific Carriers. A sua carreira de 'tanker' cessou, bruscamente, no dia 23 de Fevereiro de 1977, quando -carregado com 99 000 toneladas de crude proveniente da Indonésia-  tentou alcançar Honolulu, nas ilhas Hawai. Apanhado por uma tempestade em pleno oceano Pacífico, o casco do 'Hawaiian Patriot' terá aberto fendas, pelas quais se escaparam, de imediato, muitas toneladas de petróleo bruto. 18 000, ao que se supõe. A situação agravou-se algumas horas mais tarde e, já no dia seguinte, declarou-se um incêndio a bordo, que resultou em tremenda explosão. O petroleiro levou várias horas a afundar-se; mas no desastre morreu apenas um membro da sua tripulação. O naufrágio aconteceu a cerca de 360 milhas náuticas do território mais próximo (Hawai) e não causou a 'maré negra' que se chegou a temer que acontecesse. Pois, graças a marés e ventos favoráveis, a sinistra mancha que poluiu o oceano afastou-se para longe, para a infinidade do Pacífico norte. Mas terá causado, tanto à superfície como nas profundezas do oceano, prejuízos incalculáveis no ecossistema. Disso não haverá sombra de dúvidas. Nota : a fotografia que ilustra este texto mostra o navio em apreço, quando ele ainda se chamava «Borgila».

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

«SUDARSHINI»

Construído -em 2 011- num estaleiro da cidade de Vasco da Gama (Goa Shipyard Limited), com desenho do arquitecto naval inglês Colin Mudie, este magnífico veleiro é um dos navios-escola da marinha indiana. Com casco de aço, arvora 3 mastros aparelhados em barca. Desloca 513 toneladas e mede 54 metros de comprimento por 8,53 metros de boca por 4,50 metros de calado.  O mais altaneiro dos seus mastros eleva-se 34,50 metros acima da linha de água. A sua superfície vélica é de 1 035 m2. Está equipado com 2 máquinas auxiliares (diesel) desenvolvendo uma potência global de 640 hp. Este belíssimo navio pode embarcar uma equipagem de 5 oficiais, 31 sargentos e praças, para além de 30 cadetes. O «Sudarshini», que foi incorporado na armada da União Indiana a 27 de Janeiro de 2 012, realizou a sua viagem inaugural nesse mesmo ano, fazendo um cruzeiro de 12 000 milhas náuticas; que o levou a 13 portos de 9 países do sudeste asiático, percorrendo antigas rotas comerciais dos marinheiros locais. O navio regressou à Índia, ao porto de Cochim, a 25 de Março de 2 013, sendo recebido festivamente. Tal como muitos dos seus congéneres, o «Sudarshini» desempenha, a cada visita que faz no exterior, o papel de embaixador da sua armada e do seu país.

«ANDRÓMEDA»

Lancha hidrográfica construída, em 1985, no Arsenal do Alfeite. Foi o primeiro navio de uma classe que tem o seu nome e que se completa com a «Auriga» (A5205). A «Andrómeda» (que usa o indicativo de amura A5203) foi colocada ao serviço em 1987 e foi especialmente estudada para operar em estuários e zonas costeiras. A sua versabilidade permite-lhe a utilização de equipamento diversificado, que a disponibilizam para actuar em vários domínios da hidrografia e ramos da oceanografia. Para além de ter operado em águas nacionais (ZEE), este pequeno navio já executou uma missão no arquipélago de Cabo Verde. No seu historial, também está inscrito que participou utilmente nas investigações sobre o polémico naufrágio do navio «Bolama», afundado em 4 de Dezembro de 1991, perto de Lisboa. O «Andrómeda» desloca 247 toneladas e mede 31,50 metros de comprimento por 7,70 metros de boca. O seu calado é de 3,10 metros. A sua propulsão é assegurada por 1 máquina diesel MTU com 1 100 hp de potência e por 1 motor eléctrico com 60 hp. A velocidade máxima proporcionado pela primeira referida é de 12 nós e de 5 nós a consetida pelo segundo. A sua autonomia é de umas 1 980 milhas náuticas com andamento reduzido a 10 nós. Este navio está equipado com moderna aparelhagem de ajuda à navegação e de outra destinada a facilitar a sua específica missão. Também dispõe de equipamentos especializados, tais como gerador eléctrico, grua hidráulica, pórtico basculante, guinchos, etc. A sua guarnição é composta por 2 oficiais, 2 sargentos, 9 praças e por 4 técnicos/investigadores. O «Andrómeda (tal como o seu 'sister ship') pode, caso seja necessário, ser transformado em unidade de guerra de minas.

«JOHN ENA»

Veleiro com casco de aço construído nos estaleiros R. Duncan & Cº, de Port Glasgow; que o lançaram à água em Julho de 1892. O seu primeiro armador foi a companhia San Francisco Shipping, sedeada nas ilhas Havai, em Honolulu; que o utilizou, essencialmente no oceano Pacífico -como transporte de carga diversa- até 1907. Mas esta barca também navegou no Atlântico (onde, em 1902, perdeu 2 homens da sua equipagem, na sequência de terrível tempestade) e no Índico. Desde o referido ano de 1907, passou pelas mãos de seis outros proprietários, todos eles armadores californianos com base na chamada Cidade da Porta Dourada : A.O. Lorentzen, Rolph Navigation & Coal, Standard Oil, Robert Dollar, J. Boots e A.F. Mahony. O «John Ena» apresentava-se como um navio de 2 842 toneladas de arqueação bruta e medindo 95,31 metros de comprimento por 14,65 metros de boca. O seu calado era de 7,62 metros. Estava equipado com 4 mastros e respectivo velame, que dispunha de superfície impressionante. Em 1926, já em fim de vida, perdeu os mastros durante uma operação de reboque e, entre 1934 e 1937, procedeu-se ao seu desmantelamento num estaleiro de San Pedro (Califórnia). A fama do «John Ena» adveio-lhe, muito simplesmente, do facto de... não tido história. Para além de ter sido, no entanto, um dos maiores, mais elegantes e mais longevos navios da sua época. Navios de um tempo em que o vento ainda era o principal meio usado para se ir de mar em oceano, com o intuito de atingir as terras mais recônditas do planeta Terra.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

«ATHENA»

Luxuoso iate construído em 2004 nos estaleiros da empresa Royal Huisman (Vollenhove, Países Baixos) por encomenda do milionário James H. Clark, um homem que fez fortuna no mundo da Internet. É uma embarcação soberba, em cujo bojo funcionam um teatro e uma importante biblioteca, para além de camarotes (e demais 'utilidades') de grande aparato. A sua beleza (tanto exterior como interna) valeram-lhe um 'award' atribuído pelo Show Boats International, que o designou, em 2004, melhor iate na categoria de veleiro com mais de 40 metros. O «Athena» -que, actualmente, está registado em Georgetown e usa pavilhão das ilhas Caiman- desloca 1 126 toneladas e mede 90 metros de longitude por 12,20 metros de boca. O seu calado é de 5,77 metros. Apresenta-se como um veleiro de 3 mastros, desfraldando velame áurico. O seu proprietário chegou a alugar o «Athena» (até 2007) a seus colegas milionários pela 'modesta' quantia de 1/2 milhão de dólares semanais. Mas parece que já não é o caso, reservando agora este magnífico veleiro para seu exclusivo uso. Não nos foi possível obter informação mais detalhada, nomeadamente sobre coisas como a motorização auxiliar e sistemas de ajuda à navegação. Que supomos ser (como é lógico) da mais alta tecnologia.

«THÉSÉE»


Navio de linha francês armado com 74 canhões de três distintos calibres. Foi construído no arsenal de Brest em 1758. A sua guarnição regulamentar era constituída por 750 homens : marinheiros, fuzileiros e respectivos corpos de oficiais. Como todos os grandes vasos de guerra do tempo, o «Thésée» arvorava 3 mastros, cujo velame podia desfraldar 2 500 m2 de pano. Era um navio de 1 500 toneladas, com casco em carvalho e mastreame em madeira de pinho. As suas dimensões eram as seguintes : 50 metros de comprimento por 13,50 metros de boca. O «Thésée» possuia uma considerável capacidade de transporte (sobretudo de água potável e de víveres), de modo a poder navegar muitas semanas longe das suas bases de reabastecimento. O «Thésée» teve uma vida operacional curtíssima -durante a chamada Guerra dos Sete Anos- que começou com a sua saída de Brest a 14 de Novembro de 1759 (integrado numa esquadra de 21 navios superiormente comandada pelo marechal de Conflans). Objectivo : escoltar uma numerosa armada de invasão de Inglaterra. Mas, a 20 desse mesmo mês de Novembro, as forças navais francesas foram interceptadas pela esquadra do almirante Hawke, que, em previsão do dito ataque, patrulhava, há meses, diante das costas da Bretanha. No combate que se seguiu, o «Thésée» defrontou-se, sucessivamente com os navios inimigos «Magnanime» e «Torbay, encaixando quatro salvas deste último, que pouco desgaste causaram a bordo do navio francês. Que ripostou de imediato. Mas, após essa reacção, o «Thésée» foi, incompreensivelmente, alvo de problemas, que o fizeram soçobrar em instantes. Pensa-se que, devido ao mau estado do mar (muito agitado), grandes quantidades de água tenham invadido o navio francês pelas portinholas de artilharia, desiquilibrando-o, o que provocou o desastre. À excepção de 22 homens (salvos pelos ingleses), toda a guarnição do navio (na sua quase totalidade originária da Bretanha) pereceu nesse terrífico e surpreendente naufrágio. Que se enquadrou na chamada batalha dos Cardeais, durante a qual a marinha de guerra gaulesa sofreu pesada derrota, perdendo 6 navios de linha. Os restos do «Thésée» foram encontrados e devidamente identificados em 2009; e são, desde então, objectos de estudos dos especialistas em arqueologia marinha. Que nutrem a esperança de um dia poderem reemergi-los. Curiosidade : a ilustração anexada mostra (em primeiro plano) o naufrágio do navio em apreço.

domingo, 9 de outubro de 2016

«ÍSIS»

Este navio de carga romano, de grande porte e de formas arredondadas, navegou nas águas do Mediterrâneo em meados do segundo século da era cristã. Especializou-se no transporte de grão entre o Egipto e os portos itálicos e dele se disse que podia carregar, no decurso de uma só viagem, todo o trigo necessário à alimentação anual dos habitantes de Ática; populosa região da antiga Grécia, que englobava Atenas. Segundo os estudiosos, que se apoiaram, sobretudo, na leitura do livro  «O Navio ou os Desejos», de Luciano de Samósata -que afirma ter visto o «Ísis» no Pireu- este navio de 1 200 toneladas media perto de 55 metros de comprimento por cerca de 14 metros de boca. Teria 4 vastos porões e estava equipado com 1 mastro (implantado a meia nau) sustentando uma grande vela de pendão escarlate. Apresentava, à proa, um busto da deusa egípcia Ísis e, à popa, a representação de um dos gansos capitolinos. O acima referido escritor grego comparou a tripulação deste navio da Antiguidade a uma verdadeira legião e deu um particular destaque aos timoneiros que manobravam os grandes remos de esparrela. As âncoras, os cabrestantes, os bolinetes, e a camarinha de ré também mereceram a sua atenção. Desconhece-se qual teria sido o seu destino. Nota final : o desenho do navio original não seria muito diferente do da miniatura que aqui se apresenta.

sábado, 8 de outubro de 2016

«AMAPALA»


O «Amapala» era um navio a vapor de transporte misto (passageiros/carga), que hasteava bandeira das Honduras. Tratava-se, na realidade de um 'bananeiro' da Standard Navigation Corporation, sucursal centro-americana da poderosa companhia Standard Fruit, que fazia viagens regulares entre o porto hondurenho de La Ceiba (onde se encontrava registado) e Nova Orleães; com escalas em Havana. Este navio foi construído em Newcastle (Reino Unido), em 1924, nos estaleiros Swan & Hunter, Ltd.. Apresentava 4 184 toneladas de arqueação bruta e media 111,25 metros de comprimento por 15,24 metros de boca por 8,84 metros de calado. A sua propulsão era proporcionada por 1 máquina de tripla expansão, com uma potência de 668 nhp, que lhe conferia uma velocidade de cruzeiro de 15,5 nós. No dia 16 de Maio de 1942, poucas horas depois de ter zarpado de Nova Orleães e de já se encontrar a navegar em águas do golfo do México, o «Amapala» foi interceptado (a tiros de canhão) pelo submarino germânico «U-507». Que o intimou a parar e a deixar-se inspeccionar por uma equipa de marujos alemães; que acabaram por deixar a bordo várias cargas explosivas, depois de terem mandado evacuar a tripulação e passageiros do mercante. O navio hondurenho manteve-se à tona de água várias horas e acabou por ser rebocado pelo guarda-costas estadunidense «Boutwell». Mas afundou-se muito antes de atingir porto seguro. No incidente relatado morreu apenas uma pessoas de um total de 57 que, então, se encontravam a bordo do «Amapala». Que foi um dos muitos navios (inclusivamente neutros, como este) a serem afundados ao longo das costas americanas pelo «U-507».

«UC-26»

Submarino da marinha imperial alemã, que serviu durante a 1ª  Guerra Mundial. Especializado no lançamento de minas, foi construído, em 1916, nos estaleiros AG Vulkan, de Hamburgo. Deslocava cerca de 500 toneladas em plena carga e media 49,40 metros de comprimento por 5,20 metros de largura máxima. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina diesel de 250 cv e por 1 motor eléctrico de 230 cv. Que lhes proporcionavam uma velocidade de 11,6 nós à superfície e um andamento de 7 nós em configuração de mergulho. Podia dispor de mais de 9 000 milhas náuticas de autonomia (com velocidade reduzida) e atingir profundidades de 55 metros. A sua guarnição era de 3 oficiais e de 23 sargentos e marinheiros. Quanto ao armamento, diga-se que o «UC-26» dispunha de 1 peça de artilharia (no convés) de 88 mm e de 3 tubos lança-torpedos de 450 mm. Podia transportar até 18 minas do tipo UC2OO. Teve um único comandante na pessoa do conde Matthias von Schmettow, um capitão-tenente que morreu em combate no Pas de Calais -a 9 de Maio de 1917- aquando do afundamento do seu navio pelo contratorpedeiro britânico «Milne»; que o abalroou voluntariamente. Houve 8 sobreviventes alemães no soçobro do «UC-26». No palmarés deste submarino contam-se o torpedeamento de vários navios aliados (entre os quais o do «Duchess of Cornwall», ao largo de Barfleur) e o afundamento de outros navios por acção das suas minas, tais como o navio-hospital «Salta», afundado nas proximidades do Havre.

«SKULDELEV 2»


O navio assim designado faz parte de um lote de meia dúzia de embarcações nórdicas de diferentes tipos (ou melhor dos seus restos), que estão expostas no Museu dos Navios Vikings de Roskilde, na Dinamarca. Navios dos anos mil, deliberadamente afundados, segundo se crê, no fiorde de Roskilde e descobertos em 1962. O «Skuldelev 2» é o maior de todos eles e o único que se pode designar como um 'drakkar', navio destinado ao uso militar. Esta embarcação foi construída com madeiras de carvalho e as análises dondocronológicas efectuadas ao seu casco indicam que terá sido realizada em meados do século XI, na região de Dublim. Abre-se aqui um parêntese para referir que os Vikings chegaram à Irlanda no século IX, e que se estabeleceram no litoral dessa ilha durante centúrias. Aí vivendo como negociantes, construtores de navais (arte na qual eram exímios) e mercenários ao serviço de facções políticas locais. Eis aqui algumas das características deste navio quase milenar : dele resta cerca de 25% do casco; media uns 30 metros de longitude por 3,80 metros de boca; o seu calado era de apenas 1 metro; deslocava 26 toneladas; arvorava um mastro equipado com uma vela de pendão medindo 112 m2 de superfície e dispunha de 30 pares de remos; a sua velocidade média era de 6-8 nós e a máxima de 13-17 nós; era tripulado por 65-70 homens, que eram, simultaneamente, marinheiros e guerreiros. O acima referido Museu de Roskilde investiu (há uns anos atrás) cerca de 1,5 milhão de euros na construção do «Sea Stallion», que é uma réplica à escala 1/1 do «Skuldelev 2». Essa cópia -que recriou o referido 'drakkar' em todo o seu explendor- consumiu 40 000 horas de labor. Foi lançado ao mar em 2 004 e, em 2 007, navegou da Dinamarca até Dublim, cidade onde esteve exposto perto de um ano. Regressou triunfalmente a Roskilde no Verão de 2 008.

«HERTHA»


Cruzador protegido (por couraça) da marinha imperial alemã, pertencente à classe 'Victoria Louise'. Foi construído em Stettin, pelos estaleiros AG Vulkan e lançado à água em Abril de 1897. Deslocava 6 490 toneladas e media 110,60 metros de comprimento por 17,40 metros de boca. O seu calado era de 6,58 metros. Estava equipado com 3 máquinas de tripla expansão, cuja potência permitia que o «Hertha» navegasse à velocidade máxima de 19 nós e dispusesse de um raio de acção próximo das 3 500 milhas náuticas. Do seu armamento constavam 2 canhões de 210 mm, 8 de 150 mm, 10 de 88 mm e 3 tubos lança-torpedos de 450 mm. A sua tripulação era constituída por 446 sargentos e praças enquadrados por 31 oficiais. Entre os cadetes que também fizeram a sua aprendizagem a bordo do «Hertha», estiveram, durante um curto período, Karl Doenitz (futuro comandante da arma submarina germânica) e Ernst Lindemann (futuro comandante do couraçado «Bismarck»). Na transição para o século XX, este cruzador esteve em missão na China, onde participou na guerra dos Boxers; durante a qual um destacamento de fuzileiros da sua guarnição conquistou os fortes de Taku. Operação que custou a vida ao comandante do navio. Regressado à Europa, o «Hertha» cumpriu missões no Mediterrâneo (em 1912) e, entre Agosto de 1913 e Março de 1914 esteve empenhado numa operação de preparação e treino de equipagens, que o levou a escalar vários portos do Canadá, do México e das Caraíbas. Quando a Grande Guerra rebentou, o navio em apreço foi considerado obsoleto e retirado da linha da frente. Entre 1914-1918, o «Hertha» serviu, sucessivamente, na defesa costeira e como navio-quartel dos militares da base de hidroaviões de Flensburg. Foi desmantelado em 1920.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

«SALTA»


Este navio (um paquete) foi construído em La Seyne-sur-Mer, França, pela firma Forges et Chantiers de la Méditerranée; que o lançou ao mar a 13 de Março de 1911. O seu primeiro armador foi a S.G.T.M. (Société Générale des Transports Maritimes). O «Salta» (que era irmão gémeo do «Valdivia») apresentava as seguintes características : 7 284 toneladas de arqueação bruta; 137,76 metros de comprimento; 16,28 metros de boca; 9,61 metros de calado. O seu sistema propulsivo era composto por 2 máquinas a vapor de tripla expansão acopladas a 2 eixos (máquinas fabricadas no mesmo estaleiro de La Seyne), desenvolvendo uma potência de 696 nhp, força que lhe garantia uma velocidade máxima de 16,8 nós. Dispunha, a bordo, de telegrafia sem fios (uma inovação) e podia transportar 196 passageiros em 1ª e 2ª classes, para além de 1 576 pessoas no porão (emigrantes). A S.G.T.M. colocou este seu paquete na linha Marselha-Buenos Aires, na qual ele permaneceu até Fevereiro de 1915; mês e ano em que foi requisicionado pelas forças aliadas e posto ao serviço da 'Royal Navy', que o converteu em navio-hospital. Foi com esse estatuto, que o «Salta» desempenhou várias missões humanitárias, ajudando a evacuar muitas centenas de feridos e doentes das zonas de guerra. No dia 10 de Abril de 1917, proveniente de Southampton, o «Salta» apresentou-se diante do porto do Havre para completar mais uma das suas missões. Mas o seu comandante foi avisado da presença de minas na sua rota e tentou retroceder, assim como os contratorpedeiros que o escoltavam. Mas era demasiado tarde e o ex-paquete francês acabou por chocar contra um desses mortais engenhos, afundando-se (ao largo de Octeville) em apenas 9 minutos. No desastre pereceram 9 enfermeiras, 42 dos feridos confiados aos seus cuidados e 79 tripulantes do «Salta», entre os quais se encontrava o comandante do navio. O balanço ficou-se por estes números, graças à rápida intervenção dos socorros; que ajudaram também a salvar parte da equipagem de um dos navios escoltadores, que sofrera o mesmo trágico fim do navio-hospital. Curiosidade : o cartaz que aqui ilustra o «Salta», mostra-o antes da Grande Guerra, vestido com as cores do seu armador civil.

«BDITELNY»


A fragata da armada soviética «Bditelny» pertenceu à classe 'Krivak-1', da qual foi cabeça de uma série que comportou 21 navios idênticos. A «Bditelny» foi construída nos estaleiros navais Zhdanov Severnaya, de Leninegrado (hoje São Petersburgo), que a lançaram à água em 1968. Entrou no serviço activo dois anos mais tarde e serviu -na esquadra do Báltico- até 1991. Um navio deste tipo foi observado pela primeira vez por peritos ocidentais, na década dos 70, tendo as suas linhas e características gerais causado uma impressão muito favorável. Esta fragata deslocava 3 900 toneladas (em plena carga) e media 123,50 metros de comprimento por 14 metros de boca por 5 metros de calado. Estava equipava com 2 pares de turbinas a gás (55 000 cv + 14 000 cv) e 2 hélices, que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de 32 nós e uma autonomia de  8 300 km, com andamento limitado a 20 nós. A sua guarnição compreendia 180 homens, corpo de oficiais incluído. Quanto ao armamento de bordo, era este constituído por 2 torres com canhões de 76 mm (mais tarde, e em alguns navios, substituídos por 1 única peça de 100 mm), por rampas lança-mísseis anti-navio SS-N-14 (municiados com 4 engenhos balísticos), por vários outros sistemas defensivos contra aeronaves (julgados, aliás, insuficientes), por tubos lança-torpedos, etc. Algumas destas fragatas beneficiaram, posteriormente à sua construção, de arranjos na popa, de modo a poderem receber 1 helicóptero. A maioria destes navios (que seriam substituídos por unidades mais evoluídas da classe 'Krivak-2') sobreviveram ao colapso da URSS e mantiveram-se ao serviço até 1992. Parece que alguns deles (oriundos da esquadra do mar Negro e partilhados com o governo de Kiev ) ainda continuam operacionais nas forças navais da Ucrânia. Nota : a maqueta que ilustra este texto não representa o «Bditelny, mas um navio da sua classe.