quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

«AMOCO CADIZ»


A história deste superpetroleiro de bandeira liberiana ficará para sempre associada a uma das maiores catástrofes ecológicas de que há memória na Europa. Construído, em 1974, pelos Astilleros Españoles de Cádiz o «Amoco Cadiz» era um navio capaz de deslocar 234 000 toneladas, que media 334 metros de comprimento por 51 metros de boca e que tinha 20 metros de calado. Em 1978, este ‘tanker’ navegava por conta da companhia norte-americana Amoco Transport, uma filial da Standard Oil. A 16 de Março desse mesmo ano, o navio, em proveniência do Irão, foi encalhar fragorosamente na costa da Bretanha -perto da aldeia de Portsall- quando transportava uma plena carga de ‘crude’ para a multinacional Shell. O acidente deste gigante dos mares provocou uma maré negra de tais proporções, que as autoridades francesas se viram na contingência de mobilizar todos os seus recursos de luta antipoluição e de recorrer à ajuda internacional, para tentar minimizar os efeitos (e prejuízos) causados pelo derrame de 220 000 toneladas de ramas, às quais se juntaram as 3 000 toneladas de ‘fuel oil’, que o «Amoco Cadiz» continha para usar na sua própria propulsão. A limpeza das praias bretãs demorou muitos meses a concretizar-se e a maré negra provocou grande mortandade entre as espécies animais (aves e mamíferos marinhos, sobretudo) que tinham o seu ‘habitat’ nesta bonita região do litoral francês do Atlântico. Atacada nos tribunais pelas organizações de defesa do ambiente, a Shell foi, surpreendentemente, ilibada de responsabilidades, ao mesmo tempo que (de maneira incrível !) a justiça condenava as associações ecológicas a multas pesadas a favor da referida multinacional petrolífera. Multas que a dita companhia nunca chegou a receber, por se aperceber que a opinião pública estava contra ela e que a cobrança dessas chorudas coimas só lhe traria danos morais e até prejuízos de natureza comercial.

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