sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

«BATORY»


Paquete polaco construído em 1935 pelos Estaleiros Reunidos do Adriático, de Monfalcone (Itália). Pertenceu à frota da companhia Polska Zegluga Morska, mais popularmente conhecida por Gdynia América Line (futura Polish Ocean Line). Este navio era o irmão gémeo do «Pilsudski», realizado pelo mesmo estaleiro para a linha de Nova Iorque. Deslocava cerca de 15 000 toneladas e media 160,30 metros de comprimento por 21,60 metros de boca. O seu sistema propulsivo desenvolvia 14 000 cv de potência e a sua velocidade máxima era de 18 nós. Este navio encontrava-se fora da Polónia, quando o país foi ocupado pelos exércitos hitlerianos. Colocado sob bandeira britânica, o «Batory» foi transformado em transporte (armado) de tropas e participou em inúmeras missões de grande interesse para os Aliados. Mas aquela que, sem dúvida, mais honrou a sua tripulação, foi a de ter assegurado o transporte transatlântico -entre Greenock (G.B.) e Halifax (Canadá)- de parte substancial do tesouro nacional polaco, que, assim, foi colocado longe da cobiça dos invasores alemães. O paquete voltou à sua carreira civil em 1946, ano em que tornou a navegar (depois de renovado) com a bandeira alvi-rubra do seu país. Como, durante a chamada ‘guerra fria’ o antigo porto de destino (Nova Iorque) se mostrou hostil, a companhia armadora do «Batory» decidiu colocá-lo numa linha que tinha como porto de partida Gdynia e terminava em Carachi, com escalas em Southampton, Suez e Bombaim. Mas a crise de Suez de 1956 e o fecho do canal forçá-lo-iam a regressar à América do norte, a uma carreira que tinha por término os portos de Montreal ou Halifax (este no inverno). Em 1969, a sua evidente vetustez obrigam-no à imobilização no seu porto de registo, onde foi transformado em hotel flutuante. E, dois anos mais tarde (em Maio de 1971) o histórico «Batory» chegou a Hong Kong, para ali ser desmantelado, terminando, assim, uma vida longa, útil e gloriosa.

1 comentário:

  1. Boa noite
    Ano de 1947, num dia de nevoeiro cerrado, que só se dissipou passados três dias, fundeava ao largo do porto de Leixões, a cerca de três milhas, o paquete Polaco BATORY, 160m/14.287tb, procedente do porto de Lisboa, onde desembarcara cerca de 400 excursionistas de nacionalidade Inglesa (nesse tempo os turistas eram mais identificados por excursionistas), os quais passados dois dias, deveriam embarcar no porto de Leixões.
    Acontece que devido ao denso nevoeiro o paquete ficou retido fora da barra, se bem que, segundo me dizia o meu pai, um piloto da barra, os seus colegas, pela sua grande pratica e coragem, olhando às circunstâncias, ainda tentaram trazer o navio para dentro, só que o seu comandante não acolheu a ideia.
    Passados três dias, o paquete foi-se aproximando do farol do Esporão e logo que surgiu uma boa aberta da névoa, o BATORY acabou por entrar e atracar na doca nº 1, embarcando os excursionistas, que vieram de Lisboa por via férrea e que julgamos terem ficado hospedados em hotéis, pensões, etc. O pessoal da secção de passagens da Garland, Laidley, consignatária da Gdynia America Line, deve-se ter visto e desejado!
    Nessa viagem o BATORY tinha o casco pintado de cinzento claro, cores então adoptadas pela Polish Ocean Lines para os seus navios de carga.
    O paquete que o substituiu foi o STEFAN BATORY, entretanto já desaparecido, que eu conheci muito bem no meu atendimento no porto de Leixões aos navios da substancial Marinha Mercante Mercante da Polónia, hoje também muito reduzida, lá com a mania dos registos de conveniencia.
    Saudações maritimo-entusiásticas
    Rui Amaro (Blogues NAVIOS Á VISTA / PILOTO PRÁTICO)

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