segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

«D. FERNANDO II E GLÓRIA»


Com casco fabricado nos estaleiros de Damão em 1843, este magnífico navio de 1 850 toneladas foi o último veleiro (integral) da Armada Portuguesa. Com 86,75 m de comprimento por 12,80 m de boca, o «D. Fernando II e Glória» foi construído com madeira de teca proveniente do enclave de Nagar-Aveli. A sua realização foi levada a cabo por artífices portugueses e indianos, laborando sob as ordens de um mouro, mestre Yadó Semogi. A supervisão dos trabalhos esteve a cargo do engenheiro naval Gil José da Conceição. Depois de pronto, o casco foi rebocado para o porto de Goa, onde foi aparelhado. A sua propulsão era assegurada por um sistema vélico com uma área de 2 052 m2. Inicialmente, o navio recebeu uma guarnição de 145 homens e armamento composto por 50 peças de artilharia. A sua primeira viagem ao Reino decorreu entre 2 de Fevereiro e 4 de Julho de 1845, tendo o navio escalado, nessa ocasião, vários portos africanos. Durante 33 anos, o navio percorreu cerca de 100 000 milhas náuticas, o que corresponde a quase 5 voltas ao mundo. Foi utilizado no apoio às guerras de África do século XIX, transportou soldados, membros de expedições científicas, colonos e degredados. Salvou náufragos, fez viagens de instrução de guarda-marinhas, foi escola prática de artilharia e foi, também, navio-chefe das forças navais estacionadas no Tejo. A fragata «D. Fernando II e Glória» (nome que recebeu em honra da rainha D. Maria II e do príncipe consorte) foi retirada do serviço activo em 1878, mas permaneceu nas mãos da Armada até 1940. Nesse ano, o navio passou a ser a sede flutuante da ‘Obra Social da Fragata D. Fernando’, que acolheu e instruiu rapazes abandonados ou oriundos de famílias desprotegidas. Em 1963, o venerável navio foi praticamente destruído por violento incêndio e os seus restos calcinados estiveram muito tempo abandonados numa margem do Tejo, perto do Alfeite. Totalmente recuperada em 1997 pelos serviços da Armada e pelo estaleiro da Ria-Marine, de Aveiro, a fragata foi um dos emblemas da Expo 98 (tendo recebido cerca de 1 milhão de visitantes) e é, desde então, navio-museu da marinha de guerra portuguesa, onde o seu identificativo é UAM 203. Curiosidade : a construção deste navio custou (em meados do século XIX) 100 630 mil réis; na sua reconstrução gastaram-se (em finais do século XX) perto de 8 milhões de Euros.

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