quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

«CHELLA»


Paquete francês construído pela firma Forges et Chantiers de la Méditerranée (de La Seyne-sur-Mer) em 1934. Substituiu, na frota da companhia marselhesa Paquet um navio (o «Nicolas Paquet») perdido por encalhe no ano precedente. Rápido e confortável, o «Chella» foi colocado na linha do norte de África (com extensão sazonal até Dacar) em 1935. Deslocava 11 000 toneladas em plena carga e media 138 metros de comprimento por 18,50 metros de boca. O seu sistema propulsor desenvolvia 15 300 cv de potência, o que permitia ao «Chella» navegar à velocidade máxima de 22 nós. O navio podia receber 556 passageiros distribuídos por três classes. Logo em 1935, o paquete foi afretado pelo governo de Paris para transportar os familiares e personalidades que acompanharam a transladação solene das cinzas do marechal Lyautey -grande figura da França colonial- feita de África para a metrópole pelo cruzador «Dupleix». Em 1940, em plena guerra, o «Chella» foi o triste protagonista de um drama que enlutou a ‘Royal Navy’, ao cortar em dois um dos seus avisos nas proximidades de Gibraltar. Deste incidente, que provocou a morte de 24 marinheiros ingleses, deixou testemunho (verbal e epistolar) o médico de bordo do paquete francês, o Dr. Destouches, figura que se ilustrou no mundo das letras com o pseudónimo de Louis-Ferdinand Céline. Com um rombo de 16 metros de longitude no casco, o «Chella» conseguiu chegar com alguma dificuldade a Marselha, onde entrou na doca seca para sofrer as reparações que se impunham. Foi nesse grande porto do Mediterrâneo, que o paquete (entretanto requisitado e transformado em transporte de tropas) foi alvo -ao mesmo tempo que a cidade- do bombardeamento da ‘Luftwaffe’ de 2 de Junho de 1940. Atingido por várias bombas incendiárias, o navio (cujos porões abarrotavam de munições) ainda foi retirado do cais onde se encontrava atracado, para ir estoirar a pouca distância do porto de Marselha. Os seus restos, que constituíam um perigo para a navegação, foram parcialmente afundados pelo tiro do «Cyrnos», um antigo mercante da companhia Fraissinet, que as circunstâncias haviam transformado em cruzador auxiliar. Em 1954, parte do casco do «Chella» ainda era visível no sítio do soçobro. Esse importante fragmento do navio foi desmantelado 'in situ' por especialistas desse género de operações.

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