sábado, 27 de agosto de 2016

«YAOHUA»

Quando, em 1964, o general De Gaulle -então presidente da República Francesa- estabeleceu relações diplomáticas com a China comunista de Mao Tsé-tung, abriu as portas a uma próspera cooperação comercial entre os dois países, que se iniciou com a construção, nos Chantiers de l'Atlantique (Saint Nazaire), do paquete «Yaohua»; que foi entregue à marinha mercante chinesa em 1967. Este, era um navio com 10 151 toneladas de arqueação bruta, que media 149 metros de comprimento por 21 metros de boca. Estava equipado com 2 máquinas diesel, que desenvolviam uma potência global de 15 000 bhp. Força que permitia ao «Yaohua» navegar à velocidade máxima de 21 nós. A sua tripulação inicial era constituída por 177 membros e a sua capacidade era de 318 passageiros, curiosamente distribuídos por três classes distintas. Rezam as crónicas, que, aquando do bota-abaixo (em 1966) deste navio, foi servido a bordo (por iniciativa do comandante e da embaixada da China em Paris) um sumptuoso banquete, para o qual foram convidados (para além das autoridades locais) todos os técnicos e operários que participaram na realização do «Yaohua». E que, finda a cerimónia «onde os convivas comeram para dois dias e beberam para uma semana», estes voltaram a terra com inúmeros 'souvenirs', de entre os quais se destacavam os famosos 'livros vermelhos de Mao'. O novo navio zarpou de Saint Nazaire (cidade da Bretanha do sul) a 8 de Setembro de 1967 rumo aos mares da China, via cabo da Boa Esperança. E, pouco depois dessa viagem inaugural, passou a fazer carreiras regulares para a Tanzânia, para onde transportou mão-de-obra e quadros técnicos empenhados na construção da via férrea Tan-Zam (entre Dar-es-Salam e as minas de cobre zambianas). A partir de 1973, o «Yaohua» quedou-se por águas nacionais, funcionando como navio de cruzeiros. Parece que, entre 1989 e 1997, este navio mudou oito vezes de mão, sendo o seu último proprietário um armador de Hong Kong, que o colocou sob pavilhão panamiano, apesar de o manter em águas territoriais chinesas. E sabe-se que, no ano 2000, já com o nome de «Orient Princess», o navio em apreço se encontrava atracado num cais de Waitan Park de Tanggu (norte da China), onde passou a funcionar como casino, hotel e restaurante flutuantes. Curiosidade : o «Yaohua» foi o derradeiro navio a ser lançado pelos estaleiros navais de Saint Nazaire de modo tradicional, quer dizer a partir de um plano inclinado. Depois disso, todos os navios ali produzidos passaram a ser construídos em docas secas.

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