domingo, 27 de dezembro de 2015

«SÃO TOMÉ»

Nau portuguesa do século XVI. Ignoram-se a sua tonelagem e principais características físicas; que não seriam, no entanto, muito diferentes das dos demais navios construídos, nessa época, em grande série pelos nossos estaleiros navais para a carreira do Oriente. A «São Tomé» integrou a esquadra de Martim Afonso (constituída por 1 galeão, 2 naus e 2 caravelas), que, em 1531, foi mandada pelo rei de Portugal para águas sul-americanas para ali combater o tráfico de pau-brasil montado por contrabandistas franceses. Aquando dessa sua missão, este navio das armadas de D. João III esteve sob o mando de João de Souza, um familiar próximo do capitão-mor. O naufrágio da nau «São Tomé» ocorreu (depois de muitos anos de leais serviços) em 1589 nas costas da África oriental, entre o actual Moçambique e o cabo da Boa Esperança; quando, em proveniência da Índia e já no tempo de Filipe I, navegava para Lisboa carregada com produtos locais. O desastre foi relatado pelo piloto Gaspar Ferreira Reimão (que fora seu tripulante) na sua famosa obra «Navegação da Carreira da Índia»; que seria editada, pela primeira vez, em 1612. Esse naufrágio também foi referido na «História Trágico-Marítima», colectânea de relatos compilada pelo erudito Bernardo Gomes de Brito. Nota final : a imagem que ilustra este texto não representa a nau «São Tomé», mas um navio do seu tipo e da sua época.

«NIOBE»

Este navio foi utilizado pela marinha de guerra alemã como escola de vela para instrução de cadetes. Construído em 1913, no estaleiro dinamarquês Frederikshavns Vaerf og Flydedok, este veleiro navegou, inicialmente e transportando carga geral, com o nome de «Morten Jensen». Hasteava, então, pavilhão da Dinamarca e usava as cores da companhia FL Knakkergaard, de Nykobing Mors. Foi vendido, em 1916, a um armador norueguês, que lhe deu novo nome : «Tyholm». Embora se desconheçam as circunstâncias e o lugar, sabe-se que este navio foi capturado, ainda em 1916, pelo submarino germânico «UB-41», rebocado para a Alemanha e vendido a um particular. Também se sabe, que, entre esse segundo ano de conflito generalizado e o início da década de 20, este veleiro mudou várias vezes de mãos e usou diferentes nomes («Aldebaran», «Niobe», «Schwalbe»), até que, em 1922, foi adquirido, como acima se referiu, pela armada alemã; que lhe devolveu um nome que já usara durante a sua vida civil. Transformado numa barca de 3 mastros, o «Niobe» (que tinha casco de aço e que fora primitivamente uma escuna) passou a deslocar 645 toneladas e a medir 57,80 metros de comprimento fora a fora por 9,17 metros de boca. O seu calado atingia 5,20 metros. Foi equipado com 1 motor diesel auxiliar, com uma potência de 160 shp. O seu sistema vélico compreendia 943 m2 de pano, o que lhe permitia alcançar uma velocidade de 7,5 nós. Este navio navegava com uma tripulação permanente de 34 homens (dos quais 7 eram oficiais) e podia acolher a bordo até 65 cadetes. Depois de 10 anos de bons e leais serviços, o «Niobe» foi surpreendido -no dia 26 de Julho de 1932- por uma repentina rajada de vento, que o afundou em poucos minutos. O desastre ocorreu no mar Báltico, ao largo da ilha (alemã) de Fehmarn. Como o tempo estava quente, todas as escotilhas e vigias do «Niobe» estavam escancaradas e grande parte dos ocupantes que se encontravam no bojo do navio (69 marinheiros e cadetes) morreram afogados. 40 dos homens do veleiro-escola sobreviveram ao naufrágio, tendo sido resgatados pelo mercante «Theresia LM Russ»; que os deixou em terra firme. O navio naufragado seria reemergido ainda nesse ano e rebocado para Kiel; de onde foram retirados os corpos das vítimas, para se lhes dar uma sepultura cristã. O casco do «Niobe» foi, depois levado para o alto mar, e afundado (no decorrer de uma cerimónia que contou com a presença das altas patentes da marinha de guerra alemã) pelo torpedeiro «Jaguar». Um monumento aos mortos deste navio-escola foi levantado perto de Gammendorf, na ilha de Fehmarn.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

«BAUDOINVILLE»

..... O «Baudoinville» (primeiro a usar este nome) era, aquando do seu lançamento à água em 1939, o maior de todos os navios a içar a bandeira da Bélgica. O seu baptismo teve lugar nas instalações do estaleiro que o construiu, o de John Cockerill, em Hoboken. A cerimónia desenrolou-se na presença do seu patrono -o príncipe herdeiro Balduíno- e de Leopoldo III, rei dos Belgas. Este elegante navio apresentava 13 517 toneladas de arqueação bruta e media 165,10 metros de comprimento por 20,60 metros de boca por 7,85 metros de calado. Pertenceu à frota da Compagnie Maritime Belge, que, nesse ano de 1939, era composta por 28 navios navegando (à partida de Antuérpia) nas rotas ligando a Europa à África e às Américas. Dotado de todos os requisitos de conforto da época, o «Baudoinville» estava equipado com 433 camarotes de 1ª e 2ª classes. Em 1940, quando o segundo conflito generalizado se alargou à Bélgica, e já depois de ter realizado várias viagens regulares ao Continente Negro (com passagem, refira-se, por portos de Angola), o navio foi atacado pela aviação germânica ao largo de Vlissingen, no estuário do rio Escalda. Na eventualidade da sua captura pelos invasores nazis, o comandante do navio recebeu ordens para rumar a França e procurar refúgio num porto do sudoeste desse país. Depois de uma breve estadia em La Pallice, o navio belga seguiu para Bordéus. Onde acabou por ser capturado pelas tropas hitlerianas em Junho de 1940. Transformado, num primeiro tempo, em navio-hospital, o paquete em apreço (entretanto renomeado «Lindau») foi transferido, em 1943, para Nantes (na Bretanha do sul), onde foi utilizado como quartel flutuante das tropas de ocupação. Ali, encalhado num braço do rio Loire ('Bras' de Permil), foi alvo de violenta explosão (por acção de minas antinavio) e ardeu durante dias. No imediato pós-guerra, a carcaça calcinada do malogrado navio foi rebocada para Antuérpia, onde foi julgada irrecuperável e enviada para a sucata. Os trabalhos de demolição do antiga paquete belga estavam consumados em Agosto de 1946.

«IBO»


Canhoneira portuguesa pertencente à classe 'Beira'; da qual foram realizadas 8 unidades. A «Ibo» foi lançada à água em 1911 pelo Arsenal de Lisboa (que a construiu) e oficialmente integrada nos efectivos da Armada a 15 de Fevereiro de 1913. Como todas as suas congéneres da referida classe a «Ibo» destinava-se a cumprir missões de soberania em águas do Ultramar. Com 492 toneladas de deslocamento, esta canhoneira media 44,80 metros de comprimento fora a fora por 8,30 metros de boca e por 2,10 metros de calado. Com uma guarnição inicial de 59 homens (4 oficiais, 6 sargentos e 49 praças), a «Ibo» estava equipada com 2 máquinas de tríplice expanção desenvolvendo 700 cv de potência global (acopladas a 2 eixos), que lhe permitiam navegar à velocidade máxima de 13 nós e de dispor de uma autonomia real de 3 200 milhas náuticas com andamento limitado a 9 nós. Do seu armamento constavam 2 peças de artilharia de 75 mm, 2 de 47 mm e 2 metralhadoras de 6,5 mm. Em 1914, cumpriu missões no golfo da Guiné e no arquipélago de Cabo Verde. A 4 de Dezembro de 1916, pôs em fuga -com a ajuda da canhoneira «Beira»- um submersível alemão que foi, detectado em frente do Porto Grande de São Vicente. Com o presumível intuito de destruir os cabos submarinos ali existentes. Em Abril de 1918 estava já nos Açores, onde se ilustrou resgatando 12 náufragos do caça-minas «Augusto de Castilho»; que, sob o comando do 1ª tenente Carvalho Araújo, enfrentara dias antes, num combate desigual (e fatal para o navio português), o submarino germânico «U-139». A canhoneira «Ibo» regressou a águas do continente no ano seguinte, tendo participado (em Dezembro de 1919) numa operação de intimidação (com disparos sobre o litoral de Vila Praia de Âncora) dirigida contra militantes da chamada Monarquia do Norte. Este pequeno navio da Armada Portuguesa também teve participação activa na Revolta da Madeira, ao dar apoio a uma operação de desembarque de tropas, ali ocorrida em 1931. Em 1943, o NRP «Ibo» sofreu trabalhos profundos, que o reconverteram em navio-hidrográfico. Desarmado, passou a ter uma tripulação de 38 homens e a dispor do equipamento científico necessário à sua nova missão. Nessa condição, operou ao longo de todo o litoral português ao serviço da Brigada Hidrográfica Independente, para a qual realizou trabalhos considerados de valor inestimável. Este navio foi riscado oficialmente da lista de unidades da Armada em 20 de Fevereiro de 1953 e foi posteriormente desmantelado.

domingo, 20 de dezembro de 2015

«TUDOR VLADIMIRESCU»

Embarcação fluvial romena, que é, ao que parece, a mais antiga do mundo em actividade. Baseando-se esse critério no facto de a dita usar, ainda hoje, as suas máquinas 'made in Swiss' de origem. O «Tudor Vladimirescu» foi construído no estaleiro Ganzdanubius, de Budapeste (Hungria), no ano de 1854. Num tempo anterior ao da fundação da Roménia moderna. Veio para este país em 1918, incluído num lote de material austro-húngaro entregue a título de indemnizações de guerra. O navio chamara-se, anteriormente, «Croatia» e servira de rebocador no apoio à navegação no Danúbio. O governo de Belgrado mandou transformar esta embarcação em transporte de passageiros (para navegar no troço fluvial entre Braila e Sulina) e deu-lhe o nome de «Sarmisegetuza». Em1923 passou a usar a denominação de «Grigori Manu». E, anos mais tarde, a de «Tudor Vladimirescu», que conservou até aos nossos dias. Sobreviveu à Segunda Guerra Mundial -que, no entanto, havia causado grandes danos no país- e, em 1958, foi completamente renovada, para poder operar enquanto unidade turística no delta do rio Danúbio. Durante a sua longa existência, esta singular embarcação recebeu a bordo algumas personagens históricas de primeiro plano, tais como o rei Carol II, o marechal Antonescu e Nikita Krustchev. Este agora paquete fluvial desloca 560 toneladas e mede 60,80 metros de comprimento por 14,40 metros de boca. As suas máquinas desenvolvem uma potência global de 600 hp e gastam 640 litros de carburante diesel por hora. O «Tudor Vladimirescu» dispõe de uma autonomia de 80 horas. Tem uma equipagem de 27 membros e capacidade para receber 450 passageiros. Para além dos turistas que transporta, esta antiquíssima embarcação também tem sido (mediante aluguer) palco de convenções, festas sociais e outros eventos. A administração postal romena prestou-lhe homenagem ao editar um selo representando esta venerável embarcação danubiana.

sábado, 19 de dezembro de 2015

«WESTERN WORLD»

Navio da armada federal que -durante a Guerra Civil americana- participou em inúmeras campanhas militares contra as forças secessionistas. O «Western World» foi construído, em 1856, por um estaleiro de Brooklyn (Nova Iorque) e iniciou a sua carreira como transporte civil de passageiros (entre as cidades de Buffalo e Detroit) por conta da Michigan Central Railroad Line. A 21 de Setembro de 1861, foi adquirido pela marinha de guerra da União, armado e intimado para, com outros vapores da sua categoria, se juntar à frota que bloqueava os portos sulistas. Eventualmente também transportou tropas para zonas de combate. O seu pequeno calado de embarcação lacustre-fluvial, tornava esta unidade num dos meios ideais para actuar em cursos de água de baixo débito e levar a destruição às plantações de algodão (primeira fonte de receita do Sul) e destruí-las com a ajuda de destacamentos de bordo especialmente treinados para o efeito.  Foi no decorrer de raides dessa natureza, que o «Western World» logrou aprisionar uma escuna de contrabandistas ingleses (a «Volante») e libertar mais de 400 escravos negros. Depois dessa série de operações no sul, o navio entrou num arsenal novaiorquino para ali sofrer reparações,  passando, depois disso, a operar nas costas da Virgínia e na baía de Chesapeake. Foi durante essa nova campanha que, em Abril de 1863, este navio ajudou a capturar vários navios do inimigo e/ou entregues à prática do contrabando com a Confederação. No seu historial consta, igualmente, o transporte (em várias viagens) de 300 soldados de cavalaria e de 150 marinheiros. No final do conflito, muito usado pela sua utilização permanente, o «Western World» ainda se viu implicado no apoio às tropas do Potomac, em operações que foram decisivas para a vitória do presidente Lincoln. Esta embarcação (que esteve armada com 3 peças de artilharia) foi desmobilizada no último ano de guerra e vendida em hasta pública e para demolição no dia 26 de Maio de 1865. Na sua versão civil, este vapor deslocava 441 toneladas e media 54 metros de longitude por 10,44 metros de boca. O seu calado era de 1,80 metro. Navegava à velocidade máxima de 7 nós. Curiosidade : a ilustração representa o «Western World» antes da sua conversão em navio de guerra.

«TRONDHJEMSFJORD»

Lançado à água no dia 21 de Dezembro de 1911, pelos estaleiros ingleses Northumberland Shipbuilding Cº, de Newcastle-upon-Tyne, este navio serviu durante três anos -com o nome de «Cotswold Range»- os interesses da companhia Neptune Steam Navigation, de Sunderland. Em Dezembro de 1914, mudou o nome para «Trondhjemsfjord», hasteou bandeira norueguesa e passou a integrar a frota da companhia Norwegian-America Line. Navegou -até meados de 1915- entre a Escandinávia e os 'states', com escala em portos britânicos. Este transatlântico apresentava uma arqueação bruta de 4 248 toneladas e media 120 metros de comprimento por 15 metros de boca. O seu calado era de 8 metros. No dia 28 de Julho do segundo ano da Grande Guerra, o «Trondhjemsfjord» navegava a noroeste das ilhas Shetland, quando foi avistado pelo submarino alemão «U-41» (colocado sob o comando do oficial Claus Hansen), que o torpedeou e afundou. A tripulação e os passageiros do navio agredido puderam sobreviver ao ataque, graças à pronta intervenção de um veleiro britânico de nome «Glance»; que, depois de os recolher, os foi desembarcar em terra firme. Curiosidades : 1) o submarino agressor, o «U-41», não se vangloriou durante muito tempo da sua 'façanha', visto ter sido ele próprio destruído -a 24 de Setembro do mesmo ano- por forças navais das nações aliadas. 2) A Noruega foi um país neutro durante o conflito que estalou em 1914 e se prolongou atá 1918. Facto que não a impediu, porém, de ver cerca de metade da sua frota mercante ser destruída por actos de guerra. Actos inamistosos e condenados pelas leis internacionais, que causaram a morte de perto de 2 000 oficiais e marinheiros civis noruegueses.

«MORNING LIGHT»

Este veleiro de bandeira britânica foi construído em 1856 nos estaleiros da sociedade William & Richard Wright, de Wilmot, na Nova Escócia (Canadá). Foi, primitivamente, propriedade de um consórcio formado por William e Richard Wright, Jacob V. Troop e William Thompson, que o registou em Saint John (New Brunswick) e o utilizou no frutuoso negócio entre a América do norte e a Europa. O «Morning Light» era um elegante navio com casco de madeira e 3 mastros aparelhados em galera. Deslocava 2 377 toneladas e media 80,90 metros de comprimento por 13,40 metros de boca. o seu calado atingia os 6,40 metros. O seu registo passou, em 1867 para a capitania do porto de Liverpool. Depois de uma carreira praticamente sem história em mãos britânicas, este navio foi vendido em 1881 para a Alemanha, passando a usar -com o novo nome de «JW Wendt»- as cores do armador Jacob Fritz, de Bremen. No dia 21 de Fevereiro de 1889, este veleiro zarpou de Bremen para Nova Iorque com um carregamento de ferro e de petróleo e desapareceu em parte incerta. Foi encontrado, um mês mais tarde, varado numa praia situada a 3 milhas ao norte de Barnegat, na Nova Jérsia, para onde fora atirado por violento vendaval; que o destruiu. As fontes consultadas (que são parcas em quantidade e informação) nada dizem sobre o destino da sua tripulação.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

«K21»

Este submarino da Segunda Guerra Mundial foi uma das 11 unidades da classe 'K' terminadas, num total das 60 programadas para apetrechar a armada soviética. O «K21» foi construído no arsenal de Leninegrado, que o lançou à água no dia 16 de Agosto de 1939.  O «K21» deslocava 2 600 toneladas em imersão e media 97,65 metros de longitude por 7,40 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas diesel (8 400 hp) e por 1 motor eléctrico (2 400 hp), que lhe imprimiam a velocidade de 22,5 nós à superfície e 10 nós em imersão. O seu raio de acção era de 14 000 milhas náuticas com andamento limitado a 11 nós. Com uma guarnição composta por 67 homens (dos quais 10 eram oficiais), este submarino estava armado com 10 tubos lança-torpedos, com 2 canhões de convés de 100 mm e com 2 peças de 45 mm. Podia carregar e largar 20 minas antinavio. O «k21» pertenceu à Frota do Norte e foi o único dos submersíveis da sua classe a sobreviver ao último conflito generalizado. Desempenhou operações de relevo durante a guerra, entre as quais constam o afundamento de vários navios de bandeira alemã e norueguesa. Sendo que estes últimos tinham a sua actividade controlada pela forças de ocupação nazi. Há que assinalar, ainda, no seu historial, uma tentativa (gorada) de torpedeamento do couraçado «Tirpitz»; quando este gigante dos mares tentou interceptar -a 5 de Julho de 1942- os navios aliados do comboio PQ 17, que rumava a Murmansk. Disse-se, igualmente, deste submarino, que foi (em 1948) o primeiro navio de guerra soviético a aproximar-se do litoral norte-americano numa missão de espionagem. Em 1982, o «K21» -que, entretanto, havia terminado a sua carreira operacional- foi transformado em museu e exposto na Praça Severomorsk, da cidade portuária de Murmansk (noroeste da Rússia). Onde ainda se encontra.

sábado, 12 de dezembro de 2015

«B-11»

Submarino britânico da Grande Guerra. Foi o derradeiro exemplar construído da classe 'B', à qual pertencia. Realizado nos estaleiros Vickers, de Barrow (G.B.), foi lançado à água no dia 24 de Fevereiro de 1906. Deslocava (em imersão) 313 toneladas e media 43 metros de comprimento por 4,11 metros de boca por 3,70 metros de altura. A sua propulsão era assegurada por 1 motor a gasolina (acoplado a 1 hélice), que lhe imprimia uma velocidade de 13 nós, quando navegava à superfície, e de 8 nós, em configuração de mergulho. O seu raio de acção era de 740 milhas náuticas. Estava armado com 2 tubos lança-torpedos de 460 mm. A sua guarnição era constituída por 14 homens, dois dos quais eram oficiais. Depois de uns 6 anos a operar em águas do Atlântico e mares adjacentes, o «B-11» foi transferido, em 1912, para o Mediterrâneo, ficando com base na ilha de Malta. Com o desencadeamento do primeiro conflito generalizado, este submersível foi destacado para a zona de guerra dos Dardanelos, em Setembro de 1914. E, no dia 13 de Dezembro desse primeiro ano de combates, o «B-11» e a sua equipagem cometeram a proeza que ditou a sua celebridade. Depois de ter transposto uma área fortemente minada, este submariNo da 'Royal Navy' aproximou-se do couraçado turco «Messudieb» e afundou-o com a ajuda dos seus torpedos; retirando, depois, pelo mesmo perigoso caminho. Este acto de grande risco, a requerer uma coragem a toda a prova, valeu a 'Victoria Cross' ao tenente Norman Holbrook (o primeiro comandante de submarinos a merecer essa honraria) e a Mdalha dos Serviços Distintos a todos os outros membros da guarnição. Assim como, posteriormente, um prémio pecuniário. Em homenagem a esse feito, a cidade australiana de Germanton (na Nova Gales do Sul) passou a chamar-se Holbrook. Já no final do conflito e devido à sua vetustez, o HMS «B-11» foi convertido (após profundos trabalhos) em unidade de superfície. E, em 1919, foi enviado para Itália, onde um estaleiro especializado o desmantelou.

sábado, 5 de dezembro de 2015

«SKIBLADNER»

Vapor de rodas laterais de paletas, que opera nas águas do lago Mjosa, na Noruega. Foi construído pelos estaleiros de Motala e lançado em 1856; ano em que efectuou a sua viagem inaugural. O que faz, muito provavelmente, desta embarcação a mais antiga do seu tipo no activo. O seu armador actual é a companhia A/S Oplandske Dampskipsselskap, que o utiliza -somente na estação estival- em passeios turísticos e como plataforma de eventos culturais. O «Skibladner» apresenta 206 toneladas de arqueação bruta e mede 50,10 metros de longitude por 5 metros de boca (até às caixas onde se movimentam as rodas) por 2,50 metros de calado. Está equipado com 1 máquina  vapor de tripla expansão, que lhe imprime uma velocidade de cruzeiro de 12 nós. Tem uma equipagem de 16 marinheiros e técnicos e pode acolher 230 passageiros. O seu nome faz referência a um navio da mitologia escandinava. No historial do «Skibladner» há que referenciar dois afundamentos durante as suas imobilizações invernais : uma em 1937 e outra em 1967. Que implicaram, naturalmente, operações de recuperação do vapor em apreço. O «Skibladner» é Património Cultural da Noruega desde 2005.

«ROBERT FULTON»

Vapor fluvial de bandeira norte-americana, que operou exclusivamente no rio Hudson, fazendo carreiras regulares entre Albany e Nova Iorque. Pertenceu à companhia Hudson River Day Line Steamer, que o mandou construir no estaleiro da firma New York Shipbuilding Cº, de Camden, na Nova Jérsia. Estaleiro que o lançou à água no dia 20 de Março de 1909. Na supracitada linha, o «Robert Fulton» substituiu o vapor «New York» (que ardera acidentalmente em 1908), do qual recuperou máquinas, caldeiras e outro equipamento. Com casco de aço e deslocando 2 168 toneladas, esta embarcação media 106 metros de comprimento por 23 metros de boca. Era perfeitamente identificável graças à sua silhueta imponente, da qual sobressaiam 3 chaminés alinhadas transversalmente, e pela sua cor branca resplandecente. Tinha capacidade para assegurar o transporte de 4 000 passageiros; que se alojavam em cabines colectivas ricamente decoradas. As suas rodas laterais eram accionadas por máquinas que, inicialmente, eram alimentadas a carvão e, anos mais tarde, a gasóleo. Este vapor foi uma das vedetas da grande parada naval organizada no rio Hudson em 1909, para comemorar mais um século sobre os trabalhos do seu patrono, o insigne inventor Robert Fulton. Desfile que reuniu mais de 750 embarcações de todos os tipos e dimensões. A viagem final deste transporte de passageiros ocorreu a 13 de Setembro de 1948. O «Robert Fulton» acabou os seus dias nas Baamas, na Great Abaco Island, onde serviu de quartel e de centro comercial e de negócios flutuante. Foi desmantelado em 1966, quase 60 anos após a sua construção.

«HERZOGIN SOPHIE CHARLOTTE»

Inicialmente denominado «Albert Rickmers», este navio foi construído (em 1894) nos estaleiros da famosa companhia Rickmers, situados em Geestemund, na Alemanha. E funcionou, simultaneamente, como cargueiro e unidade de formação de cadetes (da marinha mercante) para a respectiva frota. Era um veleiro (barca) com casco de aço e equipado com 4 mastros, que podiam arvorar até 2 935 m2 de pano. A sua primeira viagem levou-o ao Japão, de onde trouxe um carregamento de arroz, destinado às moagens Rickmers. Depois dessa viagem ao país do Sol Nascente, efectuou outras ao Extremo Oriente com o mesmo fim. Em 1899, este navio foi cedido à Reederei Norddeutscher Lloyd, que continuou a utilizá-lo como navio-escola. Tendo, para o efeito, procedido a modificações estruturais que permitiram ao navio em apreço receber 60 cadetes, futuros oficiais da sua frota. Por essa altura, o veleiro recebeu o novo nome de «Herzogin Sophie Charlotte» ('Duquesa Sofia Carlota', membro da família imperial) e navegou em todos os mares do mundo. Em 1913, este navio foi parar às mãos da companhia de navegação Schluter und Maack, que a colocou no negócio do guano e nas rotas do Chile. Tendo sido surpreendido, nesse país da América do Sul, pela eclosão do primeiro conflito mundial, a barca acabou por ser arrestada pelas autoridades locais; que a entregaram, em 1921, à Inglaterra, a título de indemnizações de guerra devidas pela Alemanha. Este veleiro -com 2 377 toneladas de arqueação bruta e com 82,30 metros de comprimento por 13,17 metros de boca- passou, depois disso, por vária mãos : Matson Lines, Germanischer Lloyd (que lhe atribuiu o nome de «Gjertrud») e Sarpsborg, este um armador norueguês. Até que, em 1927, o navio foi encaminhado para Geestemunde, onde foi desmantelado.

«AMBACA»

Este paquete da ENN - Empresa Nacional de Navegação (antiga Mala Real Portuguesa) foi construído pelos estaleiros da empresa Earle's Shipbuilding and Engineering, de Kingston-upon-Hull, no Reino Unido. Que o lançaram à água em 1889. Era um navio com 2868 toneladas de arqueação bruta, que media 103,40 de comprimento por 12 metros de boca por 5,70 metros de pontal. Estava equipado com 1 máquina a vapor (acoplada a 1 hélice) desenvolvendo uma potência de 447 nhp; força que lhe concedia uma velocidade de cruzeiro de 13 milhas náuticas por hora. O «Ambaca» foi (tal como o seu gémeo «Cazengo») um dos primeiros paquetes portugueses a beneficiar de luz eléctrica a bordo. Estava registado na capitania do porto de Lisboa e tinha condições para receber uns 200 passageiros e importante carga geral. A sua tripulação era, geralmente, constituída por 64 membros. Navegou muito especialmente nas linhas de África e há notícias de (pelo menos por duas vezes) ter transportado, para Angola, tropas do Corpo Expedicionário Português. Naufragou a 23 de Dezembro de 1917 -estava-se, então, em plena Grande Guerra- a pouca distância do cabo Torinhana, em águas territoriais espanholas. O navio, que viajava da capital portuguesa para Bordéus, terá sido afundado -na versão do seu capitão- por um torpedo disparado por um submarino alemão. Já -na opinião de terceiros- a sua perda terá ocorrido por se ter despedaçado contra os rochedos do litoral galego. No desastre, houve 57 sobreviventes e 7 desaparecidos. Curiosidade : o nome deste paquete foi-lhe dado em homenagem a um município de Angola (Quanza Norte), fundado por colonos portugueses em 1611.