sexta-feira, 30 de outubro de 2015

«PETER POMEGRANATE»

Navio de guerra inglês do século XVI.  Pertenceu à armada dos Tudores e foi realizado em 1510 nos estaleiros de Portsmouth. Deslocava, aquando da sua construção, 450 toneladas, não sendo, no entanto, conhecidas referências sobre as suas reais dimensões, nomeadamente sobre o seu comprimento e boca. Pensa-se, hoje, que o seu nome encerre uma alusão a S. Pedro (tomado como santo protector do navio) e à romã, elemento principal do brasão de armas da rainha Catarina de Aragão; que foi a primeira das muitas mulheres de Henrique VIII. Em 1536,  o «Peter Pomegranate» entrou no estaleiro para ser restaurado e ampliado, passando a deslocar, desde então, 600 toneladas. O seu nome foi, pela mesma ocasião, reduzido para «Peter», pelo facto de, entretanto, se ter procedido à anulação do matrimónio do supracitado rei Henrique com a princesa espanhola. Da sua guarnição passaram a fazer parte 185 marinheiros (incluindo o respectivo corpo de oficiais), 185 soldados e 30 artilheiros, num total de 400 homens. Do seu armamento faziam parte canhões (de bronze e de ferro) de diferentes calibres. E -de acordo com um inventário da época- também 259 arcos de teixo, 160 alabardas e 160 lanças 'mouras'. Este histórico navio participou na batalha de St. Mathieu (contra os franceses) e no bombardeio naval de Pinkie (durante a campanha contra os escoceses). Desconhece-se o destino deste navio. As últimas noticias sobre a sua existência datam de 1558. Curiosidade : a ilustração do «Peter Pomegranate» aqui apresentada é a que consta no 'Anthony Roll', um registo marítimo inglês do tempo da dinastia Tudor.

«LA UNIÓN»

...... O «La Unión» é o novo navio-escola da armada peruana. Trata-se de um magnífico veleiro de 4 mastros, envergando pano redondo (essencialmente), que foi concebido por engenheiros nacionais e inteiramente construído nos estaleiros da SIMA (Servicios Industriales de la Marina) de Callao. Lançado à água no dia 22 de Dezembro de 2014, este navio encontra-se ainda na fase de testes. Desloca 3 200 toneladas e mede 115,50 metros de comprimento por 13,50 metros de boca. O seu calado é de 6,50 metros. A sua guarnição compreende 25 oficiais e 86 membros de equipagem de categoria subalterna; podendo o navio, na sua fase operacional, receber e dar instrução a 134 cadetes. O «La Unión» dispõe de 1 motor auxiliar (como manda a lei) e pode navegar à velocidade máxima de 12 nós. Este bonito veleiro é, actualmente, o maior do seu tipo existente em toda a América latina. Para além da actividade académica que irá desenvolver, este navio também se consagrará à investigação científica, à acção humanitária e agirá (tal como os seus congéneres) como um embaixador itinerante do seu país. No seu bojo, o «La Unión» conterá uma biblioteca, um auditório, uma plataforma informática e, naturalmente, várias salas de aulas, onde os aspirantes a oficial receberão lições de navegação astronómica, de meteorologia, de oceanografia, de hidrografia, de guerra naval e serão, obviamente, iniciados na ancestral arte de navegar à vela.

«MÉNDEZ NUÑEZ»


Moderna fragata espanhola pertencente à classe de navios 'Álvaro de Bazán'. Construído no Ferrol (Galiza) pelos estaleiros Izar/Navantia, este navio (o F-104) está no activo da armada dos nossos vizinhos desde 2002. O seu nome constitui uma homenagem a um brilhante almirante espanhol do século XIX. A «Méndez Nuñez» desloca 5 800 toneladas e apresenta as dimensões seguintes : 146,72 metros de comprimento; 18,60 metros de boca; 4,75 metros de calado. A sua potência (turbinas a gás, 46 648 cv e máquinas diesel, 12 000 cv) conferem-lhe uma velocidade máxima de 28,5 nós e uma autonomia de 5 000 km, com andamento reduzido a 18 nós. Este navio tem uma guarnição de 216 membros. Esta fragata está armada com 1 canhão de 5 polegadas, capaz de disparar 20 projécteis por minuto a uma distância de 23 km, com 2 lança-mísseis quádruplos antinavios 'Harpoon', com 2 tubos lança-torpedos, um 1 lança-mísseis vertical Mk-41, com 1 helicóptero 'Seahawk' equipado para o combate a submarinos e unidades de superfície. Dispõe de moderníssimos sistemas de navegação, de detecção e de guerra electrónica e foi (com as outras unidades da sua classe) o primeiro navio de guerra europeu a beneficiar do sistema de combate norte-americano 'Aegis', que é, provavelmente, o mais avançado do mundo. O seu casco foi construído com aços de alta resistência, de modo a poder resistir a impactos balísticos de grande intensidade destrutora. O «Méndez Núñez» participou em vários exercícios e manobras da NATO (nomeadamente em águas territoriais portuguesas) e esteve empenhado -no oceano Índico- em missões contra a pirataria. Assim como em missões de carácter humanitário, como o salvamento, no mar Mediterrâneo, de refugiados e, noutras águas, de náufragos. Este navio tem a sua base no Ferrol. Curiosidade : as outras unidades da classe 'Álvaro de Bazán' são as fragatas «Álvaro de Bazán», «Almirante Juan de Borbón», «Blas de Lezo» e Cristóbal Colón».

«ADVICE»

Navio da marinha real inglesa de 4ª categoria (40 canhões), construído em 1650 nos estaleiros de Woodbridge (Suffolk), sob a orientação do reputado mestre carpinteiro Peter Pett, segundo do nome. O «Advice» (a não confundir com outros navios homónimos que serviram na 'Royal Navy') era uma fragata de 560 toneladas, medindo 36 metros de longitude por 9,90 metros de boca. O seu calado cotava 3,70 metros. Em 1677, foi aumentado o seu potencial de fogo, com a adjunção de mais outras 8 peças de artilharia. Depois de ter cumprido satisfatoriamente todas as missões próprias a um navio de guerra britânico do tempo, o «Advice» regressou -em 1698- ao estaleiro naval que o construíra, para se submeter a grandes trabalhos de restauro, que lhe conferiram, entre outros melhoramentos, uma potência de fogo acrescida, passando o seu arsenal a contar com 54 canhões. No dia 27 de Junho de 1711, já com a respeitável idade de 61 anos de idade e de actividade, esta fragata -que procedia a trabalhos de carenagem em Yarmouth Roads- foi atacada por cinco navios corsários franceses, que lhe causaram danos de monta e que mataram 2/3 da sua guarnição. O seu próprio capitão, lorde Duffus, foi gravemente ferido e não encontrou outra alternativa que não fosse a da rendição. A fragata inglesa foi levada como troféu para Dunkerque, do outro lado do mar do norte, onde se perdeu o seu rasto.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

«KREPOST»

Navio russo, pertencente à esquadra de Azov, constituída durante o reinado de Pedro, o Grande por Fiodor Alexeievich Golovin, um militar e político da máxima confiança do czar. O desenho deste navio foi inspirado no de uma embarcação mediterrânica de origem turca e teve vida operacional entre os anos 1699 e 1709.  O «Krepost» (cujo nome significa 'fortaleza', na nossa língua) era um veleiro de 3 mastros (envergando, essencialmente, pano redondo), que media 37,80 metros de longitude por 7,30 metros de boca. O seu calado era de 4 metros. Tinha uma guarnição de 110 homens, oficiais e marinheiros, e esteve armado inicialmente com 46 canhões e, numa segunda fase, com 52 bocas de fogo. Foi construído num estaleiro naval de Panchin sobre o Don. O «Krepost» (que fez parte de uma classe de navios, da qual foram realizadas 10 unidades) participou em várias missões (nomeadamente militares) no tempo do conflito de fronteiras entre a Rússia e o império otomano. Esteve estacionado em Constantinopla durante 1 ano inteiro, enquanto duraram, nessa cidade (hoje chamada Istambul), as negociações entre as duas partes envolvidas no diferendo. Desconhecem-se as circunstâncias que presidiram à sua retirada do serviço (em 1709) e qual foi o seu destino, depois de ter deixado o activo.

«SOLEIL D'ORIENT»

...... Navio mercante -mas armado com 60 canhões- que pertenceu à Companhia (francesa) da Índias Orientais. Não encontrámos referências sobre as suas dimensões. Sabe-se, no entanto, que era um navio de 1 000 tonéis e que tinha uma guarnição permanente de 300 homens. Foi construído no estaleiro naval de Lorient e foi lançado ao mar em 1671. Foi o primeiro de uma série de grandes navios ali realizados, num tempo em que a cidade de Lorient ainda não existia. E diz-se qua esse futuro porto francês da costa atlântica foi baptizado em recordação deste navio; que era, ao tempo, o maior de todos os que hasteavam a bandeira do Rei-Sol.  A obra parece não ter saído perfeita e o «Soleil d'Orient» teve vários problemas de navigabilidade. Mas, e apesar disso, este navio realizou cinco viagens às Índias, de onde trouxe mercadorias preciosas, que o navio descarregava no porto de La Rochelle. Foi a última dessas viagens que lhe granjeou alguma fama. Trágica nomeada ! A 6 de Setembro de 1681, este soberbo navio zarpou de Bantan com uma embaixada (constituída por 20 personagens ilustres) enviada pelo rei de Sião à corte de França. Nação europeia com a qual o monarca oriental desejava estabelecer um tratado de paz e de cooperação. A par dos embaixadores, o navio em apreço transportava mercadorias diversas e negociáveis e um tesouro (avaliado em 800 000 libras), presente do rei do Sião a Luis XIV. O «Soleil d'Orient» -provavelmente em mau estado e em sobrecarga- afrontou uma série de tempestades, mas conseguiu atingir a ilha de Bourbon (hoje chamada da Reunião), onde fez aguada e procedeu a pequenas reparações. Depois disso (Outubro/Novembro de 1681), nunca mais foi visto, presumindo-se que tenha naufragado no oceano Índico, quando navegava na rota do cabo da Boa Esperança.

«RAJULA»

Paquete inglês do armador British India Steam Navigation Company. Foi registado no porto de Londres e destinado à linha do Oriente, via Mediterrâneo e canal de Suez. Construído na Escócia, em Glásgua, pelos estaleiros Barclay Curle & Company -que o lançaram ao mar em 22 de Setembro de 1926- este excelente navio apresentava uma arqueação bruta de 8 496 toneladas e media 145,40 metros de longitude por 18,90 metros de boca. O seu calado era de 8 metros. Movia-se graças a 2 máquinas a vapor desenvolvendo uma potência global de 5 200 ihp, força que lhe facultava uma velocidade de cruzeiro de 13 nós. Devido às normas de segurança menos rígidas (ou mais fáceis de violar) aplicadas no Oriente, o «Rajula» chegou a transportar cerca de 5 000 passageiros (por viagem) entre os portos da Índia e da Malásia; com muita gente 'empilhada' nos seus porões, obviamente. Quando rebentou a Segunda Guerra Mundial, este paquete foi requisitado pela 'navy' e passou a funcionar como navio tropeiro. O «Rajula» foi um dos transportes que levou para Singapura um reforço de tropas indianas; força que não conseguiu resistir aos ataques inimigos e que -com o resto da guarnição britânica- acabou por entregar essa praça aos japoneses no dia 15 de Fevereiro de 1942. Também levou tropas australianas para a Nova Guiné e, em 1943, transportou uma força dos Aliados que desembarcou em Ânzio, aquando da invasão de Itália. Depois do conflito, este navio foi readaptado à vida civil e voltou ao seu serviço normal, entre a Europa e a Ásia. Em 1962, sofreu grandes trabalhos de modernização, que foram efectuados nos estaleiros Mitsubishi, de Kobé. Do seu historial consta uma viagem atormentada que fez -em 1966- entre os portos indianos de Nagapatam e de Madrasta, durante a qual o navio afrontou um devastador furacão, mas ao qual o «Rajula» resistiu e saiu ileso. Em meados de Abril de 1973 passou a usar as cores da companhia P & O.. Durante muito pouco tempo, já que, no ano seguinte e após 48 anos de serviço, foi despojado do seu recheio, antes de tomar o caminho (com o nome de «Rangat») de um estaleiro de Bombaim, onde foi desmantelado em 1974.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

«A. J. FULLER»

Este navio -com casco em madeira, 3 mastros e 3 'decks'- foi construído pelo estaleiro de John McDonald, de Bath (Maine, EUA) e lançado à água no mês de Maio de 1881. O seu primeiro proprietário foi a Flint & Company, de Nova Iorque, que o encomendou para o colocar no comércio com a costa do Pacífico; cuja rota se fazia, então, obrigatoriamente, pelo cabo Horn. Com as suas 1 849 toneladas de arqueação bruta, o «A. J. Fuller» apresentava as seguintes dimensões : 70 metros de comprimento fora a fora por 12,60 metros de boca e por 5,40 metros de calado. Depois de 8 anos de navegação sem histórias dignas de menção, este navio foi vendido a uma empresa de São Francisco, a Califórnia Shipping & Cº e passou a activar-se no negócio das madeiras entre a Cidade da Porta Dourada e a costa norte da Austrália. País para onde levava materiais de construção e de onde trazia carvão. Em 1909, passou a fazer parte da frota da Northwest Fisheries Company of Seattle, que o utilizou no negócio que estabelecera com a região de Puget Sound (Alasca), transportando víveres e outros produtos para as comunidades pesqueiras dessa zona e trazendo, para Seattle, conservas de salmão produzidas naquele território recentemente comprado pelo governo estadunidense à Rússia czarista.  Em 20 de Outubro de 1918, estava este veleiro fundeado em Elliott Bay (fora do porto de Seattle), quando -devido à neblina- foi violentamente abalroado pelo vapor japonês «México Maru». O veleiro americano afundou-se rapidamente, mas os dois membros da sua tripulação que se encontravam a bordo puderam salvar-se num bote. Alguns meses após o naufrágio, um mergulhador local explorou a carcaça do «A. J. Fuller» e pôde recuperar alguns objectos do navio; confirmando, por outro lado, a impossibilidade de o reemergir. A companhia do navio abalroador -a Osaka Shosen Kabushiki Kaisha Line- foi condenada por um tribunal marítimo a indemnizar o armador do veleiro (que, no momento do desastre, estava carregado com enlatados e salmão, cujo valor ascendia a meio milhão de dólares), vertendo-lhe uma soma de 850 000 dólares.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

«RIO LIMA»

Lugre bacalhoeiro de bandeira verde-rubra construído, em 1919/1920 (foi lançado à água no dia 22 de Janeiro desse último ano), nos estaleiros do Campo da Feira, em Viana do Castelo, e pertença, ao tempo, da Parceria de Pescarias de Viana. Os trabalhos de realização deste veleiro decorreram sob a supervisão do mestre carpinteiro José Lopes Pereira Maiato. O «Rio Lima» era um navio com casco em madeira, de 3 mastros, que apresentava uma arqueação bruta de 317,33 toneladas. O seu comprimento (entre perpendiculares) era de 48 metros, a boca media 9,80 metros e o pontal 4,47 metros. Só em 1934 foi equipado com 1 máquina. A equipagem deste bacalhoeiro -destinado à pesca longínqua- era, geralmente constituída por 41 homens, incluindo marinheiros e os pescadores dos dóris. Durante a sua vida activa, o «Rio Lima» teve vários capitães, sendo o primeiro de todos eles José Francisco Carrapichano; que o comandou de 1920 a 1922. Este navio cumpriu a sua missão de pesqueiro nos mares da Terra Nova até ao dia 6 de Maio de 1951, data em que naufragou, com água aberta, nos Grandes Bancos canadianos. Não há notícias de ter havido vítimas entre os seus tripulantes. Na altura da sua perda, o navio já navegava com as cores da Empresa de Pesca de Viana.  Que, na lista dos seus armadores, sucedeu à Companhia Marítima de Transportes e Pescas, Lda., também ela sedeada na bonita cidade da foz do Lima.