domingo, 17 de setembro de 2017

«CHAMPLAIN»

Paquete francês pertencente à frota da prestigiosa armadora C.G.T. - Compagnie Générale Transatlantique, com base operacional no porto do Havre. Foi construído nos Ateliers et Chantiers de Saint Nazaire, que o lançaram à água em 15 de Junho de 1931. A sua viagem inaugural processou-se um ano mais tarde entre o Havre e Nova Iorque; linha regular que assegurou -com outros navios da mesma empresa de navegação (a famosa e respeitada French Lines) até Junho de 1940. Este paquete apresentava uma arqueação bruta de 28 124 toneladas e media 195,38 metros de comprimento por 25 metros de boca. As suas máquinas (2 grupos de turbinas a engrenagem de redução simples) desenvolviam uma potência de 25 500 ch, o que permitia ao navio avançar à velocidade de cruzeiro de 20 nós. O «Champlain», que recebeu o nome de um dos 'pais' do Canadá francês, era um paquete de classe única, que granjeou sucesso junto de uma clientela menos afortunada do que os passageiros de 1ª classe de outros 'liners' a operar na mesma carreira Europa-América do norte. Mas que beneficiavam, no entanto, de serviços de grande qualidade. Qualidade estendida, naturalmente, aos usuários de cruzeiros que, de tempos a tempos, ocupavam este navio. O «Champlain» podia receber a bordo 1 050 passageiros em cabines confortáveis. Apesar do estado de guerra, já estabelecido em 1940, entre a França e a Alemanha, este navio continuou as suas travessias transatlânticas, até que -em finais da primeira quinzena desse ano e à sua chegada a La Pallice- chocou com uma mina magnética largada pela aviação nazi. No choque com esse engenho explosivo, perderam a vida 11 membros da equipagem do paquete. Dias mais tarde -a 17 de Junho de 1940- um submarino germânico aproximou-se do navio ferido e disparou contra ele vários torpedos que o afundaram. Todos os passageiros, que já haviam sido postos a salvo, sobreviveram. Curiosidade : um mês antes do fim inglório do «Champlain», o grande escritor Vladimir Nabokov (o inesquecível autor de «Lolita») e a sua família viajaram para Nova Iorque neste navio.

«FÜRST BISMARCK»

Cruzador-couraçado da marinha imperial alemã. Foi construído no Kaiserliche Werft, de Kiel, que o lançou à água no dia 27 de Setembro de 1897. A não confundir com outros navios germânicos que usaram o mesmo nome. o «Fürst Bismarck» deslocava 11 461 toneladas (em plena carga) e media 127 metros de comprimento por 20,40 metros de boca por 7,80 metros de calado. O seu sistema propulsivo (máquinas a vapor de tripla expansão acopladas a 3 hélices) potenciavam 13 500 hp, força que permitia a este navio dispor de uma velocidade máxima de 18,7 nós e de um raio de acção (com andamento controlado) de 4 560 milhas náuticas. Este cruzador estava razoavelmente blindado (20 cm na cinta e torres de artilharia) e poderosamente armado com 4 canhões de 240 mm, 12 de 150 mm, 10 de 88 mm e com 6 tubos lança-torpedos de 450 mm. Da sua guarnição faziam parte 585 sargentos e praças e 36 oficiais. Foi inicialmente chamado «Ersatz Leipzig», mas rapidamente mudou de nome. Destinava-se a operar no ultramar, mais precisamente a assegurar a defesa dos territórios alemães da Ásia-Pacífico. Esteve nessa região do mundo entre 1900 e 1909, onde, na China, fez parte do contingente militar alemão que participou na guerra dos Boxers. De regresso a Kiel, em Junho desse mesmo ano de 1909, entrou na doca seca do respectivo arsenal, para sofrer trabalhos de modernização. Obras que foram dadas como concluídas em 1914, pouco tempo antes de ter rebentado a Grande Guerra. Mas, tecnologicamente ultrapassado, o «Fürst Bismarck» foi impedido de integrar a linha da frente, passando a cumprir missões secundárias, tais como a defesa costeira, a instrução de marinheiros e a servir como navio-quartel de marinheiros. Depois da derrota da Alemanha e da assinatura do Armistício, este cruzador-blindado de finais do século XIX, foi dado como desnecessário e mandado para a sucata. Foi desmantelado em 1919.

«ÉLÉPHANT»

Vaso de guerra setecentista da marinha de guerra de Luís XV, rei de França. Foi um dos vários navios de combate (estava armado com 64 canhões) de bandeira tricolor desenhado por  Blaise Coulomb, membro de uma reputada família de arquitectos navais. Foi construído no arsenal de Toulon (porto do Mediterrâneo), que o lançou ao mar em 1720. o «Éléphant» deslocava 1 500 toneladas e media 55,10 metros de comprimento por 14,10 metros de boca. O seu calado cotava 6,80 metros. Tinha uma guarnição (composta por marinheiro e soldados) que ascendia a 640 homens. Serviu, durante 9 anos, na marinha real gaulesa, sem que algum facto assinalável o fizesse entrar na História naval. Realizou algumas travessias transatlânticas (pelo menos duas) com destino à Nova França, quer dizer ao Canadá colonizado por Paris. No decorrer da última dessas viagens, naufragou, após encalhe -ocorrido a 1 de Setembro de 1729- junto a Isle-aux-Grues (pequeno arquipélago do rio São Lourenço), quando já entrara na fase final de uma viagem que havia começado em La Rochelle e tinha como destino a cidade de Quebeque. A bordo seguiam figuras gradas da época, como, por exemplo, monsenhor Dosquet (4º bispo de Quebeque), o intendente Gilles Hocquart e um oficial da armada de apelido Rigaud de Vaudreuil, capitão do navio e filho primogénito de um antigo governador da colónia. Não houve vítimas a lamentar entre as pessoas que viajavam a bordo do «Éléphant».

sábado, 16 de setembro de 2017

«GENERAL SLOCUM»

Vapor de rodas laterais, que hasteou bandeira dos Estados Unidos. Foi realizado em 1891 nos estaleiros da firma Devine Burtis Jr., de Brooklyn, Nova Iorque, por encomenda da casa armadora Knickerbocker Steamship Cº, que explorava linhas de transporte de passageiros nos rios East River e Hudson. O «General Slocum» tinha uma arqueação bruta de 1 284 toneladas e media 72 metros de comprimento por 11,40 metros de boca. O seu calado não ultrapassava os 3,70 metros. Construído em madeira (casco e super-estruturas), movia-se graças a 1 máquina a vapor, equipada com 2 caldeiras, cuja força lhe proporcionava uma velocidade máxima de 16 nós. A sua equipagem era composta por 22 homens, incluindo o capitão. A sua carreira desenrolou-se sem história até ao dia 15 de Junho de 1904, data em que se incendiou -no East River- e se afundou com (segundo as fontes mais credíveis) 1 342 pessoas a bordo. A tragédia -que provocou a morte de mais de 1 000 desses passageiros e tripulantes- vitimou muitas mulheres e crianças ligadas à Igreja Evangélica e, na sua maioria, habitando o bairro de Little Germany, em Manhattan. Comunidade que, anualmente, participava numa excursão fluvial organizada pela igreja de São Marcos. Presume-se que a catástrofe (a mais dramática da História da cidade de Nova Iorque até ao 11 de Setembro de 2001) foi provocada por uma beata cigarro ainda acesa, displicentemente atirada ao chão por um dos viajantes dos conveses de proa. A falta de equipamentos de segurança a bordo (salva-vidas, bóias, mangueiras, bombas, baldes de areia, etc.) também muito contribuiu para que o naufrágio do «General Slocum» (nome de um oficial nortista da Guerra de Secessão) tivesse a dimensão que se conhece. A carcaça da embarcação ainda foi reemergida e transformada num batelão ao qual foi dado o nome de «Maryland». Até que foi desmantelada.

«SANGAMON»

Porta-aviões de escolta pertencente à armada dos Estados Unidos da América. Usou o indicativo de amura CVE-26. Deu o seu nome a uma classe de navios, que também compreendeu o «Sawannee», o «Chenando» e o «Santee»; todos eles realizados a partir dos cascos de outros tantos petroleiros do tipo T3, cujos projectos foram abandonados devido às ameaças de guerra e à necessidade urgente de dotar a marinha militar dos 'states' com novos porta-aviões ligeiros. O navio que resultou neste porta-aeronaves deveria chamar-se ««Esso Trenton». A realização do «Sangamon» ficou a cargo dos estaleiros da empresa Federal Shipbuilding and Dry Dock Company (de Kearny, Nova Jérsia»), que o lançaram à água no dia 4 de Novembro de 1939. Mas só integrou oficialmente os efectivos da armada estadunidense no ano seguinte. Era um navio que deslocava, em plena carga, 24 665 toneladas e que media 169 metros de comprimento por 34,82 metros de largura. O seu calado atingia a cota dos 9,86 metros. A sua propulsão era assegurada por um sistema de turbinas e caldeiras a vapor e por 2 veios. O dito beneficiava de uma potência de 13 500 ch, que lhe podia imprimir uma velocidade máxima de 18 nós e disponibilizar um raio de acção de 23 900 milhas náuticas com andamento reduzido a 15 nós. Este navio estava armado com 18 peças de artilharia de diferentes calibres, 12 das quais (de 20 mm) estavam vocacionadas para a defesa antiaérea. Podia embarcar até 31 aeronaves.  A sua guarnição completa era de 1 080 homens, incluindo o corpo de oficiais. Durante a 2ª Guerra Mundial, o «Sangamon» esteve presente nas campanhas do Atlântico, mas em 1942 voltou ao estaleiro para receber beneficiações de vários níveis.  Depois, esteve na Operação Torch, no norte de África, onde forneceu, com os seus aviões, apoio aéreo às tropas aliadas que ali tomaram pé. Em seguida foi mobilizado para o Pacífico, vasto teatro de operações, onde deu protecção a desembarques das tropas norte-americanas e participou nas batalhas do mar das Filipinas (Leyte, Serigao, etc) e em muitos outros letais combates contra as forças japonesas, como, por exemplo, os de Okinawa. Sofreu vários ataques directos do inimigo, nomeadamente por parte de aviões-suicidas, os temíveis 'kamikazes'. Sofreu mortos, feridos e desaparecidos nesses combates e perdeu aeronaves, mas sobreviveu ao conflito. Ganhou várias condecorações, entre as quais se destacam 8 'Battle Stars' e os seus 3 grupos aéreos foram citados pelo presidente dos EUA. Este navio encontrava-se em reparação no arsenal de Norfolk (Virgínia), quando ali chegou a notícia da rendição incondicional dos nipónicos. Os trabalhos foram interrompidos imediatamente e, no mês de Outubro de 1945, foi ordenada a sua desactivação. Vendido a particulares (que o modificaram, obviamente, para o serviço mercante) o navio acabou por ser enviado para o ferro-velho em 1960, tendo sido desmantelado num estaleiro especializado de Osaka, no Japão.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

«HAWKE»

Cruzador protegido da 'Royal Navy'. Pertenceu à classe 'Edgar' e foi construído pelos estaleiros Chatham Dockyard (perto de Londres), que o lançaram à água em 1891. Foi o sexto navio de guerra britânico a usar o nome de «Hawke». Era um navio com 7 770 toneladas de arqueação bruta, que media 110 metros de longitude por 18 metros de boca. O seu calado era de 7,30 metros. A potência da sua maquinaria a vapor ascendia a 12 000 cv, força que lhe autorizava uma velocidade de 20 nós. Estava medianamente blindado (daí o termo de 'protegido') e armado com 2 canhões de 233,7 mm, 10 de 152,4 mme com tubos municiados com 12 torpedos de 578 mm. O seu raio de acção era de 10 000 milhas náuticas com andamento reduzido a 10 nós. No seu historial contam-se algumas missões cumpridas no Mediterrâneo (nomeadamente na ilha de Creta, durante a crise greco-turca), antes de eclodir a Grande Guerra.  A 20 de Setembro de 1911, entrou em colisão com o paquete «Olympic», da White Star Line, acidente em que perdeu a proa. Um inquérito judicial ilibou de culpas o comandante e a guarnição deste cruzador. Quando rebentou o conflito com o Impérios Centrais, em 1914, o «Hawke» cumpriu várias missões no mar do Norte. Onde -a 15 de Outubro desse primeiro ano de conflito- foi torpedeado e afundado pelo submarino germânico «U-9». o «Hawke» soçobrou em poucos minutos com a sua guarnição composta por 27 oficiais e 500 marinheiros. Só 64 dos seus homens sobreviveram a este cruel acto de guerra, que enlutou todo o Reino Unido e as nações aliadas...

«POUQUOI PAS ?»

Navio oceanográfico de bandeira francesa, cuja utilização é feita em parceria pela armada e pela IFREMER (Institut Français de Recherche pour l'Exploitation de la Mer). Que financiaram o seu custo, estimado em 66 milhões de euros. Este navio científico foi construído pelos Chantiers de l'Atlantique, de Saint Nazaire, que o entregaram aos seus comanditários no ano de 2005. AS suas principais missões desenrolam-se nos campos da hidrografia, da geociência, da oceanografia física, química e biológica e podem recorrer aos serviços dos mini-submarinos «Nautile» e «Victor 6000». O seu nome foi inspirado pelo do navio polar que o comandante Charcot utilizou nas primeiras décadas do século XX. Este navio desloca 6 600 toneladas e mede 107,60 metros de comprimento por 20 metros de boca e o seu calado é de 6,90 metros. Tem uma guarnição de 20 homens (incluindo oficiais) e pode receber a bordo 40 cientistas e técnicos. Tem propulsão diesel/eléctrica e pode atingir a velocidade máxima de 14 nós. A sua autonomia é de 64 dias, com velocidade reduzida a 11 nós. Não tem capacidades polares. O «Pourquoi Pas ?» está apetrechado com toda a aparelhagem moderna de que necessita para os seus trabalhos de cariz científico e de laboratórios para as mais variadas pesquisas e exames de toda a natureza. Leva médico a bordo e, eventualmente -para receberem formação específica- 2 alunos-oficiais. Uma equipa de especialistas capazes de operar (e de reparar) todo o material sofisticado de pesquisas e outro, também tem lugar a bordo. Este navio também está preparado para, em caso de necessidade, fornecer ajuda a submarinos em perdição. É operado 150 dias por ano pela marinha de guerra francesa (ou melhor pelo SHOM - Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha) e 180 dias pela IFREMER. É considerado um dos melhores navios da sua categoria da Europa.

«WILD DEER»

'Clipper' britânico construído -em 1863- nos estaleiros navais da firma Charles Connell & Cº, de Scotstoun (G.B.), para o armador londrino Shaw, Savill & Albion. A sua arqueação bruta era de 1 016 toneladas e as suas dimensões as seguintes : 64,30 metros de comprimento por 10,10 metros de boca. No seu casco em madeira, reforçado com armação de ferro, estavam implantados 3 mastros, que aparelhavam em galera. O «Wild Deer» ('Veado Selvagem') era, originalmente, um veleiro 'da corrida do chá', mas rapidamente foi orientado para o transporte de emigrantes e para o transporte de mercadorias diversas. Dispunha de uma equipagem de 40 homens. O seu destino de predilecção era Port Chalmers (porto principal da cidade de Dunedin), na Nova Zelândia. No decorrer da sua duodécima viagem -que se iniciou em 12 de Janeiro de 1883, este navio, que transportava cerca de 300 passageiros com destino aos antípodas, foi despedaçar-se contra Rock North, ilhotas situadas ao largo de Cloughey (County Down, na Irlanda do Norte). Por felicidade, não houve mortos a lamentar, nem entre os tripulantes nem entre os passageiros do navio.

«MAGNETIC»

Navio de transbordo de passageiros, que serviu, no porto de Liverpool, vários paquetes da companhia White Star Line. Foi construído nos estaleiros Harland & Wolff, de Belfast, e lançado à água no ano de 1891. Apresentava 619 toneladas de arqueação bruta e media 52 metros de comprimento por 9,80 metros de boca. Era propulsionado por uma máquina a vapor de tripla expansão, acoplada a 2 hélices, que lhe facultava uma velocidade de 13,5 nós. Podia receber 1 200 passageiros. A sua função consistia em ir levar e buscar aos paquetes da sua companhia -fundeados ao largo- os viajantes e bagagens de pequeno porte, das travessias longínquas. Essa actividade coincidiu com a entrada em serviço dos transatlânticos «Teutonic» e «Majestic». Foi a primeira unidade da supracitada armadora a ver a sua máquina a carvão substituída por 1 engenho a gasóleo. Em 1932, este pequeno navio foi vendido a uma outra sociedade do Reino Unido -a Alexamder Towing Company- que lhe deu novo nome : «Ryde»; passando então a cumular com a sua antiga actividade no porto de Liverpool as funções de rebocador e de barco de turismo costeiro, no norte do País de Gales. A sua coroa de glória foi ter acompanhado (quando ainda de encontrava ao serviço do seu primeiro armador) o «Teutonic» na afamada revista naval de Spithead de 1897, por ocasião do jubileu da rainha Vitória. Dado como obsoleto, em 1935, este navio foi encaminhado para um estaleiro especializado de Glásgua, onde se procedeu à sua demolição.

«ARMAND BÉHIC»

Paquete de bandeira francesa, pertencente à frota da companhia Messageries Maritimes, com navios registados em Marselha. Foi construído. em 1891, pelos estaleiros navais de La Ciotat. Destinado a assegurar a ligação Europa meridional-Austrália e Nova Caledónia, via Suez, este navio prolongou, mais tarde, as suas carreiras até aos portos do Extremo-Oriente. De médio porte, o «Armand Béhic» (nome de um político da época), tinha capacidade para receber 586 passageiro; 172 dos quais em 1ª classe. Media 152 metros de comprimento por 15,60 metros de boca. O seu sistema propulsivo (a vapor) autorizava-lhe uma velocidade máxima de 17,5 nós. Requisitado pela autoridade militar, aquando do conflito generalizado de 1914-1918, este paquete fez viagens entre o porto de guerra de Toulon e a frente do Levante, para onde transportou várias unidades, que haveriam de lutar na batalha dos Dardanelos. Tendo regressado à sua actividade normal de tempo de paz, o «Armand Béhic»  navegou até 1924, perfazendo 33 anos de vida activa. E, em Outubro desse ano, foi enviado para a sucata e desmantelado. Curiosidade : Este paquete teve a ocasião de servir de transporte, durante a sua longa carreira, a algumas figuras ilustres. Entre elas figuraram o pintor Paul Gauguin (que, em 1893, nele viajou de Sidney para Marselha) e, em 1900, acolheu a bordo Jean-Baptiste Marchand -o chamado 'Herói de Fachoda'- que embarcou para a China, onde foi assumir um cargo de comando no exército francês implicado na guerra dos Boxers.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

«TECUMSEH»

Vapor de rodas laterais norte-americano. Foi construído em 1826 nos estaleiros da empresa B. Hayden & Cº e Samuel & Joseph Perry, de Cincinnati, por encomenda da companhia de navegação fluvial New Orleans & Louisville Packet. Que organizou a sua exploração comercial (transporte de passageiros e frete) nas águas do Mississippi e de alguns rios seus tributários; onde, logo em 1828, este 'steamer' bateu um recorde de velocidade, impondo-se aos seus muitos rivais. Essa 'performance' foi estabelecida no percurso de 1 500 milhas que separam Nova Orleães (na Luisiana) de Louisville (no Kentucky) e fixada em 9 dias e 4 horas. Recorde que prevaleceu durante alguns anos. O «Tecumseh» era um barco (com casco em madeira e de baixo calado) deslocando 242 toneladas e medindo 53 metros de comprimento por 7 metros de boca. Funcionava com 1 máquina a vapor, cujas caldeiras queimavam preferencialmente lenha. Era uma embarcação inovadora já que assegurou -naquele grande rio, chamado o 'pai das águas' pelos nativos- a transição entre os vapores mais antigos e antiquados e os chamados 'western riverboats style'. Dispunha de cabines confortáveis e de salões de convívio e de lazer separados, para uso de damas e cavalheiros. O Tecumseh» ficou a dever o seu nome a um notável chefe Shawnee, falecido em 1813. Desconhecemos até que ano o «Tecumseh» se manteve em serviço operacional e qual foi o seu fim.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

«RAINHA SANTA»

Navio-motor português, destinado à pesca do bacalhau. Foi construído nos estaleiros da Gafanha da Nazaré sob o controlo técnico de mestre Benjamim Bolais Mónica, por encomenda da empresa armadora Pascoal & Filhos, Lda.. Foi lançado ao mar no dia 15 de Março de 1961. Tinha casco em madeira, uma arqueação bruta de 830 toneladas e media (entre perpendiculares 48,91 metros de comprimento por 10,47 metros de boca por 5,35 metros de pontal. Funcionava com 21 tripulantes permanentes e com um efectivo de 59 pescadores/preparadores de pescado. Participou em campanhas de pesca nos mares da Terra Nova e adjacentes até 1972. No ano seguinte -a 24 de Fevereiro- quando a sua equipagem preparava a próxima faina, declarou-se a bordo um temoroso incêndio (na sequência de curto-circuito ocorrido na casa das máquinas), que tornou o «Rainha Santa» irrecuperável. E o armador sofreu, naturalmente, prejuízos avultados, que foram avaliados em milhares de contos de réis. Este navio-motor seria ainda adquirido por um emigrante de Bunheiro, que o mandou rebocar (através do chamado canal de Ovar) até ao sítio do Monte Branco (Torreira), onde o malogrado bacalhoeiro foi transformado em bar-restaurante. Mas também nessa sua inesperada condição o navio teve pouca sorte, pois foi alvo -em 1989- de novo incêndio (com origem, ao que parece, na cozinha), que o consumiu até à linha de água. E assim terminou, ingloriamente, a carreira de um bacalhoeiro que, apesar de consagrado a uma rainha santa e milagreira, não teve um fado feliz.

«PARIS»

Este vapor inglês -que pertenceu à frota da companhia Southern Railway, de Londres- foi construído em 1913 nos estaleiros da firma Denny W. & Brothers, de Dumbarton (G.B.). Destinado a assegurar o transporte de passageiros entre o sul de Inglaterra (Newhaven) e o porto normando de Dieppe, situado do outro lado do mar da Mancha, este pequeno navio -1 790 toneladas de arqueação bruta e 89,50 metros de comprimento por 10,90 metros de boca- podia navegar à velocidade de cruzeiro de 22 nós, o que fazia dele uma embarcação rápida do tráfego no canal. Mas logo no início da Grande Guerra o «Paris» abandonou a sua actividade civil, para (por imposição do almirantado britânico) ser convertido em lança-minas. Desmobilizado após a vitória das potências aliadas, o «Paris» voltou à sua actividade normal dos tempos de paz. Em 1929 e 1930, esteve imobilizado num estaleiro para se submeter a trabalhos de modernização, que compreenderam a substituição das suas velhas máquinas a carvão por motores a gasóleo. Também as suas super-estruturas foram remodeladas, facto que lhe deu uma silhueta mais esguia. Continuou na sua ligação a Dieppe, até, que, em Setembro de 1939, o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha nazi, em consequência da invasão hitleriana da Polónia. De novo requisitado, o 'ferry' em apreço foi colocado, uma vez mais, sob a autoridade da 'Royal Navy'; que desta vez (em Janeiro e 1940) lhe atribuiu funções de navio-hospital. Durante a operação Dínamo -que consistiu na evacuação das tropas britânicas encurraladas pelos alemães na bolsa de Dunquerque- o «Paris» foi uma das centenas de embarcações que tentaram resgatar (com algum sucesso, refira-se) os 'Tommies' das praias francesas. Mas, no dia 2 de Junho de 1940, ao largo da praia de Zuydecoote, este navio inglês foi violentamente atacado por aviões da 'Luftwaffe', que mataram 20 membros da sua guarnição. Apesar dos esforços do rebocador «Sun XV» (que o acompanhava) para o manter à superfície, o «Paris» acabou mesmo por soçobrar nas águas do canal da Mancha; até porque, entretanto, havia sofrido novos ataques aéreos, que lhe causaram outras avarias e outras baixas.

«CORCOVADO»


O «Corcovado» foi um paquete que ostentou as cores da companhia alemã Hamburg-Amerika Linie (HAPAG). Foi construído, em 1907, nos estaleiros Krupp, de Kiel, por encomenda da citada casa armadora, que o colocou numa das suas linhas servindo a América do Sul. Daí que o nome escolhido para o navio em apreço se refira a um dos morros que dominam o Rio de Janeiro. Este navio apresentava uma arqueação bruta de 8 099 toneladas e media 136,60 metros de comprimento por 16,80 metros de boca. O seu sistema propulsivo, alimentado a carvão, proporcionava-lhe uma velocidade de cruzeiro de 13 nós. Pensado para o transporte de emigrantes, este paquete estava preparado para receber apenas 100 viajantes de 1ª classe e 1 160 passageiros de classe inferior. Manteve-se na linha com o Brasil e a Argentina até 1912, ano em que passou a navegar no trajecto Hamburgo-Nova Iorque. De onde foi transferido -no início de 1914- para as rotas Hamburgo-Filadélfia e Nova Iorque-portos do Mediterrâneo e do mar Negro. Em 1915, por causa da intensidade da guerra no Atlântico, este navio foi vendido à Turquia, que lhe deu o seu segundo nome : «Sueth» e que o usou em carreiras menos perigosas. No ano de 1919, com a derrota dos Impérios Centrais, aos quais os otomanos se haviam aliado, o navio foi entregue à França, que lhe devolveu o seu nome de «Corcovado». Mas, logo no ano seguinte, o navio foi cedido ao armador italiano Società Siculo-Americana, que, antes de o lançar nas suas linhas da América setentrional e do sul, lhe deu novo designativo : «Guglielmo Peirce». Ali se manteve o paquete até Dezembro de 1923, altura em que foi adquirido pela Consulich, de Trieste; que o conservou até 1927; ano em que, uma vez mais, o navio mudou de proprietário e foi integrado na frota do Lloyd Sabaudo, de Génova; que lhe deu o nome (mais um !) de «Maria Cristina». Em 1930, veio para Lisboa (em cuja capitania foi registado com o nome de «Mouzinho»), e passou a usar as cores da Companhia Colonial de Navegação. A partir de então, esteve, essencialmente, nas linhas de África, servindo preferencialmente as nossas antigas colónias de Angola e de Moçambique, para além de escalar a África do Sul. Mas, em 1941, ainda fez uma travessia transatlântica, que o levou da capital portuguesa ao porto de Nova Iorque. E, em 1954 -com quase meio século de serviços prestados a diversas marinhas mercantes- foi encaminhado para um estaleiro de Savona (Itália), que procedeu ao seu desmantelamento. Nota : a imagem que ilustra este texto é uma fotografia do navio, quando este já hasteava bandeira portuguesa e se chamava «Mouzinho».

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

«ST. OLAF»


Navio de bandeira norte-americana, lançado ao mar em 1942. Foi construído nos estaleiros de Baltimore (Maryland) pertencentes à firma Bethlehem-Fairchild Shipyards Inc., de onde saiu com o nome de «Jasmine». Era um 'liberty ship' amplamente modificado (em Boston, no ano de 1944) para poder cumprir a missão de navio-hospital. Tomando, desde logo, o nome de «St. Olaf» ('Santo Olavo'), um rei da Noruega (século XI) convertido ao cristianismo. Na sua nova forma e função, era um navio todo pintado de branco, ostentando visíveis cruzes vermelhas, para que não houvesse dúvidas quanto ao seu estatuto humanitário. Dispunha de condições para receber 586 pacientes (feridos e/ou doentes) e, para além da sua equipagem normal, transportava um corpo de médicos de várias especialidades e de enfermeiras. Que dispensavam os seus serviços nas diversas salas de operações cirúrgicas, nos serviços ambulatórios, na farmácia, nos laboratórios de análises e de radiografia. Tinha também serviço de dentista. Depois do armistício de 1945, este navio foi utilizado no repatriamento de tropas de diferentes frentes de combate. Prosseguiu a sua carreira  específica até 1963, ano em que foi dado como obsoleto e enviado para um estaleiro de Portland, onde foi desmantelado. Características físicas : foi-nos impossível topar com informação dessa natureza sobre este navio. Presumimos, no entanto, que (como alguns dos 5 outros 'Liberty' transformados em navios-hospital) o seu deslocamento fosse da ordem das 8 500 tonelada e que as suas dimensões fossem de 137 metros de comprimento por 17,73 metros de boca.

«TAORMINA»

Paquete italiano, construído -por encomenda da Italia Società di Navigazione a Vapore- nos estaleiros D. & W. Henderson, de Glásgua (Escócia), no ano de 1908. Apresentava 8 272 toneladas de arqueação bruta e as seguintes dimensões : 146,91 metros de longitude por 17,75 metros de boca. A sua motorização era composta por 2 máquinas a vapor acopladas a 2 hélices, cuja força lhe proporcionava uma velocidade máxima de 16 nós. Vocacionado, prioritariamente, para o transporte de emigrantes com destino à América do norte, o «Taormina» podia acolher a bordo 60 passageiros de classe privilegiada e 2 500 viajantes de 3ª classe. A sua viagem inaugural partiu de Génova a 3 de Setembro de 1908 com destino a Filadélfia e escalas intermediárias nos portos de Nápoles e de Nova Iorque. Em 1909, sofreu uma transformação, para que pudesse receber mais 120 passageiros de 1ª classe. E no ano seguinte, nova reformulação dos seus interiores permitiu o transporte de mais 60 pessoas na classe superior e de 120 em 2ª classe. Em meados de Dezembro de 1911, fez a sua derradeira travessia transatlântica com as cores do seu primeiro armador. No ano seguinte integrou a frota do Lloyd italiano, que o colocou na sua linha Génova-Nápoles-Nova Iorque, na qual permaneceu até ao rebentamento da 1ª Guerra Mundial. Em 1918 mudou novamente de mãos, passando, desde então, a pertencer à Navigazione Generale Italiana; que o manteve na linha de Nova Iorque, com partida de Génova e escala em Marselha. Em Agosto de 1923, este paquete deixou temporariamente o Atlântico para passar a navegar em exclusividade no mar Mediterrâneo. Mas, para dizer adeus à vida activa, o «Taormina», regressou à linha de Nova Iorque em 1927, sendo depois desclassificado. O navio foi enviado para a sucata em 1929, procedendo-se ao seu desmantelamento num estaleiro especializado de Savona.

«FAIAL»


As referências sobre esta nau portuguesa de inícios do século XVI são quase inexistentes. De modo que pouca coisa, sobre as suas características físicas (e outras, como, por exemplo, onde e quando foi construída), se pode adiantar. Presume-se, todavia, que não se terá distinguido das muitas outras naus realizadas nas tercenas portuguesas desse tempo e destinadas à carreira da Índia : um navio robusto, de casco bojudo, apto a transportar um importante número de marinheiros e homens de armas, para além, naturalmente, de ser capaz de embarcar carregamentos importantes de pimenta e de outras especiarias na viagem de retorno à Europa. Sabe-se, no entanto, que, em Janeiro de 1504, a nau «Faial», então colocada sob as ordens do prestigiado capitão Nicolau Coelho, naufragou (vinda da Índia e aquando de uma viagem de regresso a Portugal) nos baixios de São Lázaro, que, actualmente, se integram no arquipélago das Quirimbas, Moçambique. No soçobro do navio (que pertencia a uma frota superiormente comandada por Francisco de Albuquerque), pereceram parte da sua guarnição e parte dos seus passageiros. Entre as vítimas mortais, encontrava-se o próprio Nicolau Coelho; um insigne capitão que já comandara a caravela «Bérrio», na primeira expedição de Vasco da Gama ao Oriente, e que fora ao Brasil integrado na frota cabralina que divulgou o achamento das terras de Vera Cruz. Curiosidades : a nau que ilustra este texto nada tem a ver com o navio aqui em apreço; a não ser o facto de também se tratar de um navio quinhentista, similar à nau «Faial». Nicolau Coelho nasceu em Felgueiras por volta de 1460 e deveria ter uns 44/45 anos de idade, quando perdeu a vida ao serviço do Reino de Portugal e de D. Manuel I.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

«PRESIDENT WILSON»

Este paquete -que, inicialmente, içou o pavilhão da marinha mercante austro-húngara- foi construído em 1911 pelo Cantiere Navale Triestino (de Monfalcone) para a companhia Austro- American Line. Apresentava uma arqueação bruta de 12 567 toneladas e media 145,53 metros de comprimento por 18,35 metros de boca. Estava equipado com 2 máquinas a vapor (alimentadas a carvão) de origem britânica, acopladas a 2 hélices. que lhe facultavam uma velocidade máxima de 17 nós. Nessa sua primeira fase de vida, este navio podia receber a bprdo 125 passageiros de 1ª classe, 550 de segunda e 1 230 de 3ª classe. Fez a sua viagem inaugural em 1912, na rota Trieste-Buenos Aires. Ainda nesse ano (em Maio), passou a operar na linha Trieste-Nova Iorque, que fazia escalas em Patrasso, Palermo e Argel. Quando, em 1914, rebentou a Grande Guerra e a Áustria-Hungria tomou partido pela aliança dita dos Impérios Centrais, o «Kaiser Franz Josef» recolheu ao porto de registo -Trieste- onde permaneceu até ao fim do conflito. Após a derrota da Alemanha e aliados, em 1918, o navio foi entregue (como presa de guerra) à Itália, que lhe deu o novo nome de «President Wilson» e o integrou na frota da Consulich Line. A sua primeira viagem com bandeira tricolor (verde, branca e rubra) fez-se de de Génova a Nova Iorque (com escala em Marseilha) e com tropas norte-americanas de regresso à sua pátria. Viagens com o mesmo destino ocorreram até 1925, ano em que o navio entrou no estaleiro para um restauro completo; durante o qual os seus ultrapassados propulsores foram trocados por máquinas a gasóleo. Durante o ano de 1929 fez a sua derradeira viagem com as cores do seu armador, no percurso (de ida e volta) Trieste-Nápoles-Nova Iorque-Boston. Depois teve vida atribulada, já que operou (entre 1930-1936) no seio da frota do Lloyd Triestino, com o nome de «Gange» e foi colocado numa linha que servia o Extremo-Oriente, via canal de Suez. Em 1936 passou para as mãos da Società Adriatica di Navigazione di Trieste, passando a ligar este porto ao de Alexandria, no Egipto, já com o nome de «Marco Polo». Sequestrado pelas tropas alemãs estacionadas em Itália, depois do golpe de 1943, o navio foi afundado pelos nazis (a 12 de Maio do ano seguinte) diante do porto de La Spezia, de modo a dificultar as operações dos Aliados. Em 1949 foi reemergido e, no ano seguinte, enviado para a sucata.