domingo, 15 de outubro de 2017

«HASSAN II»

Este navio de guerra da armada de Marrocos -uma fragata de origem francesa da classe 'Floréal', que usa o número de amura 612- ostenta o nome do pai do actual rei desse país vizinho. Foi construído em França, nos Chantiers de l'Atlantique, de Saint Nazaire, e colocada ao serviço no ano de 2003. Desloca 2 950 toneladas e mede 93,50 metros de comprimento por 10,10 metros de boca por 4,30 metros de calado médio. O seu sistema propulsor (4 máquinas diesel, desenvolvendo uma potência de 8 800 cv) permite-lhe navegar à velocidade operacional de 20 nós e dispor de um raio de acção de 13 000 milhas náuticas com andamento limitado a 12 nós. A guarnição desta fragata é composta por 100 homens, entre os quais figuram 7 oficiais. Do seu armamento principal constam 1 canhão de 100 mm, 2 de 20 mm e uma bateria de mísseis 'Exocet'. Pode operar um helicóptero 'Panther' ou de outro tipo. Este navio da armada real de Marrocos (mái-lo «Mohammed V, seu gémeo) é uma das mais modernas e mais poderosas unidades da sua marinha militar, nela só sendo suplantada pela sua congénere, a fragata de última geração «Mohammed VI», de tipo FREMM, navio de projecto italo-francês e de construção gaulesa. O navio «Hassan II» esteve em Portugal no ano de 2013, no Arsenal do Alfeite (entre inícios de Setembro e meados de Outubro), onde se submeteu a trabalhos de reparação estruturais e mecânicos.

domingo, 17 de setembro de 2017

«CHAMPLAIN»

Paquete francês pertencente à frota da prestigiosa armadora C.G.T. - Compagnie Générale Transatlantique, com base operacional no porto do Havre. Foi construído nos Ateliers et Chantiers de Saint Nazaire, que o lançaram à água em 15 de Junho de 1931. A sua viagem inaugural processou-se um ano mais tarde entre o Havre e Nova Iorque; linha regular que assegurou -com outros navios da mesma empresa de navegação (a famosa e respeitada French Lines) até Junho de 1940. Este paquete apresentava uma arqueação bruta de 28 124 toneladas e media 195,38 metros de comprimento por 25 metros de boca. As suas máquinas (2 grupos de turbinas a engrenagem de redução simples) desenvolviam uma potência de 25 500 ch, o que permitia ao navio avançar à velocidade de cruzeiro de 20 nós. O «Champlain», que recebeu o nome de um dos 'pais' do Canadá francês, era um paquete de classe única, que granjeou sucesso junto de uma clientela menos afortunada do que os passageiros de 1ª classe de outros 'liners' a operar na mesma carreira Europa-América do norte. Mas que beneficiavam, no entanto, de serviços de grande qualidade. Qualidade estendida, naturalmente, aos usuários de cruzeiros que, de tempos a tempos, ocupavam este navio. O «Champlain» podia receber a bordo 1 050 passageiros em cabines confortáveis. Apesar do estado de guerra, já estabelecido em 1940, entre a França e a Alemanha, este navio continuou as suas travessias transatlânticas, até que -em finais da primeira quinzena desse ano e à sua chegada a La Pallice- chocou com uma mina magnética largada pela aviação nazi. No choque com esse engenho explosivo, perderam a vida 11 membros da equipagem do paquete. Dias mais tarde -a 17 de Junho de 1940- um submarino germânico aproximou-se do navio ferido e disparou contra ele vários torpedos que o afundaram. Todos os passageiros, que já haviam sido postos a salvo, sobreviveram. Curiosidade : um mês antes do fim inglório do «Champlain», o grande escritor Vladimir Nabokov (o inesquecível autor de «Lolita») e a sua família viajaram para Nova Iorque neste navio.

«FÜRST BISMARCK»

Cruzador-couraçado da marinha imperial alemã. Foi construído no Kaiserliche Werft, de Kiel, que o lançou à água no dia 27 de Setembro de 1897. A não confundir com outros navios germânicos que usaram o mesmo nome. o «Fürst Bismarck» deslocava 11 461 toneladas (em plena carga) e media 127 metros de comprimento por 20,40 metros de boca por 7,80 metros de calado. O seu sistema propulsivo (máquinas a vapor de tripla expansão acopladas a 3 hélices) potenciavam 13 500 hp, força que permitia a este navio dispor de uma velocidade máxima de 18,7 nós e de um raio de acção (com andamento controlado) de 4 560 milhas náuticas. Este cruzador estava razoavelmente blindado (20 cm na cinta e torres de artilharia) e poderosamente armado com 4 canhões de 240 mm, 12 de 150 mm, 10 de 88 mm e com 6 tubos lança-torpedos de 450 mm. Da sua guarnição faziam parte 585 sargentos e praças e 36 oficiais. Foi inicialmente chamado «Ersatz Leipzig», mas rapidamente mudou de nome. Destinava-se a operar no ultramar, mais precisamente a assegurar a defesa dos territórios alemães da Ásia-Pacífico. Esteve nessa região do mundo entre 1900 e 1909, onde, na China, fez parte do contingente militar alemão que participou na guerra dos Boxers. De regresso a Kiel, em Junho desse mesmo ano de 1909, entrou na doca seca do respectivo arsenal, para sofrer trabalhos de modernização. Obras que foram dadas como concluídas em 1914, pouco tempo antes de ter rebentado a Grande Guerra. Mas, tecnologicamente ultrapassado, o «Fürst Bismarck» foi impedido de integrar a linha da frente, passando a cumprir missões secundárias, tais como a defesa costeira, a instrução de marinheiros e a servir como navio-quartel de marinheiros. Depois da derrota da Alemanha e da assinatura do Armistício, este cruzador-blindado de finais do século XIX, foi dado como desnecessário e mandado para a sucata. Foi desmantelado em 1919.

«ÉLÉPHANT»

Vaso de guerra setecentista da marinha de guerra de Luís XV, rei de França. Foi um dos vários navios de combate (estava armado com 64 canhões) de bandeira tricolor desenhado por  Blaise Coulomb, membro de uma reputada família de arquitectos navais. Foi construído no arsenal de Toulon (porto do Mediterrâneo), que o lançou ao mar em 1720. o «Éléphant» deslocava 1 500 toneladas e media 55,10 metros de comprimento por 14,10 metros de boca. O seu calado cotava 6,80 metros. Tinha uma guarnição (composta por marinheiro e soldados) que ascendia a 640 homens. Serviu, durante 9 anos, na marinha real gaulesa, sem que algum facto assinalável o fizesse entrar na História naval. Realizou algumas travessias transatlânticas (pelo menos duas) com destino à Nova França, quer dizer ao Canadá colonizado por Paris. No decorrer da última dessas viagens, naufragou, após encalhe -ocorrido a 1 de Setembro de 1729- junto a Isle-aux-Grues (pequeno arquipélago do rio São Lourenço), quando já entrara na fase final de uma viagem que havia começado em La Rochelle e tinha como destino a cidade de Quebeque. A bordo seguiam figuras gradas da época, como, por exemplo, monsenhor Dosquet (4º bispo de Quebeque), o intendente Gilles Hocquart e um oficial da armada de apelido Rigaud de Vaudreuil, capitão do navio e filho primogénito de um antigo governador da colónia. Não houve vítimas a lamentar entre as pessoas que viajavam a bordo do «Éléphant».

sábado, 16 de setembro de 2017

«GENERAL SLOCUM»

Vapor de rodas laterais, que hasteou bandeira dos Estados Unidos. Foi realizado em 1891 nos estaleiros da firma Devine Burtis Jr., de Brooklyn, Nova Iorque, por encomenda da casa armadora Knickerbocker Steamship Cº, que explorava linhas de transporte de passageiros nos rios East River e Hudson. O «General Slocum» tinha uma arqueação bruta de 1 284 toneladas e media 72 metros de comprimento por 11,40 metros de boca. O seu calado não ultrapassava os 3,70 metros. Construído em madeira (casco e super-estruturas), movia-se graças a 1 máquina a vapor, equipada com 2 caldeiras, cuja força lhe proporcionava uma velocidade máxima de 16 nós. A sua equipagem era composta por 22 homens, incluindo o capitão. A sua carreira desenrolou-se sem história até ao dia 15 de Junho de 1904, data em que se incendiou -no East River- e se afundou com (segundo as fontes mais credíveis) 1 342 pessoas a bordo. A tragédia -que provocou a morte de mais de 1 000 desses passageiros e tripulantes- vitimou muitas mulheres e crianças ligadas à Igreja Evangélica e, na sua maioria, habitando o bairro de Little Germany, em Manhattan. Comunidade que, anualmente, participava numa excursão fluvial organizada pela igreja de São Marcos. Presume-se que a catástrofe (a mais dramática da História da cidade de Nova Iorque até ao 11 de Setembro de 2001) foi provocada por uma beata cigarro ainda acesa, displicentemente atirada ao chão por um dos viajantes dos conveses de proa. A falta de equipamentos de segurança a bordo (salva-vidas, bóias, mangueiras, bombas, baldes de areia, etc.) também muito contribuiu para que o naufrágio do «General Slocum» (nome de um oficial nortista da Guerra de Secessão) tivesse a dimensão que se conhece. A carcaça da embarcação ainda foi reemergida e transformada num batelão ao qual foi dado o nome de «Maryland». Até que foi desmantelada.

«SANGAMON»

Porta-aviões de escolta pertencente à armada dos Estados Unidos da América. Usou o indicativo de amura CVE-26. Deu o seu nome a uma classe de navios, que também compreendeu o «Sawannee», o «Chenando» e o «Santee»; todos eles realizados a partir dos cascos de outros tantos petroleiros do tipo T3, cujos projectos foram abandonados devido às ameaças de guerra e à necessidade urgente de dotar a marinha militar dos 'states' com novos porta-aviões ligeiros. O navio que resultou neste porta-aeronaves deveria chamar-se ««Esso Trenton». A realização do «Sangamon» ficou a cargo dos estaleiros da empresa Federal Shipbuilding and Dry Dock Company (de Kearny, Nova Jérsia»), que o lançaram à água no dia 4 de Novembro de 1939. Mas só integrou oficialmente os efectivos da armada estadunidense no ano seguinte. Era um navio que deslocava, em plena carga, 24 665 toneladas e que media 169 metros de comprimento por 34,82 metros de largura. O seu calado atingia a cota dos 9,86 metros. A sua propulsão era assegurada por um sistema de turbinas e caldeiras a vapor e por 2 veios. O dito beneficiava de uma potência de 13 500 ch, que lhe podia imprimir uma velocidade máxima de 18 nós e disponibilizar um raio de acção de 23 900 milhas náuticas com andamento reduzido a 15 nós. Este navio estava armado com 18 peças de artilharia de diferentes calibres, 12 das quais (de 20 mm) estavam vocacionadas para a defesa antiaérea. Podia embarcar até 31 aeronaves.  A sua guarnição completa era de 1 080 homens, incluindo o corpo de oficiais. Durante a 2ª Guerra Mundial, o «Sangamon» esteve presente nas campanhas do Atlântico, mas em 1942 voltou ao estaleiro para receber beneficiações de vários níveis.  Depois, esteve na Operação Torch, no norte de África, onde forneceu, com os seus aviões, apoio aéreo às tropas aliadas que ali tomaram pé. Em seguida foi mobilizado para o Pacífico, vasto teatro de operações, onde deu protecção a desembarques das tropas norte-americanas e participou nas batalhas do mar das Filipinas (Leyte, Serigao, etc) e em muitos outros letais combates contra as forças japonesas, como, por exemplo, os de Okinawa. Sofreu vários ataques directos do inimigo, nomeadamente por parte de aviões-suicidas, os temíveis 'kamikazes'. Sofreu mortos, feridos e desaparecidos nesses combates e perdeu aeronaves, mas sobreviveu ao conflito. Ganhou várias condecorações, entre as quais se destacam 8 'Battle Stars' e os seus 3 grupos aéreos foram citados pelo presidente dos EUA. Este navio encontrava-se em reparação no arsenal de Norfolk (Virgínia), quando ali chegou a notícia da rendição incondicional dos nipónicos. Os trabalhos foram interrompidos imediatamente e, no mês de Outubro de 1945, foi ordenada a sua desactivação. Vendido a particulares (que o modificaram, obviamente, para o serviço mercante) o navio acabou por ser enviado para o ferro-velho em 1960, tendo sido desmantelado num estaleiro especializado de Osaka, no Japão.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

«HAWKE»

Cruzador protegido da 'Royal Navy'. Pertenceu à classe 'Edgar' e foi construído pelos estaleiros Chatham Dockyard (perto de Londres), que o lançaram à água em 1891. Foi o sexto navio de guerra britânico a usar o nome de «Hawke». Era um navio com 7 770 toneladas de arqueação bruta, que media 110 metros de longitude por 18 metros de boca. O seu calado era de 7,30 metros. A potência da sua maquinaria a vapor ascendia a 12 000 cv, força que lhe autorizava uma velocidade de 20 nós. Estava medianamente blindado (daí o termo de 'protegido') e armado com 2 canhões de 233,7 mm, 10 de 152,4 mme com tubos municiados com 12 torpedos de 578 mm. O seu raio de acção era de 10 000 milhas náuticas com andamento reduzido a 10 nós. No seu historial contam-se algumas missões cumpridas no Mediterrâneo (nomeadamente na ilha de Creta, durante a crise greco-turca), antes de eclodir a Grande Guerra.  A 20 de Setembro de 1911, entrou em colisão com o paquete «Olympic», da White Star Line, acidente em que perdeu a proa. Um inquérito judicial ilibou de culpas o comandante e a guarnição deste cruzador. Quando rebentou o conflito com o Impérios Centrais, em 1914, o «Hawke» cumpriu várias missões no mar do Norte. Onde -a 15 de Outubro desse primeiro ano de conflito- foi torpedeado e afundado pelo submarino germânico «U-9». o «Hawke» soçobrou em poucos minutos com a sua guarnição composta por 27 oficiais e 500 marinheiros. Só 64 dos seus homens sobreviveram a este cruel acto de guerra, que enlutou todo o Reino Unido e as nações aliadas...

«POUQUOI PAS ?»

Navio oceanográfico de bandeira francesa, cuja utilização é feita em parceria pela armada e pela IFREMER (Institut Français de Recherche pour l'Exploitation de la Mer). Que financiaram o seu custo, estimado em 66 milhões de euros. Este navio científico foi construído pelos Chantiers de l'Atlantique, de Saint Nazaire, que o entregaram aos seus comanditários no ano de 2005. AS suas principais missões desenrolam-se nos campos da hidrografia, da geociência, da oceanografia física, química e biológica e podem recorrer aos serviços dos mini-submarinos «Nautile» e «Victor 6000». O seu nome foi inspirado pelo do navio polar que o comandante Charcot utilizou nas primeiras décadas do século XX. Este navio desloca 6 600 toneladas e mede 107,60 metros de comprimento por 20 metros de boca e o seu calado é de 6,90 metros. Tem uma guarnição de 20 homens (incluindo oficiais) e pode receber a bordo 40 cientistas e técnicos. Tem propulsão diesel/eléctrica e pode atingir a velocidade máxima de 14 nós. A sua autonomia é de 64 dias, com velocidade reduzida a 11 nós. Não tem capacidades polares. O «Pourquoi Pas ?» está apetrechado com toda a aparelhagem moderna de que necessita para os seus trabalhos de cariz científico e de laboratórios para as mais variadas pesquisas e exames de toda a natureza. Leva médico a bordo e, eventualmente -para receberem formação específica- 2 alunos-oficiais. Uma equipa de especialistas capazes de operar (e de reparar) todo o material sofisticado de pesquisas e outro, também tem lugar a bordo. Este navio também está preparado para, em caso de necessidade, fornecer ajuda a submarinos em perdição. É operado 150 dias por ano pela marinha de guerra francesa (ou melhor pelo SHOM - Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha) e 180 dias pela IFREMER. É considerado um dos melhores navios da sua categoria da Europa.

«WILD DEER»

'Clipper' britânico construído -em 1863- nos estaleiros navais da firma Charles Connell & Cº, de Scotstoun (G.B.), para o armador londrino Shaw, Savill & Albion. A sua arqueação bruta era de 1 016 toneladas e as suas dimensões as seguintes : 64,30 metros de comprimento por 10,10 metros de boca. No seu casco em madeira, reforçado com armação de ferro, estavam implantados 3 mastros, que aparelhavam em galera. O «Wild Deer» ('Veado Selvagem') era, originalmente, um veleiro 'da corrida do chá', mas rapidamente foi orientado para o transporte de emigrantes e para o transporte de mercadorias diversas. Dispunha de uma equipagem de 40 homens. O seu destino de predilecção era Port Chalmers (porto principal da cidade de Dunedin), na Nova Zelândia. No decorrer da sua duodécima viagem -que se iniciou em 12 de Janeiro de 1883, este navio, que transportava cerca de 300 passageiros com destino aos antípodas, foi despedaçar-se contra Rock North, ilhotas situadas ao largo de Cloughey (County Down, na Irlanda do Norte). Por felicidade, não houve mortos a lamentar, nem entre os tripulantes nem entre os passageiros do navio.

«MAGNETIC»

Navio de transbordo de passageiros, que serviu, no porto de Liverpool, vários paquetes da companhia White Star Line. Foi construído nos estaleiros Harland & Wolff, de Belfast, e lançado à água no ano de 1891. Apresentava 619 toneladas de arqueação bruta e media 52 metros de comprimento por 9,80 metros de boca. Era propulsionado por uma máquina a vapor de tripla expansão, acoplada a 2 hélices, que lhe facultava uma velocidade de 13,5 nós. Podia receber 1 200 passageiros. A sua função consistia em ir levar e buscar aos paquetes da sua companhia -fundeados ao largo- os viajantes e bagagens de pequeno porte, das travessias longínquas. Essa actividade coincidiu com a entrada em serviço dos transatlânticos «Teutonic» e «Majestic». Foi a primeira unidade da supracitada armadora a ver a sua máquina a carvão substituída por 1 engenho a gasóleo. Em 1932, este pequeno navio foi vendido a uma outra sociedade do Reino Unido -a Alexamder Towing Company- que lhe deu novo nome : «Ryde»; passando então a cumular com a sua antiga actividade no porto de Liverpool as funções de rebocador e de barco de turismo costeiro, no norte do País de Gales. A sua coroa de glória foi ter acompanhado (quando ainda de encontrava ao serviço do seu primeiro armador) o «Teutonic» na afamada revista naval de Spithead de 1897, por ocasião do jubileu da rainha Vitória. Dado como obsoleto, em 1935, este navio foi encaminhado para um estaleiro especializado de Glásgua, onde se procedeu à sua demolição.

«ARMAND BÉHIC»

Paquete de bandeira francesa, pertencente à frota da companhia Messageries Maritimes, com navios registados em Marselha. Foi construído. em 1891, pelos estaleiros navais de La Ciotat. Destinado a assegurar a ligação Europa meridional-Austrália e Nova Caledónia, via Suez, este navio prolongou, mais tarde, as suas carreiras até aos portos do Extremo-Oriente. De médio porte, o «Armand Béhic» (nome de um político da época), tinha capacidade para receber 586 passageiro; 172 dos quais em 1ª classe. Media 152 metros de comprimento por 15,60 metros de boca. O seu sistema propulsivo (a vapor) autorizava-lhe uma velocidade máxima de 17,5 nós. Requisitado pela autoridade militar, aquando do conflito generalizado de 1914-1918, este paquete fez viagens entre o porto de guerra de Toulon e a frente do Levante, para onde transportou várias unidades, que haveriam de lutar na batalha dos Dardanelos. Tendo regressado à sua actividade normal de tempo de paz, o «Armand Béhic»  navegou até 1924, perfazendo 33 anos de vida activa. E, em Outubro desse ano, foi enviado para a sucata e desmantelado. Curiosidade : Este paquete teve a ocasião de servir de transporte, durante a sua longa carreira, a algumas figuras ilustres. Entre elas figuraram o pintor Paul Gauguin (que, em 1893, nele viajou de Sidney para Marselha) e, em 1900, acolheu a bordo Jean-Baptiste Marchand -o chamado 'Herói de Fachoda'- que embarcou para a China, onde foi assumir um cargo de comando no exército francês implicado na guerra dos Boxers.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

«TECUMSEH»

Vapor de rodas laterais norte-americano. Foi construído em 1826 nos estaleiros da empresa B. Hayden & Cº e Samuel & Joseph Perry, de Cincinnati, por encomenda da companhia de navegação fluvial New Orleans & Louisville Packet. Que organizou a sua exploração comercial (transporte de passageiros e frete) nas águas do Mississippi e de alguns rios seus tributários; onde, logo em 1828, este 'steamer' bateu um recorde de velocidade, impondo-se aos seus muitos rivais. Essa 'performance' foi estabelecida no percurso de 1 500 milhas que separam Nova Orleães (na Luisiana) de Louisville (no Kentucky) e fixada em 9 dias e 4 horas. Recorde que prevaleceu durante alguns anos. O «Tecumseh» era um barco (com casco em madeira e de baixo calado) deslocando 242 toneladas e medindo 53 metros de comprimento por 7 metros de boca. Funcionava com 1 máquina a vapor, cujas caldeiras queimavam preferencialmente lenha. Era uma embarcação inovadora já que assegurou -naquele grande rio, chamado o 'pai das águas' pelos nativos- a transição entre os vapores mais antigos e antiquados e os chamados 'western riverboats style'. Dispunha de cabines confortáveis e de salões de convívio e de lazer separados, para uso de damas e cavalheiros. O Tecumseh» ficou a dever o seu nome a um notável chefe Shawnee, falecido em 1813. Desconhecemos até que ano o «Tecumseh» se manteve em serviço operacional e qual foi o seu fim.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

«RAINHA SANTA»

Navio-motor português, destinado à pesca do bacalhau. Foi construído nos estaleiros da Gafanha da Nazaré sob o controlo técnico de mestre Benjamim Bolais Mónica, por encomenda da empresa armadora Pascoal & Filhos, Lda.. Foi lançado ao mar no dia 15 de Março de 1961. Tinha casco em madeira, uma arqueação bruta de 830 toneladas e media (entre perpendiculares 48,91 metros de comprimento por 10,47 metros de boca por 5,35 metros de pontal. Funcionava com 21 tripulantes permanentes e com um efectivo de 59 pescadores/preparadores de pescado. Participou em campanhas de pesca nos mares da Terra Nova e adjacentes até 1972. No ano seguinte -a 24 de Fevereiro- quando a sua equipagem preparava a próxima faina, declarou-se a bordo um temoroso incêndio (na sequência de curto-circuito ocorrido na casa das máquinas), que tornou o «Rainha Santa» irrecuperável. E o armador sofreu, naturalmente, prejuízos avultados, que foram avaliados em milhares de contos de réis. Este navio-motor seria ainda adquirido por um emigrante de Bunheiro, que o mandou rebocar (através do chamado canal de Ovar) até ao sítio do Monte Branco (Torreira), onde o malogrado bacalhoeiro foi transformado em bar-restaurante. Mas também nessa sua inesperada condição o navio teve pouca sorte, pois foi alvo -em 1989- de novo incêndio (com origem, ao que parece, na cozinha), que o consumiu até à linha de água. E assim terminou, ingloriamente, a carreira de um bacalhoeiro que, apesar de consagrado a uma rainha santa e milagreira, não teve um fado feliz.

«PARIS»

Este vapor inglês -que pertenceu à frota da companhia Southern Railway, de Londres- foi construído em 1913 nos estaleiros da firma Denny W. & Brothers, de Dumbarton (G.B.). Destinado a assegurar o transporte de passageiros entre o sul de Inglaterra (Newhaven) e o porto normando de Dieppe, situado do outro lado do mar da Mancha, este pequeno navio -1 790 toneladas de arqueação bruta e 89,50 metros de comprimento por 10,90 metros de boca- podia navegar à velocidade de cruzeiro de 22 nós, o que fazia dele uma embarcação rápida do tráfego no canal. Mas logo no início da Grande Guerra o «Paris» abandonou a sua actividade civil, para (por imposição do almirantado britânico) ser convertido em lança-minas. Desmobilizado após a vitória das potências aliadas, o «Paris» voltou à sua actividade normal dos tempos de paz. Em 1929 e 1930, esteve imobilizado num estaleiro para se submeter a trabalhos de modernização, que compreenderam a substituição das suas velhas máquinas a carvão por motores a gasóleo. Também as suas super-estruturas foram remodeladas, facto que lhe deu uma silhueta mais esguia. Continuou na sua ligação a Dieppe, até, que, em Setembro de 1939, o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha nazi, em consequência da invasão hitleriana da Polónia. De novo requisitado, o 'ferry' em apreço foi colocado, uma vez mais, sob a autoridade da 'Royal Navy'; que desta vez (em Janeiro e 1940) lhe atribuiu funções de navio-hospital. Durante a operação Dínamo -que consistiu na evacuação das tropas britânicas encurraladas pelos alemães na bolsa de Dunquerque- o «Paris» foi uma das centenas de embarcações que tentaram resgatar (com algum sucesso, refira-se) os 'Tommies' das praias francesas. Mas, no dia 2 de Junho de 1940, ao largo da praia de Zuydecoote, este navio inglês foi violentamente atacado por aviões da 'Luftwaffe', que mataram 20 membros da sua guarnição. Apesar dos esforços do rebocador «Sun XV» (que o acompanhava) para o manter à superfície, o «Paris» acabou mesmo por soçobrar nas águas do canal da Mancha; até porque, entretanto, havia sofrido novos ataques aéreos, que lhe causaram outras avarias e outras baixas.

«CORCOVADO»


O «Corcovado» foi um paquete que ostentou as cores da companhia alemã Hamburg-Amerika Linie (HAPAG). Foi construído, em 1907, nos estaleiros Krupp, de Kiel, por encomenda da citada casa armadora, que o colocou numa das suas linhas servindo a América do Sul. Daí que o nome escolhido para o navio em apreço se refira a um dos morros que dominam o Rio de Janeiro. Este navio apresentava uma arqueação bruta de 8 099 toneladas e media 136,60 metros de comprimento por 16,80 metros de boca. O seu sistema propulsivo, alimentado a carvão, proporcionava-lhe uma velocidade de cruzeiro de 13 nós. Pensado para o transporte de emigrantes, este paquete estava preparado para receber apenas 100 viajantes de 1ª classe e 1 160 passageiros de classe inferior. Manteve-se na linha com o Brasil e a Argentina até 1912, ano em que passou a navegar no trajecto Hamburgo-Nova Iorque. De onde foi transferido -no início de 1914- para as rotas Hamburgo-Filadélfia e Nova Iorque-portos do Mediterrâneo e do mar Negro. Em 1915, por causa da intensidade da guerra no Atlântico, este navio foi vendido à Turquia, que lhe deu o seu segundo nome : «Sueth» e que o usou em carreiras menos perigosas. No ano de 1919, com a derrota dos Impérios Centrais, aos quais os otomanos se haviam aliado, o navio foi entregue à França, que lhe devolveu o seu nome de «Corcovado». Mas, logo no ano seguinte, o navio foi cedido ao armador italiano Società Siculo-Americana, que, antes de o lançar nas suas linhas da América setentrional e do sul, lhe deu novo designativo : «Guglielmo Peirce». Ali se manteve o paquete até Dezembro de 1923, altura em que foi adquirido pela Consulich, de Trieste; que o conservou até 1927; ano em que, uma vez mais, o navio mudou de proprietário e foi integrado na frota do Lloyd Sabaudo, de Génova; que lhe deu o nome (mais um !) de «Maria Cristina». Em 1930, veio para Lisboa (em cuja capitania foi registado com o nome de «Mouzinho»), e passou a usar as cores da Companhia Colonial de Navegação. A partir de então, esteve, essencialmente, nas linhas de África, servindo preferencialmente as nossas antigas colónias de Angola e de Moçambique, para além de escalar a África do Sul. Mas, em 1941, ainda fez uma travessia transatlântica, que o levou da capital portuguesa ao porto de Nova Iorque. E, em 1954 -com quase meio século de serviços prestados a diversas marinhas mercantes- foi encaminhado para um estaleiro de Savona (Itália), que procedeu ao seu desmantelamento. Nota : a imagem que ilustra este texto é uma fotografia do navio, quando este já hasteava bandeira portuguesa e se chamava «Mouzinho».

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

«ST. OLAF»


Navio de bandeira norte-americana, lançado ao mar em 1942. Foi construído nos estaleiros de Baltimore (Maryland) pertencentes à firma Bethlehem-Fairchild Shipyards Inc., de onde saiu com o nome de «Jasmine». Era um 'liberty ship' amplamente modificado (em Boston, no ano de 1944) para poder cumprir a missão de navio-hospital. Tomando, desde logo, o nome de «St. Olaf» ('Santo Olavo'), um rei da Noruega (século XI) convertido ao cristianismo. Na sua nova forma e função, era um navio todo pintado de branco, ostentando visíveis cruzes vermelhas, para que não houvesse dúvidas quanto ao seu estatuto humanitário. Dispunha de condições para receber 586 pacientes (feridos e/ou doentes) e, para além da sua equipagem normal, transportava um corpo de médicos de várias especialidades e de enfermeiras. Que dispensavam os seus serviços nas diversas salas de operações cirúrgicas, nos serviços ambulatórios, na farmácia, nos laboratórios de análises e de radiografia. Tinha também serviço de dentista. Depois do armistício de 1945, este navio foi utilizado no repatriamento de tropas de diferentes frentes de combate. Prosseguiu a sua carreira  específica até 1963, ano em que foi dado como obsoleto e enviado para um estaleiro de Portland, onde foi desmantelado. Características físicas : foi-nos impossível topar com informação dessa natureza sobre este navio. Presumimos, no entanto, que (como alguns dos 5 outros 'Liberty' transformados em navios-hospital) o seu deslocamento fosse da ordem das 8 500 tonelada e que as suas dimensões fossem de 137 metros de comprimento por 17,73 metros de boca.

«TAORMINA»

Paquete italiano, construído -por encomenda da Italia Società di Navigazione a Vapore- nos estaleiros D. & W. Henderson, de Glásgua (Escócia), no ano de 1908. Apresentava 8 272 toneladas de arqueação bruta e as seguintes dimensões : 146,91 metros de longitude por 17,75 metros de boca. A sua motorização era composta por 2 máquinas a vapor acopladas a 2 hélices, cuja força lhe proporcionava uma velocidade máxima de 16 nós. Vocacionado, prioritariamente, para o transporte de emigrantes com destino à América do norte, o «Taormina» podia acolher a bordo 60 passageiros de classe privilegiada e 2 500 viajantes de 3ª classe. A sua viagem inaugural partiu de Génova a 3 de Setembro de 1908 com destino a Filadélfia e escalas intermediárias nos portos de Nápoles e de Nova Iorque. Em 1909, sofreu uma transformação, para que pudesse receber mais 120 passageiros de 1ª classe. E no ano seguinte, nova reformulação dos seus interiores permitiu o transporte de mais 60 pessoas na classe superior e de 120 em 2ª classe. Em meados de Dezembro de 1911, fez a sua derradeira travessia transatlântica com as cores do seu primeiro armador. No ano seguinte integrou a frota do Lloyd italiano, que o colocou na sua linha Génova-Nápoles-Nova Iorque, na qual permaneceu até ao rebentamento da 1ª Guerra Mundial. Em 1918 mudou novamente de mãos, passando, desde então, a pertencer à Navigazione Generale Italiana; que o manteve na linha de Nova Iorque, com partida de Génova e escala em Marselha. Em Agosto de 1923, este paquete deixou temporariamente o Atlântico para passar a navegar em exclusividade no mar Mediterrâneo. Mas, para dizer adeus à vida activa, o «Taormina», regressou à linha de Nova Iorque em 1927, sendo depois desclassificado. O navio foi enviado para a sucata em 1929, procedendo-se ao seu desmantelamento num estaleiro especializado de Savona.

«FAIAL»


As referências sobre esta nau portuguesa de inícios do século XVI são quase inexistentes. De modo que pouca coisa, sobre as suas características físicas (e outras, como, por exemplo, onde e quando foi construída), se pode adiantar. Presume-se, todavia, que não se terá distinguido das muitas outras naus realizadas nas tercenas portuguesas desse tempo e destinadas à carreira da Índia : um navio robusto, de casco bojudo, apto a transportar um importante número de marinheiros e homens de armas, para além, naturalmente, de ser capaz de embarcar carregamentos importantes de pimenta e de outras especiarias na viagem de retorno à Europa. Sabe-se, no entanto, que, em Janeiro de 1504, a nau «Faial», então colocada sob as ordens do prestigiado capitão Nicolau Coelho, naufragou (vinda da Índia e aquando de uma viagem de regresso a Portugal) nos baixios de São Lázaro, que, actualmente, se integram no arquipélago das Quirimbas, Moçambique. No soçobro do navio (que pertencia a uma frota superiormente comandada por Francisco de Albuquerque), pereceram parte da sua guarnição e parte dos seus passageiros. Entre as vítimas mortais, encontrava-se o próprio Nicolau Coelho; um insigne capitão que já comandara a caravela «Bérrio», na primeira expedição de Vasco da Gama ao Oriente, e que fora ao Brasil integrado na frota cabralina que divulgou o achamento das terras de Vera Cruz. Curiosidades : a nau que ilustra este texto nada tem a ver com o navio aqui em apreço; a não ser o facto de também se tratar de um navio quinhentista, similar à nau «Faial». Nicolau Coelho nasceu em Felgueiras por volta de 1460 e deveria ter uns 44/45 anos de idade, quando perdeu a vida ao serviço do Reino de Portugal e de D. Manuel I.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

«PRESIDENT WILSON»

Este paquete -que, inicialmente, içou o pavilhão da marinha mercante austro-húngara- foi construído em 1911 pelo Cantiere Navale Triestino (de Monfalcone) para a companhia Austro- American Line. Apresentava uma arqueação bruta de 12 567 toneladas e media 145,53 metros de comprimento por 18,35 metros de boca. Estava equipado com 2 máquinas a vapor (alimentadas a carvão) de origem britânica, acopladas a 2 hélices. que lhe facultavam uma velocidade máxima de 17 nós. Nessa sua primeira fase de vida, este navio podia receber a bprdo 125 passageiros de 1ª classe, 550 de segunda e 1 230 de 3ª classe. Fez a sua viagem inaugural em 1912, na rota Trieste-Buenos Aires. Ainda nesse ano (em Maio), passou a operar na linha Trieste-Nova Iorque, que fazia escalas em Patrasso, Palermo e Argel. Quando, em 1914, rebentou a Grande Guerra e a Áustria-Hungria tomou partido pela aliança dita dos Impérios Centrais, o «Kaiser Franz Josef» recolheu ao porto de registo -Trieste- onde permaneceu até ao fim do conflito. Após a derrota da Alemanha e aliados, em 1918, o navio foi entregue (como presa de guerra) à Itália, que lhe deu o novo nome de «President Wilson» e o integrou na frota da Consulich Line. A sua primeira viagem com bandeira tricolor (verde, branca e rubra) fez-se de de Génova a Nova Iorque (com escala em Marseilha) e com tropas norte-americanas de regresso à sua pátria. Viagens com o mesmo destino ocorreram até 1925, ano em que o navio entrou no estaleiro para um restauro completo; durante o qual os seus ultrapassados propulsores foram trocados por máquinas a gasóleo. Durante o ano de 1929 fez a sua derradeira viagem com as cores do seu armador, no percurso (de ida e volta) Trieste-Nápoles-Nova Iorque-Boston. Depois teve vida atribulada, já que operou (entre 1930-1936) no seio da frota do Lloyd Triestino, com o nome de «Gange» e foi colocado numa linha que servia o Extremo-Oriente, via canal de Suez. Em 1936 passou para as mãos da Società Adriatica di Navigazione di Trieste, passando a ligar este porto ao de Alexandria, no Egipto, já com o nome de «Marco Polo». Sequestrado pelas tropas alemãs estacionadas em Itália, depois do golpe de 1943, o navio foi afundado pelos nazis (a 12 de Maio do ano seguinte) diante do porto de La Spezia, de modo a dificultar as operações dos Aliados. Em 1949 foi reemergido e, no ano seguinte, enviado para a sucata.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

«VILA DO CONDE»

Réplica (à escala 1/1) de uma nau portuguesa de Quinhentos, utilizada na Carreira da Índia. Foi construída em Vila do Conde (cidade da qual tomou o nome). ao abrigo do projecto-piloto Rosa dos Ventos, promovido pela Comissão Europeia. Foi inteiramente realizada no estaleiro da firma Samuel & Filhos daquela cidade nortenha, sob a supervisão do almirante Rogério d'Oliveira; responsável pelo projecto histórico-arqueológico da nau. O intuito foi recrear (em condições muito próximas da realidade) um espaço onde os visitantes deste navio -que funciona em articulação estreita com o núcleo museológico denominado Alfândega Régia-Museu de Construção Naval- sobretudo crianças e adolescentes escolarizados, possam 'reviver' a epopeia dos Descobrimentos, através de um dos navios que protagonizaram essa grande aventura da nossa História. Aventura do tempo em que os antepassados deste povo que é o nosso «davam novos mundos ao mundo». Construída com recursos do passado, nomeadamente no que respeita os materiais utilizados e os métodos de construção, a nau «Vila do Conde» está recheada de instrumentos e objectos da sua era, que constituem uma excelente ajuda para se fazerem estudos sobre as Descobertas, sobre o armamento embarcado, sobre as condições de vida a bordo, sobre a construção naval do século XVI, etc. Este navio de 40 toneladas, mede 27,50 metros de comprimento fora a fora por 7,68 metros de boca por 4,74 metros de pontal. E é um bom pretexto (não sendo o único, obviamente) para se visitar Vila do Conde; que é uma cidade que ainda não perdeu a sua secular tradição de construir navios. Nota : o desenho da nau em apreço é da firma Samuel & Filhos.

PRÍNCIPE FREDERICK (GALEOTA DO)

Esta sumptuosa barca de parada (inglesa) foi desenhada pelo arquitecto William Kent e construída -em 1732- pelo mestre carpinteiro John Hall, no estaleiro de South Bank (Londres). Destinada a navegar no rio Tamisa, o seu primeiro proprietário e usuário foi o príncipe Frederick de Gales, sendo utilizada depois da sua morte, ocorrida em 1751, por sucessivos monarcas do Reino Unido. Até que, em 1849, foi retirada do serviço e conservada na 'Royal Barge House'. Em 1951, por iniciativa de Jorge VI -pai da actual rainha de Inglaterra- foi entregue ao Museu Marítimo Nacional de Londres, onde ainda está exposta à admiração do público. Em 1993, esta magnífica barca foi classificada Embarcação Histórica e incluída na lista da 'National Historic Fleet'. Esta galeota, que tem 18,31 metros de longitude, necessitava de uma equipagem de 21 remadores, incluindo o mestre de manobras. Distingue-se pelo luxo e beleza da sua camarinha e pelas decorações artísticas em talha que a ornamentam -da proa à popa- e que foram, todas elas, banhadas a ouro de 24 quilates. A chamada 'barge' do príncipe Frederick é, sem dúvida, uma das mais belas galeotas do século XVIII e, também, uma das melhor preservadas.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

«ALBATROSS»

Escuna de bandeira norte-americana. Foi construída em 1920 num estaleiro de Amesterdão (nos Países-Baixos), tendo recebido o nome de baptismo de «Albatros» (com um único S). Efectuou toda a sua carreira como navio-escola. Em 1931 foi parar à Alemanha e -durante a 2ª Guerra Mundial- passou a chamar-se «Alk», sem deixar a sua missão de formação. Recebeu o seu terceiro e derradeiro nome em 1954 -«Albatross»- quando passou a hastear bandeira dos EUA. Com 97 toneladas de arqueação bruta e com 35,66 metros de comprimento fora a fora por 6,31 metros de boca, este navio era um elegante veleiro; que dispunha de 1 motor diesel auxiliar de 100 hp. Pertenceu, durante uns tempos, ao famoso aviador, romancista e guionista de cinema Ernest K. Gann, que, durante três anos efectuou, com ele, viagens no oceano Pacífico; e que o alugou, em 1957 para ser usado aquando da rodagem do filme «Twilight for the Gods», com Rock Hudson e Cid Charisse. Em 1959 foi adquirido pela Christopher B. Sheldon's Academy, para ser usado em cruzeiros de iniciação à navegação à vela e para administrar aulas de preparação à universidade. A sua tripulação foi, então, fixada a 4/5 membros, dos quais faziam parte o capitão Sheldon, a sua esposa (que era médica), um cozinheiro e um ou dois professores. O «Albatross» podia receber uma boa dezena de jovens, quase todos oriundos de famílias da classe média/alta. A carreira do navio em apreço terminou -de maneira abrupta e dramática- quando, no dia 2 de Maio de 1961, ele se afundou, ao largo das ilhas Dry Tortugas, quando velejava entre Progreso (México) e Nassau (Baamas). no soçobro do «Albatross» -ocasionado por uma 'tempestade branca' de extrema violência- perderam a vida 6 pessoas, entre membros da tripulação do veleiro e alunos. Um processo foi movido pelas famílias destes últimos ao capitão Sheldon, que (isso seria apurado pela justiça) não cometeu erros susceptíveis de justificar o desastre. Um filme realizado por Ridley Scott em 1996 e intitulado «White Squall - Escola de Homens» relata (embora de maneira romanceada) o drama do malogrado «Albatross». Nota : o navio que ilustra este texto não representa o «Albatross», mas uma escuna em tudo similar a esse veleiro.

«ANTARÈS»

Aviso colonial da armada francesa. Foi construído em 1915 e sobreviveu à chamada Grande Guerra. Tendo actuado, essencialmente no Mediterrâneo ocidental. Atribui-se-lhe participação numa acção (ocorrida em Agosto de 1917) contra o submarino alemão «U-39»; que rompeu o combate com avarias. Operou em águas italianas até depois do fim do conflito e fez campanhas nas Antilhas e em Marrocos, até 1930. Nesse mesmo ano foi destacado para Madagáscar, onde integrou a Divisão Naval do Oceao Índico. Em 1931, partiu para as Terras Austrais de Saint Paul, Amsterdam e arquipélagos Crozet e Kerguelen, para marcar a soberania da França sobre esses longínquos territórios. Sob as ordens do capitão de fragata Pérot, por ali se demorou alguns meses, recolhendo informações de vária natureza sobre essas desoladas ilhas; nomeadamente dados úteis sobre a navegação nessas perigosas paragens. No Livro de Bordo deste navio foi, um dia, consignado o facto do «Antarès» se ter cruzado, perto das Kerguelen, com uma ilha de gelo medindo 500 metros de comprimento por 35 metros de altura. Em 1931, este navio encontrava-se em Saigão -na então colónia francesa da Indochina- para receber trabalhos de beneficiação. Em 1935, havia sido transformado em navio-hidrográfico, mas, no ano seguinte, julgado obsoleto, foi vendido (por 90 000 francos) a um industrial de ferro-velho, que procedeu ao seu desmantelamento. O «Antarès» apresentava 1 140 toneladas de arqueação bruta e media 81 metros de longitude. Estava armado com algumas peças de artilharia de calibre menor. A sua guarnição era composta por 105 homens, dos quais 8 eram oficiais. Atingia a velocidade (teórica) de 17 nós e dispunha de uma autonomia de 3 000 milhas náuticas, consumindo, para as percorrer, 440 toneladas de carvão.

domingo, 20 de agosto de 2017

«SAN DIEGO»


Galeão de Manilha. Quer dizer que este, o «San Diego»,era um navio espanhol, daqueles que, nos séculos XVI e XVII, asseguravam e mantinham abertas as ligações comerciais entre as Filipinas e a costa ocidental do México. De onde as mercadorias eram, depois, levadas (por meios terrestres) para a contracosta e, dali, transferidas para Espanha. Deste galeão espanhol não se sabe grande coisa, a não ser que estava armado com 14 canhões e que a sua tripulação andava à roda de 400 membros. Conhece-se, também, qual foi o seu fim : foi afundado no dia 10 de Dezembro do ano de 1600, na sequência de um ataque perpetrado por uma frota de guerra batava constituída pelos navios «Eendracht», «Hope» e «Mauritius». comandada pelo corsário Olivier van Noort; que pretendia apoderar-se do rico carregamento do navio ibérico e traçara planos para conquistar a própria cidade de Manilha. Os desígnios dos holandeses (no referente à conquista da capital filipina) goraram-se, mas o «San Diego» saiu derrotado do confronto e soçobrou em águas do Índico com as suas riquezas. No naufrágio pereceu 3/4 da sua tripulação; mas salvaram-se o vice-governador e comandante do navio Don Antonio de Morga Sánchez Garay para além de um cento de outros membros da guarnição. Os restos do galeão «San Diego» foram achados em Abril de 1992 pelo arqueólogo subaquático Frank Goddio, na baía de Manilha, a 52 metros de profundidade. Deles foram retirados uns 6 000 objectos (moedas, jóias, porcelanas chinesas da dinastia Ming, armas individuais e os canhões), sendo que 70% deles foram parar ao Museu Naval de Madrid (onde podem ser admirados) e os 30% restantes foram confiados ao Museu Nacional das Filipinas. No sítio do afundamento do galeão ficaram, 'apenas', os destroços sem valor comercial ou histórico do «San Diego» e as macabras ossadas de 300 marinheiros e soldados que pereceram na peleja travada contra os Holandeses... Nota : a imagem anexada não representa o navio em apreço, mas um galeão do seu tipo e do seu tempo.

«JOÃO COSTA»

Navio-motor com casco em madeira, que pertenceu à frota bacalhoeira da Sociedade de Pesca Luso-Brasileira, Lda., da Figueira da Foz. Foi construído no ano de 1945 nos Estaleiros Navais do Mondego, na Murraceira (junto à Figueira) por uma equipa  de artífices colocados sob a supervisão de mestre Benjamim Bolais Mónica. Apresentava 773 toneladas de arqueação bruta e media 47,50 metros de comprimento por 10,40 metros de boca por 5,50 metros de pontal. Este navio estava equipado com 1 máquina desenvolvendo uma potência de 600 hp. Tinha uma tripulação de mais de 70 homens, entre oficiais, marinheiros e pescadores; procedendo estes últimos à captura do pescado à linha, com o auxílio de dóris. Concebido para a pesca longínqua, o «João Costa» frequentou -até 1952- os Grandes Bancos da Terra Nova e da Gronelândia. Mas, naquele ano, acabada a campanha e quando já regressava a Portugal com 11 000 quintais de bacalhau salgado, o navio foi destruído por várias explosões; que ocorreram na casa das máquinas por causa, ao que se apurou, de um curto circuito no seu sistema eléctrico. E, em consequência disso, o «João Costa» afundou-se (numa posição calculada em 60 milhas náuticas a norte do arquipélago dos Açores) no dia 23 de Setembro. Por prudência, todos os homens de bordo já haviam tomado lugar a bordo dos dóris, quando se deu o derradeiro e fatal estoiro; que provocou o soçobro do bacalhoeiro. Distribuídos por vários botes, os tripulantes do desditoso navio andaram à deriva no oceano Atlântico durante 6 dias, sem mantimentos e sem água potável. Acabaram por ser resgatados desnutridos, sequiosos e sofrendo do frio -mas com vida- por três navios estrangeiros : pelo «Henriette Schulte», de bandeira federal alemã, e pelos norte-americanos «Compass» e «Steel Executive»; que recolheram, respectivamente, 27, 12 e  35 homens. Que, dos Açores e de Lagos, acabaram de voltar aos seus lares, com uma dramática aventura para contar... Este navio-motor era 'sister ship' do «Capitão Ferreira»; que foi construído no mesmo ano e no mesmo estaleiro.

sábado, 19 de agosto de 2017

«ATLANTIC»

Navio de passageiros britânico, que pertenceu à frota da companhia White Star Line. Era um misto (vela/vapor) construído em 1870 pelos estaleiros Harland & Wolff, de Belfast, no Reino Unido. Mas só foi colocado no serviço transatlântico em Junho do ano seguinte. A sua arqueação bruta era de 3 707 toneladas e as suas dimensões as seguintes : 128,40 metros de comprimento, por 12,40 metros de boca. Estava equipado com 4 mastros (aparelhados em barca) e com 1 máquina a vapor de 600 cv acoplada a um veio. Conjunto propulsivo que lhe permitia navegar à velocidade de 14,5 nós. Durante dois anos, o «Atlantic» e os seus gémeos ofereceram à clientela -de 1ª classe- da sua companhia um conforto até então inédito na carreira Europa Nova Iorque; que, entre outros luxos, dispunha de cabines iluminadas por candeeiros a petróleo, em vez das tradicionais velas de cera. Disso beneficiavam, pois, os 166 passageiros privilegiados do navio; que podia transportar mais 1 000 passageiros de porão, que viajavam em condições promíscuas. A 20 de Março de 1873, o «Atlantic» zarpou de Liverpool para efectuar aquela que seria a sua 19ª travessia, Cerca de mil pessoas haviam tomado lugar a bordo. O oceano foi atravessado sem incidentes, salvo o facto de se ter efectuado um desvio para Halifax, onde se pretendia carregar carvão. E, no dia 1º de Abril, envolvido numa inesperada tempestade, agravada pela falta de visibilidade provocada por espesso nevoeiro, o navio foi chocar com o Marr's Head, um rochedo da ilha de Meagher; já em águas canadianas da Nova Escócia. Eram 2 horas da manhã e gerou-se o pânico entre os passageiros e os membros da tripulação. Embora a terra firme se situasse a, apenas, 50 metros de distância, ocorreu uma catástrofe; que vitimou centenas de pessoas. Todas as mulheres viajando a bordo do «Atlantic» (que eram 156) pereceram no naufrágio e das 189 crianças presentes, só uma delas sobreviveu. Estima-se que mais de 500 pessoas morreram no afundamento do navio e o seu capitão foi acusado, em tribunal, de conduta negligente perante a situação. O que resta da carcaça do infortunado navio repousa a 25 metros de profundidade e vários objectos nela recuperados estão expostas no museu marítimo de Halifax e num parque dedicado à memória das vítimas deste abominável desastre...

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

«SHAMROCK III»


O navio «Shamrock III» foi um arrastão de pesca de bandeira francesa, usado durante cerca de 30 anos pelos Établissements Ledun, de Fécamp, na pesca longínqua. Captuou bacalhau, em regime de quase exclusividade, nas águas da Terra Nova e de Saint Pierre e Miquelon; onde foi um dos derradeiros navios do seu tipo a operar. Pescado que era salgado a bordo, pelo facto do «Shamrock III» ainda não estar equipado com instalações de congelação. Este bacalhoeiro foi construído, em 1956, no estaleiro Beliard & Crighton, de Ostende (Bélgica). Apresentava 948 toneladas de arqueação bruta e media 70,85 metros de comprimento (fora a fora) por 10,85 metros de boca. A sua única máquina propulsiva desenvolvia uma potência de 1 103 kw. Foi matriculado na Normandia, no já mencionado porto de Fécamp com os registos sucessivos de F.1146 e de FC.249578. Foi desmantelado por uma empresa de Bruges (Bélgica) no ano de 1982, para cujo estaleiro este arrastão ainda se deslocou pelos seus próprios meios. A sua celebridade (reconhecida, sobretudo, nos meios piscatórios de França) adveio-lhe por vários motivos : pela sua longevidade (como já foi referido), por ter sido escolhido para ilustrar um selo postal de Saint Pierre e Miquelon (ver topo), por ter participado no filme «Le Crabe-Tambour», realizado por Pierre Schoendoerffer e por ter sido citado no livro «Le Grand Métier», da autoria de Jean Récher, que foi seu piloto durante várias campanhas de pesca longínqua.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

«ROYAL EDWARD»

Paquete britânico que pertenceu, sucessivamente, às frotas das companhias Egyptian Mail Steamship (de 1907-1910, com o nome de «Cairo»),  e Northern Steamship (a partir de 1910, subsidiária da Canadian Northern Railway). Quando eclodiu a Grande Guerra este navio foi requisitado pelo almirantado, para o serviço de transporte de tropas. A sua construção foi da responsabilidade dos estaleiros Failfield Shipbuildind & Engineering Cº, de Govam (Escócia), que o lançaram ao mar em Julho de 1907. Apresentava-se como um navio de 11 117 toneladas de arqueação bruta, medindo 160,30 metros de comprimento por 18,40 metros de boca . A sua propulsão era assegurada por um sistema de turbinas a vapor acopladas a 3 veios, que, obviamente, movimentavam 3 hélices. Podia atingir uma velocidade de 19 nós. Enquanto transporte civil foi concebido para receber 1 114 passageiros (344 dos quais em 1ª classe) e, como tropeiro, cerca de 1 400 militares. Começou (sem sucesso comercial) na linha Marselha-Alexandria e, mais tarde, já sob as cores da companhia canadiana, foi para o Atlântico norte, assegurando ligações do Reino Unido com Montreal e Quebeque. O seu primeiro serviço como transporte militar ocorreu logo no início do conflito e o derradeiro consistiu na transferência de um contingente canadiano composto por 1 367 homens (oficiais incluídos), que deveria reforçar alguns dos efectivos britânicos a combater em Gallipoli, no Levante. O «Royal Edward» zarpou de Avonmouth a 28 de Julho de 1915 e, na manhã de 13 de Agosto chegou (depois de ter feito uma escala no porto egípcio de Alexandria) ao sítio -entre a Grécia e a Turquia- onde o esperava o submarino tudesco «UB-14»; que o alvejou com dois dos seus torpedos. O «Royal Edward», que navegava sem escolta, explodiu e afundou-se, pela popa, em apenas 6 minutos. Os primeiros socorros foram dispensados aos náufragos pelo navio-hospital «Soudan» (que se cruzara pouco antes com o transporte e fora poupado pelo submarino alemão), que conseguiu resgatar 440 homens em seis horas. Dois 'destroyers' franceses e alguns barcos de pesca locais salvaram mais 221 outras pessoas. Na hora de estabelecer o sinistro balanço do afundamento do «Royal Edward» deu-se pela falta de 864 homens (o que significa que o navio levava mais gente do que à sua partida do Canadá); isso segundo as contas feitas por uma das fontes mais credíveis.

«JUNON»

Submarino da marinha de guerra francesa pertencente ao tipo 'Standard Amirauté T2 Minerve'. Foi construído nos estaleiros Augustin Normand do Havre (ACH) em 1935 e acrescentado, oficialmente, à lista de unidades da armada gaulesa em 27 de Setembro de 1937. Deslocava 856 toneladas (em imersão) e media 68,10 metros de comprimento por 5,60 metros de boca De propulsão clássica, estava equipado com 2 máquinas diesel de 900 cv de potência unitária, para a navegação à superfície, e com 2 motores eléctricos desenvolvendo, cada um deles, uma força de 615 cv, utilizados em configuração de mergulho. O «Junon» estava armado com 1 canhão de convés de 75 mm, com 3 metralhadoras e com 6 tubos lança-torpedos de 550 mm. Quando deflagrou a 2ª Guerra Mundial, estava destacado na base militar de Oran (Argélia), passando depois para Casablanca e, posteriormente, para Cherburgo. Foi deste porto de guerra metropolitano, que, em Julho de 1940, ele foi rebocado para Plymouth, onde foi remetido às Forças Navais da França Livre, que se bateram contra a Alemanha nazi sob a égide do general De Gaulle. A sua grande acção durante o segundo conflito generalizado ocorreu em 1942 durante a campanha  da Noruega. Na qual o «Junon» -sob o comando do capitão Jean-Marie Querville, futuro almirante- se viu implicado numa audaciosa missão interarmas. Que envolveu membros da sua guarnição e resistentes noruegueses. Que receberam ordens para desembarcar (com o material adequado) no Glomfjord e para ali procederem à sabotagem da central que produzia a 'água pesada' que deveria servir ao fabrico da futura (e nunca realizada) bomba atómica dos hitlerianos. A operação decorreu sob grande tensão, devida às execráveis condições do tempo e à vigilância apertada das tropas alemãs. A evacuação de 2 noruegueses e de 2 franceses implicados na operação, não pôde efectuar-se de imediato, pelo facto da vigilância do inimigo se tornas muito perigosa. Escondidos e protegidos pela população local, estes homens permaneceram ali durante 4 longos meses e só seriam reembarcados pelo «Junon» no decorrer de uma outra rocambolesca operação. Avisados por rádio da volta do submarino francês, estes desceram uma colina -em esquis e a toda velocidade- embarcando no submersível, que emergiu na hora H e os recolheu rapidamente, antes de desaparecer nas águas escuras e profundas da Noruega. O «Junon» ainda voltou àquelas paragens, para nova missão secreta, em 1943. Depois da guerra, esta unidade serviu algum tempo como escola de escuta e como navio de instrução de marinheiros. Foi desmantelado em 1960.

«CAPELO»


Esta lancha-canhoneira da Armada Portuguesa fazia parte de uma série de navios ligeiros de 40 toneladas de deslocamento construídos em Inglaterra -nos estaleiros Yarrow- em finais do século XIX. As outras eram a «Ivens», a «Lacerda» e a «Serpa Pinto». A «Capelo» foi realizada em 1894 e terminou a sua actividade operacional no ano de 1908. Media 26,50 metros de longitude por 5,50 metros de boca. Concebida para operar em rios africanos submetidos ao regime sazonal de águas baixas, o seu calado era mínimo, não excedendo 0,50 metro. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas a vapor (horizontais) de alta pressão, desenvolvendo uma potência unitária de 36 hp; que lhe permitiam navegar à velocidade máxima de 8 nós. Dispunha de uma roda de pás à popa. Do seu armamento constavam : 2 peças de 47 mm e 2 canhões-revólver de 11 mm, para além das armas individuais dos atiradores de bordo. A lancha «Capelo» (e similares) tinha uma guarnição de 21 homens, entre oficiais, sargentos, praças e pessoal inferiormente qualificado. Foi destacada para servir no sul de Moçambique e esteve nomeadamente no rio Inharrime, que banha a província de Inhambane. Nela viajou, em 1895, o major Mouzinho de Albuquerque (que percorreu o Limpopo até à junção com o Changane) durante a campanha organizada contra os Vátuas do régulo Gungunhana; que foi capturado em Chaimite.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

«SANTA ROSA DE LIMA»


Também conhecido pelo sobrenome de «Dragón», este navio espanhol de 3ª classe (uma fragata) estava armado com 64 canhões. Foi construído, em 1737, nos arsenais de Havana, em Cuba, e esteve operacional nas esquadras do país vizinho até 1741. Pouco se conhece sobre a sua curta carreira na marinha de guerra espanhola, sabendo-se, no entanto que, em 1738 (com um ano de vida) foi colocado sob as ordens do capitão-de-fragata Francisco José de Ovando y Solís e incorporado na esquadra do tenente-general D. Blas de Lezo, que então estacionava em Cartagena de Indias, porto atlântico da actual República da Colômbia. Em 1741, este navio e a sua guarnição receberam instruções para capturar um corsário inglês, que assolava as costas da América espanhola; missão que foi cumprida com sucesso. O «Santa Rosa de Lima» (assim batizado em honra da primeira santa da América latina) ainda se encontrava em Cartagena de Índias quando essa praça fortificada foi atacada, em 1741, pela poderosa frota britânica do almirante Edward Vernon. Na urgência, o também chamado «Dragón» foi voluntariamente afundado pela sua guarnição às portas do porto militar, para impossibilitar a entrada dos navios inimigos. Nota : a ilustração anexada não mostra o «Santa Rosa de Lima», mas um veleiro espanhol do seu tempo e da sua categoria.

«TEJO»

Contratorpedeiro da Armada Portuguesa. Lançado à água em 1904 pelo Arsenal da Marinha (Lisboa), o «Tejo» foi o primeiro navio do seu tipo a ser construído em Portugal. A sua realização enquadrou-se num plano de reequipamento da nossa marinha militar, que ocorreu ainda no reinado de D. Carlos I. Era um navio polivalente, que podia operar, indiferentemente, como canhoneira, torpedeiro ou contratorpedeiro. Daí ter sido classificado, no início da sua vida activa, como 'canhoneira-torpedeira'. Este navio, que só terminaria os testes de mar em 1906, começou por usar a bandeira azul e branca da monarquia, só passando obviamente à verde-rubra depois da implantação da República; passou, desde logo a ostentar à proa a menção NRP «Tejo». Assim como o indicativo T. Em 1915, o navio entrou no estaleiro para sofrer alterações e saiu da doca seca em 1917 completamente renovado (com silhueta modernizada) e a merecer plenamente a classificação de contratorpedeiro. É evidente que, nessas circunstâncias, o «Tejo» não teve papel participativo na Grande Guerra. Mas, depois da já referida modernização, bateu um recorde de velocidade, que fez dele o navio mais rápido da nossa Armada. O «Tejo» deslocava 536 toneladas e media 70 metros de comprimento por 6,96 metros de boca e por 3,10 metros de calado. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas TE de 7 000 hp, força  que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 27 nós. Este navio estava armado, depois da renovação de 1917, com 1 canhão de 100 mm, 1 de 76 mm, 4 peças de 47 mm e com 2 tubos lança-torpedos. A sua guarnição era composta por 94 homens. O «Tejo» foi desmobilizado em 1927 e foi, depois disso, desmantelado. Notas : a ilustração anexada mostra o navio depois da sua modernização; a não confundir este «Tejo», com dois outros navios de nome idêntico, que serviram (posteriormente) na Armada Portuguesa.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

«ADMIRAL NAKHIMOV»

Paquete de bandeira soviética, que se chamou primitivamente «Berlin III», quando hasteou pavilhão alemão. Construído em 1925 pelos estaleiros Vulkan, de Bremen, pertenceu à companhia Norddeutscher Lloyd, que o colocou na sua linha da América do norte, que ligava os portos de Bremen e Nova Iorque, com escalas em Southampton e Cherburgo. Depois de ter rebentado a 2ª Guerra Mundia, foi retirado do serviço transatlântico e, depois de importante restauro, passou a servir o estado hitleriano enquanto navio de cruzeiros da 'Kraft Durch Freude' (Força pela Alegria) e, posteriormente, como navio-hospital. Nesta sua última versão, o «Berlin III» podia acolher 400 pacientes, para além das equipas médicas e, naturalmente, da sua tripulação. Operou, essencialmente, em águas do norte da Europa, onde também participou em operações de repatriamento de militares acossados pelo Exército Vermelho na frente de leste. Em 1945, depois de ter chocado com duas minas, foi abandonado numa praia próxima de Kiel. Capturado pelos russos, o navio foi restaurado (em 1949) e colocado à disposição da marinha mercante moscovita, que o integrou na frota do mar Negro. Foi então que recebeu o nome de «Admiral Nakhimov», um dos heróis russos da Guerra da Crimeia. Esteve implicado (no início dos anos 60) no transporte de armamento para Cuba, operação que envolveu vários navios de bandeira vermelha e provocou a famosa crise dos mísseis com a administração Kennedy. Mais tarde, especializou-se nos cruzeiros turísticos no mar Negro, fazendo o trajecto Odessa-Batumi e transportando -em cada uma das suas viagens- uma média de mil passageiros. Teve um fim trágico, quando, a 31 de Agosto de 1986, navegando entre Novorossiisk e Sotchi, colidiu com o cargueiro, também ele soviético, «Piotr Vasev»; que chegava à URSS com os porões cheios de cereal importado do Canadá. O choque (cuja responsabilidade foi imputada ao capitão do cargueiro) foi medonho e provocou no casco do paquete um rombo de 84 m2; por onde a água entrou e acabou por invadir a casa das máquinas. Centenas de passageiros (que eram 888 a bordo) e alguns membros de equipagem (que eram à volta de 350) ao verem o navio virar-se e soçobrar -o que aconteceu em apenas 7 minutos- atiraram-se ao mar, que rapidamente, se cobrira de combustível. Apesar da chegada célere de socorros (64 embarcações e 20 helicópteros), não foi possível salvar 423 pessoas, das quais 64 eram membros da tripulação. O «Admiral Nakhimov» apresentava 15 286 toneladas de arqueação bruta (depois dos trabalhos de restauro executados pelos soviéticos) e media 174 metros de comprimento por 21 metros de boca. A sua velocidade máxima era de 16 nós. Quando passou sob a autoridade de Moscovo, este navio foi integrado na frota (estatal) da Companhia de Navios do Mar Negro.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

«TEGETTHOFF»


O «TegetthofF» foi um couraçado do tipo 'Dreadnought' da armada Austro-Húngara. Foi realizado, em 1913 pelos estaleiros S.T.T., de Trieste e incorporado no dia 14 de Julho desse mesmo ano. Apresentava-se como um navio com 20 000 toneladas de deslocamento, medindo 152 metros de comprimento por 27,90 metros de boca. Fortemente blindado, a sua couraça podia atingir a espessura de 279 mm nos pontos mais sensíveis do navio : cinta, ponte de comando, torretas, etc. Do seu armamento principal faziam parte 12 canhões de 305 mm, 12 de 150 mm, 18 de 70 mm e 4 tubos lança-torpedos de 533 mm. As suas máquinas (equipadas com caldeiras Yarrow e turbinas a vapor) disponibilizavam uma potência de 27 000 cv, que lhe autorizavam uma velocidade máxima de 20,4 nós e uma autonomia de 4 200 milhas náuticas, com andamento limitado a 10 nós. O «Teggetthoff» tinha uma guarnição de 1 087 homens. O nome que lhe foi dado homenageava um almirante do século XIX, que derrotou os italianos na batalha naval de Lissa. A sua participação na Grande Guerra foi insignificante (devido ao excesso de prudência da armada imperial) e, depois de terminado o conflito, o «Tegetthoff» foi entregue, em Pola, às forças navais italianas como presa de guerra; forças navais que nunca o utilizaram (já que havia atingido um elevado grau de vetustez) e o mandaram para a sucata. Um dos seus canhões sobreviveu ao navio e foi integrado num Monumento aos Marinheiros, erigido na cidade de Brindisi. E o sino de bordo foi oferecido, em 1942,  por Benito Mussolini, à equipagem do cruzador nazi «Prince Eugen». Que, deveria ter-se chamado «Tegetthoff».

«REGAZONA»


A nau «Regazona» foi o maior de todos os navios que integraram a Invencível Armada. Nau que veio afundar-se, na sequência de uma tempestade, ocorrida em 8 de Dezembro de 1588 na ria do Ferrol (Galiza); depois de ter galhardamente afrontado os ingleses na batalha naval de Gravelines (8 de Agosto). Na qual participou na condição de capitânia da Frota do Levante, superiormente comandada por Martín Jiménez de Bertendona. Segundo informações (nem todas coincidentes), a «Regazona» deslocava à volta de 1 250 toneladas e media 36 metros de comprimento. Estava armada com 30 canhões de maior calibre e com várias peças de somenos importância. Da guarnição desta nau, faziam parte 80 marinheiros (enquadrados pelos respectivos oficiais) e 291 soldados. O seu nome faz referência ao seu proprietário, o veneziano Jacome Regazona, à qual terá sido fretada -pelo rei Filipe II- para participar na campanha contra a Inglaterra isabelina. Outras curiosidades à volta deste navio : os canhões da «Regazona» foram retirados do navio naufragado, indo reforçar as defesas da Corunha; onde foram fundamentais para rechaçar os ataques de Francis Drake em 1589. A batalha de Gravelines ainda hoje é apregoada pelos Ingleses como uma grande vitória da sua marinha. Pura propaganda, já que nenhum dos navios espanhóis contra os quais eles se bateram foi destruído ou capturado. A maqueta que ilustra este texto faz parte das colecções do Museu Naval de Madrid.

«LYDIA»


O «Lydia» foi um transporte de passageiros que, durante muito tempo, serviu numa linha regular entre Southampton e algumas ilhas do 'channel'. Foi construído, em 1890, num estaleiro de Clydebank (Escócia) pertencente à firma J. & G. Thompson. Apresentava-se como um navio de pequeno porte, com uma arqueação bruta de 1 059 toneladas, medindo 77 metros de comprimento por 10,70 metros de boca. O seu calado era de 4,50 metros. Estava equipado com 1 máquina a vapor, que lhe proporcionava uma velocidade de 19,5 nós. O seu primeiro armador foi (entre 1890 e 1929) a London and South Western Railway. Depois, teve mais seis outros proprietários-operadores, sendo o derradeiro deles (que o usou de 1929 a 1933) a companhia grega Hellenic Coast Lines, do Pireu; que lhe deu o nome de «Ierax» e que o utilizou em carreiras do continente para as ilhas dos arquipélagos mais chegados a Atenas. Quando foi lançado à água, o Lydia» estava preparado para receber 170 passageiros de 1ª classe, 70 de 2ª e um numero indeterminado de viajantes de porão. Este navio não tem incidentes de grande relevo no seu historial; a não ser o facto de -entre 1920 e 1922- ter sido destacado para assegurar uma linha entre a capital da Irlanda (Dublim) e a Grande-Bretanha e, antes disso, durante a Grande Guerra (em 1915), pelo facto de ter sido alvejado, com um torpedo, por um submersível alemão. Ataque ao qual o «Lydia» escapou ileso. Este navio foi desmantelado em 1933, muito provavelmente na Grécia.

domingo, 30 de julho de 2017

«LEONARDO DA VINCI»


Couraçado italiano da classe 'Conte di Cavour', com vida operacional (não muito activa) durante o primeiro conflito generalizado. Foi construído -com desenho do engenheiro naval Edoardo Masdea- pelos estaleiros Ansaldo, de Génova, que o lançaram à água no dia 14 de Outubro de 1912. Mas só em 1914 foi integrado, oficialmente, nos efectivos da 'Regia Marina'.  Deslocava 25 086 toneladas em plena carga e media 168,90 metros de comprimento por 28 metros de boca. O seu calado cotava 9,40 metros. O seu sistema propulsivo apoiava-se em maquinaria dispondo de 20 caldeiras a vapor (desenvolvendo 31 000 cv de potência) acoplada a 4 hélices. Podia navegar à velocidade máxima de 21,5 nós e a sua autonomia era de 4 800 milhas náuticas com velocidade reduzida a 10 nós. Estava razoavelmente blindado e do seu armamento constavam 13 canhões de 305 mm, 18 de 120 mm, 22 de 76 mm e 3 tubos lança-torpedos de 450 mm. Tinha uma guarnição de cerca de 1 000 homens. O seu uso durante a Grande Guerra foi relativamente frouxa, devido à passividade do inimigo directo da marinha militar italiana : as forças navais do império Austro-Húngaro. O acto mais relevante da vida deste couraçado, ocorreu (no porto de Tarento (onde tinha a sua base) no dia 2 de Agosto de 1916, quando, a bordo, se deu uma terrível explosão, que ceifou a vida a 249 membros da tripulação. As causas desse rebentamento nunca foram esclarecidas, mas o estado-maior da 'Regia Marina' atribuiu-as a sabotagem dos Austro-Húngaros. Só depois de ter terminada a guerra, em Agosto de 1919, é que o navio entrou no estaleiro para sofrer reparações; que logo foram abandonadas. E o couraçado «Leonardo da Vinci» acabou para seguir para o ferro-velho em 1923, ano em que começou o seu desmantelamento.

«EUROPE»

Escuna de 3 mastros e com casco em madeira que, sob bandeira francesa, usou o nome de «Europe» e foi utilizada no transporte de carga diversa e na pesca do bacalhau. Este veleiro -com 356 toneladas de arqueação- foi construído em 1888 no estaleiro Stiansen, de Arendal (Noruega), e, durante muito tempo, fez campanhas de pesca longínqua nos Grandes Bancos da Terra Nova. Pouco mais se sabe sobre este navio, que (em França) pertenceu, sucessivamente, aos armadores Viúva A. Ladiray, de Fécamp, e Gustave Gauthier, de Sables-d'Olonne. Em Setembro de 1916, este veleiro seguia -sob as ordens do capitão Gustave Joly- de Cardiff para Nantes com um carregamento de carvão proveniente das minas galesas. No dia 9 do citado mês, o «Europe» foi interceptado pelo submarino germânico «UB-39» -que se encontrava sob o mando do 1º tenente Heinrich Küstner- a 30 milhas Oeste noroeste da ilha de Sein. Depois de ter enviado a bordo uma equipa de inspecção munida com bombas incendiárias, o oficial alemão intimou a equipagem do veleiro (maioritariamente constituída por marítimos de Fécamp) a embarcar em duas baleeiras e a afastar-se do «Europe». Que, em breve, se transformou numa gigantesca tocha, antes de se afundar nas profundezas do Atlântico. Não houve mortos a lamentar neste episódio da Grande Guerra e que se desenrolou segundo um plano há muito usado pelos submarinistas do 'kaiser'; que só usavam torpedos para afundar navios de guerra ou presas mercantes de muito maior porte. Nota : a ilustração que aqui se publica não representa o «Europe», mas, isso sim, um navio do seu tipo.

«ISIS»

Contratorpedeiro da marinha real britânica pertencente à classe 'I'. Foi construído, em 1936, pelos estaleiros Yarrow & Co, de Glásgua. Deslocava 1 370 toneladas e media 98,50 metros de comprimento por 10,10 metros de boca. Tinha uma guarnição variável, que podia ultrapassar os 150 homens. Baptizado com o nome de uma deusa da mitologia egípcia, o HMS «Isis» estava equipado com um sistema propulsivo que desenvolvia uma potência de 34 000 shp, força que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 35,5 nós e uma autonomia de 5 500 milhas náuticas. Do seu armamento principal constavam 4 canhões de 120 mm, 2 reparos (quádruplos) de metralhadoras de 12,7 mm, tubos lança-torpedos de 533 mm e rampas de lançamento de cargas de profundidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, o D87 (seu indicativo de amura) participou nas operações de evacuação da Grécia -em Abril de 1941- e, nesse mesmo ano, foi alvejado (ao largo de Haifa) por um bombardeiro Ju-88, que lhe causou avarias. Em 13 de Fevereiro de 1943, perto da costa líbia atacou e afundou (com outras forças britânicas) o submarino alemão «U-562». Mas teve um fim trágico, não sobrevivendo ao conflito. Com efeito, no dia 20 de Julho de 1944, quando se encontrava implicado numa missão no litoral normando, o «Isis» explodiu e afundou-se rapidamente. No seu naufrágio pereceram 11 oficiais (encontrando-se, entre eles, o comandante do navio) e 143 marinheiros. O desastre ocorreu por volta das 18 horas, mas só às 2 da manhã do dia seguinte se soube da tragédia; quando, por acaso, o 'destroyer' HMS «Hound» resgatou uma vintena de sobreviventes do «Isis». Pensou-se, durante muito tempo, que o navio afundado tivesse sido torpedeado, mas verificou-se, depois, que, naquele funesto dia e àquela hora, nenhum submersível inimigo estivera em operações na zona do soçobro. Hoje, pensa-se que a causa mais provável do naufrágio do navio britânico tenha sido o choque com uma mina. Nota : na ilustração anexada, o «Isis» é o navio em primeiro plano.

terça-feira, 18 de julho de 2017

«LA CURIEUSE»

Pequeno veleiro de bandeira francesa (aparelhado ora como um 'ketch', ora como uma escuna), que deixou o seu nome ligado à exploração científica das ilhas (pré-antárcticas) Kerguelen. O veleiro «La Curieuse» apresentava 75 toneladas de arqueação bruta e media 20,75 metros de comprimento. Foi construído, em 1911, no estaleiro de Léon Lefèvre, de Boulogne-sur-Mer com desenho original do arquitecto naval G. Soé. Dispunha de motor auxiliar. Durante a segunda expedição ao arquipélago Kerguelen levada a cabo por Raymond Rallier du Baty, esta pequena embarcação navegou com uma equipagem de, apenas, 7 homens, incluindo o chefe de expedição. «La Curieuse» fez-se ao mar a 16 de Julho de 1912, para realizar uma viagem (patrocinada pelo Museu de História Natural e pelo Ministério da Educação Pública), que deveria durar 5 anos; e que serviria para completar os trabalhos executados aquando de um precedente cruzeiro às mesmas ilhas, feito com o suporte de um outro navio. Antes de atingir o seu objectivo (as Kerguelen), este veleiro escalou vários portos, nomeadamente o do Funchal. «La Curieuse» chegou ao seu destino final a 22 de Outubro de 1913, onde realizou um trabalho de grande interesse científico; mas interrompeu a sua actividade, quando  Rallier du Baty tomou conhecimento do estado de guerra entre o seu país, a França, e a Alemanha Imperial. Essa tomada de decisão foi feita em sintonia com os outros membros da expedição, pois alguns deles (incluindo o chefe) decidiram alistar-se nas forças armadas para combater o 'kaiser' e os seus exércitos. A embarcação em apreço ficou-se por Sidney, na Austrália, desconhecendo o escriba de serviço qual terá sido o seu destino.

«HIGHLAND HOPE»

Paquete de bandeira britânica, pertencente à frota da companhia Nelson Line; que foi fundada em 1880 com o primeiro intuito de explorar o negócio de transporte de carne congelada da Argentina para os mercados europeus. Construído nos estaleiros da firma Harland & Wolff de Belfast (Irlanda do Norte) em 1930, o «Highland Hope» era um navio que também transportava correio e passageiros. Neste último domínio, refira-se que tinha capacidade para receber a bordo mais de 700 pessoas, que eram, na sua quase generalidade, emigrantes com destino ao Brasil e à Argentina. A sua arqueação bruta era de 14 129 toneladas e o navio media 159 metros de comprimento por 21,20 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas diesel, desenvolvendo uma potência de 2 190 nhp, que lhe permitia avançar à velocidade de cruzeiro de 16 nós. O «Highland Hope» foi colocado numa linha que ligava Londres a Buenos Aires, com escalas nos portos de Boulogne-sur-Mer, Vigo, Lisboa (acessoriamente) e Rio de Janeiro. No dia 19 de Novembro de 1930, quando ainda não completara 1 ano de serviço, este paquete britânico (com 550 passageiros e tripulantes a bordo) foi despedaçar-se contra os Farilhões -perto de Peniche- devido ao nevoeiro e, ao que tudo indica, a um grosseiro erro de navegação. Alertados pelo tremendo estrondo provocado pelo encalhe, os penicheiros que por ali pescavam nas suas frágeis embarcações, dirijiram-se para o lugar do sinistro, logrando salvar todos os náufragos. Acto que seria, mais tarde, reconhecido e recompensado com diplomas e medalhas pelo governo de Sua Majestade. O navio, considerado irremediavelmente perdido, pelo armador e respectiva companhia de seguros, foi depois pilhado pelos pescadores locais, que dele sacaram objectos de pequena dimensão, que ainda hoje existem e são mostrados como troféus. Um empresa de salvados recuperaria, quando as condições do mar lhe permitiram o acesso à carcaça do malfadado «Highland Hope», metais não ferrosos e outros materiais com algum valor comercial. De modo que aquilo que hoje resta do navio (que já passou cerca de 90 anos no fundo do mar) é pouca coisa (um amontoado de chapas e ferros retorcidos), que apenas representa um espólio para os arqueólogos subaquáticos e para os curiosos da História Marítima. Curiosamente, o navio que foi mandado construir para substituir o navio aqui em apreço, foi, também ele, vítima de um destino infeliz. Com efeito, o «Highlant Patriot» foi afundado -no dia 1 de Outubro de 1940- pelo submarino alemão «U-38». Só que aqueles que nele viajavam não tiveram a mesma sorte dos que se encontravam a bordo do seu predecessor. 140 morreram...

segunda-feira, 17 de julho de 2017

«VENTUROSO»


Lugre português de 4 mastros e com casco de madeira, construído em 1919 num estaleiro de Vila do Conde pelo mestre carpinteiro Jeremias Martins Novais; que era membro de uma família de afamados construtores navais do norte do país, responsável pela realização de numerosos e excelentes navios à vela. O «Venturoso» pertenceu à Sociedade Comercial de Navegação, Lda., com sede no Porto. A rara informação existente sobre este navio, apenas refere que apresentava 413 toneladas de arqueação líquida (TAL) e que nunca usou motor auxiliar. São igualmente conhecidos os nomes dos seus dois capitães : José Cochim (que passou pelo navio em apreço entre 1919 e 1921) e José Ançã (que o terá governado entre 1922 e 1923). Este quase misterioso navio perdeu-se num também pouco documentado naufrágio, que ocorreu em pleno oceano Atlântico, quando o «Venturoso» navegava de Belém do Pará, para a Cidade Invicta. Nada se sabe sobre a existência de eventuais sobreviventes ao soçobro do navio. Mas depreende-se, pela data da morte do seu capitão, que este terá sido uma das vítimas do afundamento do lugre. A foto aqui anexada é de autor desconhecido. Foi apresentada (julgo que pela primeira vez) no excelente blogue «Navios à Vista», ao qual pedimos desde já a sua indulgência por esta bem intencionada usurpação e apresentamos melhores comprimentos. Mas também ela (a foto) é polémica, pois não há certezas de que, realmente, represente o «Venturoso».

sábado, 15 de julho de 2017

«P. R. HAZELTINE»


O veleiro «P. R. Hazeltine» (uma galera de 3 mastros com casco em madeira) foi construído em 1876 nos estaleiros Carter C. P. & Company, de Belfast, no estado norte-americano de Maine. O seu único armador foi a firma Ezekiel H. Herriman, da mesma cidade. Que perdeu este navio aquando da sua viagem inaugural, que começou Liverpool (Nova Iorque, a não confundir com o porto britânico homónimo) e tinha como destino São Francisco da Califórnia. Transportava carga diversa. Nesse tempo, a passagem para o oceano Pacífico fazia-se obrigatoriamente pela rota do cabo Horn, reputado pelas dificuldades que causava mesmo aos capitães e marinheiros mais experimentados. Foi por ali que este veleiro se perdeu, depois de se ter esventrado contra os recifes da ilha Wollaston, pertencente à República do Chile. Grande parte da carga deste novo veleiro estadunidense foi salva (graças ao bom estado do tempo) e toda a equipagem e passageiros do «P. R. Haxeltine» se salvou com recurso às baleeiras de bordo. Depois de terem rumado ao canal de Le Maire, os náufragos foram resgatados pelos navios «Sonoma» e «Gustave» (também eles veleiros) e deixados em porto seguro. O naufrágio da galera americana ocorreu no dia 25 de Agosto de 1876. Curiosidade : a tela que aqui representa o navio em apreço é da autoria do artista Percy A. Senborn.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

«SÃO GABRIEL»

Cruzador de 3ª classe da Armada Portuguesa. Foi encomendado, ainda nos tempos da monarquia e ao mesmo tempo que o seu gémeo «São Rafael», para cumprir os planos de modernização da nossa frota de guerra delineados pelo então ministro Jacinto Cândido. Foi construído em França, na cidade do Havre, pelos estaleiros da firma Forges et Chantiers du Havre (Augustin Normand), que o botaram ao mar no ano de 1900. Era um belo navio protegido por uma coberta couraçada de 35 mm, que deslocava 1 850 toneladas. Media 75 metros de comprimento por 10,80 metros de boca por 4,35 metros de calado. O sistema de propulsão deste cruzador era constituído por 2 máquinas a vapor de tripla expansão, que desenvolviam 3 000 cv e que podiam conferir ao navio 16 nós de velocidade máxima. O «São Gabriel» estava armado (artilharia principal) com 2 canhões de 150 mm, com 4 de 120 mm, com 8 de 75 mm e com 1 tubo lança-torpedos posicionado à proa. Tinha, inicialmente, mastros aparelhados com velas, como ainda era de uso na época da sua realização. Recebeu, já depois de ter sido recepcionado pela Armada, aparelhagem TSF. Teve a sua base em Lisboa. A coroa de glória do «São Gabriel» advém-lhe do facto de ter sido o primeiro navio português a ter realizado uma circum-navegação do globo (entre 11 de Dezembro de 1909 e 19 de Abril de 1911) e através de uma rota reconhecidamente difícil, que passou pelo estreito de Magalhães e pelos canais da Patagónia. A dita viagem durou 16 meses e 9 dias, tendo o navio percorrido cerca de 42 000 milhas náuticas (durante as quais afrontou um tufão nos mares da China) e visitado 72 portos nacionais e estrangeiros. Repare-se que o navio partiu de Portugal quando por cá ainda reinava D. Manuel II e que regressou à base já depois de instaurada a República. A viagem decorreu sem incidentes, já que, durante esse longo périplo, não ocorreram a bordo nem mortes, nem feridos, nem sequer houve doenças de membros da guarnição. Este cruzador, que não teve papel relevante durante o primeiro conflito generalizado, foi abatido do serviço activo em 1924, quando já era um navio obsoleto.

«GALGO»

Esta minúscula embarcação entrou na História naval durante os anos quentes da Grande Guerra, ao prestar serviço para a nossa Armada nas águas do Algarve. Era um rebocador pertencente à firma Júdice Fialho & Companhia, registado no porto da então Vila Nova de Portimão, que a autoridade marítima requisitou (em finais de Setembro de 1916) e transformou em patrulha armado. Para tanto, recebeu artilharia (1 canhão-revólver Hotchkiss de 37 mm) e a sua tripulação foi reforçada com elementos da marinha de guerra. Entre os quais figurava o 1º tenente Alberto Carlos dos Santos, que assumiu o comando. A missão do «Galgo» consistia na vigilância da costa algarvia, entre o cabo de São Vicente e Lagos. O «Galgo» fora construído nos estaleiros Ross & Duncan, de Glásgua, em data não apurada e renovado em Lisboa no ano de 1911. Deslocava 83 toneladas (em plena carga) e media 27,10 metros de comprimento fora a fora por 5,18 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina de origem inglesa desenvolvendo uma potência de 75 cv, que lhe imprimia uma velocidade máxima de 10 milhas/hora. Foi o único 'navio' da Armada Portuguesa que, durante aquele devastador conflito e com os seus limitados meios, ousou opor-se à acção do submarino germânico «U-35» (comandado pelo famoso e temível capitão-tenente Lothar von Arnauld de la Perière), que afundou quatro navios dos Aliados só na zona de Sagres. Foi também o modesto «Galgo» e a sua corajosa tripulação de 15 homens, que lograram resgatar (com vida) ao oceano muitos dos náufragos dos cargueiros destruídos pelo supracitado submersível. Largas dezenas. O «Galgo» foi desmilitarizado pela Armada em 1918 e posteriormente devolvido ao seu legítimo proprietário. Desconhece-se quando e em que circunstâncias deixou de navegar. Curiosidade : as instâncias nacionais e internacionais protegeram os restos dos navios afundados ao largo do promontório de Sagres, transformando essa zona numa espécie de 'santuário', que a UNESCO já classificou, aliás e segundo a imprensa, como património da Humanidade.