O rebocador «Rhona» pertenceu a uma frota de embarcações similares que -sob as cores da empresa britânica Mason & Barry, concessionária das minas de São Domingos- cumpriu a sua missão no rio Guadiana, puxando barcaças de transporte de minério (pirite). Em 1923, esta pequena embarcação (já com mais de 40 décadas de vida), rumou do Pomarão a Lisboa, para, num estaleiro da capital, se submeter a urgentes trabalhos de reparação. A viagem fez-se sem incidentes, até à chegada do «Rhona» perto do porto de destino, quando foi assaltado por violenta tempestade. Devido, muito provavelmente, à sua vetustez, este rebocador não aguentou o assalto das ondas do estuário, nem as fortes rajadas de vento e acabou por afundar-se -com 9 homens a bordo- nas imediações do forte do Bugio. Os dois sobreviventes da tragédia foram socorridos (e salvos, obviamente) pela abnegada tripulação do «Patrão Lopes», o famoso salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos. Este drama marítimo ocorreu no dia 9 de Fevereiro de 1923 e o foi amplamente noticiado pela imprensa do tempo, nomeadamente pela «Ilustração Portugueza» Revista ilustrada à qual pertence a imagem aqui publicada, à falta de fotos do rebocador em apreço. O «Rhona» foi construído, em 1897, pelos estaleiros ingleses de South Shields. Apresentava uma arqueação bruta de 182 toneladas e media 31,85 metros de comprimento por 6,60 metros de boca. A sua tripulação normal era de 7 homens. Os seus destroços -descobertos e identificados em 2015- repousam a 10 metros de fundo. O sítio arqueológico do «Rhona» está protegido, sendo as suas visitas devidamente controladas pelas autoridades marítimas.
domingo, 23 de setembro de 2018
domingo, 6 de maio de 2018
«MINAS»
Destinado às carreiras transatlânticas, este paquete italiano foi construído, em 1881, nos estaleiros Ansaldo, de Sestri Ponente, para a companhia de navegação de Angelo Parodi, de Génova. O seu nome de baptismo foi «Michele Lazzarone». Era um navio com 2 854 toneladas de arqueação bruta e com 110,90 metros de longitude por 12,22 metros de boca, capaz de transportar -a 12 nós de velocidade de cruzeiro- 60 passageiros em camarotes de 1ª classe e cerca de 900 outros em 3ª classe. Depois de ter hasteado, durante 11 anos, as cores do seu primeiro armador, o navio foi vendido (em 1892) à firma Mazzino B., que lhe conferiu o novo nome de «Remo». Mas, logo dois anos mais tarde, em 1894, o navio mudou outra vez de mãos, passando a usar o pavilhão da Società di Navigazione Ligure Romana, que lhe deu o nome de «Pará». Nome que também não durou muito, pois em 1897, quando aquela empresa foi absorvida pela Società Ligure Brasiliana o paquete passou a usar o designativo de «Minas». Nesse tempo, este navio ligava Génova aos portos brasileiros do Rio de Janeiro e de Santos. Passando, a partir de 1911, a prolongar a sua rota até ao Rio da Prata. Durante a Grande Guerra e devido ao perigo representado pelos submarinos alemães que cruzavam o Atlântico, essas viagens foram interrompidas e o «Minas» transformado em transporte de tropas. Foi nessa condição que -em 15 de Fevereiro de 1917- ao largo do cabo Matapão (quando navegava de Taranto para Salónica) o «Minas foi torpedeado e afundado pelo «U-39» (submarino que se encontrava, então, sob o comando do capitão Walter Forstmann) com perda de muitas centenas de vítimas. Assim acabou, tragicamente, um navio que havia transportado para a América do Sul (especialmente para o Brasil e para a Argentina) muitos milhares de emigrantes italianos, mas não só...
«PARIS»
Couraçado da armada francesa. Construído em 1912 pelo estaleiro F.C.M. (Forges et Chantiers de la Méditerranée), de Seyne-sur-Mer, este navio pertenceu à classe 'Courbet'. Entrou precipitadamente no serviço activo em 1914, por causa da eclosão da Grande Guerra. O que determinou um regresso ao estaleiro (Arsenal de Toulon) em Novembro de 1915, para ajustes e reparações. Durante o primeiro conflito generalizado, o «Paris» operou essencialmente no mar Mediterrâneo, cumprindo missões (de soberania, de escolta e de patrulha) nas costas do norte de África, mas também em águas maltesas e gregas. Em 1919, já depois do fim da Grande Guerra, este navio assegurou a protecção às tropas gregas que participaram no malfadado desembarque de Esmirna. O «Paris» sofreu, em 1920, uma significativa modernização no arsenal de Sidi Abdallah (Tunísia), depois da qual passou a assumir o papel de navio-almirante da frota francesa do Mediterrâneo. Operação (de remodelação) que repetiu em 1923, desta vez em Brest. Depois disso, o couraçado em apreço esteve envolvido nas operações militares franco-espanholas contra o líder nacionalista Abd-El-Krim. A partir de Outubro de 1931 -já ultrapassado enquanto navio de combate- o «Paris» passou a ser utilizado como navio-escola de timoneiros, de fogueiros e de artilheiros. Quando, em 1939, rebentou a guerra contra a Alemanha nazi, este couraçado foi rearmado e afectado à chamada 3ª Divisão de Linha; mas o facto de se tratar de uma unidade obsoleta, acabou por condená-lo, de novo, a funções subalternas e focadas na formação de marinheiros. Uma avaria grave no seu sistema propulsivo (ocorrida em 1943, já com a França sob ocupação hitleriana) ditou o seu fim e consecutivo desmantelamento. O «Paris» era um navio de 26 000 toneladas (em plena carga), que media 164,90 metros de comprimento por 27 metros de boca por 9 metros de calado. Movia-se graças à força de 28 000 cv desenvolvida por um sistema propulsivo a vapor, composto por 4 turbinas e por 24 caldeiras. Estava equipado com 4 hélices. A sua velocidade máxima era de 21,5 nós. Estava fortemente blindado (de 48 mm a 300 mm) e poderosamente armado com 12 canhões de 305 mm, 22 peças de 138.6 mm, 11 de 47 mm e 4 tubos lança-torpedos de 450 mm. A sua guarnição ascendia a 1 108 homens, oficiais incluídos.
«WESTERN STATES»
Vapor lacustre de bandeira norte-americana, construído -em 1889- no estaleiro Detroit Ship Building Cº, de Wyandottte (Michigan). Foi realizado para operar na linha Detroit-Cleveland, onde permaneceu durante décadas a fio. Mas também participou em excursões sazonais no lago Superior. A sua companhia armadora foi a Detroit & Cleveland Navigation Cº. Esta embarcação teve uma 'sister ship' baptizada «Eastern States», com a qual partilhou a referida carreira. As suas principais características físicas eram as seguintes : 3 077 toneladas de deslocamento; 110,33 metros de comprimento; 13,78 metros de boca; 5,94 metros de calado. Movia-se com a ajuda de 1 máquina a vapor de dupla expansão (alimentada a carvão), que desenvolvia uma potência de 4 200 cv. Força que lhe assegurava uma boa velocidade de cruzeiro. Para além de viajantes, tinha capacidade para receber carga geral. Depois do fim da 2ª Guerra Mundial, o tráfico fluvial e lacustre sofreu uma grande quebra nos 'states' e no sul do Canadá, devido à construção de boas estradas na região dos Grandes Lagos e à criação de empresas de transporte colectivo mais rápidas e mais seguras; que 'roubaram' muita clientela ao «Western States» e congéneres e provocaram o fim da actividade da Detroit & Cleveland Navigation Company. De modo que, em Junho de 1955, o navio em apreço foi rebocado para Tawas City (Michigan), onde funcionou como hotel flutuante com o nome de «Overnighter»; unidade que não teve sucesso comercial e que acabou parcialmente destruída por um incêndio. Levado para um estaleiro especializado de Bay City (também no estado do Michigan), o navio foi desmantelado em 1959.
terça-feira, 24 de abril de 2018
«BAYERN»
Este couraçado da armada imperial alemã deu o seu nome a uma classe de navios, que deveria compreender 4 unidades. A saber : o navio em apreço, o «Baden», o «Sachsen» e o «Württenberg». Mas só a construção dos dois primeiros seria concretizada. O «Bayern» -feito nos estaleiros Howaldtswerke-Deutsche Werft, de Kiel- entrou em serviço em Março de 1916. E o facto mais marcante da sua vida operacional ocorreu no dia 12 de Outubro do ano seguinte, durante a Operação Albion, quando chocou com uma mina no golfo de Riga. Este navio sofreu, então, algumas avarias, que necessitaram trabalhos de estaleiro; sendo, por via de consequência, afastado dos combates da Grande Guerra. Depois do armistício, o «Bayern» tomou (como tantos outros navio da frota imperial) o rumo de Scapa Flow, onde foi afundado por elementos da sua própria guarnição. Em Setembro de 1934, uma empresa de salvados -a Metal Industries of Charlestown- procedeu à sua reemersão (para aproveitamento de materiais), mas, durante essa complicada manobra para trazer o navio a flor das águas, as suas famosas torretas da artilharia principal soltaram-se e não puderam ser recuperadas. O «Bayern» deslocava 32 000 toneladas e media 180 metros de comprimento por 30 metros de boca. O seu calado ultrapassava os 9 metros. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma potência de 56 000 cv, força que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 22 nós e uma autonomia de 5 000 milhas náuticas com andamento reduzido a 12 nós. Este vaso de guerra estava fortemente blindado (120 mm - 350 mm). Do seu armamento destacavam-se 8 poderosos canhões de 380 mm, 16 de 150 mm, 2 de 88 mm e 5 tubos lança-torpedos de 600 mm. A sua guarnição era composta por 1 270 homens, oficiais incluídos. Nota : a acima referida Operação Albion consistiu na ocupação alemã de um arquipélago situado ao largo da Estónia; que resultou na expulsão das forças navais russas daquela região do Báltico.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
«AUGUSTUS»
Transatlântico italiano. Foi construído, em 1927, no estaleiro naval G. Ansaldo & Cº, de Sestri Ponente, para a armadora genovesa Navigazione Generale Italiana. Era gémeo do «Roma», construido no ano precedente. O «Augustus» apresentava uma arqueação bruta de 32 652 toneladas e media 232,90 metros de comprimento por 27,16 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por máquinas diesel, desenvolvendo uma potência de 28 000 ihp. Força que lhe permitia navegar à velocidade de cruzeiro de 20 nós. Dispunha de 4 hélices. Este paquete foi, no seu tempo, o maior navio do mundo do seu tipo a usar motores diesel. Podia transportar 1 675 passageiros na sua versão civil e 2 116 combatentes enquanto transporte de tropas; função que desempenhou a partir de 1939. O «Augustus», que, antes da eclosão do conflito, navegara nas linhas Génova-Nápoles-Buenos Aires e posteriormente entre Génova e Nova Iorque, foi escolhido pelas autoridades fascistas -tal como o «Roma»- para ser transformado em porta-aviões, plano que nunca chegou a concretizar-se. E foi, nesse entretanto, sucessivamente nomeado 'Falco» e «Sparviero». Recuperado pelos alemães, já depois o desembarque dos Aliados em Itália, este navio foi voluntariamente afundado pelos nazis em frente do porto de Génova, para dificultar o seu acesso ao inimigo. Depois do armistício, em 1946, o navio foi reemergido e vendido, como sucata, para futuro desmantelamento. O que ocorreu, por completo, em 1951.
domingo, 22 de abril de 2018
«REINA MARÍA LUÍSA»
Navio de linha espanhol dos séculos XVIII e XIX. Pertencente à classe 'Santa Ana', foi construído (segundo planos do arquitecto naval Romero Landa) nos estaleiros de Esteiro (Ferrol, Galiza) em 1791. Deslocava 2 308 toneladas e media 59,60 metros de comprimento por 15,50 metros de boca. O seu calado era de 7,40 metros. O «Reina María Luísa» estava armado com 112 bocas de fogo (de quatro calibres distintos) distribuídas por 3 conveses. Navegou até dia 10 de Dezembro de 1815, ano em que se afundou -em consequência de uma violente tempestade- na enseada de Bougie, no norte de África. Isso, após ter derivado durante vários dias, quando navegava de Mahón para Cartagena. Alguns dos seus náufragos foram recolhidos por navios amigos e os restantes foram retidos pelo 'bey' de Argel; que só os libertou após as negociações que levaram à restituição de um dos seus bergantins e respectiva tripulação, que haviam sidos apresados em águas espanholas. A perda do «Reina María Luísa» deu lugar ao julgamento em Tribunal Militar do seu comandante, capitão de fragata Vicente de Lama Montes, que foi ilibado de responsabilidades. De entre os acontecimentos marcantes da história do «Reina María Luísa», há que salientar o seguinte : em 1793 (sendo navio-almirante da esquadra do tenente-general Lángara) participou -com a esquadra britânica do almirante Samuel Hood- na evacuação dos monárquicos franceses acossados pelos revolucionários em Toulon. En 1795, conheceu o baptismo de fogo, num combate travado contra a fragata francesa «Ephigénie», que capturou. Em 1809 viu o seu nome ser alterado para «Fernando VII». Este navio operou com uma guarnição superior a 1 000 homens.
«ROTHESAY BAY»
Veleiro (barca) de bandeira britânica, construído no estaleiro Birrell Stenhouse & Company, de Dumbarton (Reino Unido). Foi lançado à água no dia 26 de Setembro de 1877. O «Rothesay Bay» tinha casco de aço e arvorava 3 mastros. Apresentava-se como um navio de 775 toneladas de arqueação bruta, medindo 57 metros de comprimento por 9,50 metros de boca. O seu primeiro proprietário foi a casa armadora Hatfield Cameron & Cº, que o registou na capitania do porto de Glásgua. Destinado ao transporte de carga geral, este veleiro foi colocado nas ligações comerciais com a Austrália e a Nova Zelândia. Para onde realizou inúmeras viagens. Em 1909, o navio foi vendido a um armador norueguês (A. J. Freberg, de Sandefjord), que lhe deu o nome de «Activ». Que usou até 1914, ano em que o veleiro recuperou o seu nome original, na sequência de nova venda para Inglaterra. Três anos mais tarde, em 1917, esta barca foi parar às mãos da empresa Australian Ship Activ Ltd. (gerida por Charles Lundin e filhos), que a levou para a ilha-continente da Oceania. Onde estes seus novos donos acabariam por desfazer-se do velho navio; que, já noutras mãos, acabou por ser desarvorado e transformado num simples batelão. Entre 1921 e 1922 o seu casco foi parar à Nova Zelândia -aos portos de Wellington e de Aukland- onde ele foi usado como armazém flutuante de carvão. A carcaça inutilizada do outrora elegante «Rothesay Bay» acabou por ser desmantelada muitos anos depois -em 1936- num estaleiro de Orakei Beach, na ilha de Rangitoto.
«ABDA»
Anteriormente denominado «Koning Wilhem I», este navio, que hasteou bandeira dos Países-Baixos durante quinze anos, foi construído (em 1898) no estaleiro Royal Schelde, de Flessingen, para a companhia de navegação N. V. Stoomvaart Maats Nederland, com sede em Amesterdão. Adquirido pela Compagnie de Navigation Marocaine et Armenienne-Paquet (de Marselha), recebeu o novo nome de «Abda» e foi colocado numa linha rápida e directa que ligava a mais populosa cidade do sul de França a Marrocos. Na qual este paquete se manteve até 1915, ano em que -por causa da Grande Guerra- foi requisitado e transformado em navio auxiliar da armada gaulesa e usado como transporte de tropas. Nesse tempo, o navio em apreço apresentava as seguintes características : 4 332 toneladas de arqueação bruta, 116,40 metros de comprimento e 13,70 metros de boca. A sua propulsão era garantida por 1 máquina a vapor de quádrupla expansão, que lhe imprimia uma velocidade de cruzeiro de 14 nós. Podia transportar 944 passageiros em quatro classes distintas. Número que aumentou substancialmente na sua verão tropeira. Regressou à sua actividade civil no decorrer do ano de 1917. Em Setembro de 1931, o «Abda» zarpou de Marselha pela última vez. E, depois de um curto espaço de tempo passado no estaleiro de La Seyne-sur-Mer -onde lhe foram retiradas algumas peças ainda aproveitáveis, foi levado para Génova (no início de 1932), onde se procedeu ao seu desmantelamento. O «Abda» foi o navio em que -a 28 de Agosto de 1928- embarcou o famoso chefe rebelde Abd el-Krim (protagonista da guerra do Rif, contra franceses e espamhóis), para ser conduzido ao seu exílio forçado na ilha da Reunião. De onde esse herói do mundo árabe logrou evadir-se, após 22 anos de detenção.
sábado, 21 de abril de 2018
«BUONI AMICI»
Veleiro italiano construído, em 1885, pelo estaleiro de G. B. Guastavino, de Savona, Itália. Hasteava bandeira desse país e navegava (com carga diversa) no Mediterrâneo e costas da Europa atlântica, por conta do armador F. Cassini, de Porto Maurizio. Estava registado na capitania de Viarreggio. O «Buoni Amici» tinha casco em madeira, arvorava 3 mastros (aparelhados em lugre) e apresentava uma arqueação bruta de 235 toneladas. Media 31,55 metros de comprimento fora a fora por 7,82 metros de boca por 4,10 metros de pontal. A sua tripulação era constituída por 10 homens. O «Buoni Amici» foi afundado pelo submarino da armada imperial alemã «U-22» (então comandado pelo subtenente Heinrich Hashagen) ao largo da costa norte de Portugal, em data de 20 de Agosto de 1918. A equipagem do pequeno navio foi, como era hábito, intimada a abandoná-lo, antes deste ser destruído -provavelmente a tiros de canhão- pelo inimigo. O mestre do navio, Giuseppe Foggini (cujo veleiro se dirigia de Pasajes para Málaga) aportou a Viana do Castelo durante a tarde do fatídico dia e fez um relatório completo dos acontecimentos às autoridades marítimas locais. Esse relato seria confirmado posteriormente, quando se teve acesso ao diário de bordo do submersível germânico implicado nesse acto de guerra. Nota : a imagem anexada não reproduz o navio em apreço, mas uma embarcação do seu tipo.
«YONGALA»
Vapor de bandeira australiana, lançado à água em 29 de Abril de 1903, pelos estaleiros britânicos da empresa Armstrong Whitworth & Cº, de Newcastle-upon-Tyne. Foi construído na sequência de uma encomenda feita pela casa armadora Adelaide Steamship Company; que colocou este navio de transporte de passageiros na sua linha Adelaide-Melbourne-Sidney-Brisbane, prolongada, no inverno, até Cairns. Em 1906, o «Yongala» foi o primeiro navio de passageiros a navegar de Brisbane a Fremantle (porto da Austrália Ocidental) numa ligação directa de 5 000 quilómetros. Tratava-se de um pequeno paquete com 3 664 toneladas de arqueação bruta, que media 107 metros de comprimento. Estava equipado com 1 máquina de tripla expansão, cuja potência lhe garantia uma velocidade de cruzeiro de 15 nós. Da sua tripulação, faziam parte 72 membros. Este navio prestou grandes serviços na sua ligação entre os portos da Austrália, num tempo em que os transportes terrestres eram escassos e de qualidade duvidosa. O «Yongala» perdeu-se no dia 23 de Março de 1911, por não ter podido resistir a um violento ciclone que o assaltou durante uma viagem que efectuava entre Melbournr e Cairns; e depois de ter feito escalas em Brisbane e Mackay. O naufrágio ocorreu ao largo do cabo Bowling Green, na costa do Queensland. No desastre morreram todos os ocupantes do «Yongala» (tripulantes e passageiros), ou seja 122 pessoas. Cujos corpos nunca seriam devolvidos à terra pelo mar. Os restos do navio só seriam encontrados em 1958. E começaram, desde logo, a ser ponto de encontro de muitos mergulhadores desportivos locais e estrangeiros. Alguns despojos do navio foram entregues ao Museu Marítimo de Townsville, que os expõe nas suas salas.
sexta-feira, 20 de abril de 2018
'YVETTE»
Lugre-patacho de bandeira francesa, construído especialmente para a faina maior nos Grandes Bancos do Canadá. Este navio de 400 tonéis (com casco em madeira) estava registado no porto de Granville, na Normandia. Já após ter feito a campanha de pesca de 1909, da qual regressou (proveniente de Saint Pierre e Miquelon) com o bojo a abarrotar de bacalhau salgado, o «Yvette» fez-se à vela para Fécamp, onde a sua tripulação pretendia descarregar 80 000 bacalhaus destinados às importantes secas locais. Mas, devido a uma inesperada e rija tempestade, o navio foi empurrado para terra e acabou por varar num trecho rochoso da costa, próximo do Conquet. O seu capitão e alguns homens da equipagem desembarcaram para pedir ajuda para safar o lugre, mas tiveram de desistir dessa empresa, por evidente falta de meios. Estava-se no dia 2 de Outubro do acima referido ano. E o «Yvette», assim como a sua preciosa carga de pescado, acabou mesmo por ceder à fúria dos ventos e do mar, perdendo-se por completo. A marinhagem pôde, no entanto e felizmente, sobreviver ao desastre. A frota bacalhoeira francesa, que nessa primeira década do século XX, era uma das mais numerosas e produtivas do mundo tem, tal como a nossa, uma história trágico-marítima marcada pela perda de muitos navios e equipagens...
«CUBA»
O paquete «Cuba» (com uma arqueação bruta de 11 900 toneladas e 151 metros de comprimento) foi construído em Inglaterra, pelos estaleiros da empresa Swan, Hunter & Richardson, de Newcastle. Foi registado no porto do Havre e integrado na frota da Compagnie Générale Transatlantique em Maio de 1923. Aquando da sua viagem inaugural, este navio partiu de Saint Nazaire e dirigiu-se para Vera Cruz (no México) depois de ter escalado Havana. Em 1930 passou a servir Colón (na costa atlântica de Panamá). E, cinco anos mais tarde, foi -a par do seu congénere «Colombie»- colocado na linha rápida Havre-Southampton-Antilhas. Foi por essa altura, que (já todo pintado de branco) este paquete francês foi vertido, ocasionalmente, para o serviço de cruzeiros, e que fez as suas primeiras viagens ao Báltico e ao arquipélado de Spitzberg. Em 1940 -no início da Segunda Guerra Mundial- o «Cuba» foi apresado pelo cruzador-auxiliar britânico «Moreton Bay» e levado para Freetown, na África Ocidental. Em 1941, este transatlântico (já com bandeira de Sua Majestade e ao serviço do 'Ministry War Transport') navegou para a costa leste dos Estados Unidos com um carregamento de cacau. E ali, nos estaleiros de Newport News, foi transformado em navio de transporte de tropas. Terminados esses trabalhos, o «Cuba» assegurou, numa primeira missão, o transporte -entre Halifax e Liverpool- de 2 100 elementos da aviação canadiana. Desde logo, este navio passou a operar, essencialmente, na zona Mediterrâneo-Suez-Índico, tendo participado na transferência de militares aliados para as frentes do norte de África e de Itália. Em Outubro de 1943, o «Cuba» transportou para Barcelona uma leva de prisioneiros alemães (sobretudo ex-combatentes do 'Afrika Korps'), que, naquele porto espanhol, foram trocados por prisioneiros dos Aliados. Convém referir que, nesse tempo, o antigo paquete da CGT já navegava com uma equipagem composta por elementos das Forças Navais da França Livre (FNFL), afecta à pessoa do general De Gaulle e à Resistência. E que, em Dezembro de 1944, quando o conflito se aproximava do seu termo, essa tripulação foi substituída por pessoal do seu armador original; que prosseguiram a missão de transportar militares. Na manhã de 6 de Abril de 1945, quando navegava (com 265 pessoas a bordo) do Havre para Southampton, o «Cuba» foi alvejado e afundado (a 8 milhas de Bambridge) pelo submarino alemão «U-1195»; que, refira-se a título anedótico, foi, pela mesma ocasião, destruído pelo contratorpedeiro HMS «Watchman». O naufrágio do «Cuba» foi o derradeiro de um mercante francês, ocorrido durante o segundo conflito generalizado. Notas : a escassa informação existente sobre o navio em apreço, não nos permitiu incluir neste articuleto dados sobre as suas principais características físicas e outras; também não nos foram facultadas fontes com informação sobre as eventuais vítimas do seu torpedeamento.
sexta-feira, 13 de abril de 2018
«SERRÃO»
Lugre de bandeira portuguesa. Pertenceu, primitivamente, ao armador Manuel Pereira Serrão e foi matriculado no registo da capitania do porto de Lisboa, cidade de onde o seu proprietário era originário. A construcção deste navio de 3 mastros foi dada como pronta em fins do ano de 1916, pelo estaleiro de José da Silva Lapa, de Vila Nova de Gaia. Este veleiro apresentava uma arqueação bruta de 221,25 toneladas e media 35,10 metros de comprimento ponta a ponta por 8,40 metros de boca e por 2,80 metros de pontal. Quando foi lançado à água, navegava com 7 tripulantes colocados (entre 1916-1917) sob o mando do capitão ilhavense Manuel Pereira Ramalheira. Concebido para viagens de longo curso, o «Serrão» teve vida curta nas mãos do seu primeiro dono, pois cedo foi vendido (talvez devido aos perigos incorridos pela navegação -portuguesa, nomeadamente- durante a Grande Guerra) à empresa portuense J. Mourão & Companhia; que lhe mudou o nome para «Guadiana» e que transferiu (em 1917) o registo do navio para a Cidade Invicta. Foi afundado, no dia 5 de Março de 1917, pela guarnição do submarino «UC-44» -comandado pelo capitão Kurt Tebbenjohanns- por meio de explosivos e cargas incendiárias, no canal de Bristol, Reino Unido. O navio português carregava madeira da foz do rio Douro para Cardiff. Não temos notícias sobre a sorte da tripulação do malogrado lugre. Mas presumimos que se tenha salvo, pois a destruição de um navios em tais circunstâncias era, quase sempre e nos piores momentos do conflito, precedida por uma ordem de evacuação dos tripulantes. Nota : a imagem anexada não representa o navio em apreço; mas, isso sim, a de um congénere (não-identificado) do seu tempo.
terça-feira, 3 de abril de 2018
«GOLDEN GROVE»
Este navio (um veleiro de fins do século XVIII) foi construído em 1780 num estaleiro de Whitby, no norte de Inglaterra, e usou primitivamente o nome de «Russiam Merchant». Pertenceu à casa armadora Leighton & Cº, de Londres, e terá servido no comércio com São Petersburgo. Em 1783 recebeu o nome pelo qual passou a ser definitivamente designado : «Golden Grove». Fez parte (e daí lhe advém o facto de ser ainda hoje conhecido) da chamada Primeira Frota, termo que os australianos dão aos navios que iniciaram o ciclo de transferências de população europeia para a ilha-continente. Pensa-se que tenha deslocado entre 320 e 400 toneladas e que as suas dimensões fossem de 29 metros de comprimento por 9 metros de boca. Apesar do seu estatuto de navio mercante, esteve armado com 6 bocas de fogo. Depois da sua aventura australiana, há informação que o dá como tendo navegado da Grã-Bretanha para o Caribe (Jamaica) e para os mares Báltico e Mediterrâneo. Para a História, também ficaram registados os nomes de quatro dos seus capitâes : T. Parker, J. Mann, Thompson e W. Sharp. Em 1813 perdeu-se o rasto deste navio, ignorando-se, pois, a data e circunstâncias do seu desaparecimento. Um dos subúrbios de Sidney recebeu o nome deste navio e perpetua-lhe a memória.
«STELLA»
Navio britânico de transporte de passageiros, pertencente à frota da companhia London & South Western Railway. O «Stella» foi construído, em 1890, num dos estaleiros de Clydebank (Escócia) pela firma J. & G Thompson. Era um navio com uma arqueação bruta de 1 059 toneladas, medindo 77,11 metros de longitude por 10,67 metros de boca. Navegava com a ajuda de 2 máquinas a vapor de tripla expansão, cuja potência lhe permitia deslocar-se à velocidade de cruzeiro de 18 nós. Estava registado no porto de Southampton e assegurava uma linha regular entre esta cidade do sul de Inglaterra e a ilha de Guernesey, no arquipélago anglo-normando. O vapor «Stella» tinha capacidade para transportar 750 passageiros, 240 dos quais alojados em camarotes iluminados electricamente. A companhia armadora do «Stela» rivalizava, em finais do século XIX, com a Great Western Railway e impunha-se à clientela pela apregoada velocidade das suas embarcações, E talvez tenha sido a vontade de reforçar a sua supremacia nesse domínio que, em 30 de Abril de 1899, levou o seu capitão a exigir do «Stella» a velocidade máxima para atingir o porto de St. Peter; desconsiderando, imprudentemente, o espesso nevoeiro que, nesse fatídico dia, pairava sobre o canal da Mancha. Pelo facto de não ter avistado o farol que assinalava a proximidade do porto de destino, o 'ferry' inglês desviou da sua rota e foi esventrar-se contra os rochedos de Casquets. Seriamente atingido, o «Stella» afundou-se em, apenas, 8 minutos. 105 passageiros e tripulantes do pequeno navio (segundo as fontes mais criteriosas) perderam a vida no desastre. Curiosidade : os ingleses chamam Ilhas do Canal (Channel Islands) ao arquipélago anglo-normando, outrora francês.
domingo, 1 de abril de 2018
«WITTELSBACH»
Couraçado alemão (pré-'Dreadnought'), que esteve activo na frota imperial durante a Grande Guerra. Deu o nome a uma classe de 5 navios realizados entre 1899 e 1904. Os outros couraçados deste tipo chamaram-se «Wettin», «Zähringen», «Mecklenburg» e «Schwaben». O navio em apreço foi construído pelo estaleiro Kaiserliche Werf, de Wilhelmshavem, que o lançou à água a 3 de Julho de 1900. Mas este navio só foi oficialmente declarado apto ao serviço em meados de Outubro de 1902. O «Wittelsbach» foi, assim como todas as outras unidades da sua classe, integrado na 1ª Frota de Navios de Linha; mas quando, em 1914, a guerra estalou entre os chamados Impérios Centrais e a coligação franco-britânica (e os aliados desta) todos eles foram declarados obsoletos e a sua acção foi limitada ao mar Báltico e a confrontos menores com a marinha imperial russa. Em 1916, o «Wittelsbach» e congéneres foram retirados do combate, passando a desempenhar funções subalternas : como aquartelamento, prisão militar, navio-escola e até como alvos para exercícios de tiro. Findo o conflito, todos estes navios foram remetidos aos Aliados (mais precisamente aos britânicos), que os mandaram desmantelar entre 1920 e 1921. À excepção, porém, do «Zähringen», que foi conservado como alvo e que foi afundado em 1944, aquando de um raide da aviação tudesca. O «Wittelsbach» e restantes navios da sua classe deslocavam 12 800 toneladas em plena carga e mediam 126,70 metros de comprimento por 20,70 metros de boca por 8 metros de calado. Estavam fortemento blindados e armados com 4 canhões de 240 mm, 18 de 250 mm, 12 de 88 mm, 12 de 37 mm e com 5 tubos lança-torpedos de 450 mm. O seu sistema propulsivo compunha-se de 3 máquinas a vapor de tripla expansão (12 caldeiras), desenvolvendo uma potência de 14 000 cv. Características que lhe conferiam 18 nós de velocidade máxima e um raio de acção de 5 850 milhas náuticas com andamento reduzido a 10 nós. Cada um destes navios dispunha de uma guarnição de 680 homens, 30 dos quais eram oficiais.
«BEN LOMOND»
Cargueiro de bandeira britânica, que, antes de usar este nome, se chamou, sucessivamente, «Cynthiana», «Hoosac», «London Corporation» e «Marionga J. Goulandris». Era um navio a vapor de 6 630 toneladas, construído, em 1922, no Reino Unido pelos estaleiros Irvine's Shipbuilding & Dry Dock Cº Ltd., de West Hartlepool. A sua camanditária e primeira armadora foi a companhia Ben Line Steamers, de Leith. Em 1942, quando o «Ben Lomond» foi afundado -às 14 h 10 do dia 23 de Novembro- no Atlântico, ao largo de Fortaleza (Brasil), dirigia-se (vazio) para o porto de Nova Iorque com 53 tripulantes a bordo. Foi alvejado (com 2 torpedoa) pelo submarino alemão «U-172» e soçobrou em apenas 2 minutos. No ataque morreram todos os membros da sua equipagem, à excepção, porém, de um servente chinês de nome Pun Lim. Este único sobrevivente do «Ben Lomond» (nome por vezes ortografado 'Benlomond') deu alguma celebridade ao navio; pois o homem sobreviveu, sozinho, 133 longos dias numa balsa do cargueiro, até ser resgatado por um pescador brasileiro; que o desembarcou, são e salvo, no dia 8 de Abril de 1943 no porto de Belém do Pará. A prolongada e solitária estadia no oceano do náufrago Pun Lim parece ter constituído um recorde e ainda hoje se pergunta como foi possível a um homem sobreviver naquelas circunstâncias. E deu visibilidade a um navio (o seu) que, sem a sua extraordinária odisseia, só faria parte das estatísticas dos navios afundados pela frota submarina dos hitlerianos. Nota : a fotografia anexada mostra o navio quando este ainda se chamava «London Corporation».
«ROCHAMBEAU»
Paquete francês, que pertenceu à frota da Compagnie Générale Transatlantique (CGT), vulgarmente designada por French Line. Foi construído pelos Chantiers de Penhoët, de Saint Nazaire, e entrou em serviço no ano de 1911, na linha Havre-Nova Iorque. O «Rochambeau» era, na realidade, uma versão de maiores dimensões do seu congénere «Chicago», lançado ao mar em 1908 e que serviu o mesmo armador. O «Rochambeau» era um navio de 17 000 toneladas, que media 163 metros de comprimento por 19,50 metros de boca. O seu sistema propulsor de turbinas desenvolvia uma força de 13 000 cv, que lhe permitia navegar a 17,5 nós de velocidade de cruzeiro. Entre 1915 e 1918, em razão da Grande Guerra e por medida de precaução, este transatlântico passou a zarpar de Bordéus, porto mais afastado da linha da frente. Apesar disso, o «Rochambeau» foi alvo (a 30 de Abril de 1917, na foz do rio Gironda) de um submarino alemão, que lhe expediu um torpedo. Graças à detecção atempada do pessoal de bordo (que pôde observar o rasto do engenho inimigo) e às hábeis manobras de esquiva executadas pelo comandante do paquete francês, o navio não foi atingido. Os artilheiros do «Rochambeau» (que se encontrava armado com peças de artilharia, para poder reagiar à acção dos submersíveis do adversário) ainda ripostaram; mas, ao que parece, sem causar danos ao agressor. Este incidente, que não causou sequer pânico a bordo, também não interrompeu a viagem do navio, que prosseguiu a sua rota até à chamada Cidade dos Arranha-Céus. Depois do armistício de 1918, o paquete em apreço voltou a retomar as suas carreiras a partir do Havre; que era o seu porto de registo. O paquete «Rochambeau» foi modernizado em 1926 e interrompeu a sua actividade no ano de 1934. Pois foi dado como obsoleto e vendido para a sucata. A sua demolição teve lugar (nesse mesmo ano) num estaleiro especializado de Dunquerque.
«INDEFATIGABLE»
Porta-aviões da armada britânica pertencente à classe 'Implacable'. Foi construído na Escócia (Clydebank) pelos estaleiros de John Brown & Cº, que o lançaram à água a 8 de Dezembro de 1942, em plena guerra mundial. Mas este navio só entrou em serviço operacional nos inícios do mês de Maio de 1944. A tempo, no entanto, de participar (com as suas aeronaves) na Operação Goodwood, que visou o couraçado alemão «Tirpitz», bloqueado num fiorde da Noruega. E, também, após ter sido destacado para o Pacífico (depois da rendição dos nazis na Europa), na renhida batalha de Okinawa; da qual sairia com avarias importantes e 14 mortos, causados por um ataque 'kamikaze'. Nesta última ocasião, o «Indefatigable» usou a flâmula do então contra-almirante Philip Vian, comandante-chefe da Frota Britânica do Pacífico (BPF) e foi, nessa condição. que este navio esteve presente na baía de Tóquio (em 2 de Setembro de 1945), aquando da cerimónia da rendição incondicional do Japão. Que ocorreu na coberta do couraçado USS «Missouri». Dispensado do serviço operacional depois do seu regresso à Europa, o «Indefatigable» foi reactivado em 1950, como navio-escola. Mas, em 1956, este porta-aviões foi definitivamente afastado e posteriormente desmantelado. Esta unidade da 'Royal Navy' deslocava, em plena carga, 32 624 toneladas e media 233,60 metros de comprimento por 29,18 metros de largura máxima. O seu calado era de 8,80 metros. O seu sistema propulsor era constituído por turbinas a vapor -que desenvolviam uma potência de 148 000 cv- e por 4 hélices; que lhe proporcionavam uma velocidade próxima dos 60 km/h. O navio em apreço estava fortemente armado, pois dispunha de 90 peças de artilharia de distintos calibres. As aeronaves que operavam do «Indefatigable» chegaram a ser em número de 73 e foram, essencialmente, 'Seafires' (versão naval do 'Spitfire'), TBF 'Avengers' e Fairey 'Fireflys'.
sábado, 31 de março de 2018
«FREDERIK VIII»
O transatlântico dinamarquês «Frederik VIII» usou a bandeira do armador Scandinavian America Line, de 1913, ano do seu lançamento à água pelo estaleiro AG Vulkan, de Stettin (então na Alemanha), até Novembro de 1936, quando foi vendido (como sucata) à empresa The Hughes Bolckow Shipbreaking & Cº., que procedeu ao seu desmantelamento em Blyth. Durante a sua viagem inaugural, ocorrida em 1914, entre Kristiania (a actual Oslo) e Nova Iorque, este navio fez uma inesperada escala técnica no porto de Ponta Delgada. Manteve-se na linha Europa-América do norte até 1918. Mas, nesse ano (em Novembro), foi afretado pelo governo de Londres para evacuar 7 500 prisioneiros de guerra britânicos da Alemanha para o seu país de origem. Para o efeito, este navio executou cinco rotações entre diferentes portos germânicos e Hull. Em 1919 voltou à sua carreira inicial. E, em 1920, o «Frederik VIII» foi um dos primeiros navios mercantes a ser equipado com giro-compasso, piloto automático e outros modernos equipamentos de ajuda à navegação. Em 1924 fez duas viagens especiais de Copenhague para Londres; com visitantes para a grande Exposição do 'Commonwealth'. Entre esse ano e 1932, este navio começou também a fazer escalas (ocasionais) no porto canadiano de Halifax. Ainda nesse ano de 1924, em 23 de Agosto, este paquete entrou em colisão com o navio britânico «Royal Fusilier», sofrendo avarias ligeiras. Incidente que não o impediu de realizar o seu primeiro cruzeiro turístico ao Mediterrâneo, com uma escala em Lisboa. Em 1925 e 1929 sofreu trabalhos de modernização dos seus camarotes. No dia 21 de Novembro de 1930, o navio em apreço chocou acidentalmente -à saída de Copenhague- com uns rochedos submersos e sofreu uns rombos no casco. Não houve vítimas a bordo, mas o paquete teve de regressar à capital dinamarquesa para reparar as avarias causadas. Em Novembro de 1935, este veterano das viagens transatlânticas efectuou a sua derradeira visita à América do norte. Tinha 42 anos de actividade e uma longa vida de bons serviços prestados ao seu armador e aos passageiros que transportou. Características principais do «Frederik VIII» : 11 850 toneladas de arqueação bruta; 160 metros de comprimento por 19 metros de boca; 17 nós de velocidade máxima; 245 membros de tripulação; capacidade para mais de 1 100 passageiros, na sua configuração inicial.
sexta-feira, 30 de março de 2018
«ABRAHAM CRIJNSSEN»
Draga-minas da marinha real neerlandesa, que operou nos mares índicos durante a Segunda Guerra Mundial. Foi construído, em 1936, nos estaleiros da Werf Gusto, de Schiedam, nos Países-Baixos. Era um navio da classe 'Jan van Amstel', que deslocava 525 toneladas e media 56 metros de comprimento por 7,60 metros de boca. O seu calado não ultrapassava os 2,10 metros. O seu sistema propulsivo, alimentado a gasóleo, desenvolvia 1 690 ihp, força que lhe conferia uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 15 nós. O «Abraham Crijnssen» (assim baptizado em honra de um ilustre marinheiro holandês do século XVII) estava armado com 1 peça de artilharia de 76 mm e com 2 outras de 20 mm. A sua guarnição era constituída por 45 oficiais, sargentos e praças. Antes a invasão nazi dos Países-Baixos, este navio foi enviado para as Índias Orientais (a actual Indonésia), para participar na defesa daquele território em caso de ataque dos japoneses. O que viria a acontecer. Em 1941-42, rapidamente submergidas pelo poderio naval (e aéreo) japonês, várias unidades da armada batava estacionadas em Java tentaram uma fuga desesperada para alcançar portos amigos, nomeadamente australianos. Nenhuma delas conseguiu fazê-lo, à excepção, porém, do pequeno navio em apreço. E isso, graças a um curioso estratagema montado pelo seu capitão. Que consistiu em transformar o seu draga-minas numa 'ilha exótica', eriçada de palmeiras e de outra vegetação tropical; e que, mercê dessa camuflagem, conseguiu enganar a vigilância apertada dos nipónicos. Assim disfarçado, o «Abraham Crijnssen» passava os dias acostado a uma das muitas ilhas da região, só navegando depois do sol posto. O navio atingiu a Austrália em data indeterminada de 1942 e foi integrado na armada local (RAN), para a qual cumpriu várias missões. Tendo sobrevivido conflito, o «Abraham Crijnssen» foi desclassificado pelos australianos e remetido para os Países-Baixos; onde, depois de ter servido para o treino dos cadete da armada neerlandesa até 1960, essa relíquia da mais calamitosa guerra da História da Humanidade foi transformada em navio-museu.
terça-feira, 27 de março de 2018
«U-461»
Submarino da armada hitleriana. Pertenceu à classe XIV, que, no seio da 'Kriegsmarine' era popularmente designada pelo epíteto de 'Milchkuh', termo que significa, na nossa língua, 'vaca leiteira'. Que ficou a dever-se ao facto dos submersíveis dessa classe terem servido, essencialmente, no transporte de combustível para abastecer (em pleno mar) os submarinos de combate. 13 navios de tipo XIV foram construídos (entre 1941 e 1943), mas 3 deles nunca chegaram a ter vida operacional. Todos os outros foram perdidos. O «U-461» foi construído em Kiel, pelo Deutsche Werke e, oficialmente, integrado ma frota no dia 30 de Janeiro de 1942. Deslocava 1 932 toneladas em imersão e media 67,10 metros de comprimento por 9,35 metros de boca. A sua propulsão era assegurada (como a dos demais submarinos do tempo) por máquinas diesel e motores eléctricos; que no seu caso lhe permitiam navegar à velocidade máxima de 15 nós à superfície e de 6,2 nós em imersão. Este submersível podia mergulhar à profundidade de 240 metros. O «U-461» (como, aliás, todos os navios do seu tipo) não usava tubos lança-torpedos, mas dispunha de 3 armas de defesa : 2 canhões AA de 37 mm e 1 peça AA de 20 mm. Podia transportar uma carga de 432 toneladas de 'mazout' para abastecimento das unidades de combate, para além de 14 torpedos destinados aos mesmos navios. A sua guarnição era, geralmente, constituída por 53 homens, de entre os quais 7 eram oficiais, sendo um deles médico. O «U-461» esteve baseado em Saint Nazaire (França) e, a partir dali, executou 6 missões em todo o Atlântico, desde as águas que circundam as ilhas Feroé até às que banham as costas de África e da América do Sul. No decorrer da sua quinta patrulha, quando já estava de regresso à sua base, o «U-461» foi atacado -a 23 de Abril de 1943- por um avião Wellington da RAF, que lhe causou avarias importantes; e que obrigaram o seu comandante a tomar o rumo de Bordéus, para reparar os danos. A sua sexta e derradeira missão teve consequências mais desastrosas, já que -a 30 de Julho de 1943- no golfo da Biscaia, quando navegava à vista do cabo Ortegal, este submarino alemão foi detectado e bombardeado por um hidro Sunderland da RAAF (aviação militar australiana) e afundado. A tripulação da aeronave da coligação aliada ainda teve tempo -num louvável acto de abnegação- de lançar aos náufragos inimigos uma balsa unsuflável, que permitiu salvar a vida a 15 submarinistas. Os outros 53 homens do «U-461» pereceram nessa acção de guerra. Curiosidade : o Sunderland australiano ostentava o número de identificação 461...
terça-feira, 20 de março de 2018
«PALINURO»
Este navio foi construído em Nantes (pelos estaleiros Dubigeon) no ano de 1934 e chamou-se primitivamente «Commandant Louis Richard». É um antigo navio de pesca longínqua que, por conta da casa armadora Société des Pêches Malouines, operou nos bancos bacalhoeiros da Terra Nova. Teve um 'sister-ship' que foi baptizado com o nome de «Lieutenant René Guillon», registado, também ele, na capitania do porto de Saint Malo. O navio em apreço foi adquirido, em 1951, pela marinha de guerra italiana, para treino dos seus cadetes. Passou por uma transformação importante para poder cumprir a sua nova missão de navio-escola e recebeu, depois de pronto, o nome de «Palinuro», ou seja o de uma das personagens míticas (piloto de Eneias) da guerra de Tróia. Com casco de aço, o navio original deslocava 1 350 toneladas e media 69 metros de comprimento fora a fora por 9,20 metros de boca. O seu velame actual completa-se com 17 panos latinos, áuricos e redondos, totalizando 900 m2. Sempre esteve equipado com um motor auxiliar; que foi sendo substituído ao longo dos anos de serviço. A sua velocidade (recorrendo exclusivamente à energia eólica) é da ordem dos 8/10 nós. O seu porto de registo actual é o de Génova. A sua equipagem permanente é de 6 homens e, na sua presente configuração, o «Palinuro» pode receber 76 alunos e docentes. Para além da sua missão principal (a de formar futuros oficiais para a marinha militar) este belo veleiro desempenha (a par do pesado «Amerigo Vespucci») o papel de embaixador itinerante da armada e da República Italiana. Nota : pelo aparelho que apresenta, este navio receberia, em Portugal, a designação de lugre-patacho.
«IURI DOLGORUKI»
Este submarino nuclear da armada russa é o primeiro navio do Projecto 955 (classe 'Borei' no código NATO). O programa de construção de 8 unidades iniciou-se com a realização do «Iuri Dolgoruki»; que foi lançado à água pelos estaleiros Sevmash, de Severodvinsk em 2008. Este navio -que entrou em serviço operacional no mês de Janeiro de 2013, desloca 24 000 toneladas em configuração de mergulho e em plena carga e mede 170 metros de comprimento por 13,50 metros de boca. A sua propulsão é assegurada por 1 reactor do tipo OK-650, por 1 turbina a vapor e por 1 hélice. A sua velocidade de cruzeiro será da ordem dos 25 nós. Está dotado com 16 mísseis intercontinentais R-30 'Bulava' (sua arma principal), com 6 mísseis de cruzeiro SS-N-15 e com 6 tubos lança-torpedos de 533 mm. Refira-se que cada um dos 'Bulava' dispõe de 10 ogivas de trajectórias independentes, o que lhe confere um extraordinário poder de destruição. A equipagem do «Iuri Dolgoruki» -que pertence à chamada Frota do Norte- é constituída por 130 homens, oficiais incluídos. Um dos grandes trunfos dos navios da classe 'Borei' é, segundo os especialistas, a sua excepcional furtividade. Diz-se, igualmente, que os sonares de bordo deste submarinos e dos outros navios da mesma classe são dos mais sofisticados; capazes de detectar navios num raio superior de 50% ao de todos os seus rivais; russos ou estrangeiros. Pelo menos 4 navios da classe 'Borei' já se encontram ao serviço das armadas russas do Norte e do Pacífico : o navio aqui em apreço e os «Alexandr Nevski», «Vladimir Monomach» e «Printz Vladimir».
domingo, 18 de março de 2018
«COMPIÈGNE»
Este 'car-ferry' (o primeiro do seu tipo realizado em França) foi construído em 1957/58 nos estaleiros de Grand Quevilly, então explorados pela empresa Chargeurs Réunis Loire-Normandie. Era um navio com 3 400 toneladas de arqueação bruta, medindo 115 metros de longitude por 18,35 metros de boca, capaz de transportar 1 000 passageiros e 164 viaturas ligeiras. Podendo estas ser (em parte) substituídas por autocarros e por outros veículos pesados. O «Compiègne» navegava graças a 2 máquinas diesel, que desenvolviam 9 000 cv de potência, força que lhe imprimia uma velocidade de cruzeiro de 20 nós. Este navio foi concebido para operar no mar da Mancha, entre os portos franceses da região norte e a cidade inglesa de Dover. Nesses trajectos (de Boulogne, Calais e Dieppe para o outro lado do canal), o «Compiègne» realizou, até 1980, nada menos do que 22 712 travessias. Estava dotado com todos os requisitos de conforto, equipado nomeadamente com amplas salas para os passageiros, restaurantes, bares, lojas e lugares de diversão. Depois de ter servido os seus primeiros armadores -a Société Anonyme de Gérance et d'Armement (SAGA) e a Société Nationale des Chemins de Fer (SNCF)- sem incidentes dignos de menção, este navio deixou águas franco-britânicas para adoptar várias outras bandeiras, vários outros nomes e as cores de vários outros armadores. Assim, em 1981, foi parar às mãos de uma companhia helénica (a Strintzis Line), que lhe deu o nome de «Ionian Glory» e sob as cores da qual navegou entre Brindisi e os portos de Corfú e Patras. Em Dezembro de 1983, o ex-«Compiègne» foi afretado pela O.N.U., para evacuar 4 000 Palestinianos de Tripoli (Líbano) e levá-los a diferentes destinos : Iémen, Tunísia e Argélia. Depois disso, usou bandeiras cipriota, maltesa, sueca, saudita, hondurenha; chamando-se, alternativamente, «Queen Vergina», «Freedom I», «Katarina», «AL Ameera» e «Alamira». Não existem registos (ao que sabemos) sobre os seus derradeiros anos de actividade e sobre o seu fim.
«ENTERPRISE»
Porta-aviões da armada dos Estados Unidos. Foi o primeiro navio do seu tipo dotado de propulsão nuclear. Foi construído nos estaleiros Newport News Shipbuilding, na Virginia (EUA). Entrou oficialmente ao serviço da US Navy no dia 25 de Novembro de 1961, após 4 anos de trabalhos de uma extrema complexidade. O «Enterprise» deslocava 85 000 toneladas (em plena carga) e media 341 metros de comprimento por 78 metros de largura máxima. O se calado era de 10,80 metros. Autêntica base de guerra flutuante, este gigantesco navio tinha uma guarnição de 5 600 homens. A sua propulsão era assegurada por 8 reactores de água pressurizada (que lhe proporcionavam uma potência de 280 000 cv), por 4 turbinas a vapor e por 4 hélices. Que asseguravam ao navio uma velocidade máxima de 34 nós. Do seu armamento defensivo constavam 2 baterias de lança-mísseis Sea Sparrow, 2 canhões anti-aéreos de 20 mm e 2 rampas para lançamento de mísseis RAM. Nos anos 2000 (O «Enterprise» foi desactivado em 2012) o seu contingente aéreo compreendia 85 aeronaves de vários tipos e valências : F-18, EA-6 'Prowlwer', E-2 'Hawkeye', S-3 'Viking' e 'Sea King' e 'Sea Hawk'. O raio de acção deste formidável navio (que pertenceu, sucessivamente às 2ª e 7ª esquadras) era praticamente ilimitado. Esteve em operações (com os seus poderosos meios aéreos) em diferentes teatros de guerra (Vietnam, golfo Pérsico, Bósnia-Herzegovina, Iraque, Afeganistão) e lugares onde a política imperial dos 'states' era contestada, como, por exemplo, em águas de Cuba, aquando da chamada 'Crise dos Mísseis' (Outubro de 1962). O «Enterprise» esteve (em 1962) implicado na missão 'Friendship 7', dando apoio ao primeiro voo orbital dos norte-americanos, do qual foi principal protagonista o astronauta John Glenn. E participou, em 1964, na missão 'Sea Orbit', que viu a primeira força naval nuclear realizar uma circum-navegação da Terra sem assistência externa. As horas mais sombrias da história deste titã dos mares ocorreram (quando o navio operava em águas do Havaí) no dia 14 de Janeiro de 1969 : oito explosões acidentais a bordo mataram cerca de 30 dos seus tripulantes, feriram 100 outros e provocaram estragos importantes a bordo, de entre os quais se salientam a destruição completa ou parcial de 15 aeronaves. A desnuclearisação e desmantelamento deste navio (CVN-65) prossegue, desde 2013, no estaleiro que o construiu. Entretanto, outros porta-aviões (ainda mais gigantescos) substituiram o «Enterprise» no seio da armada dos Estados Unidos, tais como os navios da classe 'Nimitz'.
sexta-feira, 16 de março de 2018
«SARDHANA»
Veleiro de transporte (barca de 3 mastros) de bandeira norueguesa. Foi construído em 1885 nos estaleiros Russell & Company, de Greenock (Escócia) para o armador britânico W. & J. Crawford, que lhe deu o nome que sempre usou, «Sardhana»; isso, apesar de navio ter mudado várias vezes de mão e de bandeira. Com efeito, depois de ter sido vendida a armadores ingleses, esta barca integrou a frota da companhia norueguesa Karl Bruusgaard, Sigurd & Martin, de Drammen, na qual permaneceu entre 1911 e 1914. Passou depois para a posse da E. Monsen, de Tvedestrand, que a conservou até 1916. Mais tarde, foi adquirida por novo armador norueguês, Hans I. Larsen, de Porsgrunn, que a conservou até 1918, ano do desaparecimento deste veleiro. Apresentava uma arqueação bruta de 1 144 toneladas e media 65,90 metros de comprimento por 10,70 metros de boca por 6,50 metros de calado. Percorreu mares e oceanos, com predominância para o Atlântico (norte e sul), até que, em 5 de Julho do derradeiro ano da Grande Guerra, foi abandonada pela sua tripulação; na sequência e uma tempestade que a acometeu, durante uma viagem que realizava entre Buenos Aires e Nova Iorque. Essa decisão foi tomada depois de constatado o perigo imediato de soçobro e de se ter verificado a perda do seu carregamento de linho. Os tripulantes escaparam do navio em perdição nos escaleres de bordo. Alguns deles foram resgatados ao mar (10 dias mais tarde) pelo navio inglês «Polish Monarch», que os desembarcou, sãos e salvos, no porto de Montevideu. Infelizmente, 12 marinheiros do «Sardhana» foram dados como desaparecidos...
«DANTON»
Couraçado francês da Grande Guerra. Foi construído pelo arsenal de Brest, que o deu como concluído em 1911. Era um navio que deslocava mais de 18 000 toneladas e que media 145 metros de comprimento por 25,80 metros de boca. O seu aparelho propulsor (de turbinas) dispunha de 26 caldeiras a vapor do tipo 'Belleville' alimentadas a carvão; que lhe garantiam uma potência de 22 500 cv e que lhe proporcionavam uma velocidade máxima ultrapassando os 19 nós. O «Danton» dispunha de espessa couraça, que na cinta de casco podia atingir a espessura de 255 mm e 300 mm na torre de comando. O navio -que tinha uma tripulação de 920 homens- estava armado com 4 peças de 305 mm, 12 de 240 mm, 16 de 75 mm e com 2 tubos lança-torpedos de 450 mm. Destacado para o Mediterrâneo, ficou registado no porto militar de Toulon. Deu o nome à sua classe, que pertenceu a uma categoria de navios que antecedeu os 'dreadnought'. Durante a sua vida operacional, o «Danton» esteve em Inglaterra nas cerimónias comemorativas do coroamento do rei Jorge V, após as quais foi integrado na 1ª Esquadra com os seus congéneres (mais modernos) «Courbet» e «Jean Bart». Em 1913 foi teatro de uma explosão acidental, que matou 3 dos seus marinheiros. Durante a Grande Guerra, este navio esteve nos Dardanelos, onde se opôs à frota turca. No dia 19 de Março de 1917, quando se dirigia de Toulon para Corfú (na Grécia) para cumprir nova missão, o «Danton» foi interceptado e alvejado, ao largo da Sardenha, pelo submarino inimigo «U-64». Que o afundou com dois torpedos certeiros. As perdas de tripulantes elevaram-se a 296 homens, pertencentes às tripulações do couraçado e de diferentes navios a operar nos mares do Levante e que seguiam a bordo como simples passageiros. O soçobro durou cerca de meia hora, facto que permitiu ao contratorpedeiro «Massue» e ao pesqueiro «Louise Marguerite» salvar 806 homens. Os destroços do couraçado «Danton» foram descobertos, em 2007, a 35 km da costa sarda e a 1 000 metros de profundidade, aquando dos estudos feitos, naquele lugar, por técnicos holandeses, que definiam o traçado de um gasoduto que deveria ligar a Argélia a Itália. Depois disso, o naufrágio tem sido objecto de estudos efectuados pelas autoridades navais.
«MASSILIA»
Paquete francês construído nos estaleiros da firma Forges et Chantiers de la Méditerranée, localizados em La Seyne-sur-Mer, em França. O início dos trabalhos data de 1914, mas o navio só entrou em serviço no ano de 1920, por causa da Grande Guerra. Com uma arqueação bruta de 15 363 toneladas, o «Massilia» media 182,63 metros de comprimento por 19,54 metros de boca. Dispunha de acomodações para poder transportar 1 000 passageiros. Pertencente à frota da Compagnie de Navigation Sul-Atlantique, este paquete navegou até 1930 entre a França e os mais importantes portos da América do Sul. Para onde transportou, essencialmente, muitas famílias de emigrantes. Quando a guerra rebentou na Europa, ficou retido em França, devido ao perigo que representavam os submarinos alemães. A sua celebridade ficou a dever-se ao facto de, em Junho de 1940, ter transportado alguns membros do governo (que, devido ao avanço das tropas hitlerianas, se encontrava, então, na cidade de Bordéus) e parlamentares para o norte de África; onde pretendiam resistir aos nazis. Essa partida do navio fez-se num momento de grande confusão. Entre os passageiros figurava um certo Pierre Mendès-France (político judeu de origem portuguesa), que seria uma das grandes figuras da IV República Francesa. Depois dessa polémica viagem, o navio passou sob o controlo das autoridades colaboracionistas de Vichy e, durante um tempo, assegurou o transporte de tropas entre a França e a Argélia. Em 1944, o «Massilia» encontrava-se em Marselha e foi afundado (pelas tropas de ocupação) em frente do porto dessa cidade, a fim de bloquear o seu eventual uso pelos Aliados. Em 1945, já depois da vitória sobre o chamado 3º Reich, o navio foi desmantelado 'in situ'. Curiosidade : Massilia foi o nome dado pelos antigos gregos a Marselha; cidade que foi uma das suas mais florescentes colónias do Mediterrâneo ocidental.
«PRINCESSE MARIE JOSÉ»
Este navio foi construido nos estaleiros de John Cockerill, em Hoboken (Antuérpia); que o lançaram à água no dia 29 de Outubro de 1922. Destinado ao tráfego de passageiros entre Ostende e Dover, o «Princesse Marie José» apresentava-se como um navio de 1 821 toneladas de arqueação bruta e media 106 metros de comprimento por 12 metros de boca. O seu calado era de 7 metros. A sua viagem inaugural ocorreu em 19 de Junho de 1923. Infelizmente, não nos foi possível obter informações sobre outras das suas características, nomeadamente sobre a sua motorização e 'performances'. Podia transportar -em condições de relativo conforto- muitas centenas de passageiros. O único incidente que se lhe conhece antes da 2ª Guerra Mundial, teve lugar nos primeiros minutos do dia 8 de Agosto de 1937, quando este 'ferry' foi violentamente abalroado pelo cargueiro inglês «Clan MacNeil». O navio belga teve o seu bojo esventrado e houve 5 feridos graves a bordo. Só a proximidade do porto francês de Dunquerque (para onde foi conduzido a reboque) evitou o seu afundamento. Levado posteriormente para Ostende, onde foi reparado, o «Princesse Marie José» voltou ao seu vaivém habitual entre a Bélgica e o sul de Inglaterra. Quando rebentou o conflito com a Alemanha nazi, o navio foi (para evitar a sua captura pelos hitlerianos) apreendido pela 'Royal Navy', que o utilizou (sob vários nomes : «Southern Islands», «Nemesis» e «Baldur») até 1946. Nesse ano regressou às origens e, com o seu nome de baptismo, serviu (como navio auxiliar) nas Forças Navais Belgas. Obsoleto, foi desmantelado em 1947. Curiosidades : este navio usou o nome de uma filha do rei Alberto I; que, depois do seu casamento com Umberto de Sabóia, foi rainha (efémera) de Itália. A foto do navio aqui anexada, mostra o «Princesse Marie José» encalhado numa praia de Dunquerque, aquando do incidente de 1937.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
«D. LUIZ»
O navio fluvial «D. Luiz» foi um dos antepassados dos modernos catamarãs que, nos nossos dias, cruzam o estuário do Tejo -com passageiros- entre Lisboa e o Barreiro. Era um pequeno vapor de rodas laterais, movido por 1 única máquina alimentada a carvão. Infelizmente, nunca conseguimos encontrar documentação descrevendo, com exactidão, as suas características físicas e técnicas. É pena, porque este navio teve uma ligação directa a um evento histórico de primeira grandeza; embora o «D. Luiz» não tenha tido, no dito, papel de relevância. Foi, com efeito, este vapor que, no dia 1 de Fevereiro de 1908, transportou a família real (proveniente de Vila Viçosa) do Barreiro até ao Terreiro do Paço. Onde a esperava Alfredo Costa e Manuel Buíça, membros da Carbonária e autores materiais do Regicídio. Atentado causador da morte do soberano e do príncipe herdeiro, que ocorreu (na esquina da rua do Arsenal) poucos minutos depois do seu desembarque. Curiosidade : a imagem anexada mostra, à esquerda, um navio similar (vapor de rodas) ao «D. Luiz» atracado na estação fluvial do Barreiro em inícios do século XX.
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