quinta-feira, 14 de agosto de 2014

«GRILLE»

Navio construído de raiz (pelos estaleiros Blohm und Voss, de Hamburgo) como iate 'de estado'. O seu lançamento teve lugar no dia 15 de Dezembro de 1935, já em pleno consulado de Adolf Hitler. Este navio deslocava 3 490 toneladas e media 135 metros de comprimento fora a fora por 13,30 metros de boca. O seu sistema motor funcionava com 2 caldeiras a vapor de alta pressão, com 2 turbinas e com 2 hélices. A sua velocidade máxima era de 26 nós e o seu raio de acção de 9 500 milhas náuticas. A sua tripulação era formada por 248 membros, número que incluía também o pessoal de serviço e de apoio aos seus ilustres utentes e respectivos convidados. Apesar das suas funções civis, este iate estava fortemente armado, dispondo de 3 peças de 127 mm, 4 de 37 mm e 8 AA de 20 mm. Além disso, o «Grille» estava preparado para poder transportar 228 minas e dispositivos e lançamento das mesmas. Antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, este navio recebeu várias vezes a bordo o chanceler da Alemanha nazi e outras figuras gradas do regime. Participou também em algumas cerimónias oficiais, tais como a grande parada naval de 1936, a visita oficial do ministro da guerra à Noruega,  assegurou o transporte da delegação alemã às cerimónias de coroação de Jorge VI de Inglaterra, etc, etc. Durante o último conflito generalizado, este navio funcionou como lança-minas, patrulheiro e navio de comando dos submarinos actuando no Árctico. No final da guerra foi capturado, na Noruega, por tropas britânicas e, em 1947, vendido a privados dos Estados Unidos. Por razões e circunstâncias que ignoramos, o «Grille» foi parar, em 1951, às mãos de um sucateiro da Nova Jérsia, em cujas instalações foi alvo da rapina dos caçadores de 'souvenirs'. O «Grille» foi desmantelado nesse mesmo ano, dele restando, em mãos particulares, aquilo que foi roubado a bordo. Este navio teve 6 comandantes, que foram, sucessivamente : 1 capitão-de-fragata, 1 capitão-de-mar-e-guerra, 3 capitães-de-corveta e 1 capitão-tenente.

«SNEKKAR ARCTIC»

Pertencente à frota do armador Edmond Leveau, de Dieppe, este moderno arrastão foi construído nessa mesma cidade da Normandia pelos estaleiros da empresa Manche Industrie Marine e lançado ao mar em 1985. O «Snekkar Arctic» era um navio de 641 toneladas, que media 50 metros de comprimento por 12,80 metros de boca. O seu calado era de 5,20 metros. O seu sistema propulsor era composto por 1 máquina diesel. Este pesqueiro teve um navio gémeo (também ele de bandeira francesa e pertencente ao mesmo armador), ao qual foi dado o nome de «Snekkar Nordic». A área tradicional de pesca do navio em apreço eram os mares do Atlântico norte. Onde o «Snekkar Arctic» se afundou enigmaticamente, ao largo da Escócia, durante a sua sexta campanha. A tragédia, ocorreu na noite de 20 para 21 de Fevereiro de 1986 e vitimou 17 tripulantes do arrastão de Dieppe e 1 membro da equipagem do «Dogger Bank», navio que pescava nas proximidades do malogrado «Snekkar Arctic» e o socorreu prontamente, salvando 9 dos seus homens. Sendo o navio de construção recente (só tinha 8 meses de uso), o armador e os seus advogados não quiseram dar crédito ao testemunho da tripulação, que revelou a ocorrência de uma série de avarias verificadas a bordo, sobretudo, no sistema eléctrico do navio e no dispositivo que o deveria tornar estanque.  O processo (um dos mais longos cometidos aos tribunais franceses), que opôs armador, construtor e companhias de seguros à associação representativa das famílias das vítimas, durou perto de 24 anos e terminou com a atribuição de indemnizações aos familiares dos desaparecidos. Quanto ao navio sinistrado, a sua carcaça repousa a uma profundidade 740 metros no lugar de um infortúnio, que ceifou 18 vidas e gerou 35 órfãos.

«CAROLE LOMBARD»

O «Carole Lombard» -assim baptizado para homenagear uma popular actriz de cinema, tragicamente desaparecida num acidente aéreo ocorrido em Janeiro de 1942- era um típico 'Liberty Ship', lançado à água em inícios do ano de 1944 pelos estaleiros da firma California Shipbuilding Corporation, de Terminal Island. A cerimónia do bota-abaixo foi celebrada na presença de dois dos mais famosos actores dessa época : Clark Gable (viúvo de Carole Lombard) e Irene Dune, colega da desaparecida. Este navio esteve envolvido (na zona do Pacífico) em vários episódios da Segunda Guerra Mundial, nomeadamente em operações de resgate dos náufragos de navios aliados destruídos pelos japoneses. Nos últimos meses do conflito, em data que não conseguimos apurar, o «Carole Lombard» foi, ele próprio e por sua vez, torpedeado por um submarino da armada nipónica e afundado. Parte dos seus tripulantes pereceu no desastre e outra parte foi salva graças à intervenção atempada do cargueiro holandês «Baru Kota». Curiosidade : os Liberty' (construídos a 2 710 unidades) deslocavam cerca de 15 000 toneladas e mediam 134,57 metros de comprimento por 10,75 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina de tripla expansão e por 1 hélice, que lhes garantiam uma modesta velocidade de cruzeiro (11 nós), mas perto de 12 000 milhas náuticas de autonomia. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos deles foram armados com 1 canhão de 102 mm e com peças de artilharia antiaérea.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

«SANTA MARGARIDA»

Galeão português do século XVII. Segundo as parcas informações disponíveis sobre ele, era um navio de 800 toneladas, armado com 36 peças de artilharia e guarnecido com 358 marinheiros e soldados. Sabe-se que, em 1640, aquando da aclamação de el-rei D. João IV, este galeão se encontrava fundeado no Tejo; presumindo-se, pois, que tenha sido construído (em estaleiro não identificado) na época dos Filipes. Sabe-se que, durante a guerra para recobro da independência, o «Santa Margarida» esteve na empresa de Cádiz (em 1641) e que, em 1647, integrou a armada de socorro à Baía. Em 1651, aquando do regresso da frota a Lisboa, o «Santa Margarida» perdeu-se, devido ao mau tempo, presumivelmente ao largo dos Açores. Não houve sobreviventes. Três outros navios da frota desapareceram durante essa tormentosa viagem : os galeões «São Pantaleão», «São Pedro de Hamburgo» e «Nossa Senhora da Conceição»; sendo que este último naufragou ao largo de Buarcos. Na altura do desastre o «Santa Margarida» encontrava-se sob o mando de um capitão de apelido Chamissa. Nota final : a ilustração anexada não representa o navio descrito, mas uma embarcação europeia contemporânea.