terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

«ALMIRANTE IRÍZAR»

...... O «Almirante Irízar»  é um quebra-gelos da armada argentina. Desloca 15 900 toneladas e mede 121,30 metros de longitude por 25,20 metros de boca. O seu sistema de propulsão (diesel/eléctrico) está acoplado a 2 helices de passo fixo e fornece uma força capaz de garantir ao navio uma velocidade máxima de 16,5 nós em mar aberto e de romper barreiras de gelo com espessuras superiores a 1 metro. Este navio pode receber a bordo três centenas de pessoas, entre as quais se conta uma guarnição de mais de 200 homens. Tem uma autonomia de 60 dias. Dispõe de uma plataforma (à popa) para utilização de helicópteros, podendo operar, simultaneamente, duas dessas aeronaves dos tipos 'Sea King' ou 'Super Puma'. O «Almirante Irízar» foi construído em 1978 na Finlândia, nos estaleiros Wartsila de Helsínquia, e substituiu, no ano seguinte, um velho quebra-gelos da armada de nome «General San Martín». Vocacionado para o serviço de apoio às expedições polares que a Argentina manda à Antárctida anualmente, o navio em apreço também já teve a ocasião de transportar turistas entre a Patagónia e os mares que banham terras do sexto continente. Durante a guerra pela soberania das Falkland (ou Malvinas), em 1982, o «Almirante Irízar» serviu como transporte de tropas e como navio-hospital. E, na sequência da derrota sofrida pela ditadura militar frente às tropas britânicas, este quebra-gelos foi autorizado a voltar ao contestado arquipélago para evacuar os militares argentinos feridos em combate contra as forças armadas do Reino Unido. Em 2002, o «Almirante Irízar» esteve implicado nas tentativas de resgate do navio alemão «Magdalena Oldendolff» (prisioneiro dos gelos polares), fornecendo à sua tripulação víveres e assistência médica. Dois anos mais tarde, em 2004, o «Irízar» foi protagonista de um incidente nas águas das Falkland, que deu origem ao envio -pelo governo de Sua Majestade- de uma nota de protesto às autoridades de Buenos Aires. Finalmente, no dia 10 de Abril de 2007, quando regressava da Antárctida, este navio sofreu um incêndio acidental de grandes proporções, que quase ditaram o seu fim. O quebra-gelos suportou prejuízos avultadíssimos, mas não houve vítimas a lamentar, graças ao socorro prestado por dois mercantes e por várias unidades da marinha de guerra da Argentina; que lograram evacuar todos os seus tripulantes, incluindo as equipas científicas que se encontravam a bordo. Rebocado para o estaleiro de Tandanor (Buenos Aires), o navio ainda se encontra em fase de recuperação.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

«CARDINIA»

'Clipper' que usou, sucessivamente, bandeiras britânica e alemã, o «Cardinia» foi construído em aço (casco), no ano de 1903, nos estaleiros da firma Anderson Rodger & Cº, de New Glasgow (Escócia). Era uma galera de 3 mastros, concebida para o comércio ultramarino, nomeadamente com as arquipélagos do Pacífico, Nova Zelândia em especial, lugares para onde fez inúmeras viagens. Apresentava uma arqueação bruta de 1 915 toneladas e media 80,60 metros de comprimento por 12,20 metros de boca e usou, até 1915, o primitivo nome de «Olinda». Não foi possível apurar a identidade do seu primeiro armador, mas sabe-se que, em 1915, foi requisitado pela autoridade militar, passando, desde logo a servir de navio auxiliar da armada real.  Finda a Primeira Guerra Mundial, o governo britânico vendeu (em 1920) o navio em apreço à firma alemã de transportes marítimas Rhederei Actien GV, de Hamburgo, que manteve o nome de «Cardinia» e o utilizou nas mesmas áreas onde o navio já havia operado em tempos de paz. A 22 de Setembro de 1922, quando navegava de Fiji para Inglaterra, com 1 420 toneladas de copra, o veleiro encalhou e naufragou (posteriormente) nuns recifes das ilhas Mumbualau. Onde não deixou rasto, presumindo-se que os seus destroços tenham sido arrastados pelo temporal e afundados em águas profundas. Também ignoramos (por falta de fontes de informação) se houve sobreviventes do desastre.

«RIVER QUEEN»

Vapor fluvial de rodas laterais, construído em 1864 nos estaleiros de Benjamin C. Terry de Keyport, na Nova Jérsia. O «River Queen» foi explorado comercialmente por vários armadores (Alfred Van Santvoord, Fall River Lines, Vineyard Cº, Nantucket & Cap Cod Steamboats e Mount Vernon & Marshall Cº), assegurando, por conta destes, o serviço regular de passageiros e de carga de mercadorias entre o continente e ilhas da costa nordeste. A sua fama advém-lhe, no entanto, do facto de ter sido fretado (nos derradeiros meses da Guerra de Secessão) pelo governo de Washington, para servir de quartel-general móvel ao general Ulysses Grant, comandante-chefe dos exércitos da União; que, nesse tempo, ainda afrontavam a rebelião sulista. Foi a bordo do «River Queen» que -a 3 de Fevereiro de 1885- teve lugar a conferência de Hampton Roads- entre o presidente Abraão Lincoln, os generais Grant e Sherman (em representação do exército) e o contra-almirante Porter (representando a armada dos E.U.A.), que estudaram a situação dos últimos meses de guerra e definiram estratégias para os anos de paz que se avizinhavam, já que o conflito terminou em Abril desse mesmo ano. Reza a História que os participantes desse histórico encontro «gostaram do navio» (então comandado pelo capitão Nathan B. Saunders) e que Lincoln o terá visitado dois dias antes do seu ignóbil assassínio. O «River Queen» esteve activo (enquanto transporte de passageiros) até 1910. Ardeu em Julho de 1911, na sequência de um incêndio acidental ocorrido a bordo.

«INDIGIRKA»

Navio de bandeira soviética, cuja história carrega o peso de uma dupla e descomunal tragédia. Antes de usar o pavilhão vermelho da U.R.S.S., Este navio hasteou as cores do Estados Unidos da América e esteve registado, nesse país, com os sucessivos nomes de «Lake Galva», de «Ripon», de «Malsah» e de «Commercial Quaker». Foi construído em 1919 nos estaleiros Manitowoc Company, no estado de Wisconsin, para a navegação nos Grandes Lagos. Pertenceu à classe de cargueiros polivalentes 'Lake', que apresentavam uma arqueação bruta de 2 689 toneladas. As suas dimensões eram as seguintes : 77,30 metros de comprimento por 13,30 metros de boca. Este navio estava equipado com uma máquina a vapor de tripla expansão, que lhe garantia uma velocidade máxima de 10 nós. Em 1938 -quando tinha Nova Iorque como porto de registo e ostentava as cores da companhia Moore and McCormick- foi vendido (com a devida autorização governamental) à União Soviética; que lhe deu o nome de «Indigirka» e que o integrou na frota da Dalstroi, uma identidade estatal que 'imperava' sobre uma vasta região da Sibéria oriental, com autoridade (entre outras coisas) na exploração das riquezas mineiras locais e na contratação e controlo da mão-de-obra necessária às suas actividades industriais. A Dalstroi utilizou, sobretudo, prisioneiros de opinião (ou condenados por outros 'crimes' políticos), desterrados para aquelas longínquas paragens pelo regime de Estaline. Adaptado às suas novas e dramáticas funções, o navio em apreço podia transportar -para além da sua carga mercantil- perto de 1 500 prisioneiros por viagem; prisioneiros que eram recolhidos em Vladivostock -terminal da ferrovia transiberiana- e encaminhados pelo «Indigirka» até vários portos de destino, espalhados por todo o mar de Okhotsk. As condições de transporte eram tão peníveis, que muitos dos prisioneiros morreram miseravelmente a bordo. O «Indigirka» -navio de triste memória- teve um fim trágico : naufragou, em consequência de uma tempestade, no dia 8 de Dezembro de 1939, entre os portos de Magadan e de Vladivostock, quando tentava transpor o estreito de La Pérouse. O naufrágio do navio-prisão foi precedido de encalhe perto de Sarufutsu, na costa japonesa. Das cerca de 1 000 pessoas que partiram do porto de Magadan -e entre as quais se encontravam 39 tripulantes, algumas dezenas de passageiros civis e 835 prisioneiros com habilitações técnicas, chamados por Moscovo para participarem no esforço armamentista de uma guerra que se avizinhava- só sobreviveu uma trintena. Entre as quais se encontrava o capitão do navio. Que, posteriormente, acabaria por ser julgado, considerado culpado da ocorrência e fuzilado pelas autoridades moscovitas. Um monumento foi erigido, à memória das vítimas deste medonho naufrágio, no sítio onde se consumou a tragédia.