segunda-feira, 23 de novembro de 2015

«MONA'S ISLE»

..... Foi o primeiro de todos os navios utilizados pela companhia de navegação Isle of Man Steam Packet na carreira entre Douglas (porto da ilha de Man, onde o «Mona's Isle» foi registado) e Liverpool. Cidades entre as quais movimentou passageiros, correio e frete, de 1830 até 1851. Este navio -um vapor de rodas laterais- foi construído em 1830 no estaleiro de John Wood, de Wednesdey (situado nas cercanias de Glásgua). De propulsão mista (vapor/velas), o seu casco era de madeira e dispunha de 2 mastros devidamente aparelhados. Estava equipado com 1 máquina a vapor potenciando 100 shp, que lhe proporcionava (com a combinação da força eólica) uma velocidade de cruzeiro de 8,5 nós. O «Mona's Isle» (primeiro navio a usar este nome) fazia o referido trajecto em 8 horas de navegação, com um máximo de 325 passageiros a bordo. Com 200 toneladas de arqueação bruta, este navio media 35 metros de comprimento por 5,80 metros de boca e por 3 metros de calado. O seu primeiro capitão (que comandava 16 homens de tripulação) foi um experimentado lobo do mar chamado William Gill; que durante anos alimentou uma rivalidade sã, mas renhida, com os navios da St. George Company, a grande rival da sua casa armadora. O «Mona's Isle» foi retirado do serviço activo em 1851 e desmantelado em ano e lugar não apurados.

domingo, 22 de novembro de 2015

«KALIAKRA»

Veleiro utilizado como escola de formação de cadetes. O «Kaliakra», da armada da Bulgária, é uma escuna de 3 mastros, construída em 1984 nos estaleiros de Gdansk (na Polónia) com planos do famoso arquitecto naval Zygmunt Choren. Este belíssimo veleiro, que desloca 408 toneladas em plena carga e que mede 48,50 metros de comprimento fora a fora por 8,20 metros de boca e por 3,30 metros de calado, pode içar 18 velas com uma área total de 1 080 m2. Foi estudado para acolher uma tripulação permanente de 16 membros e, temporariamente, um contingente de 34 formandos e respectivo corpo professoral. O seu porto de abrigo é o de Varna, no mar Negro. Este navio escola tem dois 'sister-ships', o «Pogoria» e o «Iskra II», ambos de bandeira polaca e também eles destinados à formação de oficiais da marinha. Tal como a maioria dos seus congéneres, o «Kaliakra» é, também ele, uma espécie de embaixador itinerante do seu país. E é presença habitual nas concentrações de grandes veleiros que, regularmente, se organizam por essa Europa fora. O autor destas linhas já o viu (e esteve a bordo deste navio) pelo menos duas vezes, aquando de eventos dessa natureza realizados em Ruão, na Normandia.

«BALKAN»

Navio de passageiros (e carga) de bandeira francesa, pertencente à companhia de transportes Freissinet. Com a mobilização militar -durante a Grande Guerra- dos grandes navios afectados às linhas da Córsega, o supracitado armador disponibilizou, em sua substituição e para execução do mesmo trabalho, três navios de menor porte, entre os quais se encontrava o «Balkan»; um navio (construído nos estaleiros de Dunberton, na Escócia, em 1882) de 1 709 toneladas, medindo 79,24 metros de comprimento por 11,31 metros de boca. Depois de muitas viagens sem incidentes dignos de registo, o «Balkan» zarpou de Marselha na noite de 15 de Agosto de 1918 com destino a Bastia. Encontrava-se integrado num comboio de navios devidamente escoltados por unidades da armada francesa e a viagem decorreu com normalidade, até ao avistamento de um presumível submarino inimigo. O ataque do «UB-48» ocorreu durante a madrugada de 16 de Agosto e foi fulminante. O único torpedo expedido pelo submersível quebrou o «Balkan» em dois e afundou-o (ao largo de Calvi) em menos de 1 minuto. Só às 10 horas da manhã, uma patrulha de hidros militares descobriu os destroços do vapor (que estava equipado com 1 máquina de 1 500 cv) e deu o alarme. O balanço do desastre foi trágico; das 519 pessoas que viajavam a bordo (equipagem e passageiros), 417 pereceram. Entre os mortos encontravam-se mais de duas centenas de soldados naturais da Córsega e que iam à terra gozar um período de licença. Um monumento à memória das vítimas (militares e civis) do «Balkan» foi erigido na costa, a escassos 15 quilómetros do lugar onde soçobrou este pequeno navio da companhia Freissinet.

«ANTELOPE»

Navio de combate inglês dos séculos XVI e XVII (1546-1649). Realizado no reinado de Henrique VIII e reconstruído três vezes (em 1558, 1581 e 1618), este navio atravessou um século da História de Inglaterra, participando em várias guerras;  deste a épica luta contra a Invencível Armada até aos combates fratricidas da 2ª Guerra Civil Inglesa. As suas características físicas e potência de fogo foram-se modificando aquando das modernizações que sofreu ao longo da sua vida operacional. No início, era um navio de 300 toneladas, manobrado por 200 homens de equipagem e armado com uma quarentena de canhões de fraco calibre. Em 1558, tomou a forma de um galeão de 341 toneladas, guarnecido com 160 homens e armado com 38 bocas de fogo com maior poder de destruição do que as anteriores. Em 1581, era dado como um navio de 350 toneladas, tripulado por 160 marinheiros e soldados e conservando o seu arsenal de 38 canhões. E, finalmente, em 1618, fazendo fé num documento coevo, o «Antelope» passou a deslocar 450 toneladas e a transportar 34 peças de artilharia. Nesse tempo, o seu comprimento seria de 28 metros (na quilha), mediria 9,80 metros de boca e o seu calado cotaria 3,81 metros. Do seu historial constam (entre outras) participações na guerra contra a frota de Filipe II (já referida), uma frustrada expedição contra a Escócia (em 1559), a expedição de 1597 (também ela mal sucedida) aos Açores, sob o comando conjunto do conde de Essex e de 'sir' Walter Raleigh, a expedição contra Argel de 1620/1621, etc. Em Outubro de 1624, este navio foi muito maltratado por uma violenta tempestade ocorrida no mar da Mancha, que o atirou para o areal de Goodwin. Tendo perdido todo o seu mastreame e sofrido outros danos importantes, o navio foi rebocado para Downs, onde foi inteiramente recuperado pelo reputado mestre carpinteiro Phineas Pett. O «Antelope» viu-se, finalmente, implicado na 2ª Guerra Civil que conheceu o país e foi queimado, por partidários dos Parlamentares, que -em 1649- o tomaram quase sem luta.

sábado, 21 de novembro de 2015

«HARALD HAARFAGER»

Navio de defesa costeira da marinha real norueguesa. Foi construído em Elswick (Inglaterra) no ano de 1897 e estava posto de lado -por incapacidade ao combate- quando os hitlerianos o capturaram, em 1940, e o reactivaram para resistir às tentativas de reconquista da Noruega por parte dos Aliados. Aquando do seu lançamento à água, o «Harald Haarfager» (nome do primeiro rei da Noruega modernamente unificada) deslocava 3 850 toneladas e media 92,66 metros de comprimento por 14,78 metros de boca. As suas máquinas a vapor desenvolviam 4 500 hp, potência que lhe permitia navegar a uma velocidade rondando os 17 nós. Tinha uma guarnição de 245 homens. Do seu armamento principal destacavam-se 2 canhões de 210 mm, 6 de 120 mm, 2 tubos lança-torpedos de 450 mm e várias armas (de menor calibre) de tiro rápido. Estava razoavelmente blindado, em particular na cinta envolvente (178 mm) e nas torres (203 mm).  Após a sua captura, os alemães procederam a mudanças significativas no seu arsenal, substituindo o essencial da artilharia inicial por armamento antiaéreo : 6 canhões de 105 mm, 2 de 40 mm e 14 de 20 mm. Utilizado como bateria 'flak' -usando o novo nome de «Thetis»- este navio sobreviveu ao conflito e foi remetido às autoridades norueguesas após a derrota do nazismo. Ainda serviu algum tempo como navio-prisão de soldados alemães e como quartel flutuante. Em 1948, foi vendido para o ferro-velho e desmantelado. Nota : a fotografia anexada mostra o «Harald Haarfager», hasteando pavilhão norueguês, antes de 1930.

«PANAY»

Canhoneira da armada dos Estados Unidos da América, que usou o indicativo de amura PR-5. Foi construída nos estaleiros Kiangnan Dockyard Engineering Works, de Xangai, em 1927, e serviu no rio Yangtzé até Dezembro de 1937. A USS «Panay» deslocava 482 toneladas e media 58 metros de comprimento por 8,80 metros de boca. O seu calado era minimalista, pois não ultrapassava (em plena carga) 1,60 metro. A sua velocidade máxima era de 15 nós. Tinha uma tripulação de 59 homens, incluindo oficiais e sargentos. A canhoneira em apreço estava equipada com 2 peças de artilharia de calibre 50 e com 8 metralhadores, para além das armas individuais distribuídas à sua guarnição. Participou em variadíssimas operações de polícia e de auxílio a cidadãos norte-americanos vivendo e/ou trabalhando no vale do Yangtzé, num tempo de grande perturbação na China. Situação que se agravou em 1937, com a invasão nipónica do país. A canhoneira «Panay» foi um dos navios dos EUA que, em Novembro desse ano, foi indigitado para proceder à evacuação do pessoal da embaixada de Nanquim e para socorrer os civis dispostos a abandonar a cidade. Apesar dos americanos terem assinalado aos ocupantes japoneses o carácter humanitário dessa missão, a sua canhoneira (nessa altura comandada pelo tenente James J. Hughes) foi bombardeada e metralhada -a 12 de Dezembro de 1937- por aparelhos exibindo as marcas da aviação nipónica. A agressão (que durou 1 hora e meia) provocou 4 mortos e mais de 40 feridos a bordo. Tanto militares como civis. E culminou com o afundamento do navio atacado. As autoridades estadunidenses apresentaram um protesto formal às autoridades de Tóquio; que apresentaram desculpas e declararam que o ataque ao navio de guerra americano não fora intencional. Que, se tratara de uma infeliz confusão dos seus aviadores, que haviam tomado a bandeira dos 'states' pela da República chinesa. Em Abril de 1938 o assunto foi dado como arrumado, depois do Japão ter vertido aos Estados Unidos uma indemnização de quase 2 milhões de dólares. Mas, desde então, as relações entre os dois países continuaram a degradar-se. Até que, a 7 de Dezembro de 1941, com o ataque-surpresa à base aeronaval de Pearl Harbour, as duas poderosas nações entraram (como é sabido) em guerra aberta.

«CIRCASSIA»

Paquete da frota Anchor Line. Foi construído em 1937 nos estaleiros escoceses da empresa Fairfield Govan, de Glásgua. O «Circassia» apresentava 11 170 toneladas de arqueação bruta e media 154 metros de comprimento por 20 metros de boca. Equipado com motores diesel e com 2 hélices, o «Circassia» podia navegar à velocidade de cruzeiro de 16,5 nós. Era o terceiro navio da Anchor a usar o seu nome. Registado no porto de Glásgua, estava preparado par receber 300 passageiros de 1ª classe e 80 de 3ª, na linha Reino Unido-Bombaim (Índia), pela via do canal de Suez. Reputado pelas comodidades oferecidas aos seus passageiros, o «Circassia» viu a sua carreira comercial interrompida nos anos 40 (do passado século, obviamente) por causa do 2º conflito mundial. Modificado para poder servir como transporte de tropas, este navio voltou à posse dos seus legítimos proprietários no pós-guerra (em 1947), depois de ter cumprido várias missões e carácter bélico, transportando militares e respectivo material de combate. Regressou, em 1948, às viagens habituais entre Glásgua (seu porto de registo) e Bombaim, com escalas intermediárias em portos do Mediterrâneo e do oceano Índico; e ali permaneceu até 1966, ano em que essa linha foi encerrada, após 110 anos de funcionamento. Foi também nesse ano, que o «Circassia» (então com quase 30 anos de bons serviços, mas já obsoleto) rumou a Alicante, no sul de Espanha, onde foi desmantelado.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

«WILHELM HEIDKAMP»

Saído do mesmo estaleiro em 1938 e em tudo idêntico ao navio anterior (o 'Anton Schmitt»), este contratorpedeiro germânico teve -no mesmo dia e praticamente à mesma hora- igual destino : foi destruído por unidades da armada britânica, aquando do primeiro recontro naval de Narvik. No dia 9 de Abril de 1940, o «Wilhelm Heidkamp» afundou (por torpedeamento) o «Eidsvold», um velho navio norueguês de defesa costeira, depois do seu capitão ter recusado render-se aos agressores alemães. O «Wilhelm Heidkamp» (Z.21) era, então, navio-almirante da flotilha de 'destroyers' que Hitler destacara para a Noruega no quadro da Operação Weserubung. O seu comandante era o comodoro Friedrich Bonte, que pereceu -a 11 de Abril de 1940- aquando do afundamento do seu navio. A vitória dos Aliados em Narvik não teve consequências no início do conflito, visto não ter impedido a invasão terrestre e aérea da Noruega e a sua subsequente ocupação militar pelas forças nazis.

«ANTON SCHMITT»

Contratorpedeiro da marinha de guerra alemã. Pertenceu à classe dita 'de 1936', cujas unidades deslocavam, em plena carga, 3 470 toneladas e mediam 125,10 metros de longitude por 11,80 metros de boca. O seu calado era de 4,50 metros. O «Anton Schmitt» (também conhecido por Z.22) dispunha de um conjunto propulsivo (turbinas a vapor) que desenvolvia uma potência global de 69 000 shp, força que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 36 nós e de dispor de uma autonomia de 2 050 milhas náuticas com andamento reduzido a 19 nós. Este navio tinha uma guarnição de 323 homens, dos quais 10 eram oficiais. Do seu armamento normal constavam 5 canhões de 127 mm, 4 peças AA de 37 mm, 6 AA de 20 mm, 8 tubos lança-torpedos de 533 mm e vários 'racks' de lançamento de cargas de profundidade. Em finais de 1939, este 'destroyer' foi um dos navios da armada hitleriana que recebeu um sistema sonar para detecção atempada de submarinos. Construído pelos estaleiros AG Weser, de Bremen, o «Anton Schmitt» foi lançado à água a 20 de Setembro de 1938 e oficialmente incorporado nos efectivos da 'Kriegsmarine' um ano mais tarde. Teve vida operacional brevíssima, já que foi afundado -a 11 de Abril de 1940- na primeira Batalha de Narvik, travada aquando da campanha da Noruega; cuja vitória sorriu às forças navais dos Aliados.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

«CHAMPION OF THE SEAS»

'Clipper' que usou, sucessivamente, bandeiras dos E.U.A. e do Reino Unido. Com casco de madeira (aplicada sobre esqueleto metálico), 3 mastros e 3 conveses, o «Champion of the Seas» foi construído em 1854 nos estaleiros de Donald McKay, de East Boston, e tornou-se (aquando do seu lançamento) o mais importante veleiro do seu tipo e do seu tempo. Com 2 447 toneladas de arqueação bruta, este navio  apresentava as seguintes dimensões : 76,80 metros de longitude por 13,90 metros de boca por 8,80 metros de calado. O seu primeiro proprietário foi a James Baines & Cº, que geria a famosa e numerosa frota da Black Ball Line. Depois de uma primeira travessia transatlântica sem história, o «Champion of the Seas» partiu de Liverpool para Melbourne com 780 passageiros a bordo, efectuando essa sua primeira viagem para os antípodas -pela rota do cabo da Boa Esperança- em apenas 72 dias de navegação. Ao longo das muitas outras viagens que fez para (e da)  Austrália, o 'clipper' em apreço fez a cabal demonstração da sua rapidez e da segurança e do conforto oferecidos aos seus passageiros; que disso deixaram testemunhos. Do seu historial consta uma viagem que fez, em 1857, de Portsmouth (no sul de Inglaterra) para Calcutá com 1 000 militares, que foram para a índia participar na repressão dos cipaios revoltados. A rainha Vitória visitou o «Champion of the Seas» antes da partida do navio. Nove anos depois desse acontecimento, em 1866, o navio foi vendido a uma firma britânica (a T. Harrison & S. T. Stowe), que o usou até 1874, ano em que passou a ser propriedade da companhia A. Cassels, de Liverpool. Apesar do seu mau estado de conservação, o «Champion of the Seas» ainda foi capaz de realizar viagens comerciais entre San Francisco e Hong Kong em 39 dias e San Francisco e Callao em 45 dias. Este extraordinário veleiro perdeu-se em inícios do mês de Janeiro de 1877, quando, metendo água e perdendo carga (guano do Chile), foi voluntariamente abandonado -ao largo do cabo Horn- pela sua tripulação; que acabou por ser resgatada pela «Windsor», uma barca britânica.

«COLUMBIAN»

..... O «Columbian» foi um vapor de modestas dimensões (45 metros de comprimento por 9 metros de boca), construído no Oeste do Canadá em 1898, pelos estaleiros de John Todd. O seu comanditário e primeiro utilizador foi uma empresa estatal de nome Canadian Development Company; que acabou por vender este vapor de roda traseira à British Navigation Cº, que operava no rio Yukon, transportando frete e passageiros. Em circunstâncias normais, o «Columbian» podia acolher 175 viajantes, para além dos seus 25 homens de equipagem. Navegou até 25 de Setembro de 1906 sem incidentes dignos de registo. Mas, nesse dia, tornou-se o protagonista do mais trágico desastre fluvial ocorrido naquele que -com os seus 3 185 km de extensão- é um dos maiores rios da América setentrional. O «Columbian» viajava, nessa data, sem passageiros (à excepção de um clandestino), devido à perigosidade de parte da carga que transportava e que era constituída por cerca de 3 toneladas de pólvora; Substância altamente explosiva que era destinada a um complexo mineiro : a Tantalus Butte Coal Mine, instalado numa das margens canadianas do Yukon. A bordo, também viajava uma manada de bovinos. O capitão do vapor (J. O. Williams) avisou para o perigo do carregamento e instruiu a tripulação para que tomasse as precauções necessárias. Apesar disso, em determinado momento da viagem, junto à passagem de Eagle Rock, o clandestino e um membro de equipagem do vapor decidiram divertir-se com uma carabina. Tão desajeitadamente, que a carga explosiva do vapor de rodas foi atingida por um tiro dessa arma de fogo. Facto que provocou uma colossal explosão e ocasionou a perda total da embarcação e do seu carregamento comercial. Morreram 6 homens e outros ficaram feridos com maior ou menor gravidade. Devido ao isolamento da região da Columbia Britânica onde ocorreu o desastre, os sobreviventes só puderam ser socorridos no dia seguinte. Um monumento à memória das vítimas do «Columbian» foi erigido na cidade de Whitehorse.

domingo, 8 de novembro de 2015

«TOPAZ»

O «Topaz» é um dos maiores e mais luxuosos iates privados jamais realizados.  Foi construído pela reputada sociedade Lursen, de Bremen, na Alemanha, por encomenda do príncipe Mansour ben Zayed Al Nahyan; que é um dos políticos que governam os Emirados Árabes Unidos e o proprietário do clube de futebol Manchester City. Este belíssimo navio de lazer desloca 11 590 toneladas e mede 147 metros de comprimento por 21,50 metros de boca. O seu calado é de 5,70 metros. Tem 8 conveses e foi concebido para acolher principescamente 12 passageiros. Tem casco de aço e superestruturas em alumínio. Move-se graças a 2 motores diesel Pielstick, desenvolvendo (unitariamente) uma potência de 7 990 hp, que lhe garantem uma velocidade máxima de 25,5 nós. E está equipado com 3 geradores, que fornecem energia ao equipamento e comodidades de bordo. Muitas das suas características permanecem confidenciais. O «Topaz» foi desenhado por Terence Disdale (exterior) e por Tim Heywood (interiores) e terá custado 400 milhões de euros. Este navio de sonho pode operar 2 helicópteros e, entre outros luxos, tem piscina, jacuzzi, parque de motas de água, ar condicionado, cinema, ginásio, sala de conferências, etc. Parece que o seu proprietário (ou a sociedade que por ele gere este autêntico palácio flutuante) não tem desdenhado alugar -pelas somas exorbitantes que se imaginam- o «Topaz» a figuras públicas e milionárias; que, por 2 dias ou por 1 semana, queiram experimentar viver um conto das 1001 noites.

«REGINA ELENA»

Vaso de guerra italiano, construído no Arsenal de La Spezia na primeira década do século XX. Deu o seu nome a uma classe que compreendeu 3 outros navios couraçados. A saber : o «Vittorio Emanuele», o «Napoli» e o «Roma». O «Regina Elena», que foi dado como concluído em 1907 e que integrou, nesse mesmo ano, os efectivos da 'Regia Marina', deslocava 13 800 toneladas em plena carga e apresentava as seguintes dimensões : 132,60 metros de comprimento por 22,40 metros de boca por 8,58 metros de calado. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas a vapor de tripla expansão (acopladas a 2 hélices), desenvolvendo uma potência global de 19 300 ihp; força que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 20,8 nós e uma autonomia de 1 700 milhas náuticas. A sua blindagem era de 250 mm de espessura na cinta e na torre de comando, as zonas melhor protegidas do navio. Do seu armamento principal, destacavam-se 2 peças de artilharia de 305 mm, 12 de 203 mm, 16 de 76 mm e 2 tubos lança-torpedos de 450 mm. A sua guarnição podia elevar-se a 764 homens, incluindo o quadro de oficias. O «Regina Elena» -que sofreu trabalhos de modernização em 1912- participou na Guerra da Cirenaica, contra o Império Otomano, e na 1ª Guerra Mundial. Durante este último conflito, esteve particularmente activo no mar Adriático, tendo sido utilizado na defesa do porto de Otranto. Depois do armistício, foi retirado da primeira linha e passou a cumprir missões de interesse secundário e/ou a dar formação a marinheiros. Este navio foi desactivado em 1927 e desmantelado em 1931.

sábado, 7 de novembro de 2015

«BOUSSOLE»

Navio francês do século XVIII. Foi construído num estaleiro de Bayonne (no País Basco francês) em 1782, de onde saiu com o primitivo nome de «Portefaix». Era um mercante (com características físicas que desconhecemos), que foi adquirido e transformado pela armada de Luís XVI, para poder participar numa expedição científica promovida por este rei de França. E cuja chefia foi entregue a Jean-François de Galaup, conde de La Pérouse. Com o novo nome de «Boussole» e acompanhado pelo «Astrolabe», este navio zarpou de Brest no dia 1º de Agosto de 1785, rumo às costas da América meridional e ao cabo Horn. Que transpôs para ganhar o oceano Pacífico. Depois de ter visitado (entre outras longínquas terras) a ilha de Páscoa, Havai, o Alasca, as costas siberianas, a China, as Filipinas e as ilhas Samoa, o navio em apreço (mais o «Astrolabe») foi visto, pela última vez, na Austrália, em Março d 1788. Animada do mais puro espírito do Século das Luzes, a expedição -que integrava 220 membros- levava a bordo inúmeros cientistas (astrónomos, hidrógrafos, botânicos, entomologistas, etc) e artistas (desenhadores e pintores), que deveriam trazer para a Europa o fruto pluridisciplinar das suas descobertas, estudos e observações. Depois de terem desaparecido misteriosamente, várias expedições foram montadas para tentar descobrir o paradeiro dos navios de La Pérouse. Incluindo uma comandada pelo ilustre navegador Dumont D'Urville; que também ela não produziu resultados definitivos, embora este grande marinheiro normando (que por lá recolheu alguns elementos susceptíveis de terem pertencido à malograda expedição de La Pérouse) tenha aventado a hipótese da «Boussole» e do «Astrolabe» se terem perdido ao largo da ilha de «Vanikoro», no arquipélago das Salomão. Mas só em 2005 foram formalmente identificados (nesse lugar) os restos do naufrágio. Verdade confirmada pelos autóctones de Vanikoro, que têm conhecimento do trágico acontecimento, por tradição oral. Quanto às causas do desaparecimento dos navios e seus ocupantes, essas permanecem enigmáticas.

«CANBERRA»

Paquete e navio de cruzeiros britânico, que navegou entre 1961 e 1997. Foi um dos navios mais emblemáticos da companhia Peninsular & Oriental Steam Navigation; que o mandou construir nos estaleiros Harland and Wolff, de Belfast (Irlanda do Norte). O «Canberra» foi lançado à água em 1960 e efectuou a sua viagem inaugural no ano seguinte : de Londres (onde o navio foi matriculado) a Sydney, via canal de Suez. Foi essa a sua rota habitual até 1973. Ano em que uma quebra significativa no fluxo de emigrantes europeus para a Austrália se acentuou e que o transporte marítimo começou a ceder à concorrência da aviação comercial. Transformado em navio de cruzeiros, o «Canberra» (que recebeu o seu nome em clara homenagem à capital federal australiana) passou a navegar -com turistas- para os mais variados destinos. Em 1982, no começo da guerra que opôs, no hemisfério sul, o Reino Unido à República Argentina, por causa das contestadas ilhas Falkland (ou Malvinas), este navio foi requisitado pelo governo de Londres e rapidamente convertido em transporte de tropas. O «Canberra» levou para a zona de guerra muitas centenas de combatentes e, depois disso, foi buscar à Georgia do Sul o contingente (3 000 homens) levado para aquela região pelo seu congénere «Queen Elizabeth 2». Paquete que as autoridades não quiseram expor aos perigos já afrontados pelo navio da P. & O., que chegou a operar debaixo do fogo inimigo. Disse-se que o navio britânico em questão, que passou a ser conhecido pelos militares como a 'Grande Baleia Branca', só não foi afundado pelos argentinos, pelo facto dos pilotos sul-americanos o terem poupado deliberamente, por tê-lo confundido com um navio-hospital. No final da guerra, o «Camberra» voltou à Inglaterra repleto de militares desmobilizados. À sua chegada a Southampton -no dia 11 de Julho de 1982- o antigo paquete foi recebido em apoteose por uma multidão de cidadãos britânicos, numa manifestação de fervor popular sem precedentes. O facto de ter participado na campanha das Falkland granjeou-lhe, curiosamente, nova clientela e os seus cruzeiros foram um sucesso durante anos. Em 1997, visivelmente obsoleto, o «Canberra» foi vendido a um sucateiro paquistanês, que procedeu ao seu desmantelamento num estaleiro de Gadani. Este navio, que passou progressivamente (depois de várias operações de modernização) das 45 270 toneladas de arqueação bruta iniciais para 49 073 toneladas, media 250 metros de comprimento por 31 metros de boca. O seu calado era de 10,80 metros. Dotado de poderoso e revolucionário sistema propulsivo, aquele que também foi chamado a 'First Lady of the P. & O.', podia navegar -nos seus melhores tempos- à velocidade máxima de 29 nós; andamento que caiu, a partir dos anos 70, para 23,5 nós. No início da sua carreira, o «Canberra» transportava 2 238 passageiros, 548 dos quais em 1ª classe. E quando foi transformado em navio de cruzeiros passou a acolher (numa classe única) 1 737 viajantes. A sua equipagem também variou em número, passando de 900 para 795 membros nos seus derradeiros anos.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

«AVEIRO»

..... O cargueiro denominado «Aveiro», foi um dos navios de bandeira germânica apresados no mar da Palha (em 23 de Fevereiro de 1916), por iniciativa do governo de Afonso Costa. Acto hostil, que esteve na origem da declaração de guerra do Império Alemão a Portugal e da nossa subsequente participação no primeiro conflito planetário. Este vapor foi construído no ano de 1894 nos estaleiros da empresa Flensburger Schiffbau Gasellschaft, de Flensburg,. Apresentava uma arqueação bruta de 2 296 toneladas e media 85,15 metros de comprimento por 12,15 metros de boca por 4,45 metros de calado. Estava equipado com 1 máquina a vapor de tripla expansão, desenvolvendo uma potência de 1 200 ihp; força que lhe facultava uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 10 nós. Chamou-se «Harzburg» (de 1894 até 1904), quando esteve ao serviço da companhia Deutscher D. G. Hansa, de Bremen, e «Naxos» (de 1904 a 1916), quando serviu na frota da Deutsche Levante Linie, de Hamburgo. Registado em Lisboa no seguimento da sua captura e da sua derradeira mudança de nome, o «Aveiro» integrou a frota dos Transportes Marítimos do Estado (T.M.E.), que foi formada com os navios apresados à marinha mercante tudesca. Fretado posteriormente à companhia britânica de transportes Furness, o «Aveiro» navegava em águas do mar Jónico, (Mediterrâneo) com uma carga mercante, quando -no dia 10 de Abril de 1918- foi interceptado pelo submarino «UB-53», que o afundou a tiros de canhão. A sua tripulação pôde, no entanto, embarcar nas baleeiras de bordo e sobreviver ao ataque. Nota : a ilustração aqui apresentada é da autoria de Luís Filipe Silva, conhecido (e reconhecido) desenhador dos perfis longitudinais de muitos navios portugueses.