quarta-feira, 18 de maio de 2011

«LAGOS»


Contratorpedeiro britânico da classe ‘Battle’, da qual foram construídas 24 unidades. Encomendados em 1943 pela ‘Royal Navy’, só um destes navios chegou a participar nos combates da 2ªGuerra Mundial. O HMS «Lagos» (assim chamado em memória da batalha naval ocorrida a 19 de Agosto de 1759 ao largo da cidade algarvia do mesmo nome) foi lançado à água -pelo estaleiro Cammell Laird, de Bikenhead- no dia 4 de Agosto de 1944 e integrado nos efectivos da armada inglesa em inícios de Novembro do ano seguinte. Deslocava 3 430 toneladas em plena carga e media 116 metros de comprimento por 12,20 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 turbinas a vapor e por 2 hélices. A sua velocidade máxima aproximava-se dos 36 nós e a sua autonomia de 4 400 milhas náuticas com andamento reduzido a 12 nós. O «Lagos» estava armado com 4 peças de artilharia de 114 mm, 1 de 102 mm, 14 AA de 40 mm e com dispositivos lança-torpedos de 533 mm. A sua guarnição era constituída por 268 homens, oficiais incluídos. A primeira missão do «Lagos» levou o navio ao Extremo Oriente, onde a Grã-Bretanha conservava ainda algumas colónias e protectorados. Regressou depois à Europa, onde passou a integrar as forças da chamada ‘Home Fleet’. Nos anos 50 o navio esteve destacado algum tempo no Mediterrâneo, voltando, mais tarde, ao Índico, onde terminou a sua carreira operacional. Passou à reserva no ano de 1960 e foi desmantelado sete anos mais tarde num estaleiro de Bo’ness (Escócia).

«CONDUCTOR»


Vapor pertencente à frota do armador lisboeta Frederico Burnay. Foi construído em Southampton (Inglaterra) no ano de 1880. Além do transporte de passageiros no estuário do Tejo, o «Conductor» também fez serviço de reboques, graças a uma popa equipada para o efeito. Era uma sólida embarcação com 165 toneladas de arqueação bruta, que media 35,40 metros de longitude por 5,90 metros de boca. Pontal : 3,20 metros. A sua propulsão era assegurada por uma máquina a vapor de baixa pressão (com uma potência de 62 cavalos nominais), que movimentava duas rodas laterais de paletas. O «Conductor» podia navegar à velocidade máxima de 10 nós. Segundo noticiou a imprensa do tempo, este barco a vapor custou ao seu proprietário a soma de 4 500 libras. Iniciou a sua carreira em Portugal percorrendo a distância que separava Cascais (localidade situada já fora da barra do Tejo) do velho ancoradouro do Cais do Sodré. Passou, numa segunda fase da sua existência, a transportar gente entre a capital e a Outra Banda. A casa Burnay & Sucessores vendeu-o, em 1892, a uma sua congénere de Liverpool (Grã-Bretanha), depois de o ter utilizado, proveitosamente, durante uma dúzia de anos. Há notícias de que esta embarcação ainda navegava (com que nome ?) no ano de 1911, perdendo-se o seu rasto depois desta data.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

«AL SAID»


É um dos quatro ou cinco maiores e mais luxuosos iates do mundo. O seu proprietário é S. A. R. Qaboos ben Said, sultão de Omã, que o mandou construir, em 2006, nos estaleiros da firma Lürssen Yachts, situados em Bremen, na Alemanha. Na fase de concepção do iate real, os engenheiros da firma construtora contaram com a colaboração do famoso ‘designer’ Jonathan Barrett Quinn. O desenho de interiores tem, também, um autor de prestígio : Redman Whitely Dixon. O «Al Said» tem casco de aço e superestruturas em alumínio. Com as dimensões de um paquete de tamanho médio, o «Al Said» é um navio de 15 850 toneladas, que mede 155 metros de comprimento por 24 metros de boca. O seu calado atinge 5,20 metros. O seu poderoso sistema propulsor (2 máquinas diesel com uma potência global de 22 000 hp) permite-lhe atingir a velocidade máxima de 15,2 nós. O navio, que foi entregue ao sultão em 2008, tem seis cobertas e codições para receber sumptuosamente muitas dezenas de convidados. O equipamento mais importante do navio é, sem dúvida, a sua magnífica sala de concertos (o sultão é um conhecido melómano, grande apreciador de música clássica árabe), cujo palco tem espaço para acolher 50 executantes e que disponibiliza lugares para 100 espectadores. O «Al Said» tem hospital particular, piscina, rampa para utilização de helicópteros, embarcações auxiliares e toda a espécie de outros equipamentos susceptíveis de tornar as estadias a bordo em momentos de sonho. Toda a sua aparelhagem de auxílio à navegação e de segurança são da última geração tecnológica. Muitas das características do navio são, no entanto, mantidas secretas por opção do proprietário. Parece que a sua tripulação permanente é de 150 membros e diz-se que o navio completamente equipado custou entre 300 e 500 milhões de dólares. Curiosidade : o estaleiro que concebeu o navio, desenvolveu os trabalhos de construção do dito com o nome de ‘Projecto Girassol’.

«PACHECO PEREIRA»


Fragata da Armada Portuguesa. Foi, inicialmente, o HMS «Bigbury Bay», navio da classe ‘Bay’, construído em fins de 1944 nos estaleiros da firma Hall Russell & Company de Aberdeen, na Escócia. Foi adquirida em segunda mão no ano de 1959, ao mesmo tempo que a sua congénere «Álvares Cabral» (ex-«Burghead Bay»); que foi a cabeça de uma série de navios que compreenderia, a partir de 1961, mais duas outras unidades : a «Vasco da Gama» (ex-«Mounts Bay») e a «D. Francisco de Almeida» (ex-«Morecambe Bay»). A «Pacheco Pereira», que ostentava o número de amura F 337, deslocava 2 580 toneladas em plena carga e media 93,70 metros de comprimento por 11,70 metros de boca. O seu calado era de 4,70 metros. O seu sistema de propulsão compreendia 2 caldeiras a óleo, 1 máquina a vapor de tripla expansão (desenvolvendo uma potência de 5 500 cv) e 2 hélices. A velocidade máxima do navio era de 19,5 nós e a sua autonomia podia atingir as 9 500 milhas náuticas se o seu andamento fosse reduzido a 12 nós. O armamento da fragata «Pacheco Pereira» era composto por 4 peças de artilharia de 120 mm, por 6 AA de 40 mm e por 1 morteiro múltiplo de luta anti-submarina de 178 mm. A sua tripulação compreendia 168 homens (oficiais, sargentos e praças). Adquirida pela nossa marinha de guerra para operar em águas ultramarinas, a «Pacheco Pereira» cumpriu uma das suas primeiras missões em águas moçambicanas, onde aliás se encontrava, nos anos 60, aquando do bloqueio britânico ao porto da Beira, por causa da declaração unilateral da independência da Rodésia. Mas, o navio esteve antes (em 1961) na guerra de Angola, onde chegou a manter um destacamento desembarcado de marinheiros seus no Ambrizete. Entre 1959 e 1971, o navio realizou cruzeiros de instrução, fez viagens de índole diplomática, assegurou transportes logísticos, fez patrulhamentos e participou em missões de guerra, tendo a sua acção decorrido, essencialmente, em águas africanas. Foi abatido ao efectivo dos navios da Armada Portuguesa em 14 de Setembro de 1971, sendo, mais tarde, desmantelado.

«SURPRISE»


Canhoneira de 1ª classe da armada francesa, em cujos efectivos foi integrada no ano de 1896. Construída na cidade do Havre pelos estaleiros da firma Augustin Normand, a «Surprise» era um navio com 680 toneladas de deslocamento, 56 metros de comprimento por 8 metros de boca e com um calado de 3,80 metros. A sua máquina a vapor desenvolvia 1 800 cv de potência e proporcionava-lhe uma velocidade máxima de 13 nós. Estava armada com 2 peças de 100 mm, 4 de 65 mm e 4 outras de 37 mm. A «Surprise» assegurou missões de soberania em Marrocos, no Extremo Oriente (China e Tonquim), no oceano Índico e na costa ocidental de África, tendo-se ilustrado, no início da Grande Guerra, na conquista da colónia alemã dos Camarões. A 3 de Dezembro de 1916, o navio estava fundeado na baía do Funchal, quando foi torpedeada (e afundada) pelo submarino germânico «U-38». Isto, apesar das baterias do forte da cidade madeirense terem interferido na contenda. Sem grande sucesso, aliás, facto que autorizou o submersível (então sob o comando do oficial Max Valentiner) a ripostar à artilharia de costa portuguesa e a afundar dois outros navios aliados que ali se encontravam : o transporte de submarinos «Kanguroo» (francês) e o pousa-cabos britânico «Dacia». No final do confronto -ao qual os gauleses chamam Batalha do Funchal- morreram 7 cidadãos portugueses e 34 marinheiroa franceses. A canhoneira «Surprise» tinha dois gémeos : os navios «Décidée» e «Zélée».

«ALRAIGO»


Cargueiro de bandeira espanhola construído em 1977 nos estaleiros da Sociedad Metalúrgica Duro Felguera S. A., de Gijón, por encomenda do armador Navieras Garcia Miñaur, de Santander. Deslocava 3 605 toneladas e media 93,30 de comprimento por 13,50 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina diesel desenvolvendo uma potência de 2 940 cv, que lhe permitia navegar à velocidade de cruzeiro de 12,5 nós. O «Alraigo» seria um navio mercante sem história (como tantos e tantos outros), se, na noite de 6 de Junho de 1983, ao largo da costa norte de Portugal, não tivesse sido o involuntário protagonista de um inaudito incidente noticiado pela imprensa do mundo inteiro. Nessa data, com efeito, o mercante espanhol, que transportava carga diversa para as Canárias, serviu de poiso a um caça-bombardeiro ‘Harrier’ da guarnição do porta-aviões HMS «Illustrious», que participava em manobras navais naquela área. Sem poder socorrer-se dos instrumentos de bordo (que avariaram) e quase sem carburante, o piloto do VTOL britânico não teve outra alternativa senão a de fazer uma aterragem forçada em cima de uns contentores transportados pelo «Alraigo». O caso gerou um pequeno conflito entre a Grã-Bretanha e a Espanha, que foi resolvido por via diplomática, depois da tripulação do cargueiro ter recebido uma recompensa vertida pelo governo britânico a título de compensação pelo incómodo. A aeronave, que prosseguiu viagem com o «Alraigo» até Santa Cruz de Tenerife, foi ali entregue à equipagem do petroleiro «British Hay», que a levou de volta para Inglaterra. Referentemente ao cargueiro espanhol, sabe-se, ainda, que mudou de proprietário e de nome umas seis ou sete vezes, antes de ter sido, presumivelmente, retirado do serviço activo. Disse-se deste navio, que, durante o seu tempo de actividade, chegou a fazer contrabando de armas a favor do regime racista sul-africano e, também, em proveito do ditador Somoza da Nicarágua.

«JOÃO BELO»


Pertenceu à frota da Companhia Colonial de Navegação, de 1925 até 1950, ano da sua retirada do activo. Considerado o primeiro de todos os paquetes portugueses, este navio foi construído na Alemanha em 1906 pelos estaleiros hamburgueses da já reputada firma Blohm und Voss. O seu primeiro armador, a Woermann Line, só usufruiu dele durante um ano, visto tê-lo vendido em Abril de 1907 à Hapag. Enquanto navegou com bandeira germânica (até 1919), o navio chamou-se, sucessivamente, «Gertrud Woermann» e «Windhuk». Depois de assinada a paz que pôs termo ao primeiro conflito generalizado, o paquete foi entregue ao governo britânico como parte das reparações de guerra que lhe eram devidas. As autoridades de Londres venderam-no à casa armadora Ellerman Lines, que o conservou -com o nome de «City of Genoa»- na linha de África até 1925. Nesse ano, o navio foi comprado pela Companhia Colonial de Navegação, que lhe chamou «João Belo» em honra do empreendedor ministro das colónias do mesmo nome, um capitão-de-mar-e-guerra, que deu grande apoio às companhias de navegação portuguesas viradas para o serviço comercial com as nossas colónias africanas. O que nem eram bem o caso da C.C.N., que foi criada (em 1922, no porto angolano do Lobito) e que, na realidade, se lançou nas carreiras para a metrópole e, mais tarde, para Moçambique. O paquete «João Belo» era um navio com 6 475 toneladas de arqueação bruta, que media 130 metros de comprimento. Movia-se graças à potência desenvolvida por 2 máquinas a vapor de tripla expansão,que lhe facultavam uma velocidade de cruzeiro de 12 nós. O «João Belo» podia receber a bordo 340 passageiros; aos quais oferecia condições de conforto até então nunca proporcionadas por outros navios nacionais.

«GLADAN»


Escuna da marinha de guerra real da Suécia, no seio da qual este veleiro tem por missão essencial a formação de oficiais. O «Gladan», que tem casco de aço e dois mastros (envergando uns 520 m2 de pano), foi construído em 1946 num estaleiro naval de Estocolmo. Desloca 220 toneladas e mede 34,40 metros de comprimento por 7,20 metros de boca. O seu calado é de 4,20 metros. O navio sofreu grandes trabalhos em 1970, recebendo, nessa ocasião um novo motor diesel (1 Scania Vabis de fabrico local) de 6 cilindros. O «Gladan», cujo porto de abrigo é o de Karlskrona, tem uma equipagem normal de 15 oficiais e marinheiros e pode receber, simultaneamente, 38 cadetes. Este veleiro, e o seu ‘sister ship’ «Falken», substituíram na armada sueca um velho navio de nome «Jarramas». Outra das missões confiadas ao «Gladan» é a de servir de embaixador itinerante do país das ‘três coroas’. O que o veleiro faz com muita honra, de cada vez que a ocasião se lhe apresenta, executando visitas de cortesia aos portos da Europa e participando em eventos como a já famosa ‘Armada’ de Rouen (França), a maior concentração de grandes veleiros do mundo, e na ‘Tall Ship’s Race’ e similares.

«MURMANSK»


Cruzador da antiga armada soviética pertencente à classe ‘Sverdlov’. Deslocava 16 640 toneladas (em plena carga) e media 210 metros de comprimento por 22 metros de boca. O seu calado era de 6,90 metros. O sistema propulsor deste cruzador desenvolvia 110 000 cv, força que lhe permitia atingir a velocidade máxima de 32,5 nós e lhe concedia uma autonomia de 9 000 milhas náuticas, com andamento estabilizado a 18 nós. Estava razoavelmente blindado (100 mm na cintura longitudinal e 150 mm na torre de comando) e, do seu armamento, constavam 12 peças de 152 mm, distribuídas por quatro reparos triplos, 32 AA de 37 mm e 10 tubos lança-torpedos de 533 mm. Construído em meados da década de 50 pelos estaleiros navais de Severodvinsk, o cruzador «Murmansk» serviu na denominada Frota do Norte até, presumivelmente, fins dos anos 80. Em 1994, o navio foi vendido a um sucateiro indiano, que deveria proceder ao seu desmantelamento. Mas, durante a viagem, uma tempestade arremessou o navio contra as costas do norte da Noruega e fê-lo encalhar -na véspera de Natal de 1994- junto à localidade de Sorvaer, no condado de Finnmark. Depois do natural temor de que a carcaça do navio estrangeiro pudesse emitir radioactividade e substâncias nocivas, os naturais da região acabaram por fazer dos restos do «Murmansk» uma das principais atracções turísticas daquela região isolada da Europa setentrional.

sábado, 7 de maio de 2011

«CALDAS»


Chamou-se inicialmente «Douro». Era um contratorpedeiro da classe ‘Vouga’ e foi construído, em 1935, nos estaleiros da CUF, na Rocha do Conde de Óbidos (Lisboa). Por sugestão do governo britânico, este navio foi vendido pelo governo português à armada da Colômbia (país que se encontrava, nessa época, em estado de guerra latente com o Peru, por causa de uma questão de fronteiras), onde tomou o nome de «Caldas». Nunca chegou a combater a frota rival, pelo facto do tal problema de fronteiras se ter resolvido, entretanto, por via diplomática. O «Caldas foi, no período -que precedeu a Segunda Guerra Mundial- o maior, o mais veloz e o mais forte navio da armada colombiana, a par do «Antiquoa» (ex-«Tejo»), também ele construído em Portugal e cedido nas mesmas circunstâncias. O «Caldas» (nome de uma região da Colômbia) deslocava 1 563 toneladas (em plena carga) e media 96 metros de comprimento por 6,50 metros de boca. A sua guarnição superava os 180 homens. A sua propulsão era assegurada por um sistema de turbinas a vapor, que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 36 nós e lhe consentia uma autonomia de 9 700 quilómetros, com a velocidade estabilizada a 15 nós. O seu armamento principal era constituído por 4 peças de artilharia de 120 mm, que tinham um alcance superior ao dos cruzadores peruanos da classe ‘Almirante Grau’. Em 1944, durante uma patrulha que cumpriu no mar das Caraíbas foi-lhe atribuída a destruição de um submersível alemão; o que nunca chegou a ser confirmado oficialmente. Em fins de Fevereirode 1955, o «Caldas» foi protagonista de um curioso incidente no regresso de uma viagem aos Estados Unidos da América, país onde estivera a sofrer trabalhos de modernização. Durante essa viagem, que tinha como destino o porto de Cartagena de las Indias , o navio colombiano foi derribado por ondas tempestuosas, que iam causando a sua perda. Oito dos seus tripulantes foram atirados ao mar, sete dos quais pereceram. A armada colombiana atribuiu o desastre aos trabalhos executados pelo estaleiro norte-americano, que terão modificado o centro de gravidade do navio e, levado à sua desestabilização. Mas, um jornalista do «El Espectador» (periódico de Bogotá) logrou entrevistar o marinheiro do «Caldas» jogado ao mar e que sobrevivera ao incidente; tripulante que declarou que o desastre se ficara a dever a um excesso de carga particular (constituída, essencialmente, por electrodomésticos ) embarcada nos EUA pela guarnição do navio, especialmente pelo corpo de oficiais. A polémica instalou-se. E ainda hoje perdura, devido à publicação do livro intitulado «Relato de um Náufrago», da autoria do nobelizado escritor local Gabriel García Márquez. Que, em 1955, era o tal repórter do diário «El Espectador», de que acima se fala.

terça-feira, 3 de maio de 2011

«SAVARONA»


O «Savarona» foi realizado na Alemanha, em 1931, pelos estaleiros navais
da casa Blohm und Voss, de Hamburgo. Com as suas 4 646 toneladas de arqueação bruta, os seus 136 metros de comprimento (fora a fora) e os seus 16 metros de boca, este navio é, ainda hoje, o maior iate 'plebeu' jamais construído. A sua primeira proprietária foi Emily Roebling Cadwallader, a riquíssima herdeira do engenheiro conceptor da ponte de Brooklyn. Parece que o «Savarona» custou à milionária norte-americana a soma de 4 milhões de dólares, uma quantia faraminosa para a época. O navio foi projectado pelo gabinete de arquitectos Gibbs & Cox, que quis fazer dele o mais luxuoso iate do mundo. Em 1938, o «Savarona» foi adquirido pelo estado turco e colocado à disposição do seu líder histórico Mustafá Kemal 'Ataturk'; que se gozou dele durante uns curtos 6 meses, antes de falecer. Aquando da Segunda Guerra Mundial e a fim de o proteger dos perigos decorrentes desse mortífero conflito, o «Savaron» esteve fundeado (e inactivo) na baía de Kanlica, no Bósforo. No início dos anos 50, o iate serviu como navio-escola aos alunos da Academia Naval turca. Baseado em Heybeliada, uma pequena ilha do mar de Mármara, o antigo iate de Ataturk foi ali devastado por um incêndio acidental no ano de 1979. Esquecido durante dez anos, o «Savarona» acabou por ser comprado por um grande empresário turco, que o restaurou exemplarmente, dando-lhe o explendor que o navio tivera no passado. Hoje, o antigo navio de lazer do 'Pai dos Turcos' é, simultaneamente, uma embarcação onde se preserva e respeita a memória de Mustafá Kemal e uma unidade turística emprestada, a preço de ouro, a clientes milionários, já que o seu aluguer -por uma semana- custa a 'bagatela' de 200 000 dóláres. Ou o dobro dessa soma, se se optar pela contratação do navio com a sua equipagem completa, de 44 membros. Além de um pequeno museu consagrado à glória de Ataturk -o fundador da Turquia moderna- o «Savarona» dispo~e de várias suites luxuosas, de uma piscina, de banhos turcos, de um cinema, de uma rica biblioteca, etc. O «Savarona» está, hoje, equipado com 2 máquinas diesel com uma potência global de 7 200 hp, que lhe permitem navegar a uma velocidade de cruzeiro superior a 15 nós.

domingo, 1 de maio de 2011

«LISBONENSE»


Foi a segunda embarcação com este nome a operar entre as duas margens do Tejo, na qualidade de transporte de passageiros. Este cacilheiro foi construído no estaleiro de John Cockerill, em Hoboken (Bélgica), no ano de 1901. Usou, por curto espaço de tempo, o nome de «Rainha Dona Amélia». Pertenceu à frota da Parceria de Vapores Lisbonenses e apresentava as seguintes características : casco de aço; 299 toneladas de arqueação bruta; 40,40 metros de comprimento; 8 metros de boca; 2,65 metros de pontal. Era movido por 2 máquinas de tríplice expansão (desenvolvendo 400 cv de potência) e por 2 hélices. Além de ter assegurado o transporte regular de pessoas entre Lisboa e a Outra Banda (sobretudo Cacilhas), o «Lisbonense também foi utilizado em excursões fluviais no Tejo (Vila Franca de Xira, Azambuja, baía de Cascais) e no mar, até à Praia das Maçãs. Este cacilheiro sofreu trabalhos de transformação em 1903, de modo a poder receber a bordo veículos automóveis. O seu armador alugou-o, em 1918, à empresa portuense Fretamentos Marítimos, Lda, que o utilizou no transporte de mercadorias diversas para portos estrangeiros. A sua derradeira e fatídica viagem iniciou-se em Leixões no dia 22 de Agosto desse mesmo ano de 1918. No dia seguinte, quando o «Lisbonense» navegava para Bristol, ao largo do cabo Prior (Galiza), foi interceptado por um navio de guerra alemão, que o metralhou e afundou. Curiosidade : este antigo cacilheiro tinha um seguro de 200 contos numa companhia lisboeta. A sua destruição provocou a falência da dita, de modo que o seu armador só foi parcialmente indemnizado alguns anos depois da trágica ocorrência.

«REPULSE»


Cruzador de batalha da ‘Royal Navy’, pertencente à classe ‘Revenge’. Foi lançado à água no dia 8 de Janeiro de 1916 e anotado (oficialmente) sete meses mais tarde na lista dos navios de guerra de Sua Majestade. Foi construído na Escócia, nos estaleiros da firma de John Brown & Co, de Clydebank. Deslocava cerca de 32 000 toneladas e media 240 metros de comprimento por 30 metros de boca. O seu sistema propulsor desenvolvia uma potência de 112 000 cv, força que lhe imprimia uma velocidade máxima de 32 nós e lhe dispensava uma autonomia 3 650 milhas náuticas. A sua guarnição compreendia 1 180 homens, oficiais incluídos. O «Repulse» estava razoavelmente blindado e poderosamente armado com 6 canhões de 381 mm e 9 de 102 mm. Da sua artilharia aérea sobressaiam 8 peças de 102 mm e outras 8 de 20 mm. Dispunha também de 8 tubos lança-torpedos de 533 mm e de 4 aeronaves catapultáveis. O «Repulse» ainda pôde participar nos derradeiros combates da guerra de 1914-1918, combatendo na segunda batalha de Heligoland Bight, que ocorreu em Novembro de 1917. Um involuntário abalroamento com o HMAS «Australia» pôs fim à sua acção no conflito. Levado para o estaleiro, onde permaneceu dois anos, o cruzador foi modernizado, sofrendo melhoramentos a nível da sua couraça de protecção que elevaram o seu peso para mais 4 300 toneladas. O navio serviu no Mediterrâneo até à eclosão da 2ª Guerra Mundial, sendo depois transferido para o Atlântico norte, onde participou na escolta dos comboios mercantes aliados e em operações de guerra contra a armada nazi, nomeadamente na perseguição ao «Birmarck». Em Agosto de 1941 o «Repulse» foi destacado para a África austral e transferido dali (em Outubro do mesmo ano) para a frente de combate do Índico, a fim de lutar contra a expansão nipónica. Integrado na chamada Força Z, superiormente chefiada pelo almirante ‘sir’ Thomas Philips, o «Repulse» foi afundado, durante uma furiosa batalha aeronaval contra os japoneses no dia 10 de Dezembro de 1941. Nesse confronto, ocorrido a leste da Malásia, foram destruídas outras unidades da armada real britânica, sendo uma delas o moderno «Prince of Wales».