terça-feira, 23 de julho de 2013

«U-701»

Submarino da armada hitleriana, pertencente ao tipo VIIC. O «U-701» saíu dos estaleiros navais da firma H.C. Stucken und Sohn, de Hamburgo, em meados de Abril de 1941 e tornou-se operacional, em Julho desse mesmo ano, sob as ordens do capitão-tenente Horst Degen. Destacada para as águas do Atlântico norte, esta unidade submersível realizou apenas 3 patrulhas. Mas ilustrou-se durante as ditas, por ter afundado 5 mercantes dos Aliados (totalizando cerca de 26 000 toneladas) e por ter danificado 4 outros. É-lhe também atribuído a destruição total de 4 navios de guerra auxiliares e a destruição parcial de um contratorpedeiro. Em 1942, este submarino aventurou-se nas águas territoriais dos Estados Unidos. Descoberto pelos meios de vigilância aérea, o «U-701» foi bombardeado por um aparelho 'Hudson' do 396º esquadrão da USAAF e afundado -a 7 de Julho- ao largo do cabo Hatteras. Apenas sobreviveram 7 membros da equipagem, incluindo o seu capitão. Que, naturalmente, foram capturados pela Guarda Costeira e imediatamente internados num campo de prisioneiros. A carcaça do «U-701» só foi descoberta em 1989, por um mergulhador de nome Uwe Lovas, que (a pedido das autoridades locais) guardou o segredo do seu achado durante 15 anos. Hoje, os destroços deste submarino alemão (que jazem a 35 metros de profundidade) são visitados com alguma assiduidade por mergulhadores desportivos. O «U-701», como aliás todos os navios da sua classe, deslocava 871 toneladas em imersão e media 67,10 metros de comprimento por 6,20 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas diesel e por 2 motores eléctricos. A  velocidade máxima do «U-701» era de 17,7 nós à superfície (7,6 nós em imersão) e este engenho podia operar a uma profundidade da ordem dos 200 metros. O armamento de bordo compreendia 5 tubos lança-torpedos de 533 mm, 1 canhão de 88 mm e várias peças antiaéreas. A tripulação dos VIIC variava entre 44 e 52 homens.

«NOTRE-DAME DU VERGER»

Veleiro francês de 3 mastros, com casco em madeira, construído num estaleiro de Saint Malo (Bretanha) em 1909. Com 227 toneladas de arqueação bruta, este navio -concebido para a pesca do bacalhau nos Grandes Bancos da Terra Nova- estava registado no porto de Cancale. Depois de uma interrupção da sua actividade natural em 1914, por causa do perigo representado pelos submarinos alemães, o «Notre-Dame du Verger» foi fretado pela firma Montains, de Swansea, e fez uma viagem para Lisboa em finais do ano de 1916. A 2 de Janeiro de 1917, depois de ter zarpado da capital portuguesa, este veleiro gaulês -que tinha uma equipagem de 8 homens, colocados sob o comando do mestre Benoit Chevalier- foi interceptado pelo submarino germânico «UC-37» (que se encontrava sob as ordens de um oficial de nome Otto Launburg) e afundado com o recurso a duas bombas incendiárias. Antes disso, a tripulação do veleiro gaulês fora submetida a um interrogatório pelos seus captores e intimada a abandonar o navio num dos salva-vidas de bordo. Os náufragos do «Notre-Dame du Verger» aportaram a Cascais às 6 horas da manhã do dia seguinte, onde receberam apoio moral e sanitário. Curiosidade : o «UC-37» afundara na véspera, ao largo de Leixões, o navio norueguês «Britannic». E, no próprio dia da destruição do «Notre-Dame du Verger», é-lhe atribuído também o afundamento de duas embarcações de bandeira grega. Estes incidentes mostram como a arma submarina tudesca continuava a ser de uma terrível eficácia no último ano de um conflito, que haveria de terminar, oficialmente, às 11 horas do dia 11 de Novembro de 1918. Com a vitória das nações inimigas da Alemanha imperial. Nota final : a imagem publicada mostra um navio similar ao bacalhoeiro em apreço, saindo do porto de Granville, na Normandia.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

«SOPHIA AMALIA»

Navio da marinha real dinamarquesa construído, em 1650, nos estaleiros de Hovedoen, na Noruega, quando esse vasto território ainda estava sob administração do governo de Copenhague. O «Sophia Amalia» (assim baptizado em honra de Sofia Amália de Brunswick-Luneburg, esposa do futuro rei Frederico III) era um vaso de guerra com 2 800 toneladas de deslocamento (em plena carga), que media 51,80 metros de comprimento por 12,65 metros de boca. O seu armamento de 108 canhões superava o do HMS «Sovereign of the Seas», segundo o desejo expressado pelo seu comanditário, que foi o rei Cristiano IV; que encomendou os planos deste navio (com uma guarnição de mais de 800 homens) ao arquitecto naval escocês James Robbins. Para além de satisfazer a vaidade do supracitado soberano, o «Sophia Amalia» (que tinha o castelo de popa soberbamente decorado com trabalhos de talha dourada) também surgiu num tempo de grande tensão internacional. Quando as potências locais tentavam assegurar a supremacia sobre as águas do mar Báltico. É pouco provável que este navio tenha conhecido o baptismo de fogo. Segundo as parcas informações de que dispomos, o «Sophia Amalia» terá sido esmantelado no ano de 1687. Uma interessantíssima maqueta deste extraordinário navio seiscentista está exposta no Orlogmuseet, de Christianshavn, um histórico bairro da capital da Dinamarca.

«VIRGINIAN»

Paquete construído em 1905 nos estaleiros da casa Alexander Stephen & Sons, de Glásgua, para a frota da companhia canadiana Allan Lines. O «Virginian» era um navio com 10 757 toneladas de arqueação bruta e com as dimensões seguintes : 164,40 metros de comprimento; 18,30 metros de boca; 10 metros de calado. As suas máquinas (equipadas com turbinas a vapor) accionavam 3 hélices e desenvolviam uma potência que lhe permitia atingir a velocidade máxima de 18 nós. Este navio, concebido para o tráfego transatlântico, podia transportar 1 712 passageiros, dos quais um milhar (sobretudo emigrantes) viajavam no porão, em condições de grande desconforto. A sua viagem inaugural começou -a 4 de Junho de 1905- no porto de Liverpool e terminou em Montreal, no Canadá, após uma escala na cidade de Quebeque. O «Virginian» tornou-se conhecido mundialmente em Abril de 1912, pelo facto de se encontrar não muito longe do sítio onde naufragou o «Titanic» e de ter sido um dos navios que trocou mensagens -via TSF- com o infortunado paquete da White Star. A partir de meados de 1914, este navio foi fretado pela Canadian Pacific, para substituir o «Empress of Ireland», que se afundou, também com grande mortandade de passageiros e de tripulantes (mais de mil pessoas), no curso do rio São Lourenço. Mas, com o estalar da Grande Guerra, o paquete  foi requisitado pelas autoridades militares e afectado ao transporte das tropas das Forças Expedicionárias Canadianas. Devolvido ao seu funcionamento de navio civil, em 1917, o «Virginian» retomou as suas viagens entre o Canadá e a Inglaterra. A sua derradeira viagem nessa linha (com as cores da Canadian) iniciou-se a 11 de Junho de 1918, quando o mundo ainda estava em guerra. Em 1920, depois e sofrer importantes trabalhos de restauro, este navio foi vendido ao consórcio Swedish-America Line, que o baptizou com o nome de «Drottningholm» e o colocou na nova carreira Gotemburgo-Nova Iorque. De referir que as transformações então sofridas pelo navio foram importantes : nova motorização e restruturação do interior, com redução substancial do número de passageiros. Antes de ser retirado definitivamente de serviço e de ser desmantelado, em 1955 (num estaleiro especializado de Trieste), este navio usou o nome de «Brasil» e esteve -por conta da Home Lines, uma companhia subsidiária da Mediterranean Lines Inc.- numa carreira entre a Itália e o Rio de Janeiro. Depois de ter sofrido uma nova modernização em 1951, e com o derradeiro nome de «Homeland», o navio ainda assegurou o transporte de passageiros na linha Génova-Nápoles-Barcelona-Nova Iorque. Curiosidade : No período em que arvorou bandeira sueca e usou o nome de «Drottningholm», este paquete foi o transporte preferido da famosa actriz Greta Garbo, nas suas viagens entre os Estados Unidos e a sua Escandinávia natal.

«FORMIDABLE»

Porta-aviões da 'Royal Navy', lançado à água a 17 de Agosto de 1939 pelos estaleiros Harland & Wolff, de Belfast (Irlanda do Norte). Mas que só integrou os efectivos da armada britânica em Novembro do ano seguinte, quando o Reino Unido já se encontrava em estado de guerra com as potências do Eixo. O «Formidable», que pertenceu à classe 'Illlustrious', deslocava 28 661 toneladas (em plena carga) e media 226,70 metros de comprimento por 29 metros de boca. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma potência de 110 000 shp, que conferia a este navio uma velocidade máxima de 30,5 nós e uma autonomia de 11 000 milhas náuticas (com o andamento reduzido a 14 nós). O seu armamento defensivo era constituído por 8 peças de artilharia de 113 mm e por 48 de 40 mm. O seu parque de aeronaves modificou-se durante o curso da 2ª Guerra Mundial, conflito durante o qual o «Formidable» desempenhou um papel importante. Assim, passaram, sucessivamente,  pela coberta deste porta-aviões -que tinha uma guarnição de 1 200 homens- aparelhos tais como os 'Fulmar' e 'Swordfish', como os 'Martlet', 'Seafire' e 'Albacora' e como os 'Corsair' e 'Avenger'. A primeira acção de relevo do «Formidable» ocorreu em finais de Março de 1941, quando participou (vitoriosamente) na moderna batalha do cabo Matapão contra a armada italiana. A 21 de Maio desse mesmo ano, este porta-aviões sofreu (no teatro de operações do Mediterrâneo) sérios danos, causados por um ataque aéreo do inimigo, que o colocou fora de combate durante 6 meses. Reparado nos estaleiros navais de Norfolk, nos Estados Unidos, o «Formidable» voltou à luta. Depois de uma passagem breve pelo Pacífico (em 1942), o navio regressou ao Mediterrâneo a tempo de poder participar na campanha do norte de África e na invasão da Sicília (1943). Nesse período, a 17 de Novembro de 1943, foi atribuído a um grupo de aviões das suas flotilhas o afundamento do submarino alemão «U-331», que, pouco tempo antes havia provocado o soçobro do HMS «Barham». Em Julho e Agosto de 1944, o «Formidable» esteve envolvido nas operações Mascote e Goodwood, que consistiram numa série de ataques ao couraçado «Tirpitz», refugiado num fiorde da Noruega. De regresso ao Pacífico, em 1945, este navio esteve presente em várias operações importantes, tais como o apoio no desembarque na ilha de Okinava. Durante essa acção, o «Formidable» foi atingido (a 4 de Maio) por um 'kamikaze', que matou 8 membros da sua equipagem, provocou 47 feridos e destruiu vários equipamentos e 11 aviões. A 11 de Agosto, novo ataque 'kamikaze' provocou outros estragos a bordo, embora de nível menos importante. Após uma breve passagem pela Austrália, o navio voltou a Inglaterra, onde se constatou que os danos causados eram de grande monta e não justificavam (até porque, entretanto, a guerra já tinha acabado) o seu restauro. Depois de ter sido colocado em situação de reserva até 1947, o «Formidable» foi desmilitarizado e vendido para a sucata em 1953. O respectivo desmantelamento ocorreu no ano seguinte.

domingo, 21 de julho de 2013

«SAN JUAN»

A nau «San Juan» foi um navio basco do século XVI vocacionado para a caça à baleia e outros cetáceos. Acredita-se, firmemente, ter sido construída num estaleiro do porto de Pasaia (Guipuzcoa), de onde era também originária, muito provavelmente, toda a sua equipagem. Segundo as raras informações existentes sobre este navio, trata-se de uma nau de 'tamaño medio', com uma capacidade de 200 toneladas. A nau «San Juan» foi ao fundo, em data indeterminada do ano de 1565, em Red Bay -águas do Labrador- na sequência de uma tempestade. Descobertos em 1978, os seus restos têm sido submetidos, desde então, a intensos estudos, por parte das equipas do Departamento de Arqueologia Submarina dos Parques Naturais do Canadá. Segundo se diz, os restos desta embarcação oceânica do século XVI são dos que têm proporcionado mais informação à comunidade científica internacional sobre a construção naval da sua época. É muito provável que o modelo aqui reproduzido tenha, futuramente, uma réplica à escala 1/1; ou seja com 23 metros de comprimento por 7 metros de boca. Com efeito, o projecto de construção de um navio com o tamanho do original está em fase avançada de estudo e já tem o aval das autoridades canadianas, que são parte interessada no assunto. Aguardemos...

sábado, 20 de julho de 2013

«SELANDIA»

Construído, em 1912, nos estaleiros da firma Burmeister & Wain, de Copenhague, este misto (passageiros/carga) de bandeira dinamarquesa foi o primeiro navio de alto mar a ser equipado com motores diesel. O «Selandia» pertenceu à casa armadora EAC, uma empresa vocacionada para o comércio com o Extremo Oriente, que assegurou uma linha comercial regular entre a capital da Dinamarca e Banguecoque (Tailândia), com escala em Génova. O «Selandia», deslocava 4 950 toneladas, media 112,80 metros de comprimento por 16,20 metros de boca e estava desprovido de chaminé, fazendo-se a evacuação de fumos através do mastro de ré, que, obviamente, era oco. As suas 2 máquinas a gasóleo (8 cilindros, 4 tempos) desenvolviam uma potência de 1 250 cv e accionavam 2 hélices. Este sistema e propulsão (revolucionário para a época) garantia-lhe uma velocidade de cruzeiro de 12 nós. Segundo estimativas, a passagem do carvão para o diesel foi muito benéfica para o meio ambiente, já que as emissões de CO2 foram, de uma assentada, reduzidas de 50%. Desconhecemos o número de passageiros que podiam tomar lugar a bordo do «Selandia», mas sabemos que este navio disponibilizava -aos viajantes mais afortunados- 20 camarotes de luxo, 'de tamanho excepcional' e dotados com sanitários e casa de banho privativos. Este navio histórico mudou de mãos e de nome duas vezes, a partir de 1936. Com efeito, documentos referem-no com o designativo de «Norseman» e bandeira norueguesa (até 1940) e, depois, com o nome de «Tornator» e pavilhão da Finlândia. Alugado a um armador nipónico, este navio naufragou -no dia 26 de Janeiro de 1942, em circunstâncias que desconhecemos- ao largo de Omaisaki, no Japão.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

«VLADIMIR MONOMAKH»

Submarino russo de propulsão nuclear, armado com mísseis balísticos. É um engenho de última geração, pertencente à classe 'Borei', destinado a substituir os submersíveis do tipo 'Delta'. Construído nos estaleiros navais da firma Sevmash (de Severodvinsk, perto de Arkangelsk), o «Vladimir Monomakh» está em fase de acabamentos e deve integrar, brevemente, uma unidade operacional. Este moderno submersível desloca 14 720 toneladas (24 000 toneladas em imersão) e mede 170 metros de comprimento por 13,50 metros de boca. A sua propulsão é assegurada por 1 reactor nuclear OK-650B, por 1 máquina auxiliar munida de turbinas a vapor e por 1 hélice. A sua velocidade máxima é de 25 nós. Do seu armamento 'standard' constam 16 mísseis  SLBMs 'Bulava' e 6 mísseis de cruzeiro SS-N-15. Este submarino dispõe, igualmente e como era de esperar, de sistemas electrónicos ultramodernos. O «Vladimir Monomakh» e os seus congéneres da classe 'Borei' embarcam uma tripulação de 130 membros, oficiais incluídos. O projecto deste sistema de armas foi desenvolvido pela firma Rubin, sob a orientação do famoso engenheiro Serguei Kovalev. Curiosidade : este navio recebeu o nome de um herói russo medieval, o príncipe Vladimir de Kiev, que viveu entre 1053 e 1125.

«AÇOR»

Este navio -um palhabote- foi construído num estaleiro de Fão, por mestre António Dias dos Santos. Uma das fontes consultadas (que são raras, no que a este veleiro diz respeito) dá-o como lançado ao mar no ano de 1891. Chamou-se, inicialmente, «Dona Theresa» e foi propriedade do armador J. José da Encarnação. Em 1903, apareceu integrado na frota bacalhoeira da Parceria Portuguesa de Pescarias, uma empresa com sede em Lisboa. Com uma tripulação de 29 homens (pescadores incluídos), o «Açor» fez várias viagens aos Grandes Bancos, inclusivamente durante os perigosos anos da 1ª Guerra Mundial. Como tantos outros navios portugueses do seu tempo, este palhabote da P.P.P. foi destruído por uma unidade da marinha imperial alemã. Surpreendido por um submarino tudesco (não-identificado) ao largo do cabo de São Vicente, no dia 16 de Agosto de 1917, o «Açor» foi afundado com o auxílio de uma carga explosiva, depois da sua tripulação ter recebido ordens para evacuar o navio. O «Açor» tinha uma arqueação bruta de 182,82 toneladas e media 31,80 metros de comprimento por 7,94 metros de boca. O seu pontal era e 3,30 metros. Notas : a imagem adicionada não representa o palhabote em apreço, mas um navio do seu tipo. O palhabote é um veleiro de 2 mastros, que enverga pano latino e áurico, também chamado latino quadrangular. A palavra palhabote entrou na língua portuguesa através  dos termos ingleses 'pilot boat'.

«GEORGE W. WELLS»

Construído no estaleiro de Holly M. Bean, de Camden (estado do Maine), que o lançou à água no dia 4 de Agosto de 1900, perante uma multidão de mais de 10 000 pessoas, o «George W. Wells» foi o primeiro veleiro de 6 mastros realizado nos Estados Unidos, quiçá no mundo. Destinado ao transporte diversificado de mercadorias (especialmente carvão e madeiras), este navio apresentava 2 970 toneladas de arqueação bruta e media 99 metros de comprimento por 14,70 metros de boca. O que fez dele um dos maiores navios com casco de madeira jamais construídos. Segundo a configuração do seu velame, os norte-americanos classificaram o «George W. Wells» na categoria das escunas e nós tê-lo-íamos designado como um lugre. Este navio, pertenceu à companhia de transportes marítimos de John S. Crowley e custou 125 000 dólares. A sua área de navegação estendia-se das costas do estado de Massachusetts até ao sul da ilha de Cuba. Durante a sua vida activa, apenas se assinala um abalroamento (em 1901) com o seu congénere «Eleanor A. Percy»; que não teve grandes consequências, a não ser noticiosas, visto os dois navios serem, nessa época, os dois únicos navios de 6 mastros à tona de água. O «George W. Wells» teve um triste fim, já que -em consequência de uma medonha tempestade- encalhou em Diamond Shoals, nas imediações do cabo Hatteras, no dia 13 de Setembro de 1913. Todas as pessoas que e encontravam a bordo (20 homens, 2 mulheres e 2 crianças) foram resgatadas, assim como o gato Fluffy, pelos valentes e abnegados salva-vidas do Hatteras; que, para tanto, tiveram que afrontar chuva rija e ventos ciclónicos. O navio naufragado (que no dia do acidente navegava de Boston para Fernandina Beach, na Florida) acabou por ser desmantelado pelos elementos naturais, mas, ainda há alguns anos atrás, restos do seu casco eram visíveis no areal de Ocracoke, na Carolina do Norte.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

«FLANDRE»

Este elegante paquete navegou na linha Havre-Nova Iorque durante 10 anos. Foi realizado em 1952 pela firma de construção naval Ateliers et Chantiers de France (Dunquerque), por encomenda da Compagnie Générale Transatlantique, a famosa French Lines. A sua estreia nas águas do Atlântico norte não se fez sob os melhores auspícios, já que foi ensombrada por toda uma série de incidentes de natureza técnica, que obrigaram o «Flandre» a frequentes períodos de imobilização. Esses problemas só foram, definitivamente, resolvidos em 1955. Em 1962, com a chegada do majestoso «France» à linha da América do norte, este navio foi todo pintado de branco e afectado à carreira das Antilhas francesas e da América Central. Muito apreciado pelos seus passageiros -habituais ou eventuais- o «Frandre» era um navio confortável e veloz, que apresentava uma arqueação bruta de 20 469 toneladas e que media 183 metros de comprimento por 24,50 metros de boca. O seu sistema propulsivo estava equipado com turbinas a vapor, que lhe proporcionavam uma velocidade de cruzeiro de 22 nós. Após 5 anos inteiros de bons serviços prestados ao seu primeiro armador na carreira das Antilhas, o navio foi posto à venda e adquirido pelo famoso cruzeirista italiano Costa. Que o transformou profundamente, no interesse do seu negócio, e que lhe atribuiu o novo nome de «Carla C». Em 1974, o ex-paquete francês voltou, uma vez mais, ao estaleiro, desta feita para que os motores de origem fossem substituídos por maquinaria diesel. Inteiramente virado para a indústria dos cruzeiros, o navio recebeu, em 1986, o nome de «Carla Costa» e navegou com bandeira italiana até 1992. Nesse ano, já com quarenta anos de uso, foi vendido à companhia grega Epirotiki, que o registou no Pireu e lhe deu o seu derradeiro nome : «Pallas Athena». Vocacionado desde logo e preferencialmente para os cruzeiros no Mediterrâneo oriental, este navio navegou até 24 de Março de 1994, data em que foi destruído por um devastador incêndio num dos cais do seu porto de matrícula. Condiderado irrecuperável, o antigo «Flandre» foi despachado para Aliaga, na Turquia, onde foi desmantelado no ano de 1995. O paquete «Flandre» teve um irmão gémeo -o «Antilles»- que, curiosamente, também foi devorado pelas chamas.

«CENTAUR»

Este navio foi o terceiro a ostentar o nome de «Centaur» na frota da famosa companhia Blue Funnel. Navio misto (passageiros/carga) com um perfil pouco comum, como a imagem documenta, o «Centaur» foi lançado à água pelos estaleiros de John Brown & Cº, de Glásgua, no dia 20 de Junho de 1963. Com uma arqueação bruta de 8 262 toneladas e com 146,50 metros de comprimento por 20,10 metros de boca, o «Centaur» estava equipado com 2 máquinas diesel (desenvolvendo uma potência global de 16 500 bhp) e com 2 hélices, que lhe permitiam navegar à velocidade de cruzeiro de 20 nós. Além do seu vasto espaço de carga, especialmente concebido para o transporte de animais (4 500 ovinos ou 700 bovinos), este navio.-que tinha uma tripulação de 98 membros- dispunha de camarotes e de outros aposentos que lhe permitiam acolher a bordo 190 passageiros. A sua viagem inaugural começou em Liverpool a 20 de Janeiro de 1964 e terminou em Sidney no dia 23 de Feveiro, após passagem pelo canal de Suez e uma etapa em Singapura. O «Centaur» oferecia aos seus passageiros alguns luxos, tais como uma piscina e estabilizadores de casco. Esta unidade mista foi realizada para assegurar o transporte regular  de passageiros e carga entre Fremantle (Austrália) e Singapura, carreira há muito mantida pelos navios da Blue Funnel Lines. O «Centaur» passou a navegar, a partir de 1975, com as cores de uma companhia de Singapura associada à firma de origem e, em 1982, foi fretado pela Santa Helena Shipping Cº., passando a navegar para esse longínquo arquipélago do Atlântico sul e para as ilhas Falkland, onde esteve aquando da guerra entre o Reino Unido e a Argentina. Em 1985, o navio foi vendido à Shanghai Haixing Shipping Co. (que lhe deu o novo nome de «Hai Long») e passou a ostentar bandeira da República Popular da China. O navio sobreviveu até 1995, ano em que foi desmantelado pelos estaleiros da empresa Xinhui Scrapyard.

domingo, 14 de julho de 2013

«PRETORIA»

Lançado à água no dia 9 de Outubro de 1897, pelos estaleiros Blohm und Voss, de Hamburgo, o transatlântico «Pretoria» pertenceu à frota da companhia Hamburg-Amerikanische Paketfahrt. Teve dois gémeos, que foram o «Graf Waldersee» e o «Patricia». Apresentava uma arqueação bruta de 13 234 toneladas e media 171 metros de comprimento por 19 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas a vapor e por 2 hélices, que lhe garantiam uma velocidade máxima de 13 nós. Alinhava uma tripulação de 540 pessoas e podia receber, a bordo, mais de 2 000 passageiros, sendo a maioria deles (emigrantes) alojados no porão em condições precárias. A sua viagem inaugural -para Nova Iorque- começou no porto de Hamburgo a 12 de Fevereiro de 1898. Após uma quinzena de anos de bons serviços nessa linha, o «Pretoria» sofreu uma colisão -a 12 de Junho de 1914- com o seu congénere «New York», que o obrigou a recolher a um estaleiro naval hamburguês para receber reparações. Estaleiro de onde não mais saiu até ao fim da Grande Guerra, que, entretanto, havia estalado. No final do conflito, este navio foi entregue ao Reino Unido, como parte das indemnizações de guerra exigidas por esse país à Alemanha vencida. E, em 1919, o antigo paquete germânico foi vendido aos Estados Unidos, que o transformaram em transporte de tropas, conservando-lhe o nome de origem. Nessa condição, o «Pretoria» fez quatro viagens de ida e volta entre Brest (França) e Nova Iorque, transportando para a América cerca de 10 400 antigos combatentes. Desactivado, depois de ter cumprido essa sua missão, o navio voltou a mãos britânicas e foi transferido para o serviço da companhia Ellerman Line. Por muito pouco tempo, já que a sua carreira terminou em Novembro de 1921. Ano em que foi desmantelado num estaleiro da especialidade.

sábado, 13 de julho de 2013

«L'AFRICAINE»

Contrariamente à quase generalidade das fontes consultadas que dão este submarino como tendo sido construído em Rouen, a verdade é que o navio em causa foi realizado pelos estaleiros navais Worms, de Le Trait, uma localidade situada (no leito do rio Sena) a cerca de 30 km da capital histórica da Normandia. Este submersível, que pertencia à classe 'Aurore', ainda se encontrava em curso de construção quando foi apresado, em Junho de 1940, pelas tropas nazis que invadiram a França. Apesar da pressão exercida pelos hitlerianos, os operários do supracitado estaleiro decidiram (com todos os riscos que essa atitude comportava) travar o seu ritmo de trabalho. De tal modo, que os alemães decidiram suspender a construção do «UF-1» -como eles passaram a designar o navio- pouco tempo depois. Os trabalhos foram retomados ainda nesse ano de 1941, mas o «L'Africaine» nunca chegou a ser concluído e a servir na 'Kriegmarine'. Despeitados, os militares tudescos acabaram por dinamitá-lo, numa altura (28/08/1944) em que as tropas aliadas já se aproximavam de Le Trait e as forças de ocupação já haviam iniciado uma debandada geral. Considerada recuperável pelas autoridades francesas, a carcaça do submarino foi, de novo, colocada na calha. Onde permaneceu muito tempo, visto o seu acabamento já não ser considerado prioritário. Assim, o submarino «L'Africaine» só saiu do estaleiro em Julho de 1960 para proceder aos seus primeiros testes de mar. Substancialmente modificado, o navio passou a pertencer, então, à classe 'Créole' e dispunha de equipamentos e armas totalmente diferentes das que devia ter recebido nos anos 40.  O «L'Africaine» (como os 14 outros navios da classe 'Créole') recebeu equipamentos equivalentes aos do programa 'Guppy', da armada norte-americana e navegou (com o indicativo de amura 'S 607') até 1963, ano em que foi desactivado e desmantelado. Na sua configuração inicial, o 'Q 196' (seu primeiro designativo) deveria deslocar  900 toneladas (à superfície) e medir 73,50 metros de longitude por 6,50 metros de boca. Profundidade operacional máxima : 100 metros. Armamento principal : 9 tubos lança-torpedos de 550 mm e 1 canhão de 100 mm. A sua equipagem deveria ser constituída por 44 homens. Curiosidade : dos 15 submarinos da classe 'Aurore', 9 foram construídos por estaleiros navais normandos.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

«ROMA»

Paquete da frota da companhia Navigazione Generale Italiana, sedeada em Génova. Que o mandou construir (assim como o seu gémeo «Augustus») aos estaleiros Ansaldo, de Sestri Ponente, para reforçar a sua linha regular com Nova Iorque. O «Roma» foi lançado ao mar em 26 de Janeiro de 1926 e empreendeu a sua viagem inaugural no dia 21 de Setembro desse mesmo ano. Equipado com um poderoso sistema propulsivo a vapor (dotado de 4 turbinas), desenvolvendo uma potência de 40 000 cv, este navio podia deslocar-se à velocidade de cruzeiro de 24 nós. O «Roma» apresentava uma arqueação bruta de 32 582 toneladas e media 216,10 metros de comprimento por 25,20 metros de boca. Tinha capacidade para receber 1 675 passageiros, que foram, essencialmente e durante toda a sua carreira, emigrantes. Este paquete navegou para as Américas até à eclosão do segundo conflito generalizado, no qual a Itália mussouliniana se iria envolver. Retido no porto de Génova pela força das circunstâncias, o navio foi alvo do interesse da 'Regia Marina', que decidiu transformá-lo em porta-aviões. Essa conversão, embora lenta, chegou a tomar forma, tendo a nova unidade recebido o nome de «Aquila». Mas nunca se tornou operacional, muito por culpa da resistência antifascista transalpina, que a sabotou, e dos bombardeamentos da aviação dos Aliados, que lhe causaram avarias irreparáveis. Notas : o blogue ALERNAVIOS já consagrou um 'post' ao «Aquila», o porta-aviões inacabado, que complementa este texto; a fotografia anexada do paquete «Roma», de autor que desconhecemos, foi tirada no cais lisboeta de Santa Apolónia nos anos 30 do passado século.

domingo, 7 de julho de 2013

«ASHIGARA»

Cruzador pesado da marinha imperial japonesa. Pertencia à classe 'Myoko', que compreendeu três outras unidades. O «Ashigara» (cujo nome evocava uma montanha do Japão) foi construído em 1928 nos estaleiros navais da empresa Kawasaki, de Kobe. Deslocava mais de 13 300 toneladas em plena carga e media 203,76 metros de comprimento por 19 metros de boca. O seu calado era de 5,03 metros. O poderoso sistema propulsivo que equipava este navio permitia-lhe atingir pontas de velocidade da ordem dos 36 nós e dispor de uma autonomia de 8 000 milhas náuticas (com andamento reduzido a 14 nós). Do seu armamento principal destacavam-se 10 canhões de 203 mm, 6 de 120 mm (substituídos em 1935 por 8 peças de 127 mm) e 12 tubos lança-torpedos de 610 mm. Dispunha de uma catapulta a vapor para poder utilizar 1 hidro. Do historial do cruzador «Ashigara» há que lembrar a sua participação (em Dezembro de 1937) no salvamento dos passageiros e tripulantes do paquete norte-americano «President Hoover», que, a 11 desse mês, encalhou (devido a um tufão) nas costas da ilha Formosa, a actual Taiwan. A guarnição do navio em apreço mái-la de um contratorpedeiro da classe 'Mutsuki' conseguiram resgatar 883 pessoas do navio em dificuldade e colocá-las a salvo. Durante a 2ª Guerra Mundial, o «Ashigara» participou nalguns dos combates mais violentos do conflito, tais como a batalha das Filipinas (1941/42), a batalha do mar de Java (1942) e a batalha do Golfo de Leyte (1944). No segundo desses embates contra as forças navais dos Aliados, o «Ashigara» foi co-responsável pelo afundamento do HMS «Exeter» e do HMS «Encounter». E, em Dezembro de 1944, este cruzador nipónico sofreu -aquando das operações de desembarque das forças norte-americanas em Mindoro (Filipinas)- violento ataque aéreo inimigo, que lhe causou graves danos. Reparado, o «Ashigara» voltou aos combates no Índico. Mas, a 8 de Junho de 1945, quando se dirigia de Batávia para Singapura (com 1 600 soldados a bordo), o cruzador japonês sofreu ataques de vários submarinos da armada dos Estados Unidos, acabando por ser alvejado com cinco torpedos expedidos a menos e 4 000 metros do alvo, que o afundaram. 853 tripulantes do cruzador (incluindo o seu capitão, Hayao Miura) e cerca de 400 soldados foram resgatados pelo 'destroyer' «Kamikaze», que foi testemunha da sua destruição.

sábado, 6 de julho de 2013

«NORWEGIAN BREAKAWAY»

O «Norwegian Breakaway» é o oitavo maior navio de cruzeiros do mundo. Foi construído em 2013 pelos estaleiros navais alemães da empresa Meyer Warft, de Papenburg (Baixa Saxónia), para a frota da companhia Norwegian Cruise Line.  Este novo gigante dos mares apresenta 153 000 toneladas de arqueação bruta e mede 324 metros de comprimento por 39,70 metros de boca. O seu calado é e 8,30 metros. Este navio, que tem 18 cobertas, tem capacidade para receber mais de 4 000 passageiros e navega com uma tripulação permanente de 1 600 membros. O «Norwegian Breakaway» pode deslocar-se à velocidade máxima de 21,5 nós, graças ao seu moderno e poderoso sistema propulsivo. Este navio oferece aos seus passageiros o luxo dos seus congéneres de última geração, nomeadamente em matéria de restauração, já que a bordo não existem horas fixas para as refeições, podendo cada cruzeirista optar por um dos 28 serviços diários organizados pelos muitos restaurantes de bordo. Outra inovação desta moderna unidade turística é oferecida pelas chamadas 'The Haven Deluxe Owner's Suites', que disponibilizam (cada uma delas) 95 m2 de sumptuosidade. «Um pedaço de paraíso em pleno oceano», como diz a publicidade do armador do «Norwegian Breakaway». A viagem inaugural deste belíssimo navio ocorreu logo após a sua entrega aos proprietários (25 de Abril de 2013) e ligou as cidades de Southampton (Inglaterra) e de Nova Iorque.A 12 de Maio, o navio rumou para as Bermudas para um cruzeiro de 7 dias. Uma das outras características do «Norwegian Breakaway» (nome escolhido por concurso público) é o seu belo visual. Com efeito, o navio apresenta a proa pintada com motivos evocando a «Cidade dos Arranha-Céus», que é, por enquanto, a sua base.