quinta-feira, 27 de agosto de 2015
«DARTMOUTH»
Este pequeno veleiro de 3 mastros foi o primeiro navio construído (em 1767) pela indústria naval de New Bedford, no actual estado de Massachusetts. Foi encomendado pela família Rotch -pertencente à comunidade quaker- que chegou a ser, em vésperas da independência das Treze Províncias, uma das mais ricas daquela região da Nova Inglaterra. A sua fortuna adveio-lhe do exercício da banca, do comércio e da caça aos cetáceos com navios próprios. O «Dartmouth» media 24 metros de comprimento por 9,84 metros de boca e fez a sua primeira viagem de longo curso à Europa, mais exactamente a Londres, onde desembarcou um carregamento de óleo de baleia. Mas a sua fama tem a ver com o facto de ter sido um dos navios que -no porto de Boston, no dia 16 de Dezembro de 1773- se viram implicados no famoso incidente que a História registou com o nome de 'Boston Tea Party'; durante o qual o seu carregamento de chá inglês (pertencente à East India Tea Company) foi lançado pela borda fora, num acto de insubordinação contra o poder colonial britânico. Outra coisa que lhe valeu alguma celebridade, foi o facto de ter sido o primeiro navio 'americano' a entrar a entrar em águas territoriais britânicas hasteando a bandeira stelolistada dos insurgentes. Este navio histórico naufragou aquando de uma travessia transatlântica, em Abril de 1774, quando voltava de Inglaterra. Não houve vítimas entre a sua marinhagem, visto os náufragos do «Dortmouth» terem sido prontamente socorridos por outros navios que, com ele, navegavam de conserva. Há um projecto na região de origem deste veleiro para a execução de uma réplica à escala 1/1. Entretanto, uma maqueta do navio pode ser admirada no Museu dos Baleeiros de New Bedford, cidade onde existe (seja isto dito a título de curiosidade) uma numerosa comunidade portuguesa. Nota final : os outros navios que protagonizaram a tal 'Boston Tea Party', foram o «Eleanor» e o «Beaver»; sendo que este último era propriedade do mesmo armador do «Dartmouth».
«J. M. WHITE»
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O «J. M. White» (terceiro do nome) foi um grande vapor de rodas laterais, que navegou durante 8 anos nas águas do rio Mississippi, transportando passageiros e carga, entre Nova Orleães e portos importantes, como Vicksburg. Foi construído, em 1878, nos estaleiros Howard, de Jeffersonville (Indiana), a pedido do poderoso armador fluvial John W. Tobin, patrão da Greenville & New Orleans Packet Company. Foi o maior, o mais possante e o mais rápido vapor do seu tipo e do seu tempo a cruzar as águas do grande rio, tendo batido recordes de velocidade e outros. Podia receber a bordo várias centenas de viajantes (entre os quais 250 em 1ª classe) e 7 000 fardos de algodão. O seu casco em madeira media 98 metros de comprimento por 28 metros de boca. E os seus interiores e recheio eram de um luxo reconhecido e apreciado por todos os seus utentes. Mas também foi um sorvedouro de dinheiro para o seu armador, que reconheceu que a exploração do «J. M. White» nunca foi rentável. Este gigante fluvial (segundo os critérios do tempo, obviamente) desapareceu na sequência de um pavoroso incêndio que se declarou a bordo (provocado pelo desleixo de um incauto fumador, ao que, ao tempo, se disse), seguido da violenta explosão das suas caldeiras. No desastre -que ocorreu no cais privado da plantação St. Maurice, localizada em Pointe Coupee Parish, Luisiana- pereceram dezenas de pessoas, entre passageiros e tripulantes.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
«U-652»
Submarino alemão da Segunda Guerra Mundial, que actuou, sucessivamente, no Árctico, Atlântico norte e Mediterrâneo. Pertencia à classe 'VII C' e foi construído em 1941 nos estaleiros Howaldtswerke Hamburg A. G.. Entre Abril de 1941 e Junho de 1942 executou uma dezena de missões de guerra -quando estava integrado nas 3ª e 29ª Flotilhas- durante as quais afundou aos Aliados 6 navios (mercantes e militares) totalizando 14 073 toneladas e danificou 3 outros. Na sua folha de serviço consta o relato do combate que travou, ao largo da Islândia, com o contratorpedeiro USS «Greer» no dia 4 de Setembro de 1941; quer dizer numa altura em que os EUA ainda mantinham o estatuto de potência neutra. Durante esse recontro, o navio norte-americano lançou contra o submarino tudesco 19 cargas de profundidade, às quais este respondeu disparando 3 dos seus torpedos. Tudo sem resultado. Em fins de 1941, o «U-652» foi destacado para o mar Mediterrâneo, onde alcançou alguns dos seus sucessos. Tinha, então, a sua base no porto militar italiano de La Spezia, onde regressava no fim de cada missão. Mas, em 2 de Junho do ano seguinte (1942), foi posto fora de combate por um 'Swordfish' do 815º Esquadrão da Aeronaval britânica, que despejou sobre ele várias cargas de profundidade e o imobilizou. Toda a sua equipagem logrou salvar-se e o «U-652» acabou por ser torpedeado por um dos seus congéneres, o «U-81». O inglório fim do submarino em apreço ocorreu nas águas do golfo de Solum, na costa egípcia. Os submarinos da classe 'VII C', deslocavam 769 toneladas e mediam 67,10 metros de comprimento por 6,20 metros de boca. Eram propulsionados por motores diesel/eléctricos, que lhe permitiam navegar à velocidade de 17,7 nós à superfície e de 7,6 nós em imersão. Gozava de um raio de acção de 8 500 milhas náuticas com andamento reduzido a 10 nós. Podia mergulhar até 230 metros de profundidade. Do seu armamento constavam 1 canhão de convés de 88 mm e vária armas AA ligeiras, para além de 5 tubos lança torpedos de 533 mm. Nota : a ilustração mostra não o U-652», mas a silhueta de um submersível da sua classe.
«LADY HAWKINS»
Este paquete pertenceu a uma série de navios popularmente conhecida pelo nome de 'ladies' e que compreendeu, para além do «Lady Hawkins», o «Lady Drake», o «Lady Nelson», o «Lady Rodney» e o «Lady Somers». Que todos eles faziam parte da frota da Canadian National Steamship Cº e que tinham em Halifax (Nova Escócia) o seu porto de registo e de abrigo. O navio em apreço foi construído em 1928 nos estaleiros ingleses da firma Cammell Laird, de Birkenhead. Apresentava uma arqueação bruta de 7 988 toneladas e media 128 metros de comprimento por 18 metros de boca. O seu calado era de 8,60 metros. A propulsão do «Lady Hawkins» era assegurada por um conjunto de turbinas e por 2 hélices, que lhe garantiam uma velocidade de cruzeiro de 14 nós. Os passageiros viajavam em 3 conveses distintos e a carga (nomeadamente a de produtos exóticos perecíveis, especialmente frutas) era alijada em vastos porões que tinham -alguns deles- capacidades frigoríficas. O «Lady Hawkins» operou, essencialmente, numa linha que começava em Halifax e o conduzia à Guiana (então inglesa), com escalas em Boston, nas Bermudas e noutras ilhas do Caribe. Essa actividade foi interrompida em 19 de Janeiro de 1942, quando este navio (transformado pela guerra em cruzador auxiliar) foi alvejado por 2 torpedos disparados do submarino «U-66», que o afundaram em 30 minutos e que mataram 251 passoas : passageiros, membros da tripulação e artilheiros das peças montadas a bordo. O navio zarpara de Boston, poucas horas antes e encontrava-se a 150 milhas náuticas do cabo Hatteras quando foi atacado. Como não tinha escolta, o seu comandante havia imposto ao «Lady Hawkins» uma rota em ziguezague, de modo a poder escapar a um eventual perseguidor. Táctica que, infelizmente, não resultou.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
«CORNELIS VROLIJK»
Navio da frota pesqueira holandesa, construído nos estaleiros Rederijk C. Vrolijk, de Schveninge (Países-Baixos), para a sociedade Ymuiden Stores. Quando foi lançado ao mar, em 1988, era o maior, o mais moderno e o mais bem equipado navio-fábrica do mundo. Com uma arqueação bruta de 5 811 toneladas, este navio mede 113 metros de comprimento por 17 metros de boca e por 6,50 metros de calado. Dispõe de uma máquina diesel de 10 000 cv e de uma outra unidade (para produzir corrente eléctrica) de 3 311 cv. A sua velocidade é de 18 nós. Tem uma capacidade de 6 500 m3 e o seu moderno equipamento industrial permite tratar 240 toneladas de pescado por dia. O dito equipamento é completamente automatizado, facto que requere o emprego de uma mão-de-obra diminuta. O «Cornelis Vrolijk» está provido de estabilizadores que lhe permitem afrontar, sem grandes receios, mares reputados difíceis. A sua tecnologia de ponta em matéria de navegação e de sondas é também um trunfo desta unidade de tratamento de peixe miúdo (arenque, sardinha, carapau, etc), que continua no activo (apesar dos seus 27 anos de vida), sobretudo em águas britânicas, sua área preferencial (e autorizada) de acção.
«COMMANDANT DE ROSE»
Navio de propulsão mista (vapor/velas) de bandeira francesa. Concebido (tal como os seus gémeos) no início da Guerra de 1914-1918, o «Commandant De Rose» (assim denominado para homenagear um ás da aviação de caça gaulesa) só foi lançado ao mar em 1917. A sua construção foi realizada num estaleiro norte-americano da costa leste, cuja localização não conseguimos apurar. Tinha casco em madeira, 5 mastros vestidos com velas de carangueja (que também serviam para assegurar a estabilidade do navio) e estava equipado com 2 máquinas a vapor de tripla expansão e 2 hélices, que lhe ofereciam uma velocidade da ordem dos 10 nós. Apresentava uma arqueação bruta de 4 500 toneladas, um comprimento de 85 metros e boca de 14 metros. O seu calado cotava 7 metros. Este navio navegou por conta do governo francês, no transporte transatlântico de carga diversa, mas foi considerado -logo no imediato pós-guerra- vetusto e de custo e manutenção onerosas. De modo que (tal como os seus congéneres) começou a ser desmantelado logo no início dos anos 20.
«ADELAIDE»
Embarcação de trabalho australiana, realizada num estaleiro de Echuca (província de Vitória), por George Linklater, que a lançou à água em 1866. É um vapor, equipado com uma máquina de 30 hp acoplada a 2 rodas laterais; cuja caldeira é alimentada com toros de eucalipto, matéria prima muito abundante na região onde actuou e sobrevive. Desloca 58 toneladas e as suas dimensões são as seguintes : 23,20 metros de comprimento por 5,10 metros de boca. O seu calado é de apenas 70 centímetros. No tempo em que exercia plenamente a sua actividade, rebocando barcaças de lã produzida pelos ovinos criados na bacia do rio Murray e troncos de árvores destinados a abastecer as serrações de Echuca, o «Adelaide» tinha uma tripulação de 5 homens, que viviam a bordo. Em 1957, a sua vetustez acabou por afastar esta modesta embarcação de toda actividade. No ano seguinte saiu da região, levada por um comprador. Mas, três anos passados, foi adquirida pela sociedade histórica local, que ciente do seu valor patrimonial a trouxe de volta à sua cidade de origem, onde foi exposta num parque público. Em 1980 iniciaram-se trabalhos de restauro e 1984 procedeu-se ao seu relançamento à água. E, no ano que se seguiu, o velho rebocador recebeu a visita dos príncipes de Gales, que estavam de visita à Austrália. O «Adelaide» -que completará 150 anos de vida em 2016 e que é uma das embarcações mais antigas do seu tipo ainda à tona de água- transporta agora (em ocasiões muito especiais) turistas e visitantes de marca. A sua preservação e conservação estão sob a responsabilidade do município de Echuca.
«ERINPURA»
Paquete pertencente à frota da British East India Steam Navigation Company. Foi construído, em 1911, nos estaleiros William Denny & Brothers, de Dumbarton (Escócia), para o serviço do Oriente (linha Índia-Birmânia-Singapura), via canal de Suez. Era um navio com 5 224 toneladas de arqueação bruta, que media 125,27 metros de comprimento por 16 metros de boca. Estava provido com máquinas a vapor de tripla expansão (com uma potência global de 5 657 hp), acopladas a 2 hélices. Velocidade máxima : 16,7 nós. Durante os anos da Grande Guerra foi sucessivamente e depois de ter sido requisitado pelo governo de Londres, transporte de tropas e navio-hospital. Nesta sua última valência, apoiou, sobretudo, as forças expedicionárias indianas, oferecendo-lhes 475 camas e um corpo sanitário constituído por 104 membros. Em Junho de 1919, quando já havia reiniciado o seu serviço normal, o «Erinpura» encalhou nuns recifes do mar Roxo, do qual não pode safar-se, sem que antes se procedesse ao corte de parte substancial da sua proa. Com esse elemento realizado pelo estaleiro de origem do navio, procedeu-se ao seu acrescento em Bombaim, voltando o «Erinpura» a renavegar em 1923. A sua segunda fase de actividade civil (transporte de passageiros e frete) durou até 1940, ano em que -com a eclosão da 2ª Guerra Mundial- as autoridades navais britânicas voltaram a mobilizar o navio e a sua tripulação de 84 membros. O ex-paquete da British East India assumiu, mais uma vez, o seu papel de navio tropeiro e foi mandado para a zona de operações do Mediterrâneo; onde, no dia 1º de Maio de 1943, foi afundado por aviões bombardeiros germânicos. O malogrado navio navegava (de Malta para Alexandria) integrado num comboio protegido por 11 vasos de guerra dos Aliados; que nada puderam fazer para o proteger e evitar um desastre de proporções trágicas. O ataque ocorreu a cerca de 30 milhas náuticas de Benghazi. O «Erinpura» soçobrou em apenas 4 minutos e no seu naufrágio pereceram 943 dos 1 215 passageiros e tripulantes que então transportava. 600 deles pertenciam ao 'African Auxiliary Pioneer Corps', soldados negros recrutados na Basutolândia, território da África austral agora conhecido por Lesoto. Curiosidade : o designativo deste navio alude à cidade do mesmo nome, que se situa no actual estado de Rajastão, no noroeste da União Indiana.
«MAURETANEA»
Este paquete britânico, que pertenceu à frota da companhia Cunard, era gémeo do «Lusitania» de triste memória. Contrariamente a este, o «Mauretania» (primeiro do nome) teve uma carreira longa, que começou em 1907 -na linha Liverpool-Nova Iorque- e que só terminou em 1935; ano em que foi desmantelado num estaleiro especializado de Rosyth, na Escócia. O «Mauretania» foi dado como concluído em 1906 pela firma Swan, Hunter & Wigham Richardson, de Newcastle, que o construíu. Era um navio com cerca de 32 000 toneladas de arqueação bruta, que media 240,80 metros de longitude por 26,80 metros de boca. O calado era de 10 metros. A sua motorização era constituída por máquinas dotadas com turbinas a vapor (acopladas a 4 hélices), cuja potência global era de 76 000 cv. Força que lhe facultava uma velocidade de cruzeiro de 25 nós. Este transatlântico -um dos maiores e mais velozes da primeira década do século XX- tinha uma tripulação de 800 membros e podia acolher a bordo 563 passageiros de 1ª classe, 464 de 2ª e 1 138 viajantes de 3ª. O «Mauretania», reputado rapidíssimo, confirmou esse seu predicado em Setembro de 1909, ao arrebatar a tão famosa quanto desejada 'Flâmula Azul'. Com o eclodir da Grande Guerra, este prestigioso paquete foi, como muitos outros grandes navios mercantes, requisitado para cumprir missões de carácter militar. Transformado em transporte de tropas -com capacidade para receber 4 000 soldados e respectivo equipamento, esteve no Mediterrâneo oriental, aquando da terrífica batalha de Gallipoli e noutras zonas quentes do conflito. Depois do torpedeamento do «Lusitania» e temendo que este seu irmão sofresse fim idêntico, as autoridades navais transformaram-no em navio-hospital; estatuto que conservou até ao fim da guerra. O «Mauretania» deveria ter sido imediatamente restituído ao seu armador e ao serviço, mas esse processo ainda demorou algum tempo, tendo o navio em apreço atravessado um período conturbado de grandes trabalhos (com vista à substituição das suas velhas máquinas alimentadas a carvão), de greves de operários dos estaleiros e de um incêndio, de modo que o navio só voltou, realmente, a navegar em 1922. Novamente colocado na linha de Nova Iorque, este veterano da Cunard (registado em Liverpool) enfrentou ali, até 1934, a concorrência de navios mais modernos e mais atraentes. Mas não desmereceu, cumprindo atá ao fim o seu papel de digno representante daquela que foi, porventura, a mais prestigiosas companhia de navegação do mundo. Curiosidade : parte do espólio do «Mauretania» foi retirado do navio antes que se procedesse à sua demolição e vendido em leilões. Encontra-se, actualmente, nas mãos de particulares e de vários museus.
domingo, 16 de agosto de 2015
«GEORGE WASHINGTON»
Porta-aviões da armada dos Estados Unidos da América. É um gigante com 93 000 toneladas de deslocamento pertencente à classe 'Nimitz', de propulsão nuclear. Mede 333 metros de comprimento por 40,80 metros de boca e o seu calado é de 11,30 metros. Pode atingir uma velocidade superior a 30 nós. A sua autonomia é quase ilimitada, dependendo apenas do abastecimento em víveres e da necessidade de descanso dos seus mais de 5 600 homens de equipagem; número que inclui marinheiros e o pessoal que assegura o funcionamento da sua vertente aérea. Porque este formidável navio de guerra também é um autêntico aeródromo flutuante, com uma frota que compreende uma centena de aeronaves de todas as valências. O «George Washington» foi construído pelos estaleiros Northrop Newport News Shipbuilding (Virgínia) e integrou oficialmente os efectivos da 'USS Navy' em 4 de Julho de 1992. O seu arsenal defensivo repousa, naturalmente, no poder da sua própria aviação, mas também em 4 canhões de 20 mm e em 3 baterias de lança-mísseis 'Sparrow'. Os seus 2 reactores atómicos (refrigerados por água) estão acoplados a 4 hélices. Do seu equipamento de apoio às aeronaves fazem parte 4 elevadores e 4 catapultas a vapor. Este navio carrega 2 540 toneladas de armas e munições de aviação, assim como reservas importantes de carburante. Tudo isto está confinado em áreas superprotegidas por blindagens consequentes. A casa das máquinas, a torre de comando e outras zonas sensíveis do porta-aviões «George Washington» também mereceram cuidados especiais no domínio da sua salvaguarda. O navio em apreço é um elemento chave do dispositivo de defesa e de intervenção externa dos EUA e já foi utilizado no quadro das chamadas 'operações de manutenção da paz' patrocinadas pela Organização das Nações Unidas.
«BEN-MY-CHREE»
Antiga embarcação inglesa de passageiros, que operava na linha da ilha de Man, por conta da companhia Isle of Man Steam Packet. Este navio foi requisitado pela 'Royal Navy' em Janeiro de 1915, para ser transformado em porta-hidroaviões. Já nessa qualidade, o «Ben-my-Chree» recebeu 4 aeronaves Sopwith armadas para procederem a intercepção e destruição dos Zeppelins que então bombardeavam as ilhas britânicas. Quando foi debelado esse perigo, este navio recebeu hidros-torpedeiros Short para prevenir toda ameaça naval que se aproximasse das costas do Reino Unido. Depois, com o agudizar, do conflito nos Dardanelos, este navio foi enviado para o Mediterrâneo oriental, onde os seus meios aéreos lograram destruir dois navios turcos. Estacionado no porto de Castellorizzo, o «Ben-my-Chree» foi alvejado pela artilharia de costa inimiga e afundado no dia 11 de Janeiro de 1917. Reemergido em 1920, o «Ben-my-Chree» foi desmantelado três anos mais tarde. O seu lançamento à água ocorreu em 1908 e teve lugar em Barrow-in-Furness, onde foi construído pelos estaleiros Vickers, Sons & Maxim. Deslocava (na sua versão militar) 3 942 toneladas e apresentava as seguintes dimensões : 114 metros de comprimento; 14 metros de boca; 5,30 metros de calado. A sua propulsão era assegurada por um sistema de turbinas a vapor (desenvolvendo uma potência de 14 500 shp) e por 1 hélice. A sua velocidade não ultrapassava os 25 nós e o seu raio de acção era de 2 200 km. Estava armado com armas defensivas de fraco calibre. Não houve vítimas aquando do seu naufrágio, salvando-se todos os 250 homens da sua guarnição. O curioso nome deste navio pode traduzir-se (do dialecto da ilha de Man, onde ainda hoje é falado por uma minoria) por 'Mulher do meu Coração'.
«HYDRA»
Navio couraçado da marinha real helénica. Foi construído em 1889 nos estaleiros de Saint Nazaire, França. Deslocava 4 885 toneladas e media 102 metros de comprimento por 15,80 metros de boca. Apesar de estar equipado com 2 máquinas a vapor de tripla expansão -com 6 700 cv de potência global- este navio ainda dispunha (à data do seu lançamento ao mar) de um sistema vélico, assente em 3 mastros. Podia atingir 17 nós de velocidade máxima e tinha um raio de acção de 5 560 km com o andamento reduzido a metade das suas reais possibilidades. O «Hydra» estava, inicialmente, armado com 3 canhões de 274 mm e com 5 outros de 150 mm. Curioso é o facto das suas mais poderosas peças de artilharia estarem concentradas à vante, numa bateria rotativa de dois níveis de fogo. Com a sua guarnição de 400 homens, este navio participou na guerra greco-turca de 1897. Nesse mesmo ano, o «Hydra» entrou no estaleiro de la Seyne-sur-Mer (onde permaneceu até 1900) para se submeter a grandes trabalhos de modernização; que alteraram sensivelmente a sua silhueta e todo o seu equipamento. Esteve na guerra de 1912 contra os Turcos, e participou nas batalhas de Ellis e de Lemnos, tendo, no entanto, o seu contributo sido dos mais modestos, devido à sua vetustez. Em 1914, quando eclodiu, na Europa, o primeiro conflito generalizado, a Grécia tinha um rei germanófilo (Constantino I), que não seguiu a 'Entente' na guerra contra os Impérios Centrais. Mas, em 1916, durante o chamado Grande Cisma grego, a tripulação do «Hydra» decidiu juntar-se aos partidários de Venizelos, que contestavam a monarquia e convidavam os Gregos a juntarem-se aos Aliados. Sabe-se ainda sobre este navio (gémeo do «Spetsai» e do Psara») que serviu um tempo como escola de artilharia, antes de ser reformado e enviado para a sucata. Foi desmantelado nos anos 20 do século passado. Nota : a fotografia do «Hydra» que aqui se mostra foi tirada depois da sua modernização em 1900.
«STONEWALL»
Couraçado da armada dos Estados Confederados de construção francesa. Foi realizado (em ferro) num estaleiro naval de Bordéus em 1863; mas não chegou ao seu destino a tempo de poder interferir na guerra contra a União do presidente Abraão Lincoln. De propulsão mista (vapor/velas), o «Stonewall» deslocava 1 585 toneladas e media 60 metros de comprimento por 32 metros de boca. O seu calado era de 6 metros. Arvorava 2 mastros vestidos com pano redondo e uma altaneira chaminé implantada a meia nau. A sua única máquina a vapor movimentava 2 hélices, que contribuíam para proporcionar ao navio uma velocidade máxima de 10 nós. O seu raio de acção rondava os 3 700 km. Dispunha de blindagem para proteger os seus pontos mais vulneráveis e estava armado com 1 canhão de 228 mm e com 2 outras peças de artilharia de menor calibre. A sua guarnição era constituída por 130 homens, oficiais incluídos. Depois de terminado, este navio não podia ser entregue directamente aos seus comanditários, devido à neutralidade assumida pela França durante a chamada Guerra de Secessão. Assim, o navio transitou pela Dinamarca -onde usou, sucessivamente, os nomes de «Staerkodder» e «Olinde»- antes de efectuar uma travessia do Atlântico, que o conduziu ao porto de Havana. Onde chegou em 1865, em data posterior à rendição do general Lee. Perante esse facto, foi entregue às autoridades federais (dos EUA), que não sabendo o que fazer do navio, acabaram por vendê-lo ao Japão. Onde o navio tomou o nome de «Adzuma» e parece ter servido, exclusivamente, num conflito interno, a rebelião de Hakodate. Curiosidade : o nome confederado deste couraçado prestava homenagem ao general sulista Thomas Jonathan 'Stonewall' Jackson, que morreu em combate, em 1863, na batalha de Chancellorville.
USAMBARA»
Construído nos estaleiros navais da firma Blohm und Voss de Hamburgo, este navio de vocação mista (transporte de passageiros e carga) foi lançado à água em 1923. O seu comanditário e armador -até 1939- foi a companhia de navegação Deutsche Ost-Afrika (reestruturada após a ascensão de Hitler ao poder), que o colocou em serviço na sua linha mais emblemática : a que ligava Hamburgo aos portos da costa oriental de África. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o «Usambara» foi requisitado pelos nazis e colocado à disposição da 'Kriegsmarine'; que, num primeiro tempo, o transformou na Escola de Torpedos. Mas em 1941, o navio já funcionava, em Sttetin (hoje Szczecin, na Polónia) como plataforma de apoio à 4ª Flotilha de Submarinos. No final da guerra, o «Usambara» foi seriamente avariado, pelo facto de ter sido alvo de vários bombardeamentos aéreos dos Aliados. O fim deste belo navio mercante (obrigado a cumprir serviço militar, para o qual não tinha aptidões) chegou no dia 20 de Março do ano terminal do conflito, ao ser afundado a leste da ilha de Kranichwerder. Foi reemergido no pós-guerra e desmantelado logo a seguir. O «Usambara» apresentava 8690 toneladas de arqueação bruta e media 137 metros de comprimento por 17,75 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina a vapor (4 turbinas) desenvolvendo uma potência de 3 400 Bhp, força que lhe conferia uma velocidade máxima de 12,5 nós. Tinha uma tripulação constituída por 150 membros e podia acolher a bordo 300 passageiros, incluindo 100 de 1ª classe. É importante não confundir este navio (gémeo do «Njassa») com um seu homónimo de construção anterior à Grande Guerra. Curiosidade : no belo cartaz que aqui o representa, a bandeira portuguesa está hasteada no mastro de vante; sinal de que o «Usambara» navega em águas moçambicanas.
«BARHAM»
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O couraçado «Barham», da marinha real britânica, foi um dos quatro navios da classe 'Queen Elizabeth'. Foi construído nos estaleiros escoceses de John Brown & Cº, que o lançaram à água em 1914. Era um navio com 33 000 toneladas de deslocamento em plena carga, que media 196 metros de longitude, por 27,60 metros de boca. O «Barham» foi dotado com um sistema propulsivo que desenvolvia 75 000 cv de potência e que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 25 nós e de dispor de um raio de acção de 26 100 km, com o andamento reduzido a 10 nós. Estava fortemente blindado (152 mm/330 mm na cinta) e possuía um armamento principal respeitável, constituído por 8 canhões de 381 mm e por 14 de 152 mm. Teve participação activa na Grande Guerra, nomeadamente na terrível batalha da Jutlândia, de onde saiu muito danificado devido ao encaixe de cinco salvas inimigas. Durante essa acção, o «Barham» (que se encontrava integrado na esquadra do almirante David Beatty) disparou 337 obuses contra a frota alemã. Em 1926, durante a greve geral dos mineiros, este couraçado foi um dos navios da 'Royal Navy' a ser utilizado pelo governo de Londres para intimidar os trabalhadores ingleses. Entre 1930 e 1934, o «Barham» esteve no estaleiro, onde sofreu grandes trabalhos de modernização, que serviram, entre outros, para modificar a sua artilharia; que passou a contar com armas antiaéreas. Este couraçado entrou nos combates da 2ª Guerra Mundial da pior maneira, já que, logo em Dezembro de 1939, foi alvejado -em águas territoriais britânicas- por um torpedo alemão. Depois das reparações efectuadas, o «Barham» foi destacado para África, onde participou na frustrada Operação 'Menace' (Setembro de 1940), na qual se tentou investir o porto senegalês de Dacar. O navio britânico saiu dali com estragos causados pelo seu congénere francês «Richelieu», que o atingiu com um tiro de 380. Destacado para o Mediterrâneo, o «Barham» teve ali acção notável, participando na protecção dos comboios para Malta, na batalha do cabo Matapão, na evacuação da ilha de Creta e no ataque ao porto de Trípoli. Mas, a 25 de Novembro de 1941, este couraçado britânico foi atingido por três torpedos disparados a curta distância pelo submarino «U-331»; que fugiu de imediato, sem sequer ter observado o resultado do seu ataque. Depois de se ter inclinado sobre um dos flancos, o navio britânico -atingido num dos seus paióis de munições- explodiu estrondosamente, arrastado para as profundezas do Mediterrâneo 2/3 da sua guarnição. Para preservar o moral da população e perante o total desconhecimento do acontecimento pelo inimigo, as autoridades militares do Reino Unido só divulgaram oficialmente a notícia do trágico naufrágio do «Barham» no dia 27 de Janeiro de 1942.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
«QUELIMANE»
Paquete português que, no final da sua vida activa, pertenceu à frota dos Transportes Marítimos do Estado. Foi construído em 1900 nos estaleiros hamburgueses da firma Blohm und Voss, que o lançaram à água com o nome de «Kronprinz». Fez parte da frota da companhia alemã Deutsche Ost-Afrika, que o manteve numa linha que ligava a Europa aos portos da costa oriental do chamado continente negro. Até que, em 1914, com a eclosão da Grande Guerra, o seu comandante recebeu ordens de Berlim para o colocar a salvo num porto neutro. O porto escolhido foi o de Lourenço Marques, na então colónia portuguesa de Moçambique, onde o navio em causa permaneceu sob autoridade do seu capitão até Fevereiro de 1916. Investido por uma força naval em armas, foi apresado e colocado à disposição da Armada; que prontamente o transformou em navio-hospital, comissionado para dar apoio a uma unidade de saúde próxima do seu fundeadouro. Depois dessa missão ser dada como terminada (em finais do ano de 1917), o «Quelimane», seu novo nome, foi entregue aos já citados T. M. E., que o utilizaram para transporte de passageiros e carga geral. Este navio -que será bom não confundir com um seu homónimo de construção mais recente- tinha uma arqueação bruta de 5 645 toneladas e media 125,30 metros por 14,60 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina a vapor, que lhe autorizava uma velocidade máxima próxima dos 13 nós. Podia receber a bordo 304 passageiros, entre os quais 72 em 1ª classe e 56 em 2ª.. Em 1927 foi desclassificado pelo seu armador e desmantelado. A fotografia anexada mostra o navio em apreço ainda com as cores do seu primeiro armador.
«QUEEN OF CLIPPERS»
Este gracioso 'clipper' de bandeira norte-americana, foi construído nos estaleiros de Robert E. Jackson, de East Boston (Massachusetts), para a casa armadora Seccomb & Taylor. Com casco em madeira e com 3 mastros equipados com pano redondo, este veleiro -lançado ao mar no dia 26 de Março de 1853- apresentava 2 361 toneladas de arqueação bruta e media 79 metros de comprimento fora a fora por 13,50 metros de boca. Foi registado na capitania do porto de Boston pelos seus proprietários. A informação disponível sobre este navio do século XIX -reputado pela qualidade dos materiais utilizados na sua construção e nas suas decorações- é mais que escassa. Sabe-se que navegou, sobretudo, na linha Nova Iorque San Francisco (pela rota do cabo Horn), transportando candidatos a milionários atraídos pelo ouro da Califórnia. Assim, é com muita pena que aqui deixamos leitura tão parca. Em memória do «Queen of Clippers» e em jeito de compensação, aqui fica a reprodução de uma tela pintada pelo artista (de finais do século XIX) François Roux. Nota : uma fonte que não se pode qualificar de fidedigna, dá este veleiro como tendo sido vendido em França. Curiosamente, um navio de transporte com o nome de «Reine des Clippers» aparece na lista de efectivos da marinha de guerra de Napoleão III. Será o mesmo ?
«INHAMBANE»
Navio de utilidade mista (carga/passageiros) que passou a usar bandeira portuguesa a partir de 1916. Chamava-se originalmente «Hessen» e foi um dos 7 navios germânicos apresados nos portos moçambicanos por via da ordem de requisição decretada a 23 de Fevereiro desse mesmo ano de 1916. Foi construído na Alemanha, em 1912, pelos estaleiros J. C. Tecklenburg, de Geestmunde. O seu primeiro proprietário foi a companhia Deutsch-Australische D. G., com sede em Hamburgo. Apresentava-se como um navio com 5 943 toneladas de arqueação bruta, medindo 143 metros de comprimento fora a fora por 17,45 metros de boca. Dispunha de uma máquina a vapor com 3 600 Ihp de potência. Vocacionado para o porte de carga geral, podia, no entanto, receber 9 passageiros em camarotes concebidos para esse efeito. Depois do seu arresto no porto de Lourenço Marques, foi entregue aos Transportes Marítimos do Estado. Em 1925, passou para as mãos da Sociedade Geral, que era propriedade de Alfredo da Silva e tributária da Companhia União Fabril. Onde se manteve, com uma tripulação de 45 homens, até 1955, assegurando carreiras para os portos da Europa e da África então portuguesa, mas não só. No ano acima referido, foi vendido ao armador grego A. Frangistas Manessis, que lhe mudou o nome para «Vassiliki» e o registou em Porto Rico. Ainda navegou até 1959, ano em que, considerado obsoleto, foi vendido como sucata e desmantelado em Hong Kong. O «Inhambane» era gémeo do «Cunene», também ele presa de guerra e apresado na mesma data e em idênticas circunstâncias.
domingo, 9 de agosto de 2015
«QUEEN MARY 2»
Quando este soberbo paquete da Cunard entrou em serviço no mês de Dezembro de 2003 era o mais longo, o mais largo e o mais alto navio de passageiros jamais realizado. O «Queen Mary 2» foi inteiramente projectado por uma equipa de arquitectos britânicos, liderada por Stephen Payne, e foi construído nos estaleiros navais de Saint Nazaire (França). A sua arqueação bruta é de 148 528 toneladas e as suas impressionantes dimensões são as seguintes : 345 metros de comprimento por 41 metros de boca por 10 metros de calado. Este navio desloca-se graças a um poderoso sistema propulsivo eléctrico integrado e a um conjunto de turbinas a gás, que lhe facultam uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 26 nós. O «Queen Mary 2» foi o último grande navio construído para executar travessias transatlânticas e, simultaneamente, para participar, quando necessário, na rendosa indústria dos cruzeiros. Inicialmente registado na capitania do porto de Southampton, este gigantesco paquete tem uma tripulação permanente de 1 253 membros e pode receber um contingente de 2 620 passageiros. Que beneficiam, a bordo, de um acolhimento sem igual e dispõem de 'luxos' vários. Como, por exemplo, a utilização de 15 bares e restaurantes, 5 piscinas, 1 casino, 1 sala de teatro, cinemas, um salão de baile, um planetário (o primeiro a ser instalado a título permanente num navio de passageiros), serviços de saúde, etc.. Este navio, que foi lançado ao mar na presença da sua madrinha, a rainha Isabel II, passou -em 2011- sob gestão da Carnival Corporation e a hastear bandeira das Bermudas. O seu porto de registo é, actualmente, o de Hamilton. Apesar de já ter perdido o título oficioso de maior navio de passageiros do mundo, o «Queen Mary 2» continua a pertencer ao clube restrito dos gigantes dos mares.
«THREE BROTHERS»
Navio de bandeira norte-americana construído, em 1855, nos estaleiros de Greenpoint, Nova Iorque, por encomenda do comodoro Cornelius Vanderbilt. Que o baptizou com o seu apelido «Vanderbilt». Foi, inicialmente, um navio misto (velas/vapor) provido de rodas laterais, que serviu de iate privado. Quando rebentou a guerra de Secessão, em 1861, foi cedido à marinha de guerra federal, para participar no bloqueio naval aos portos sulistas e para dar caça aos corsários confederados a actuar no oceano Atlântico. Deslocava, nessa época, mais de 3 000 toneladas e media 101 metros de comprimento por 14,50 metros de boca. Esteve, aquando da sua carreira militar iniciada em 1862, fortemente armado com canhões de diversos calibres. Terminado o conflito, o navio foi vendido (em 1870, por 42 000 dólares) aos armadores californianos Geroge Howes & Brothers, que o mandaram modificar profundamente, retirando-lhe toda a maquinaria e, obviamente, as rodas de paletas. Transformado num veleiro puro, equipado com 3 mastros armados em galera, o agora chamado «Three Brothers» passou a ser o maior 'clipper' do mundo e também um dos mais velozes navios do se tipo. Registado no porto de San Francisco, o veleiro (agora especializado no transporte de cereais) partiu dali para a sua viagem inaugural em Outubro de 1873, com um carregamento de 5 000 toneladas de trigo. Os seus portos mais frequentados foram o de Nova Iorque e, na Europa, o do Havre e o de Liverpool. As viagens da Califórnia para o Velho Mundo faziam-se, naturalmente, pela rota do cabo Horn e duravam um pouco mais de 100 dias. O «Three Brothers» também viajou para outros destinos e ficou na memória uma viagem que fez para o Havaí, levando como passageira de marca Sua Alteza Emma, rainha desse arquipélago do oceano Pacífico. Parece que, no final da sua carreira, este navio mudou várias vezes de proprietário. Mas o que ao certo se sabe, é que, no final do século XIX, estava transformado em pontão carvoeiro no porto militar de Gibraltar. E que, em 1899, foi vendido para a sucata e desmantelado.
sábado, 8 de agosto de 2015
«SANTO ANTÓNIO»
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Nau portuguesa de finais do século XVI, que, em 1578, foi com o navegador e negociante Duarte Lopes (filho de cristãos novos, natural de Benavente) até ao distante Reino do Congo; onde este criou fortes relações de amizade com o rei local e onde permaneceu duradoiramente. Da nau «Santo António» pouco se sabe, a não ser que deveria apresentar as características gerais de um navio português do seu porte do seu tempo, que fez essa viagem a África carregada com mercadorias transaccionáveis e que era propriedade de um tio de Duarte Lopes. Em contrapartida, sabe-se mais sobre o seu capitão, que chegou a ir a Roma solicitar o apoio do papa Sixto V para a comunidade cristã congolesa. Protecção que lhe foi negada, pelo facto do sumo pontífice não se querer incompatibilizar com Filipe II de Espanha, que, ao tempo, cingia a coroa dos dois reinos ibéricos. Não se sabe como terminou a aventura deste quase anónimo navio português. É provável que a «Santo António» tenha regressado à Europa com o seu capitão, pois é sabido que (em data incerta) Duarte Lopes aportou a Sevilha, antes de se encaminhar para Madrid, onde fez um relatório detalhado da sua estadia no Reino do Congo. Curioso é saber também que, aquando da sua ida a Roma, Lopes conheceu ali um certo Filippo Pigaffeta, a quem ele transmitiu informação oral e escrita sobre o seu conhecimento de África; informação que este aproveitou da melhor maneira, para escrever a preciosa «Relação do Reino do Congo e Terras Circunvizinhas». Nota : o navio que ilustra este texto não representa a «Santo António», mas uma embarcação similar da sua época. Só que é muito pouco provável que as velas do navio em apreço (de propriedade particular) ostentassem as famosas cruzes de Cristo; que eram apanágio das naus das armadas reais.
domingo, 2 de agosto de 2015
«JEAN MERMOZ»
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O paquete francês «Jean Mermoz» foi lançado ao mar no dia 17 de Novembro de 1956, pelos estaleiros Dubigeon, de Penhoet, Saint Nazaire, que o construíram. O primeiro armador deste elegante navio foi a Compagnie Fabre-Fraissinet, que o colocou em serviço no início do mês de Maio de 1957. Nesse tempo, este paquete fazia a carreira de Marselha a Pointe Noire (no então Congo francês), com escalas no Funchal e num porto canarino. Apresentava uma arqueação bruta de 10 487 toneladas e media 161,96 metros de comprimento por 19,76 metros de boca. Foi equipado para receber 1030 passageiros, distribuídos por cinco classes distintas. O «Jean Mermoz» podia navegar à velocidade de 16 nós. Por meados da década de 60, vítima, por um lado, da independência das colónias francesas da África Ocidental e, por outro lado, da concorrência da aviação comercial, este navio foi retirado dessa linha e passou a ostentar as cores da companhia Paquet, que lhe reduziu o seu primitivo nome para «Mermoz» e o lançou no negócio dos cruzeiros. Não sem que, antes, em 1962, este navio tenha participado na evacuação de tropas e civis da Argélia; ex-colónia do norte de África que conquistou, nesse ano, a sua independência política. Durante 20 anos, o «Mermoz» levou turistas a todos os recantos do planeta, clientela que muito apreciava o seu conforto e o profissionalismo e simpatia da sua tripulação. Em 1985, o navio em apreço trocou a bandeira francesa pela das Bahamas, pelo facto de ter sido registado em Nassau. E depois disso, o «Mermoz» (nome que homenageava um audaz piloto-aviador dos anos 30) mudou várias vezes de proprietário (Costa, Carnival, Louis) e de pavilhão. Este elegante navio -que sofrera, em 1969-1970, grandes trabalhos de modernização, executados pelos estaleiros Maclotti, de Génova- foi declarado obsoleto em finais do século passado e, com o derradeiro nome de «Serenade», foi encaminhado, em inícios da actual centúria, para um estaleiro de Alang (na Índia) para que ali procedesse à sua demolição.
sábado, 1 de agosto de 2015
«AFFONSO PENNA»
Navio brasileiro de transporte de passageiros e carga geral. Foi construído em 1910 pelos estaleiros da empresa Workman, Clark & Cº, de Belfast, na Irlanda do Norte, por encomenda da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro; que o registou no porto do Rio de Janeiro. O seu primeiro nome foi «Minas Gerais», que usou até 1923, altura em que recebeu o nome de um antigo presidente da República Brasileira. Era um navio com 3 540 toneladas de arqueação bruta, medindo 112,20 metros de comprimento por 14,80 metros de boca e por 4,90 metros de calado. Navegava à velocidade estimada de 10 nós, graças a 1 máquina a vapor de tripla expansão (com uma potência de 540 hp) acoplada a 1 único hélice. Fazia, habitualmente, o percurso Manaus-Rio de Janeiro, com escalas em Belém, São Luís do Maranhão, Fortaleza e Recife. No dia 2 de Março de 1943, por volta das 19 horas locais e quando o «Affonso Penna» se encontrava perto do arquipélago de Abrolhos, o navio -que se encontrava sob a responsabilidade do capitão-de-longo-curso Euclides de Almeida Basílio- foi subitamente alvejado pelos torpedos do submarino italiano «Agostino Barbarigo», que o afundaram sem remissão. No ataque, morreram 33 membros da tripulação do «Affonso Penna» e 92 passageiros. Sobreviveram 117 pessoas, que foram parcialmente resgatadas do oceano pelo petroleiro norte-americano «Tennessee». Outras conseguiram chegar (nas baleeiras) a uma praia de Porto Seguro, cidade situada a cerca de 250 km do lugar da catástrofe.
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