sábado, 16 de abril de 2016
«JAMES PIERCE»
Escuna de bandeira norte-americana. Foi construída, em 1901, nos estaleiros dos irmãos Washburn, localizados em Thomastom, no estado do Maine. Tinha casco de madeira. A sua arqueação bruta era de 1 664 toneladas e as suas dimensões as seguintes : 68,90 metros de comprimento, 13,10 metros de boca e 6 metros de calado. Possuía 5 altaneiros mastros, que utilizavam pano áurico-latino. Muito pouca coisa se conhece sobre este esguio veleiro; mas sabe-se, no entanto, que -quando a 19 de Novembro de 1912 ele se afundou no Atlântico, devido a uma colisão acidental com o vapor «Fram»- estava afretado à companhia açucareira Central Aguirre e navegava entre Filadélfia e Porto Rico. Parece que o choque não afundou de imediato a escuna, mas que os estragos causados eram irreparáveis; o que terá levado os dois capitães a incendiar (de comum acordo) os destroços da «James Pierce», a fim de que os ditos deixassem de representar um potencial perigo para a navegação. Não houve mortos a lamentar entre a sua tripulação.
«GRAND TURK»
Este veleiro é a reprodução -à escala 1/1- de uma fragata britânica da época de Trafalgar. Foi construído em 1996 em Marmaris, na Turquia, com desenho do arquitecto naval Michael Turk e para satisfazer uma encomenda dos produtores da série televisiva «Hornblower». Da qual este navio foi uma das grandes atracções, ao lado de outra réplica denominada «Étoile de France». O navio em apreço tem casco em madeira e custou, segundo a imprensa do tempo, 2 milhões de libras. Com 314 toneladas e 36,40 metros de comprimento por 10,36 metros de boca, o «Grand Turk» está equipado com 3 mastros, que arvoram 12 velas totalizando 790 m2 de área e (por razões de segurança) com 2 máquinas diesel (desenvolvendo uma potência global de 450 hp) acopladas a 2 hélices. Depois da série supracitada, este veleiro participou nas filmagens de outras obras para a TV e para o cinema. A saber : «Longitude» (em 2000), «Monsieur N» (em 2003), «To the End of the Earth» (em 2005), «Crusoe» (em 2008) e «Michiel De Ruyter» (em 2015). «O Grand Turk» -que está armado com canhões fictícios- tem participado em variados eventos de índole naval, tais como as 'Armadas' de Rouen, onde já esteve por três vezes. Em 2010, esta belíssima réplica foi adquirida pela empresa francesa Étoile Marine Croisières, que lhe deu o novo nome de «Étoile du Roy» e transferiu o seu porto de abrigo para Saint Malo, na Bretanha. O preço da transacção nunca chegou a ser divulgado.
«DOÑA PAZ»
'Ferry' filipino, que, no dia 20 de Dezembro de 1987, foi o principal protagonista de uma tragédia que custou a vida a 4 386 dos seus passageiros e tripulantes. Construído no Japão em 1963, nos estaleiros de Onomichi, este navio (primitivamente denominado «Himeyuri Maru» e habilitado para o transporte máximo de 608 pessoas) hasteou bandeira nipónica até 1975, ano em que foi vendido à Sulpicio Lines Inc., de Manila. Casa armadora que lhe deu os sucessivos nomes de «Don Sulpicio» e de «Doña Paz» e passou a utilizá-lo entre a capital das Filipinas e vários destinos daquela vasta nação insular. Era um navio que apresentava 2 602 toneladas de arqueação bruta, que media 93,10 metros de longitude por 13,60 metros de boca e que estava autorizado, pelas autoridades marítimas locais, a transportar um máximo de 1 518 passageiros, para além da sua tripulação de 66 membros. Mas, na madrugada do drama que tristemente o celebrizou, o «Doña Paz» transportava -contra todas as leis e contra todas as elementares regras de prudência- um total de 4 340 pessoas ! O navio de passageiros navegava, então, da ilha de Leyte para Manila, quando chocou violentamente, às 6 h 30, com o petroleiro «Vector», que transportava gasolina e outros derivados de petróleo por conta da companhia Caltex. Deste navio -que se se incendiou imediatamente após a colisão- o fogo transmitiu-se ao sobrecarregado transporte de passageiros; que ardeu como uma autêntica tocha, antes de se afundar 2 horas mais tarde. Sem rádio a bordo, o pedido de socorro tardou, já que, ao que se disse, as autoridades marítimas só souberam do desastre 8 horas depois deste ocorrer. Só 24 dos náufragoss (todos passageiros) lograram sair com vida da infernal carcaça do «Doña Paz», ao qual uma conhecida revista norte-americana chamou «o Titanic asiático». O que é pouco, visto a desproporção de mortes; que pende a favor (passe o termo) do navio filipino, que protagonizou «o maior e mais mortal naufrágio ocorrido em tempo de paz». Notas finais : no petroleiro «Vector» morreu também toda a equipagem, que era constituída por 11 homens. O processo judicial intentado contra a Sulpicio Lines pelos familiares das vítimas foi complexo e durou muitos anos a resolver-se.
quinta-feira, 14 de abril de 2016
«VERGULDE DRAECK»
Navio neerlandês do século XVII, pertencente à frota da Companhia das Índias Orientais. Deslocava 260 toneladas e media 42 metros de longitude. Foi mandado construir, em estaleiro não-identificado dos Países-Baixos, pelo município de Amesterdão. Da sua história conhece-se relativamente bem a derradeira viagem; que começou no cabo da Boa Esperança (onde os holandeses já tinham uma colónia) em 1656, e terminou desastrosamente no dia 28 de Abril desse mesmo ano nuns escolhos submersos da Austrália ocidental, perto das actuais cidades costeiras de Seabird e de Ledge Point. No naufrágio do «Vergulde Draeck», que se dirigia para Batávia, perderam-se 118 vidas, para além do navio e da sua preciosa carga; que compreendia 8 caixas com 78 600 florins em moedas de prata e mercadoria avaliada em mais de 100 000 florins. Sobreviveram à catástrofe 75 pessoas entre as quais o capitão; que, passada uma semana, enviou -numa pequena embarcação- 6 homens a Batávia pedir socorros. Equipa que, depois de ter passado por inacreditáveis sacrifícios, logrou atingir a actual Jacarta após 41 dias de navegação. Infelizmente, nunca se encontrou sinal dos sobreviventes. Nem na primeira tentativa para os localizar, nem nas expedições seguintes, que se prolongaram durante muitos anos. Os restos do «Vergulde Draeck» só seriam localizados e identificados em 1963 por pesquisadores australianos.
«EUGENIO DI SAVOIA»
Cruzador ligeiro da 'Regia Marina', pertencente ao grupo 4 da classe 'Condottieri', também chamado subclasse 'Duca d'Aosta'. Este navio foi realizado pelos estaleiros Ansaldo, de Génova, que o lançaram ao mar no dia 16 de Março de 1935. Foi integrado no serviço activo no ano seguinte e, em 13 de Fevereiro de 1937, em consequência da aliança estabelecida entre Francisco Franco e Benito Mussolini, o cruzador «Eugénio di Savoia» bombardeou a cidade de Barcelona (afecta aos republicanos), onde causou 18 mortes. Em 1938, este navio iniciou -com o seu gémeo «Duca d'Aosta»- uma circum-navegação do globo, que terminou em La Spezia no mês de Março do ano seguinte. Durante a 2ª Guerra Mundial, este cruzador participou em vários combates e acções contra a armada britânica do Mediterrâneo, nomeadamente na batalha de Punta Stilo (Julho de 1940), operações Harpoon (1942) e Pedestal (Agosto 1942), etc. Em 4 de Dezembro de 1942, o «Eugénio di Savoia» foi seriamente atingido pelas bombas de uma formação de 'Liberators' norte-americanos que alvejaram o porto de Nápoles, onde este navio se encontrava ancorado. Após a prisão do 'duce' em 1943 e da subsequente reviravolta política ocorrida em Itália, o cruzador em apreço foi levado para Suez, onde serviu os Aliados como navio de treino. E, seis anos após o fim do conflito, em 1951, foi cedido à marinha helénica, onde chegou a ser navio-almirante da frota e o transporte escolhido pelo rei Paulo da Grécia para efectuar algumas das suas visitas a países da região mediterrânica : Turquia, Jugoslávia, França, Líbano. Durante a ditadura dos coronéis, o «Elli» (seu novo nome) ainda serviu de navio-prisão para os oponentes ao regime militar. Parece ter sido leiloado como sucata em 1973 e desmantelado pelo comprador na sequência desse negócio. O «Eugénio di Savoia» era um navio de 10 540 toneladas (em plena carga), que media 187 metros de comprimento por 17,50 metros de boca. Os seus propulsores desenvolviam uma força de 110 000 cv, que lhe asseguravam uma velocidade de 36,5 nós e uma autonomia de 3 900 milhas náuticas, com andamento reduzido a 14 nós. Do seu armamento inicial constavam 8 canhões de 152 mm, 6 de 100 mm, 8 peças AA de 100 mm e 12 de 13,2 mm. Para além disso, este navio era servido por 2 aeronaves e respectivas catapultas. A sua blindagem era razoável, nomeadamente a nível da cinta principal (70 mm) e da torre de comando, que estava protegida por uma couraça de 100 mm. Guarnição : 578 homens, incluindo oficiais.
terça-feira, 12 de abril de 2016
«FRITHJOF»
Navio alemão de defesa costeira pertencente à classe 'Siegfried'. Navios que começaram a equipar a armada imperial germânica na derradeira década do século XIX. Foi construído pelos estaleiros AG Weser, de Bremen, que o lançaram à água em Junho de 1891. Este navio deslocava 3 500 toneladas e media 79 metros de comprimento por 14,90 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas a vapor de tripla expansão (acopladas a 2 hélices), desenvolvendo uma potência global de 4 800 ihp. Força que lhe facultava uma velocidade de 15 nós e uma autonomia de 4 800 milhas náuticas. O «Frithjof» estava razoavelmente couraçado e encontrava-se armado com 3 canhões de 240 mm, 8 outros de 88 mm e com 4 tubos lança-torpedos de 350 mm. Foi integrado na armada tudesca em 1893 e participou em várias manobras militares, no Báltico, até 1902, ano em que entrou na doca seca do Kaiserliche Werft, de Kiel, para ali se submeter a uma importante reconstrução. No final dos trabalhos, em 1903, saiu de lá mais longo (com 86,13 metros), mais pesado (com 4 367 toneladas de deslocamento), com novas caldeiras e com algumas alterações no seu armamento; nomeadamente na sua bateria secundária que recebeu novas e mais 'performantes' peças de 88 mm e na sua bateria de lança-torpedos, que passou a contar com 3 tubos de 450 mm. Curiosidade : entre 1905 e 1906, o seu oficial de navegação foi um certo Erich Raeder, que seria um dos almirantes mais famosos da marinha nazi. Em 1908, este navio foi integrado num esquadrão de treino e passou a servir na instrução dos artilheiros da frota. Durante a Grande Guerra, o «Frithjof» ainda serviu como unidade de defesa costeira, integrado no VI Esquadrão dessa especialidade, mas, devido à sua vetustez, acabou por ser desmobilizado em Agosto de 1915, tendo a sua guarnição sido transferida para outros navios da marinha do 'kaiser'. Depois do conflito, foi reconstruído como navio mercante, servindo, nessa qualidade, até 1930. Ano em que foi desmantelado num estaleiro do porto de Dantzig. Nota final : os 5 outros navios da classe a que pertencera o «Frithjof» foram o «Siegfried» (cabeça de série), o «Beowulf», o «Heimdall», o «Hildebrand» e o «Hagen».
ZARAGOZA»
Corveta da marinha mexicana, com vida operacional entre 1892 e 1926. Foi construída pelos estaleiros havrenses da firma Société Nouvelle des Forges et Chantiers de la Méditerranée. A «Zaragoza» era de propulsão mista (velas/vapor), tinha casco de aço, 3 mastros e estava armada com 8 peças de artilharia : 6 canhões de 100 mm e 2 rotativos de 37 mm. Chegou ao porto de Vera Cruz a 13 de Fevereiro de 1892 sob as ordens do capitão Reginald C. Brenton, um oficial britânico contratado pela armada mexicana e levando a bordo o comodoro Ángel Ortiz Monasterio. Este navio regressou ainda nesse ano à Europa, a Espanha, onde participou nos festejos comemorativos da descoberta da América e onde recebeu a visita da rainha Maria Cristina. Fez duas visitas de cortesia aos EUA e a França, antes de, em 1894, se tornar o primeiro navio de bandeira mexicana a realizar uma viagem de circum-navegação do globo. Durante a qual visitou inúmeros portos estrangeiros. Entre 1898 e 1905, a «Zaragoza» esteve envolvida na rebelião dos maias do Yucatão, transportando tropas, armas e munições para o terreno do conflito. E em 1905 fez parte do esquadrão naval que levou o presidente Francisco Madero àquela região pacificada. Depois disso, esta corveta viu-se envolvida em vários episódios de carácter militar que agitaram o México : revolta de Félix Díaz (colocando-se o navio e a sua guarnição do lado dos constitucionalistas), desembarque ianque de Vera Cruz (sem acção verdadeiramente ofensiva por parte da «Zaragoza») e, em 1914, repressão no Yucatão da rebelião chefiada por Benjamin Argumedo. Em 1919, esteve em missão em Montevideu, de onde regressou como escolta do cruzador «Uruguay», que transladou para o México os restos mortais do embaixador e poeta Amado Nervo. E, finalmente, em 1923/1924, esta corveta cumpriu a sua derradeira missão ao participar num levante fracassado contra o governo de Álvaro Obregón. Foi oficialmente desactivada, após 34 anos de serviço, no dia 6 de Março de 1926, durante uma cerimónia que ocorreu na presença de um membro do governo. O velho navio foi posteriormente afundado aquando de um exercício de tiro da armada a que pertencera.
«VILLE DU HAVRE»
Paquete francês de propulsão mista (velas/vapor) construído, em 1865, nos estaleiros da firma Thames Iron Works, de Blackwall (Inglaterra), por encomenda da Compagnie Générale Transatlantique. Colocado na carreira das Américas, este vapor de rodas laterais, chegou a usar os nomes de «Napoléon III» e de «Invasion III», antes de adoptar a derradeira designação de «Ville du Havre», com a qual navegou entre 1871 e 1873. A sua viagem inaugural iniciou-se a 26 de Abril de 1866 no Havre e terminou 14 dias mais tarde em Nova Iorque, tendo realizado o percurso à velocidade média de 13,22 nós. Uma decepção para o seu armador, pois o novo navio da linha transatlântica demonstrara que era o mais lento de toda a sua frota. Em 1871, este navio deu entrada no estaleiro Leslie, de Habburn-on-the-Tyne (Reino Unido), onde sofreu transformações de monta. Assim, o seu casco de aço foi alongado de 17 metros, passando a medir 128,50 metros (a boca era de 14 metros) e a sua arqueação bruta passou das 3 376 para 5 065 toneladas. As rodas de paletas foram substituídas por 1 hélice accionado por nova máquina, uma 'compound' de 4 cilindros, desenvolvendo uma potência de 4200 cv. O navio, que então recebeu o seu último nome, também aumentou a sua capacidade de carga, passado a poder receber a bordo 170 passageiros de 1ª classe, 100 de 2ª e 50 de 3ª. Recolocado na linha de Nova Iorque -a mais prestigiosa das carreiras transatlânticas- o «Ville du Havre» cumpriu rigorosamente a sua missão, até que, na madrugada de 22 de Novembro de 1873, quando navegava, com tempo calmo e luzes de bordo acesas (inclusive as de sinalização), na posição de 47º de latitude Norte e de 38º de longitude Oeste, foi incompreensivelmente abalroado pelo veleiro britânico (de 1 800 toneladas) «Loch Earn»; que, lançado a toda velocidade, lhe abriu enorme e fatal rombo. Que afundou o paquete francês -que transportava 313 passageiros- nuns curtos 12 minutos. Na catástrofe pereceram 226 pessoas. Sobreviveram 61 viajantes e 26 membros da tripulação, que foram resgatados das chalupas pela equipagem do navio norte-americano «Tremountain», que, horas depois, acudiu aos pedidos de socorro emitidos pelos náufragos. Um drama desta envergadura provocou, naturalmente, grande emoção em França, mas também em todos os países de onde eram oriundos os passageiros do malogrado «Ville du Havre».
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