sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

«BUCKEYE STATE»

O «Buckeye State» -um vapor de rodas laterais- foi construído em 1849 no estaleiro de Shousetown (arrabaldes de Pittsburgh, Pensilvânia) para a companhia de transportes Pittsburgh & Cincinnati Packet Line, que operava no rio Ohio. Este característico 'steamer' fluvial norte-americano de meados do século XIX gozava da merecida fama de ser uma embarcação rápida e fez jus à sua reputação ao estabelecer, em inícios de Maio de 1850, um recorde de velocidade (para embarcações da sua categoria) entre Cincinnati e Pttsburgh, que prevaleceu durante um século. Nessa histórica viagem, o «Buckeye State» (comandado pelo capitão Sam Dean) percorreu a distância entre as duas cidades em 43 horas, apesar das 24 paragens que fez para carregar o combustível (lenha e carvão) necessário à sua marcha. Em 1851 o «Buckeye State» cometeu outra proeza ao vencer uma corrida contra um seu reputado rival, o «Messenger 2». A dita competição fora organizada pelo famoso empresário circense P. T. Barnum, que, dessa forma original, quis promover a 'tournée' americana da cantora de ópera Jenny Lind, uma artista sueca de renome internacional. Apesar de ter apostado no rival do barco aqui em apreço, a bordo do qual viajou com Jenny, Barnum teve de reconhecer a superioridade do «Buckeye State». Este vapor prestou serviço de passageiros e carga diversa até 1857, ano em que foi vendido para a sucata e desmantelado. A sua vida activa não foi das mais tranquilas, visto no seu histolial se contarem vários encalhes e colisões, nomeadamente a ocorrida em 3 de Outubro de 1853 com a escuna «Oneida»; que na sequência desse involuntário embate fez naufrágio e perdeu 3 dos seus tripulantes. Infelizmente, a informação sobre esta unidade fluvial é escassa e, por essa razão, não nos foi possível obter dados sobre as suas principais características físicas : comprimento, boca, calado, etc.

«ADÉLIA MARIA»

Lugre-motor de nacionalidade portuguesa, construído em 1948 na Gafanha da Nazaré pelo estaleiro de mestre João Bolais Mónica. Pertenceu à Empresa Armazéns José Maria Vilarinho, de Aveiro, que o destinou à pesca do bacalhau nos grandes bancos canadianos. Este navio, com casco em madeira e 4 mastros, apresentava uma arqueação bruta de 651 toneladas e media 53 metros de longitude por 10,30 metros de boca. Usou 1 máquina diesel (de marca Deutz) desenvolvendo uma potência de 450 hp. Certas fontes dizem que a dita terá sido recuperada do navio «Primeiro Navegante», após o naufrágio deste bacalhoeiro ocorrido em Outubro de 1946. O «Adélia Maria» foi alvo de uma reportagem fotográfica realizada a bordo em Agosto de 1957. A dita (que produziu importante material iconográfico sobre o bacalhoeiro português e sobre a vida a bordo e fora do navio) foi realizada por J. Messtorft, que, ao tempo, era tripulante do navio científico alemão «Anton Dohrn». Depois de vinte anos de serviço nos perigosos mares do Atlântico norte, o «Adélia Maria», naufragou nas águas da Terra Nova -no dia 8 de Agosto de 1968- na sequência de um inextinguível incêndio. Não houve vítimas a lamentar.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

«CRÉOLE»

Lançado à água em 1927 pelo estaleiro da firma Camper & Nicholsons, de Gosport, no Reino Unido, este belíssimo veleiro chegou a ser apontado como «o mais belo iate do mundo». O seu primeiro proprietário foi o milionário norte-americano Alec Cochran, que o baptizou com o nome de «Vira». Com casco em madeira e com 3 altaneiros mastros, o navio -que foi desenhado pelo arquitecto naval Charles Nicholson- deslocava inicialmente 434 toneladas e tem as seguintes dimensões : 65,53 metros de comprimento fora a fora; 6,45 metros de boca; 5,60 metros de calado. Ganhou fama de ser uma embarcação maldita, pelo facto da cerimónia do bota-abaixo ter sido problemática e do seu baptismo ter necessitado três garrafas de champanhe. Para além deste mau presságio, o veleiro (autêntica obra de arte, que custou uma fortuna) apresentava sérios problemas de navegabilidade, que o tornavam desconfortável. Colocado à venda em 1928, este elegante navio foi adquirido por Maurice Pope, que lhe deu o nome de «Créole», inspirado, ao que parece, pela sua sobremesa favorita. Antes da guerra 1939-1945, o navio ainda teve um terceiro proprietário (um outro lorde britânico), facto que, através do jogo das amizades, fez que grande parte da aristocracia inglesa do tempo pisou o convés deste belíssimo iate. Requisitado, durante o segundo conflito generalizado, pelas forças navais britânicas, o veleiro passou a chamar-se «Magic Circle» e a exercer as funções de draga-minas. De 1945 até 1951 esteve arrumado num canto do seu estaleiro de origem, até que foi comprado (em muito mau estado de conservação) pelo riquíssimo armador grego Niarchos, que lhe devolveu a magnificência de outrora. Abandonado pelo multimilionário helénico após a morte da sua esposa Tina Nivanos, o «Créole» foi adquirido, em 1978, por uma associação dinamarquesa vocacionada para a recuperação social de jovens drogados. Mas, a experiência passou-se mal, visto o veleiro ter sido confiscado pela justiça, devido a dívidas contraídas (e nunca pagas) por essa associação benemérita. Em 1983, o «Créole» foi, finalmente, vendido a Maurizio Gucci (famoso costureiro italiano) e transformado -uma vez mais- em iate de prestígio. E desta vez com um luxo nunca antes igualado, já que o seu bojo foi recheado com valiosíssimas peças de arte, dignas de um museu. Gucci foi assassinado a tiro em 27 de Março de 1995 e, desde então, este navio de sonho continua à espera -num porto do Mediterrâneo- que surja um comprador suficientemente rico e sonhador que queira prosseguir a aventura do «Créole», navio que, como se viu, tem uma história singular. Após múltiplas modificações e arranjos, o deslocamento do «Créole» é, actualmente, de 697 toneladas e os seus mastros podem arvorar até 2 040 m2 de pano. Porto de registo : Hamilton, nas Bermudas.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

«NIDHUG»

Réplica de uma embarcação Viquingue do século X, inspirada no famoso navio de Gokstad, encontrado na Noruega. Construído na Dinamarca (em Bramsnaes, Roskilde) no ano de 1998, este veleiro é propriedade da Maritime Forsogscenter e foi realizado para integrar um projecto de desenvolvimento turístico regional. Assim, este navio com ares de 'drakkar' é -na estação propícia- colocado, com a sua equipagem, à disposição de quem o queira alugar e experimentar o prazer de navegar num navio de há 1 000 anos. O «Nidhug», que pode estender a sua área de acção até às águas de países vizinhos da Dinamarca, incluindo as da Polónia, está preparado para receber (para além da sua tripulação normal de 3 homens) um máximo de 25 passageiros; que se comprometem participar nos trabalhos e manobras de bordo, como, por exemplo, acionar os 20 remos da embarcação e içar e arrear a grande vela panda de 65 m2.  O «Nidhug», que foi realizado segundo as velhas técnicas de construção naval escandinavas, pesa 4 toneladas, tem 1 mastro que culmina a 12 metros de altura e mede 16 metros de longitude por 4,10 metros de boca. O seu calado é de 1,20 metros. Por exigências das autoridades locais e das leis internacionais que regem a navegação turística, o navio teve de ser equipado com um motor auxiliar (1 diesel de 40 hp, acoplado a 1 hélice), com um tanque de combustível com uma capacidade de 200 litros e com alguns instrumentos de ajuda à navegação. Curiosidade : o nome deste navio é o de um dragão da mitologia nórdica.

«TUPI»

Submarino da armada brasileira. É um navio com projecto alemão (IKL-209), construído no estaleiro da firma Howaldtswerke Deutsche Werft, de Kiel, que o lançou à água em 28 de Abril de 1987. O «Tupi» é cabeça de série da classe que recebeu o seu nome e que compreende, no Brasil, mais três outras unidades : o «Tamoio», o «Timbira» e o «Tapajó». O «Tikuna» (comissionado em 2005) também deriva do projecto IKL-209, mas a sua tecnologia muito mais evoluída, levou os brasileiros a incluí-lo numa outra classe. Usando o designativo de amura S-30, o «Tupi» desloca 1 440 toneladas em imersão, mede 61,20 metros de comprimento por 6,20 metros de boca e pode operar a uma profundidade máxima da ordem dos 250 metros. Submarino de propulsão clássica (diesel/eléctrica), pode atingir a velocidade de 11 nós, quando navega à superfície, e de 21,5 nós em imersão. O seu raio de acção é de 10 000 milhas náuticas e a sua autonomia de 50 dias. Este navio stá equipado com 8 tubos lança-torpedos e pode carregar, no início de cada missão, 16 engenhos Mk 24 'Tigerfish'. A sua guarnição compreende 33 homens, oficiais incluídos. O «Tupi» foi o único submarino brasileiro do seu tipo a ser construído no estrangeiro. Os outros três foram (na sequência do contrato estabelecido com os alemães) realizados pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Curiosidade : Muitos outros navios deste tipo foram construídos para as armadas da Argentina (classe 'Salta'), do Chile (classe 'Thompson'), da Colômbia (classe 'Pijao'), da Coreia do Sul (classe 'Jang Bogo'), do Equador (classe 'Shiry'), da Grécia (classes 'Glavkos' e 'Poseidin'), da Indonésia (classe 'Cakra'), do Peru (classe 'Angamos'), da República da África do Sul (classe 'Manthatisi'), da Turquia (classes 'Atilay', 'Preveze' e 'Gur'), da União Indiana (classe 'Shishumar') e da Venezuela (classe 'Sabalo').

«LEPANTO»

Contratorpedeiro da classe 'Fletcher' adquirido pela armada espanhola, nos E.U.A., em 1957. Era o antigo USS «Capps», construído (no estaleiro da firma Gulf Shipbuilding Corporation, de Chickasaw, Alabama) em 1942. Um navio que teve participação activa nos combates da 2ª Guerra Mundial, tanto nas águas do Atlântico como nas do oceano Pacífico. Integrado na marinha de guerra espanhola (assim como mais quatro outros navios norte-americanos da mesma classe : os «Almirante Ferrándiz», «Almirante Valdéz», Alcalá Galiano» e «Jorge Juan»), este navio constituiu uma etapa tecnológica importante na organização da armada do país vizinho. O «Lepanto» (assim chamado em honra da famosa batalha naval de 1571) deslocava 2 050 toneladas e media 114,76 metros de comprimento por 12,90 metros de boca. Os seus equipamentos e armas foram-se modernizando ao longo dos 28 anos em que se manteve sob pavilhão 'sangre y oro'. O seu sistema propulsor desenvolvia uma potência de 60 000 cv, que lhe permitiam atingir pontas de velocidade da ordem dos 35 nós e dispor de uma autonomia de 6 500 milhas náuticas com andamento limitado a 15 nós. Do seu armamento mais recente sobressaíam 4 canhões de 127 mm, 6 outros de 76,2 mm, 5 tubos lança-torpedos de 533 mm e calhas de arremesso de cargas de profundidade.  A sua guarnição normal era composta por 273 homens, oficiais incluídos. Esteve integrado na 21ª Esquadrilha de 'destroyers', com base em Cartagena e no seu historial registam-se, em 1977, um encalhe acidental na costa de Almeria (do qual pôde ser resgatado) e a participação em vários exercícios e manobras com navios nacionais e dos Estados Unidos. Em 1978, participou no resgate do pesqueiro «Génesis», que foi metralhado, ao largo da costa  do Sará Ocidental por presumíveis simpatizantes da independência desse território. Em 1980, o «Lepanto» (D21) foi transferido para a Zona Marítima do mar Cantábrico, onde assegurou patrulhas. Três anos mais tarde, a 12 de Dezembro de 1983, quando se encontrava fundeado no porto do Ferrol, o navio foi palco de um incêndio que só pôde ser extinto passadas cinco longas horas de esforços da sua tripulação. Desactivado em Dezembro de 1985, o «Lepanto» foi enviado para a sucata e desmantelado. Curiosidade : os navios da sua classe (denominada 'Lepanto' em Espanha) eram conhecidos nos meios navais espanhóis como «Os 5 Latinos». Todas estas unidades -que durante os anos 50 e 60 do século XX constituíram a espinha dorsal da armada de 'nuestros vecinos'- foram substituídas por corvetas da classe 'Descubierta'.

«SAMEIRO»

Navio tanque de bandeira portuguesa, construído (por encomenda da nossa marinha de guerra) no Arsenal do Alfeite; que o lançou à água no dia 28 de Agosto de 1946. O seu bota-abaixo foi um acontecimento de monta, já que, nessa época, o «Sameiro» era o maior navio jamais construído no nosso país. Daí que essa cerimónia se tivesse desenrolado na presença do Presidente da República, que era, ao tempo, o general Óscar Fragoso Carmona. Após o seu lançamento, o «Sameiro» foi adquirido pela Soponata - Sociedade Portuguesa de Navios Tanque, que comissionou a sua primeira viagem a Aruba, nas Caraíbas, de onde este novo navio trouxe um carregamento de petróleo. Este navio tanque -que viria a ter um gémeo no «São Mamede», também ele construído no Arsenal do Alfeite- apresentava uma arqueação bruta de 7 369 toneladas e media 138,50 metros de comprimento fora a fora por 17,84 metros de boca. O seu calado era de 8,11 metros. A sua capacidade de armazenamento era de 10 390 toneladas. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina diesel (dinamarquesa) de 9 cilindros, desenvolvendo uma potência de 5 400 cv. Força que lhe facultava uma velocidade máxima de 14 nós. O «Sameiro» tinha uma tripulação de 37 homens. Registado na capitania do porto de Lisboa, este petroleiro navegou, sem incidentes dignos de registo, até 1960, ano em que foi desactivado. Ignoramos onde e quando ocorreu o seu desmantelamento.

«NAGA PELANGI»

Navio híbrido de bandeira alemã, que representa um compromisso entre um junco tradicional e uma escuna de concepção ocidental. Realizado num estaleiro artesanal da ilha de Duyong (costa leste da Malásia), este belíssimo navio foi executado segundo as ancestrais técnicas de construção naval dessa longínqua região do Oriente, com madeiras das florestas locais, de entre as quais predomina a de chengal. Lançado à água em 2009, o «Naga Pelangi» (nome significando 'Dragão do Arco Íris') tem 2 mastros e pode desfraldar até 300 m2 de velas. Este singular veleiro de 70 toneladas mede 22 metros de comprimento por 6 metros de boca e o seu calado pode atingir a cota dos 3 metros. Por imposição das instâncias internacionais que controlam a navegação à vela, foi imposto ao «Naga Pelangi», que está registado em Heidelberg (Baden-Wurttemberg, na Alemanha), a utilização de um motor auxiliar (200 hp) e de algum equipamento de ajuda à navegação. A sua velocidade máxima é de 8 nós. A sua tripulação é composta, geralmente, por 4 elementos, mas o navio tem capacidade para receber (com o conforto de um iate moderno) mais 8 pessoas para viagens de curta duração. O veleiro em apreço é disponibilizado (em regime de aluguer) para os turistas que queiram fazer uma experiência de navegação numa embarcação exótica. Curiosidade : este veleiro é o segundo com este nome mandado construir na Malásia -em cujas águas o «Naga Pelangi» opera- pelos seus proprietários germânicos; que utilizaram a primeira versão para se familiarizarem com um navio de tal tipo.

«CORINTHIAKOS»

Construído, em 1910, no Reino Unido pelos estaleiros Craig, Taylor & Cº Ltd., de Stockton-on-Tees, para a casa armadora britânica Tatem Steam Navigation, de Cardiff, este navio chamou-se primitivamente «Bideford». Em 1922 foi vendido à North Shipping, de Newcastle, passando a chamar-se, até 1933, «North Anglia». Adquirido, nesse ano,  por um armador mediterrânico -M. A. Embiricos, de Atenas- o navio passou a hastear bandeira grega e a denominar-se «Corinthiakos». Nome que usou até ao dia do seu afundamento, ocorrido a 20 de Novembro de 1942, quando navegava de Lourenço Marques (na então África Oriental Portuguesa) para o porto de Aden, com um carregamento de 5 000 toneladas de carvão. O soçobro deste velho navio grego (desarmado e sem escolta) foi provocado por torpedos expedidos do submarino alemão «U-181», que se entregava à guerra de corso no oceano Índico e que o surpreendera a 35 quilómetros a nordeste do farol de Inhaca. Dos seus 32 membros de equipagem, houve a lamentar 11 mortos. Os restantes foram salvos por um rebocador português em serviço naquela zona. O «Corinthiakos» era um cargueiro com 3 562 toneladas de arqueação bruta, que apresentava as seguintes dimensões : 110,40 metros de comprimento, 15,50 metros de boca e 6,40 metros de calado. Movimentava-se graças a 1 máquina a vapor de tripla expansão (que desenvolvia uma potência de 310 nhp) e 1 hélice. Velocidade máxima : 10 nós.

«DIX»

Embarcação -destinada ao transporte de passageiros- construída, em 1904, pelo estaleiro Crawford & Reid, de Tacoma, estado de Washington. Pertencente à frota da Seattle and Alki Transportation Company, o «Dix» era um pequeno navio de 130 toneladas, medindo 31 metros de comprimento por 6 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina a vapor e por 1 hélice. O seu lançamento à água foi dos mais problemáticos e teve que ser apoiado (no dia seguinte ao previsto para essa cerimónia) por um rebocador. Considerado de mau augúrio pelos supersticiosos, este incidente seria, 'a posteriori', alvo de muitos comentários (nomeadamente da imprensa local), aquando do fim trágico do navio. Que ocorreu dois anos mais tarde -a 16 de Novembro de 1906- aquando de uma colisão acidental com o vapor «Jeanie», cargueiro com um tamanho dez vezes superior ao do «Dix». A infortunada embarcação  navegava nas águas do Puget Sound, entre Seattle e Port Blakeley, com 77 passageiros a bordo e terá sido afundada devido à imperícia de quem o pilotava, num momento de ausência do seu mestre. O «Dix» afundou-se imediatamente após o choque e, apesar de rapidamente terem surgido na zona do sinistro várias embarcações de socorro, 50 dos seus viajantes morreram afogados. Naquele que foi o mais dramático naufrágio de que há memória naquela região dos Estados Unidos da América. Em 1973 foi erigido um monumento em homenagem às vítimas do «Dix» no Duwamish Head Park, situado nas cercanias do lugar onde ocorreu a tragédia. Em 2011 descobriram-se destroços (a 180 metros de fundo), que se presumem ser os do navio afundado em 1906.

«VILLE D'ORAN»

Irmão gémeo do paquete «Ville d'Alger», este navio foi realizado pela Société Provençale de Constructions Navales, de La Ciotat; que deu a sua construção por terminada em 1936. Destinado às ligações de Marselha com os portos das colónias do norte de África, o «Ville d'Oran» cumpriu essa sua missão com resultados satisfatórios para os utentes dessa frequentada linha. Com a eclosão da guerra contra o Eixo, o navio foi requisitado pela armada francesa, denominado «X5» e transformado em cruzador auxiliar.  Foi na sequência dessa transformação que a sua ilhueta foi alterada, já qu lhe foi retirada uma das suas duas chaminés. Em Abril de 1940, o antigo paquete participou na expedição militar à Noruega, durante a qual foi atingido por uma bomba largada de uma aeronave alemã, que lhe causou alguns danos materiais. Ainda nesse ano, em Junho, o ex-«Ville d'Oran» foi incumbido de transferir o 'stock' de ouro do Banco de França para Casablanca e dali para Dacar.  Cidade capital do Senegal, onde o navio foi desarmado. De regresso a Marselha no ano seguinte, este navio retomou (com o seu nome inicial) as suas carreiras no Mediterrâneo. Encontrava-se em Argel, quando, em Setembro de 1941, foi novamente desactivado. Situação transitória, visto ter sido, em finais de 1942, novamente requisitado pelos Aliados, em vista da sua utilização (como transporte de tropas) no desembarque na Sicília. Findo o conflito, o «Ville d'Oran» foi submetido a trabalhos de modernização e regressou -em 1949- à sua actividade inicial. Em 1954, o navio (então propriedade do estado) foi colocado sob a gerência da Compagnie Générale Transatlantique. Em Junho de 1965, já depois da independência da Argélia e de uma quebra significativa do tráfego transmediterrânico, o navio em apreço foi vendido ao armador grego Typaldos; que lhe deu, sucessivamente, os nomes de «Mount Olympos» e «Olympos» e que encarou a hipótese de o colocar numa linha que unisse Marselha a Haifa (Israel). Parece que esse plano nunca chegou a concretizar-se, devido à falência do seu novo proprietário. Desqualificado, o veterano paquete francês acabou por ser desmantelado em Trieste (Itália) no ano de 1970. O «Ville d'Oran», que podia transportar 1 100 passageiros em 1ª classe e em 'turística', apresentava uma arqueação bruta de 10 172 toneladas e media 136,50 metros de comprimento por 19,20 metros de boca. Navegava com dois grupos de turbinas Parsons (que desenvolviam uma potência de 18 000 cv), que lhe autorizavam uma velocidade de cruzeiro de 21,5 nós.

«U-29»

O «U-29» foi um submarino alemão da Segunda Guerra Mundial, lançado à água em 28 de Agosto de 1936 pelos estaleiros Bremen AG Weser. Pertencia à classe 'VII A' e deslocava 745 toneladas em imersão. Dimensões : 64,05 metros de comprimento; 5,85 metros de boca; 4,04 metros de calado. Equipado com motores diesel/eléctricos, o «U-29» podia alcançar as velocidades máximas de 17 nós à superfície e de 8 nós em configuração de mergulho. Podia evoluir à profundidade máxima de 220 metros. Estava armado com 5 tubos lança-torpedos de 533 mm (4 dos quais se situavam à proa), com 1 canhão de 88 mm e com 1 metralhadora AA de 20 mm. A sua guarnição habitual era constituída por 46 homens, incluindo oficiais. O «U-29» esteve destacado na 2ª Flotilha de Submarinos -entre 16 de Novembro de 1936 e 2 de Janeiro de 1941- onde, paralelamente à sua actividade bélica, serviu de plataforma de instrução às novas tripulações. Cumpriu, sucessivamente, as mesmas funções nas 24ª, 22ª e 21ª Flotilhas. Já no final do conflito (em Março de 1945), este submarino foi destacado para o fiorde de Flensburg, a partir de onde cumpriu as suas derradeiras missões de guerra. Na realidade, o «U-29» realizou apena nove patrulhas operacionais, com uma duração total de 222 dias, durante as quais logrou afundar 12 navios inimigos, totalizando 85 265 toneladas. A sua mais destacada vítima foi o porta-aviões «Courageous» (de 22 500 toneladas), da armada real britânica, que este 'lobo cinzento' torpedeou e afundou nos primeiros dias daquela que viria a ser a maior tragédia da História.

«DANMARK»

Magnífico veleiro dinamarquês de 3 mastros e com casco de aço, que é, actualmente, pertença do Centro de Treino e de Educação Marítima de Frederikshavn. Foi construído, em 1932, nos estaleiros navais de Nakskov, na ilha de Lolland, com o objectivo de substituir o navio-escola «Kobenhavn» (desaparecido tragicamente em 1928) e de ministrar treino de mar aos oficiais da marinha mercante do reino da Dinamarca. Era, aquando do seu lançamento à água, um navio com 790 toneladas de arqueação bruta e com as seguintes dimensões : 77 metros de comprimento, 9,80 metros de boca e 5,20 metros de calado. O seu aparelho vélico compreende 26 panos redondos e latinos. O navio está equipado com uma máquina auxiliar (diesel) com 486 cv de potência, capaz de lhe proporcionar 9 nós de velocidade máxima. O «Danmark» tem uma tripulação permanente de 15 homens e pode receber, em simultâneo, 80 estagiários. Em 1939, este navio encontrava-se nos Estados Unidos, onde fora participar na Feira Mundial de Nova Iorque. Surpreendido com a notícia da eclosão da guerra na Europa, o seu comandante decidiu permanecer em águas territoriais norte-americanas e refugiou-se no porto de Jacksonville (Florida), onde se manteve até finais de 1941 graças à ajuda da comunidade de origem dinamarquesa. Após o ataque-surpresa contra Pearl Harbour, o capitão Knud Hansen (comandante do navio) propôs ao governo de Washignton que o «Danmark» passasse a ser utilizado pela sua armada como navio de treino de oficiais; oferta que foi aceite. O navio escandinavo foi então dirigido para New London (Connecticut), onde passou a ministrar instrução aos cadetes da Guarda Costeira dos EUA. Cerca de 5 000 futuros oficiais receberam formação a bordo até 1945. Ano em que, com o fim da guerra, o navio foi remetido à Dinamarca, onde voltou às suas actividades normais de academia flutuante e itinerante. A excelente experiência vivida com o «Danmark» tornou-se de tal modo preciosa, que levou à aquisição do «Eagle» pela Guarda Costeira dos Estados Unidos. Uma placa de bronze alusiva aos serviços prestados durante a 2ª Guerra Mundial pelo navio em apreço está fixada no mastro grande do «Danmark». Curiosidade : este navio foi utilizado nas filmagens da série de televisão da BBC «Onedin Line».

«MISSOURI»

A não confundir com o seu famoso homónimo da 2ª Guerra Mundial. O navio aqui em apreço, também ele um couraçado, foi lançado à água em 1901 (pelos estaleiros virginianos da Newport News Shipbuilding) e esteve activo -na armada dos Estados Unidos- até 1919, ano em que foi enviado para a sucata. Pertencia à classe 'Maine' e foi o segundo navio da frota norte-americana a homenagear «a Mãe do Oeste», um dos cognomes pelo qual é conhecido o estado de Missouri. Este couraçado deslocava 13 500 toneladas e media 120 metros de comprimento por 22 metros de boca. Podia navegar a uma velocidade superior a 18 nós. Com uma guarnição avizinhando os 600 homens (oficiais incluídos), o «Missouri» estava poderosamente blindado e estava armado com 4 canhões de 305 mm, com 16 outros de 152 mm e com mais 6 de 76 mm. Estas peças constituíam, com os seus lança-torpedos de 460 mm, o seu armamento principal. Afectado à Frota do Atlântico Norte, este navio começou a sua carreira de maneira desastrosa, já que, em 1904, quando efectuava as provas de mar, foi teatro de um acidente (no paiol de munições) que quase causou a sua perda. Depois de ter cumprido uma missão no Mediterrâneo e de ter visitado a Jamaica (onde a sua guarnição teve a ocasião de prestar apoio à população local, aquando do terramoto de Janeiro de 1907), o «Misouri» participou no cruzeiro da chamada Grande Frota Branca que, entre 16 de Dezembro de 1907 e 22 de Fevereiro de 1909, fez uma triunfal viagem à volta do Mundo, para demonstrar o poderio naval dos 'states'. Cuja ambição era, nessa altura e nessa matéria, colocar-se ao nível da 'Royal Navy'. Em 1912, este navio esteve em Cuba, ilha onde desembarcou uma força de fuzileiros. Antes da eclosão da Grande Guerra, este couraçado ainda deu formação de oficial a vários cursos de aspirantes. Missão que repetiu, em Chesapeake Bay, já depois dos Estados Unidos da América terem declarado guerra aos Impérios Centrais. Na sequência, como é sabido, do afundamento do paquete «Lusitania», em cujo naufrágio (por torpedeamento) se perderam muitas vidas de cidadãos americanos. Em 1917, a sua vetustez colocou o navio fora das operações de primeira linha. No imediato pós-guerra, o «Missouri» fez quatro viagens a Brest (Bretanha), de onde repatriou milhares de soldados, que se haviam batido nos campos de batalha de França. Foi desmantelado (no ano de 1922, em Filadélfia) no âmbito do Tratado Naval de Washington, que limitava a tonelagem das grandes armadas.

sábado, 11 de janeiro de 2014

«ARKA NOEGO»

Este pequeno navio da armada polaco-lituana foi construído num desconhecido estaleiro do mar Báltico por volta de 1625. Serviu na supracitada frota até 1632, ano em que foi capturado pela Suécia; contra a qual lutara gloriosamente no decorrer de duas batalhas : a de Hel, ocorrida a 17 de Maio de 1627 e a de Oliwa, que se travou no dia 28 de Novembro desse mesmo ano. Estes combates desenrolaram-se no quadro das hostilidades entre estas duas potências do Báltico -Suécia e Polónia- provocadas por questões dinásticas e aquando do bloqueio do porto de Gdansk. O «Arka Noego» (cujo nome significa 'Arca de Noé') era um navio de 180 toneladas, que estava armado com 16 peças de artilharia de fraco calibre. No decorrer das referidas batalhas navais, dispôs, para além da sua guarnição normal de 35 homens, de uma força de infantaria de marinha composta por 50/70 elementos. Capturado em Janeiro de 1632, após a conquista de Wismar pelo exército sueco, o «Arka Noego» foi incorporado na armada do adversário com o nome de «Vita Hunden». As últimas notícias referenciando este histórico navio datam do ano de 1636, ano em que foi desmobilizado pela armada real sueca e vendido a um armador particular. Depois dessa data perdeu-se-lhe o rasto...

domingo, 5 de janeiro de 2014

«AUSONIA»

Lançado à água a 5 de Agosto de 1956 pelos Cantieri Reuniti dell'Adriatico (de Monfalcone), este navio -encomendado pela companhia Adriatica Lines- destinava-se, inicialmente, a servir numa carreira que partia de Trieste e fazia escala nos portos intermediários de Veneza, Brindisi, Alexandria, Beirute, Pireu (Atenas) e Bari. O «Ausonia» permaneceu nesse trajecto durante algum tempo, alternando (até 1978) essas viagens com cruzeiros no Mediterrâneo. Depois de ter sido sujeito a grandes trabalhos de modernização, que aumentaram o numero de passageiros de 530 para 690, o «Ausonia» foi posto à venda. Com 11 879 toneladas de arqueação bruta, este bonito navio de passageiros media 160 metros de comprimento por 21,30 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por turbinas a vapor, cuja potência lhe permitia navegar à velocidade de cruzeiro de 25 nós. A sua tripulação nunca ultrapassou os 215 elementos, mesmo quando, no final da sua carreira, este navio viu a sua capacidade alargada para 750 passageiros. O «Ausonia» é um belo exemplo de longevidade, pois navegou durante 52 longos anos ao serviço do seu primeiro e identificado armador (que chegou a fretá.lo à First Choice Holidays, durante 4 anos) e mais tarde -entre 1978 e 1998- com as cores de Itália Crociere Internazionali. De 1998 a 2005 arvorou o pavilhão do armador Louis Cruise Lines, que registou o navio em Chipre e que lhe substituiu o nome de origem pelo de «Ivory». De 2005 a 2009, o navio integrou a frota da Golden Star Cruises, passando a denominar-se «Aegean Two». Em 2009, o antigo «Ausonia» foi retirado do activo, devido à sua evidente vetustez, e baptizado com o seu derradeiro nome de «Winner 5». O contrato de desmantelamento deste navio foi feito com uma companhia indiana de Alang, que iniciou as operações de corte no ano seguinte. Curiosidade : a foto mostra o «Ausonia» no início da sua carreira, navegando diante da monumental cidade de Veneza.