segunda-feira, 26 de agosto de 2013

«ORSOVA»

Paquete britânico construído, em 1953, nos estaleiros da firma Vickers Armstrong Ltd, de Barrow-in-Furness (Reino Unido), para a Orient Steam Navigation Company (Orient Line). Que, a partir de 1954, o colocou numa carreira regular entre a Inglaterra e a Austrália, que passava pelo canal de Suez e regressava à Europa pela mesma rota. Mas, em 1955, a viagem de retorno passou a fazer-se do Pacífico ao Atlântico pela via do canal de Panamá, com escalas em Auckland, Suva, Honolulu, Vancouver, San Francisco, Los Angeles, Trinidad e Cherburgo. Em 1965, este navio passou a usar as cores da companhia P & O (Peninsular and Oriental Steam Navigation), que o utilizou até à data da sua demolição, ocorrida em Taiwan, no ano de 1974. Além das referidas linhas regulares, o «Orsova» também participou em cruzeiros e, entre 1966 e inícios de 1970, esteve alugado à companhia de petróleos Gulf Oil Corporation, que o usou como navio-hotel, para alojar os trabalhadores que construíram o seu terminal da ilha de Whiddy, na Irlanda. Durante 20 anos, assinalou-se, apenas, um incidente de menor importância na vida deste paquete : um encalhe (que durou 12 horas) ocorrido em Port Phillip Bay (Melburne) no dia 24 de Maio de 1956. O «Orsova» é também conhecido por ter transportado, durante a década de 60 (do século passado, obviamente) milhares de emigrantes europeus -sobretudo italianos e gregos- para a Austrália. O «Orsova» apresentava-se como um navio com 28 790 toneladas de arqueação bruta, medindo 220 metros de comprimento por 28 metros de boca. O seu aparelho propulsor desenvolvia uma potência de 45 000 shp, o que lhe autorizava uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 22 nós. O «Orsova» foi o primeiro navio de passageiros de grande porte a ter o casco inteiramente soldado. Com uma tripulação (anglo-goesa) de 620 membros, este paquete podia receber a bordo, em camarotes totalmente climatizados, 694 passageiros de 1ª classe e 809 de classe turística. Curiosidade : o seu designativo evocava o nome de uma importante cidade portuária da Roménia, situada no curso do rio Danúbio.

domingo, 25 de agosto de 2013

«ÉTOILE MOLÈNE»

'Dundee' concebido para a pesca ao atum, o «Etoile Molène» foi construído, em 1954, no Chantier Tertu, de Camaret, na Bretanha. Depois de, durante muitos anos, ter desenvolvido a sua actividade no golfo da Biscaia e de também ter praticado a pesca de arrasto no mar da Irlanda, este bonito veleiro foi abandonado no porto de Douarnenez. Onde acabou por ser descoberto por Bob Escoffier, que o comprou e restaurou completamente. Transformado em unidade de turismo, o «Étoile Molène» foi registado no porto de Saint Malo e integrado na frota da empresa Étoile Marine Croisières, fundada pelo supracitado Escoffier, personagem muito conhecida no mundo dos desportos náuticos. Este belo navio (com casco em madeira), que já percorreu a famosa Rota do Rum e que tem marcado presença nas 'Armadas' de Rouen, desloca 125 toneladas e mede 35 metros de comprimento fora a fora por 6,5 metros de boca por 3,80 metros de calado. As 6 velas envergadas pelos seus 2 mastros apresentam uma superfície total de 450 m2. O seu sistema propulsivo compreende, igualmente, um motor auxiliar de 220 cv. O «Étoile Molène» pode receber 28 pessoas a bordo para cruzeiros de 1 dia e tem 8 cabines (duplas e triplas) que podem acolher 18/20 passageiros para viagens mais longas. Dispõe de 2 casas de banho. A sua tripulação fixa é de 2 homens, que são marinheiros experimentados. Este bonito veleiro francês distingue-se pelas suas velas brancas e em dois tons de amarelo. Curiosidade : o 'dundee', tipo a que pertence a embarcação em apreço, apareceu nos mares da Mancha e do Norte em finais do século XIX. O seu mastro de vante arvorava o aparelho propulsivo, enquanto o 'tapecul' (as velas do mastro de mezena) servia, essencialmente, como dispositivo de equilíbrio da embarcação e de ajuda nas manobras.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

«ORAO»

Cargueiro de bandeira jugoslava, torpedeado e afundado -no dia 12 de Outubro de 1940- pelo submarino «Enrico Tazzoli», da armada da Itália fascista. O «Orao» foi construído, em 1919, nos estaleiros britânicos da empresa Greenock & Dockyard Grangemouth Cº com o primitivo nome de «Beechpark»; que usou até 1937. Depois disso, ainda navegou, durante dois anos, com o designativo «Ger-Y-Bryn» (também sob pavilhão da Grã-Bretanha), até que, em 1939, foi vendido ao armador balcânico Jugoslavenska Plovidba DD, de Susak. Destinado à carga geral, o «Orao» era um navio com 5 135 toneladas de arqueação bruta, que media 122 metros de comprimento por 15,90 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina a vapor de tripla expansão (potenciando 517 nhp) e com 1 hélice, que lhe permitiam vogar à velocidade máxima de 11 nós. Aquando do seu afundamento, o navio navegava de Bahía Blanca (Argentina) para o Reino Unido com um carregamento de trigo. Parece que, após o seu inopinado encontro com o seu mortal agressor, o «Orao» violou as leis da neutralidade, comunicando a sua posição e, obviamente, as do submarino italiano para Gibraltar. O que terá provocado a reacção agressiva do comandante do submersível. As fontes consultadas não referem o número de vítimas (se as houve) causadas pelo afundamento deste navio jugoslavo. Nota : a imagem anexada figura aqui a título puramente simbólico, nada tendo a ver, pois, com o naufrágio do «Orao»; navio cuja fotografia ou silhueta não conseguimos encontrar para ilustrar estas linhas que lhe são consagradas.

«NATAL»

O «Natal» foi o primeiro de uma série de sete paquetes mistos (vela/vapor) construídos para assegurar as linhas regulares entre a França e o Extremo Oriente e a Austrália. Refira-se, a título de curiosidade, que os outros navios da série se chamaram «Melbourne», «Calédonien», «Sydney», «Salazie», Yarra» e «Océanien». O «Natal» foi construído, em 1881 pelos estaleiros navais de La Ciotat para a casa armadora Messageries Maritimes, de Marselha. A sua viagem inaugural iniciou-se a 5 de Fevereiro de 1882. Após três viagens à Austrália, o paquete «Natal» passou a operar na rota Marselha-China, na qual se manteve até 1897. No dia 1º de Novembro de 1889, quando navegava no mar da China, entre Hong Kong e Saigão, este navio foi assaltado por um medonho tufão, que quase o fez soçobrar. Também esteve, em períodos diversos da sua carreira e no interesse do seu armador, na linha do Mediterrâneo oriental e na do oceano Índico. Em 1900, foi adaptado ao transporte de tropas e assegurou o transporte de militares para a China, aquando da chamada Guerra dos Boxers. O navio desempenhou a mesma função a partir de 1914 (depois da eclosão do primeiro conflito generalizado), tendo participado na campanha dos Dardanelos, na evacuação do exército sérvio de Corfu para Salónica e no transporte de tropas senegalesas para a frente oriental. Em 30 de Agosto de 1917 (ainda em plena guerra), este navio -que se dirigia para Madagáscar, via canal de Suez- afundou-se diante de Marselha, após ter colidido acidentalmente com o vapor «Malgache». Esse desastre ocasionou a morte de 105 pessoas (passageiros e membros de equipagem), entre as quais se contou a do seu próprio comandante. Os restos do «Natal» repousam no fundo do Mediterrâneo, a 127 metros de profundidade, ao largo do farol de Planier. Na sua versão de origem, o «Natal» (que sofreu várias modernizações ao longo do seu tempo de vida) apresentava-se como um navio com 6 150 toneladas de deslocamento, medindo 130,75 metros de comprimento por 12,10 metros de boca. A sua máquina a vapor desenvolvia uma potência de 3 400 cv, força que lhe permitia vogar à velocidade máxima de 12 nós. Este paquete podia, então, receber a bordo um pouco mais de 200 passageiros, 90 dos quais em 1ª classe. A imagem anexada é representativa do «Natal» nos seus primeiros tempos de actividade.

«PIAKO»

O «Piako» era um bonito veleiro com casco de aço e com 3 mastros aparelhados em galera. Construído em 1876 pelos estaleiros navais da firma Alexander Stephens & Sons, de Glásgua, para a New Zealand Shipping Cº, este navio apresentava uma arqueação bruta de 1 075 toneladas e media 65,60 metros de comprimento por 10,40 metros de boca. Concebido para o comércio com os territórios da Oceânia sob autoridade britânica  (principalmente com a Nova Zelândia), o «Piako» transportou para essas longínquas terras produtos manufacturados na Europa e milhares de emigrantes. Só para a Nova Zelândia contabilizam-se 17 viagens, desde a sua estreia até 1890. A mais rápida de todas elas foi efectuada em, apenas, 76 dias e 12 horas entre Plymouth e Port Chalmers, pela rota do cabo Horn. Esse record foi batido logo no primeiro ano de actividade do navio sob as ordens de W. B. Boyd, o seu mais famoso capitão. Em 1878, em pleno oceano Atlântico, o «Piako» foi teatro de violento incêndio, durante o qual se chegou a temer pela vida da sua equipagem e dos seus 288 passageiros, quase todos eles emigrantes chamados a povoar a Nova Zelândia. O navio pôde, no entanto, atingir a costa brasileira do Pernambuco, onde permaneceu seis semanas para reparar os danos. Que afectaram o próprio navio mas também a carga mercantil transportada. Curiosamente, um outro incêndio, de menores dimensões e consequências, ocorreu a bordo no ano seguinte, quando o «Piako» cruzava as águas do golfo de Biscaia. Mas, neste caso, o fogo foi rapidamente dominado pela tripulação do veleiro. Esta galera foi vendida, em 1890, ao armador alemão J. E. Schaffer, de Elsfleth, e desapareceu, em data incerta do ano de 1900, durante uma viagem programada entre Melburne e Capetown. O «Piako» transportava, aquando dessa sua funesta viagem, mantimentos para o exército britânico implicado na Guerra dos Boers. Curiosidade : o nome deste navio aludia a um rio néo-zelandês da Ilha do Norte.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

«REINA CRISTINA»

Cruzador protegido da armada espanhola. Pertenceu à classe que levou o seu nome e que compreendeu mais dois navios : o «Alfonso XII» e o «Reina Mercedes». O «Reina Cristina» foi construído nos estaleiros do Ferrol, que o lançaram à água em 1886. Mas só foi dado como concluido em Abril de 1890. Foi assim baptizado em honra da rainha Maria Cristina de Habsburgo-Lorena, segunda esposa de Afonso XII de Espanha. Em 1891 foi encaminhado para as Filipinas, então colónia espanhola, onde cumpriu praticamente toda a sua carreira operacional. Esteve também no arquipélago das Carolinas, aquando de uma crise provocada pelo império alemão. De regresso dessa missão, encalhou ao largo de Ilo-Ilo, sofrendo alguns danos materiais e perdendo dois marinheiros. No dia 1º de Maio de 1898, aquando da guerra Hispano-Americana -que se estendeu de Cuba às Filipinas e às possessões hispânicas do Pacífico- o «Reina Cristina» (que era o navio-almirante de Montojo y Pasarón) foi o alvo privilegiado de todos os navios ianques que participaram na batalha naval de Cavite. Criblado de metralha, este cruzador incendiou-se e afundou-se com grande número de baixas. Os seus restos foram reemergidos em 1903 e desmantelados. O «Reina Cristina» deslocava 3 900 toneladas e media 84,80 metros de comprimento por 15,20 metros de boca. O seu calado era de 5 metros. O sistema propulsivo deste navio era misto, já que compreendia 1 máquina a vapor (com 4 100 cv de potência) e 1 hélice e 3 mastros equipados com o respectivo velame. Este cruzador -que tinha uma guarnição de 380 homens- podia navegar à velocidade máxima de 13 nós. Do seu armamento destacavam-se 6 canhões de 160 mm, 3 de 57 mm e 6 outros de 37 mm, para além de metralhadoras e 5 tubos lança-torpedos.

«LOCH LAGGAN»

Este veleiro foi construído em aço pelos estaleiros escoceses da firma Barclay, Curle & Cº, de Glásgua, em 1872. Usou o primitivo nome de «America» até  à sua aquisição e integração na frota da companhia Loch Line, passando, então, a ser designado por «Loch Laggan». Destinado à carga geral e ao transporte de emigrantes, esta belíssima galera de 3 mastros apresentava uma arqueação bruta de 1 504 toneladas e media 74 metros de comprimento por 11,50 mestros de boca. O seu calado atingia os 6 metros. Colocado nas carreiras entre a Grã-Bretanha e as longínquas terras da Austrália e da Nova Zelândia, o «Loch Laggan» poderia ter tido uma vida sem sobressaltos, a exemplo do que aconteceu a muitos dos seus congéneres. Quis o destino, porém, que este veleiro fosse o protagonista de um destino funesto; que começou a desenhar-se no dia 1º de Outubro de 1875, quando zarpou -para a sua derradeira e funesta viagem- do porto de Liverpool rumo a Melburne. Como era rotineiro, naquele tempo, os navios com destinos às terras austrais da Oceania rumavam ao Atlântico sul, dobravam o cabo da Boa Esperança e, daí -para aproveitarem ventos favoráveis- seguiam uma rota que os aproximava das frígidas águas do Oceano Glacial Antárctico. Que encerravam alguns perigos, como, por exemplo, fortes tempestades e o cruzamento com temíveis icebergues. Foi, pois, algures nessa zona, que o «Loch Laggan» desapareceu, em data desconhecida, com os seus 38 membros de equipagem. Que nunca mais deram sinais de vida... Curiosidade : a Loch Line, proprietária do navio em apreço, chegou a manter uma frota de 25 grandes veleiros, todos eles vocacionados para as viagens de longo curso.

«CONDE GRANDE»

Este paquete italiano foi construído em 1927 nos estaleiros do Stabilimento Tecnico Triestino por encomenda da companhia Lloyd Sabaudo. Deslocava 15 661 toneladas e media 199 metros de comprimento por 13,80 metros de boca. O seu propulsor desenvolvia 24 000 h.p., força que lhe permitia navegar à velocidade de 20 nós. Colocado no serviço comercial em 1928, a sua viagem inaugural iniciou-se a 13 de Abril desse ano numa linha do seu armador que partia de Génova, fazia escala em Nápoles e terminava no porto de Nova Iorque. Em 1932, depois de passar a ostentar as cores da Italia-Società di Navigazione, este navio foi colocado na linha da América do sul. Em 1940, por causa da 2ª Guerra Mundial, o navio esteve retido no porto de Santos, no Brasil, e, em 1942,  foi cedido ao governo dos E.U.A., que o mandou adaptar ao transporte de tropas e lhe deu o nome (temporário) de USS «Monticello» com o indicativo de amura AP-61. Após transformação, o ex-«Conde Grande» ficou com capacidade para receber a bordo 7 800 militares. Esteve em várias campanhas, nomeadamente na do norte de África, na da Índia-Birmânia-China, na do Pacífico e na da Europa, para onde transferiu muitos milhares de combatentes norte-americanos e de outras nacionalidades das potências aliadas. A sua acção ao serviço da armada dos Estados Unidos concorreu para que lhe fosse atribuída uma prestigiosa condecoração e o reconhecimento oficial dessa instituição. Em 1947, o navio foi devolvido ao seu armador de origem e voltou a usar o seu primitivo nome. Depois das indispensáveis reparações e readaptação ao transporte civil (muito mais exigente), este navio voltou à linha da América do sul, onde operou (sobretudo no encaminhamento de emigrantes para o Brasil e para a Argentina) até ao seu desmantelamento, ocorrido no ano de 1961. o paquete em apreço teve um gémeo baptizado com o nome de «Conde Biancamano».

sábado, 10 de agosto de 2013

«ASTROLABE»

O navio «Astrolabe» -que se chamou, precedentemente, «Autruche»- foi construído num estaleiro naval do Havre em 1781. Adquirido pela armada francesa, este navio mercante foi transformado, armado com algumas peças de artilharia e integrado na marinha de guerra de Luís XVI, onde recebeu a classificação de fragata e o seu derradeiro nome. Deslocava cerca de 500 toneladas e media 38,70 metros de comprimento por 8,50 metros de boca e 5 metros de calado. Foi guarnecido com uma equipagem de 100 homens. Integrou uma frota de dois navios (o outro chamou-se «Boussole») colocada sob o comando supremo de Jean-François Galaup, conde de La Pérouse; que o rei de França (admirador das viagens científicas organizadas pelos britânicos) mandou numa viagem de exploração à volta do mundo. O «Astrolabe» teve por capitão, durante essa viagem que terminou tragicamente, Paul Antoine Fleuriot de Langle. Os dois navios da expedição embarcaram vários cientistas e artistas, que deveriam interpretar a natureza das descobertas a fazer e ilustrar as peripécias da projectada viagem de circum-navegação. Depois de um longo périplo que levou o «Astrolabe» (mái-lo «Boussole») até paragens tão distantes como a ilha de Páscoa, o Hawai, Macau, as Filipinas a Coreia e o litoral da Sibéria, a expedição dirigiu-se para sul, onde se perdeu o seu rasto. A descoberta dos restos do «Astrolabe» e do outro navio da esquadra de La Pérouse só seriam descobertos muitos anos mais tarde nas costas da ilha de Vanikoro, nas Novas Hébridas. Presume-se que estes navios franceses se tenham afundado ali na sequência de uma tempestade e que os sobreviventes do duplo naufrágio tenham sido massacrados pelas populações locais. Curiosidades : o grande navegador Dumont d'Urville, que comandou uma das expedições para encontrar os restos dos veleiros de La Pérouse, batizou os seus dois navios com os nomes de «Astrolabe» e «Boussole»; o funesto destino da expedição de La Pérouse é tema de um capítulo de «20 000 Mil Léguas Submarinas», um dos fantásticos romances de Júlio Verne.

«ATLÂNTICO»

Este navio misto (vapor/velas) foi o primeiro adquirido para a frota da Empresa Insulana de Navegação, companhia de transportes marítimos que, em Dezembro de 1871, sucedeu à Lusitana, uma sucursal portuguesa da firma britânica Bayley & Leetham. Este navio passou a garantir uma carreira regular entre Portugal continental e o arquipélago dos Açores, em conformidade com um contrato estabelecido entre o seu armador e o Estado. O «Atlântico», que se apresentava com uma arqueação bruta de 1 032 toneladas, media 67,60 metros de comprimento por 8,10 metros de boca. Foi construído nos estaleiros J. Key, de Kinghorn, na Grã-Bretanha, que o lançaram à água no dia 28 de Junho de 1866. Propriedade da Union Steam Ship Company, foi registado pela primeira vez na capitania do porto de Southampton, usando o primitivo nome de «Dane». Quando passou a hastear o pavilhão azul e branco do Reino de Portugal, o navio estava preparado para acolher 110 passageiros em condições de conforto relativamente boas. O sistema propulsivo do «Atlântico» era constituído por 1 máquina a vapor e por 1 hélice, mas também pelo pano redondo e latino arvorado pelos seus 2 mastros. O seu historial (na realidade, pouco conhecido) refere uma colisão no estuário do Tejo -em 14 de Maio de 1877- com uma embarcação que não conhecemos. O «Atlântico» da E.I.N. manteve-se na carreira dos Açores até 1877, ano em que foi substituído por um navio mais moderno.

«SANTARÉM»

Este navio mercante (passageiros/carga) pertenceu à frota da companhia de navegação alemã Norddenstcher Lloyd, onde usou o primitivo nome de «Eisenach». Foi construído em Vegesack, pela firma Bremer Vulkan, que o lançou à água no dia 23 de Junho de 1909. Colocado nas linhas do Mediterrâneo e da América do sul (Bremen-Buenos Aires, via Boulogne-sur-Mer, Lisboa, Funchal, portos brasileiros), este navio refugiou-se em 1914 no porto de Recife, para evitar a sua captura ou o seu afundamento pelas unidades da marinha de guerra britânica. Ali esteve inactivo até 1917, ano em que foi apresado pelas autoridades locais. Depois de ter servido algum tempo nas linhas costeiras do Brasil, este navio foi alugado à Flotte d'État (propriedade do governo francês), que o utilizou -sob bandeira brasileira- na linha Marselha-Nova Iorque. Em 1922 o «Santarém» foi devolvido ao Lloyd Brasileiro. Em 1947, já depois do armistício da 2ª Guerra Mundial, este navio foi, de novo, alugado ao estrangeiro, desta feita à casa armadora Itália-Società di Navigazione. No seu historial consta um acidente, ocorrido em 1952 ao largo da cidade de Cabo Frio, durante o qual este navio afundou o transporte militar LCT «Rio Anil». Em 1960, o «Santarém», com mais de meio século de uso, foi vendido a um industrial de ferro velho e desmantelado (em 1962) num estaleiro do Rio de Janeiro. A sucata do navio foi vendida à Companhia Siderúrgica Nacional para reaproveitamento do aço. Principais características do «Santarém» : 6 757 toneladas de arqueação bruta; 127,90 metros de comprimento por 16,53 metros de boca. Propulsão assegurada por 2 máquinas a vapor de quádrupla expansão e por 2 hélices. Potência global de 3 250 cv. 11 nós de velocidade de cruzeiro. Capacidade para receber 950 passageiros, 50 dos quais em 1ª classe. Este navio teve um gémeo baptizado com o nome de «Coburg» e ambos gozaram da reputação, no tempo em que navegavam para a Lloyd germânica, de oferecer um conforto muito apreciado pelos seus passageiros. Eram tidos, além disso, como navios com qualidades náuticas excepcionais.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

«SCHLESWIG-HOLSTEIN»

Navio da armada imperial alemã e, posteriormente, da marinha de guerra nazi. Famoso por ter disparado o primeiro tiro de canhão da 2ª Guerra Mundial. O «Schleswig-Holstein» foi um dos cinco couraçados pré-'Dreadnought' -da classe 'Deutschland'- construídos no início do século XX. Foi lançado à água a 17 de Dezembro de 1906 pelos estaleiros Germaniawerft, de Kiel. Mas só em 1908 foi integrado na frota, numa altura em que a sua tecnologia já era considerada obsoleta. Ainda assim, tomou parte (integrado na 2ª Esquadra de Alto Mar) nos combates da Grande Guerra, nomeadamente na mortífera batalha da Jutlândia. Após esse formidável embate contra os navios da 'Royal Navy', este couraçado foi retirado da primeira linha e comissionado para executar patrulhas na foz do rio Elba até 1917. Ano em que foi retirado do serviço activo. Por disposição do Tratado de Versalhes, o «Schleswig-Holstein» foi um dos raros vasos de guerra que a Alemanha vencida pôde conservar. Modernizado por três vezes (1926, 1931 e 1936), esta unidade serviu, até 1939, como navio-escola e como bateria flutuante. No dia 1º de Setembro de 1939 -data oficial do início do segundo conflito generalizado- o «Scheleswig-Holstein», que se encontrava em visita de cortesia ao porto de Dantzig, bombardeou o depósito de armamento polaco da Westerplatte. E três centenas de membros da sua guarnição (entre os quais se encontravam 225 fuzileiros) tomaram parte na tomada da cidade. Colocado, de novo, na reserva, este couraçado foi gravemente atingido, a 18 de Dezembro de 1944, pela aviação britânica e afundado, pela sua equipagem, aquando da chegada à Alemanha das tropas soviéticas. Recuperado pelos russos, o navio hasteou a bandeira da U.R.S.S. por um período bastante curto. Terminou os seus dias como navio-alvo da armada vermelha em 1955. O «Schleswig-Holstein» apresentava as seguintes características antes de sofrer a sua primeira modernização : 14 218 toneladas de deslocamento em plena carga; 127,60 metros de comprimento por 22,20 metros de boca. O seu sistema propulsivo compreendia 3 máquinas a vapor de tripla expansão e 12 caldeiras; conjunto que desenvolvia uma potência de 19 330 cv e que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 18 nós e de dispor de um raio de acção de 4 800 milhas náuticas. A sua blindagem variava dos 40 mm de espessura no convés até aos 400 mm na torre de comando. Do seu armamento constavam 4 canhões de 280 mm, 14 de 170 mm, 22 de 88 mm e 6 tubos lança-torpedos de 450 mm. A sua guarnição era composta por 743 homens, dos quais 35 pertenciam ao corpo de oficiais.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

«HAMMANN»»

Este navio era um contratorpedeiro da armada dos Estados Unidos, pertencente à classe 'Sims'. Foi construído pelos estaleiros da empresa Federal Shipbuildind and Drydock Cº, de Newark, que procedeu ao seu lançamento no dia 11 de Agosto de 1939. O seu patrono foi o tenente aviador Charles Hammann, da aeronaval, que morreu em combate durante a Grande Guerra e que recebeu, pelos seus actos heróicos e a título póstumo, a prestigiosa Medalha de Honra do Congresso. A sua viúva foi a madrinha do navio em apreço. O «Hammann» (que ostentava o número de amura DD-412) deslocava 1 570 toneladas e media 106 metros de comprimento por 11 metros de boca. Era um navio muito veloz, podendo atingir pontas da ordem dos 35 nós, graças ao seu sistema propulsor que desenvolvia uma potência de 50 000 cv. A sua autonomia era de 6 500 milhas náuticas com andamento limitado a 12 nós. A sua guarnição era composta por 192 oficiais, sargentos e praças. Do armamento principal deste navio constavam 4 peças de 127 mm, 8 tubos lança-torpedos de 533 mm e dispositivos para arremesso de cargas de profundidade. Durante os seus dois primeiros anos de vida operacional, o «Hammann» cumpriu missões de patrulha das costa dos E.U.A., tanto no Atlântico como no Pacífico. Quando a base aeronaval de Pearl Harbour foi atacada -a 7 de Dezembro de 1941- pelos japoneses, este navio, que se encontrava na Islândia, foi enviado para o teatro de operações e integrou a 'Task Force' 17 colocada sob as ordens do almirante Fletcher. Participou (em Maio de 1942) na renhida batalha do Mar do Coral (da qual saiu incólume) e um mês depois, nos combates de Midway. Durante os quais prestou socorro à tripulação do porta-aviões «Yorktown», destruído pelos nipónicos. O mesmo submarino japonês («I-168») que afundou o supracitado navio, também causou a perda do «Hammann», que foi atingido à popa por um torpedo, que o partiu em dois. O contratorpedeiro norte-americano, que explodiu, soçobrou em apenas 4 minutos, desaparecendo nas profundezas do oceano descoberto e baptizado por Magalhães com 80 membros da sua equipagem. O seu comandante, que sobreviveu à tragédia, foi condecorado e o navio (desaparecido) recebeu do Comando Naval duas 'Battle Stars'.

«DUMONT D'URVILLE»

Este navio é um 'batral' (unidade ligeira de transporte) da armada francesa e pertence à classe Champlain. Foi lançado à água em Novembro de 1981 pelos estaleiros navais de Grand Quevilly (Chantiers de Normandie), empresa que realizou vários navios similares para a marinha nacional, mas também para as armadas de Marrocos e da Costa do Marfim. Tal como os seus congéneres, o «Dumont d'Urville» desloca 1 400 toneladas (em plena carga) e mede 80 metros de comprimento por 13 metros de boca. O seu calado é de 3,50 metros. De natureza anfíbia, este navio é capaz de encalhar voluntariamente numa praia para descarregar veículos militares (tanques, camiões, etc) e material diverso. A sua propulsão é assegurada por 2 máquinas diesel e por 2 hélices de passo variável, que lhe garantem uma velocidade de cruzeiro de 14 nós e uma autonomia de 4 500 milhas náuticas. O «Dumont d'Urville» dispõe de artilharia defensiva, constituída por 2 peças AA de 20 mm, por 2 metralhadores de 12,7 mm e por 3 outras de 7.62 mm. A sua guarnição é de 55 homens (oficiais incluídos), mas o navio pode receber uma companhia de 120 combatentes, para além dos seus veículos. Tem pista para helicópteros. Este 'batral' está vocacionado para as operações interarmas, acolhendo, frequentemente, a bordo tropas do exército. Toda a vida operacional deste navio (cujo indicativo de amura é L9032) se tem desenrolado nos departamentos e territórios ultramarinos da França : Polinésia, Nova Caledónia, Antilhas, mas também -no decorrer de missões humanitárias- em Haiti e noutros países estrangeiros. A sua base actual, é (desde 2010) Fort-de-France, na ilha da Martinica. Os navios deste tipo chegaram ao fim da sua carreira operacional e estão, progressivamente, a ser retirados do activo.  Curiosidades : o nome deste navio presta homenagem a um ilustre navegador francês dos séculos XVIII e XIX; o responsável por este blogue conhece bem este navio e outros da sua classe, por ter colaborado na sua construção.

«PATRIS»

Vapor de rodas construído em 1860 nos estaleiros de Charles Lungley & Company, de Londres. Com casco de aço, o «Patris» deslocava 641 toneladas e media 66,20 metros de comprimento por 8,30 metros de boca. Estava equipado com 2 máquinas 'compound', que desenvolviam uma potência global de 120 hp, e com 2 mastros que arvoravam pano redondo e latino, numa configuração a que os ingleses chamam 'barquentine'. A altaneira chaminé (que culminava quase a meio mastro) estava situada, sensivelmente, a meia nau.  Este navio, que se chamou primitivamente «King Otton», foi vendido à companhia de navegação grega Hellenic Steam Shipping & Cº, de Syra e navegou, essencialmente, no Mediterrâneo oriental. A 21 e Fevereiro de 1868, o «Patris» (concebido para o transporte e passageiros e frete) encalhou nuns rochedos junto da baía de Kunturas, na ilha de Kea (Ciclades), e foi, pouco depois arrastado para o largo, onde naufragou. O acidente foi causado por intenso nevoeiro, que desnorteou o piloto do navio. O seu casco (fracturado em duas partes) e outros destroços foram encontrados a 55 metros de profundidade. Várias relíquias do navio foram emergidas e estudadas. E um documentário (premiado internacionalmente) foi rodado sobre as visitas dos arqueólogos submarinos aos destroços do «Patris». O filme em questão foi feito com a colaboração do Museu do Património  Industrial, do município de Syros, do Instituto Nacional de Pesquisa e do Departamento de Antiguidades Subaquáticas, sob a supervisão do Ministério da Cultura da Grécia.