quinta-feira, 30 de outubro de 2014

«GROSSER KURFÜRST»


Paquete alemão, que navegou, durante 14 anos, com as cores da companhia Norddeutscher Lloyd, de Bremen. Construído em 1899 no estaleiro naval da firms F. Schichau de Dantzig (hoje Gdansk, na Polónia), este navio com 13 182 toneladas de arqueação bruta, medind0 177 metros de longitude por 19 metros de boca, podia receber cerca de 3 000 passageiros a bordo. Sendo que 2 200 -geralmente emigrantes- viajavam no porão, nas condições deploráveis que se adivinham. Os camarotes (para 229 passageiros de 1ª; 317 de 2ª e 172 de 3ª classe) eram reservados a uma clientela com possibilidades económicas boas ou, pelo menos, razoáveis. Este navio fez a sua viagem inaugural para o Oriente asiático e Austrália, antes de ser colocado, a título permanente, na linha da América do norte (Bremen-Nova Iorque), que era então a mais rentável para as companhias de navegação europeias. O «Grosser Kurfürst» (navio que pertenceu à série encabeçada pelo «Barbarossa») era considerado de grande conforto e relativamente rápido pelos privilegiados que nele viajavam. E ao quais o navio em apreço oferecia, realmente, um serviço de excelente qualidade. Este paquete encontrava-se em águas territoriais dos Estados Unidos, quando, em 1914, rebentou a Grande Guerra. E foi confiscado pelos norte-americanos quando os 'states' e a Alemanha imperial se declararam -em 1917- mutuamente beligerantes e antagonistas. O navio -que recebeu o nome de USS «Aeolus»- foi, desde logo modificado, para poder funcionar como transporte de tropas. Durante a guerra e após o armistício, o navio apreendido transportou cerca de 50 000 combatentes; a caminho da frente ou de regresso a casa. Quando a sua missão militar terminou, o antigo navio germânico encetou uma nova vida (depois de uma passagem pelo estaleiro, para aí sofrer as necessárias modificações) com o nome de «City of Los Angeles» e, sucessivamente, com as cores do armador Munson e da Los Angeles Steamship Company, navegando nas rotas do Havaí e da América do Sul. Este navio -que fez três carreiras operacionais distintas- foi vendido, em 1937, a um sucateiro asiático e demolido, nesse mesmo ano, no Japão.

«FATHER'S DAY»

No dia 26 de Setembro de 1993, um navegador solitário de nacionalidade norte-americana, chamado Hugo Vihlen chegou a Falmouth (Cornualha, Inglaterra), depois de ter realizado com êxito  -e após 105 dias de viagem iniciada na Terra Nova- uma travessia à vela do oceano Atlântico. Nada de excepcional, não fora o facto da embarcação que ele utilizou -curiosamente chamada «Father's Day»- medir apenas 1,68 metro de comprimento ! Nessas circunstâncias, compreende-se melhor a proeza de Vihlen, que passou, desde logo, a deter o recorde do mundo da travessia entre a América e a Europa, feita com o mais pequeno barco do mundo. Esta odisseia foi relatada no seu livro (escrito com a colaboração de Joanne Kimbrlin) «The Stormy Voyage of Father's Day», que informa pormenorizadamente os leitores sobre o quotidiano do velejador durante os cerca de 4 meses que passou no mar, a bordo de tão minúscula embarcação. Onde o seu piloto só podia descansar dobrado em dois. Esta audaz personagem (que foi piloto de linha aérea), é useira e vezeira neste tipo de aventura solitária, visto já ter realizado, em 1968, uma  espectacular travessia do Atlântico (de Casablanca até à Florida) a bordo de «April Fool', um veleiro com 1,80 metro de comprimento. Ainda referentemente ao barco em apreço, convém dizer que o dito foi realizado na própria casa de Vihlen, que tem o casco em fibra de vidro e que foi equipado com um pequeno mastro e com uma vela latina, também ela, forçosamente, de dimensões reduzidas. O «Father's Day» ('Dia do Pai') foi oferecido, após a sua viagem transatlântica, ao Museu Marítimo de Falmouth, onde se encontra exposto.

«MAIPÚ»

Paquete pertencente à frota da Compañia Argentina de Navegación Dodero S. A., com sede em Buenos Aires. Foi construído, em 1951, nos estaleiros N. V. Koninklijke Maats 'De Schelde', de Vlissingen (Países Baixos). Era um navio com uma arqueação bruta de 11 515 toneladas, que media 149,40 metros de comprimento por 19,50 metros de boca e com um calado cotando 8 metros. Possuía motorização diesel (2 máquinas, desenvolvendo 10 000 cv de potência) e 2 hélices. A sua velocidade máxima era de 18 nós. Foi concebido para receber uma tripulação de 158 membros, embarcar grande volume de mercadorias diversas (incluindo 80 000 pés cúbicos de carga refrigerada) e acolher 729 passageiros, distribuídos por duas classes. Este navio era gémeo do «Alberto Dodero», propriedade do mesmo armador sul-americano. Foi colocado numa linha que unia a capital da Argentina a Hamburgo; mas logo na primeira viagem ao norte da Europa foi o triste protagonista de um desastre que levou ao seu soçobro e à perda da sua carga comercial. Esse acontecimento ocorreu no dia 4 de Novembro de 1951, no estuário do Weser, perto do porto alemão de destino, quando foi violentamente abalroado (devido a denso nevoeiro) pelo transporte de tropas norte-americano «General M. L. Hersey». O navio argentino afundou-se em um pouco mais de 1 hora. Lapso de tempo que permitiu organizar os socorros e resgatar com vida todos os seus tripulantes e passageiros. Depois de apuradas as responsabilidades, foram assacadas responsabilidades aos norte-americanos; que acabaram por indemnizar os armadores do «Maipú», assim como os respectivos tripulantes e passageiros prejudicados.

«ATLÂNTIDA»

'Ferry' construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (que o deram por concluído em 2009), por encomenda do Governo Regional dos Açores. Destinado a assegurar o tráfego interilhas, este navio apresenta 7 025 toneladas de arqueação bruta e as seguintes dimensões : 97,53 metros de comprimento (de fora a fora); 18 metros de boca; 5 metros de calado. Foi concebido para poder funcionar com uma tripulação de 38 membros e transportar 750 passageiros (em cabines e ou/espaços colectivos) e 107 veículos ligeiros e 8 autocarros. O acesso e a evacuação de passageiros e veículos faz-se através de uma rampa de popa e de portas laterais, situadas em ambos os flancos do navio. Do seu sistema propulsivo constam 2 máquinas diesel -com uma potência nominal de 3 553 kW- que proporcionam a este belíssimo navio uma velocidade máxima de 17,7 nós e uma autonomia de 220 horas. Por razões que pareceram, à generalidade da opinião pública, de baixa política, o comanditário recusou-se a tomar conta do navio, ao mesmo tempo que anulava a encomenda de um segundo 'ferry', o «Anticiclone». Essa decisão das autoridades açorianas (sob o falacioso pretexto do navio não cumprir a velocidade combinada) teve como desfecho quase imediato o colapso dos E.N.V.C. (que alegaram que a quebra de 'performances' do «Atlântida» resultou de numerosas alterações ao plano inicial exigidas pelo cliente), acabou com uma perda financeira de milhões e na dispersão de profissionais (técnicos e operários) experientes. Depois de uma tentativa lograda para vender o navio (pelo seu justo preço) à República da Venezuela, este foi entregue a um cliente estrangeiro por um preço infinitamente inferior ao seu valor comercial. Podendo, pois, dizer-se que o «Atlântida» foi vendido ao desbarato, à revelia dos interesses da nação. Mas isto da política é, como é obvio, assunto para outros espaços.

«FIRECREST»

Cúter construído em 1892 -segundo planos do arquitecto naval Dixon Kemp- no estaleiro PT Harris, de Rowhedge (Essex, Inglaterra). Deslocava 12 toneladas (?) e media 11,90 metros por 2,60 metros de boca. Equipado (como o são as embarcações do seu tipo) com um único mastro e com um longo gurupés, içava pano latino. O «Firecrest» tornou-se célebre pelo facto de ter sido adquirido pelo navegador solitário francês Alain Gerbault (um pioneiro dessa prática) e de, com ele, ter feito uma volta ao mundo; que durou de Abril de 1923 a Julho de 1929. Construído com madeiras de carvalho e de teca, este veleiro estava compartimentado em três secções estanques. A primeira delas, situada à vante, comportava a cozinha e dispensas; na segunda, au centro, funcionava a apertada cabine de navegação; e, na de popa, cabiam apenas dois beliches e um reservatório de água potável com uma capacidade de 75 litros. Disse-se deste extraordinário e pequeno veleiro, que aguentava -com a solidez de um 'clipper'- as mais violentas pancadas de mar. Algumas delas verdadeiramente assustadoras, tal como as descreveu Gerbault nos livros que deixou. Antigo piloto de aeroplanos -durante a Grande Guerra- e engenheiro civil de profissão, Gerbault (descendente de ricos industriais) praticava desportos, como o ténis, antes de se interessar pela navegação de lazer. Em 1923, ainda sem grande experiência na ciência náutica, partiu para Nova Iorque no «Firecrest», gastando 101 dias na travessia do Atlântico. Após uma breve interrupção, retomou (em Setembro desse mesmo ano) a viagem que passou pelo canal de Panamá, pelas ilhas Galápagos, pela Polinésia, por Madagáscar (depois de ter vencido o oceano índico), pelo cabo da Boa Esperança e pelos Açores. O navegador solitário francês chegou ao Havre em 1929, após uma memorável odisseia vivida nas águas dos três maiores oceanos do globo terrestre. Antes e durante a 2ª Guerra Mundial, depois de ter apostado na política colaboracionista do marechal Pétain, Gerbault voltou ao Pacífico numa outra embarcação, errando de ilha em ilha, como que farto da vida... Foi morrer de febres a Dilí (no então Timor Português e território ainda livre da ocupação nipónica), no dia 16 de Dezembro de 1941. Os seus restos mortais foram solenemente transferidos, em 1947, para Bora Bora, onde repousa à sombra de um monumento erigido para o homenagear. Por testamento, legou o famoso «Firecrest» à Escola Naval francesa. O célebre veleiro afundou-se, porém e em circunstâncias misteriosas, aquando da operação de reboque para o porto militar de Brest.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

«EDWARD B. WINSLOW»

Escuna de 6 mastros (e com casco em madeira) de bandeira norte-americana. Foi construída, em 1908, pelos estaleiros Percy & Small Shipyard, de Bath (Maine). O seu comanditário e primeiro armador foi a firma J. S. Winslow Company of  Portland, também ela sedeada no estado do Maine. Este imponente navio -que custou 170 000 dólares- apresentava 3 424 toneladas de arqueação bruta e media 97 metros de longitude por 15,20 metros de boca. O seu calado máximo era de 8,80 metros. Sob as ordens do seu primeiro mestre -capitão Henry W. Butler, um velho lobo do mar, nascido em Phippsburg- transportou carga comercial diversa entre os portos da costa leste dos 'states' e do Canadá.  O «Edward B. Winslow» teve uma carreira das mais tranquilas, até que, no dia 14 de Abril de 1915, protagonizou um abalroamento com o paquete «Caronia», da Cunard Line; incidente sem consequências graves para os dois navios. Em 1917, já com o mundo a braços com o primeiro conflito generalizado da História, esta gigantesca escuna (cujos mastros envergavam pano áurico/latino) foi vendida a um consórcio sedeado no Canadá : a France & Canada Steamship Co; que, em finais desse mesmo ano a fez atravessar o oceano, pela primeira vez, para entregar um carregamento de carvão, cobre e aço a um importador francês. A escuna venceu a distância América-Europa sem problemas, mas, quando se preparava para franquear a barra do rio Loire -no dia 10 de Julho desse mesmo ano de 1917- foi sacudida por uma tremenda explosão, seguida por um inextinguível incêndio. Que obrigou a sua tripulação (uns 12 homens) a encalhar o veleiro junto a Pornichet. O navio acabou por afundar-se em águas baixas, não havendo, no entanto, vítimas a lastimar. A opinião pública chegou a especular sobre a eventualidade da escuna «Edward B. Winslow» ter sido alvo de sabotagem por parte da espionagem alemã. O que nunca foi confirmado.

«GRAYLING»

Submarino da armada norte-americana, pertencente à classe 'Tambor'. Foi construído em 1940 pelo estaleiro Portsmouth Naval Shipyard, de Kittery, no estado do Maine. Deslocava 2 400 toneladas em imersão e media 93,62 metros de comprimento por 8,31 metros de boca. A sua propulsão (diesel/eléctrica) permitia-lhe navegar às velocidades máximas de 20,4 nós à superfície e de 8,75 nós em configuração de mergulho. Com andamento reduzido a 10 nós, esta máquina podia atingir um raio de acção da ordem das 11 000 milhas náuticas. Este submersível podia atingir profundidades (devidamente testadas) de 76 metros. Do seu armamento constavam 1 canhão de convés de 76 mm, 1 peça de 40 mm e 1 terceira de 20 mm. Para além, naturalmente, de tubos lança torpedos; que eram em número de 10 e podiam disparar munições de 533 mm. O «Grayling» tinha uma guarnição de 60 homens, dos quais 6 pertenciam ao quadro de oficiais. Este submarino (que usava o indicativo de amura SS-209) operou no oceano Pacífico durante a guerra contra os japoneses. A sua primeira vítima -o cargueiro nipónico «Ryujin Maru»- foi afundada a 27 de Março de 1942. Ainda nesse ano, este submarino norte-americano destruiu várias embarcações inimigas (sobretudo ao largo de Truk), totalizando 4 000 toneladas. Em 1943, o «Grayling» (nome de um peixe de água doce aparentado às trutas) obteve vários outros sucessos, afundando (na zona de combate das Filipinas) o «Ushio Maru» e o «Xangai Maru». A perda do SS-209 ocorreu no mês de Setembro de 1943 (presumivelmente no decorrer de um acto de guerra) numa data apontada entre os dias 9 e 12. A sua destruição nunca foi reivindicada pelos japoneses. Por feitos de guerra (20 575 toneladas afundadas durante 8 patrulhas), o «Grayling» recebeu várias distinções, nomeadamente 6 'Battle Stars'.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

«FUNCHAL»


O «Funchal» (primeiro do nome) foi um paquete de bandeira portuguesa, que esteve activo entre 1884 (ano da sua construção e entrada em serviço) e 1927. Tendo sido substituído -na frota da Empresa Insulana de Navegação, à qual pertenceu- pelo navio «Lima», propriedade da armadora desde 1922. O paquete em apreço foi realizado num estaleiro do Reino Unido, apresentava 1 743 toneladas de arqueação bruta e media 84,40 metros de comprimento por 10,50 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina a vapor de tipo 'compound' (com 2 caldeiras), desenvolvendo uma potência de 1 200 cv. Foi o primeiro navio português do seu género a dispor de iluminação eléctrica. O «Funchal» estava preparado para receber carga geral e 163 passageiros, assim distribuídos : 61 em 1ª classe, 32 em segunda e 70 em 3ª. Destinado, muito especialmente, à linha Lisboa-Açores-América do norte, este navio iniciou a sua viagem inaugural no dia 20 de Dezembro de 1884. Desmantelado em lugar e data não apurados.

domingo, 26 de outubro de 2014

«HÉBÉ»

Fragata de 38 canhões construída nos estaleiros de Saint Malo -no ano de 1782- para a armada francesa. Concebida pelo competente engenheiro naval Jacques-Noël Sané, foi a primeira da classe que tomaria o seu nome e da qual seriam construídos mais outros 5 navios, a saber : o «Vénus», o Dryade», o «Proserpine», o «Sibylle» e o «Carmagnole». Deslocava 1 063 toneladas e media 46,30 metros de comprimento por 11,90 metros de boca. O seu calado era de 5,50 metros. Estava dotada com 300 homens de equipagem. Esta fragata só passou dois curtos meses nas mãos dos franceses, já que foi apreendida pela 'Royal Navy' (ao largo da ilha de Wight), após um confronto com o vaso de guerra «Rainbow», de 48 canhões. A sua tomada pelos britânicos valeu, ao seu comandante uma apresentação em tribunal de guerra (reunido em Morlaix), instância que o condenou a 15 anos de cadeia e à degradação por incapacidade de comando. O navio (novinho em folha) foi imediatamente integrado na marinha real com o nome de HMS «Hebe» e, reconhecidas as suas capacidades, serviu de modelo para a construção da classe 'Leda', da qual foram realizadas 47 unidades. Uma delas chegou mesmo a ser capitaneada pelo futuro almirante Horácio Nelson. O navio capturado aos franceses em 1782 tomou um nome novo em 1805 : HMS «Blonde». Esta inovadora fragata hasteou a bandeira de guerra de Sua Majestade Britânica durante quase 30 anos. Foi desmantelada em 1811.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

«HYUGA»

Porta-aeronaves da moderna marinha de guerra japonesa. É um navio que desloca 19 000 toneladas em plena carga e que mede 197 metros de comprimento por 33 metros de boca. Construído pelos estaleiros da empresa IHI Marine United, de Yokohama, foi lançado ao mar no dia 22 de Agosto de 2007 e integrou os efectivos da chamada Força Naval de Autodefesa em Março de 2009. O seu sistema de propulsão (COGAC) desenvolve uma potência de 100 000 hp, força que permite ao navio atingir velocidades superiores aos 30 nós e de dispor de um raio de acção considerável. Tem um gémeo no navio «Haruna». Opera 18 helicópteros de vários tipos e valências e poderá receber, futuramente, uma dotação de aviões F-35. Possui 2 elevadores para proceder à transferência dos aparelhos dos hângares para a pista de operações. Equipado com sensores, sistemas de processamento e armas (artilharia, torpedos, mísseis) de última geração, este navio e a sua tecnologia de ponta estão no centro de uma polémica com a China e com as duas Coreias, que vêm neles o símbolo de um indesejável rearmamento do Japão. Tanto mais que a realização de novos navios desta natureza, mas ainda de maior porte (os da classe 22DDH), já foi anunciada. O «Hyuga» tem uma guarnição de 360 membros e é o primeiro navio de guerra da História do país do Sol Nascente a incluir mulheres na sua equipagem. Este porta-helicópteros (designação oficial do navio) é a maior unidade de combate construída no Japão depois da Segunda Guerra Mundial. O «Hyuga», cujo indicativo de amura é DDH-181, tem a sua base em Yokosuka (perto da capital) e foi utilizado (com os meios de bordo) aquando da recente catástrofe, que viu -em Março de 2011- as costas nordeste do antigo 'país dos samurais' destroçadas por terramotos e por um tsunami de grande amplitude.

«RUAHINE»

Este luxuoso navio de passageiros (dotado, igualmente, de grande capacidade de carga, inclusive refrigerada) navegou de Inglaterra para a Nova Zelândia entre 1951 e 1966. Foi construído pelos estaleiros da John Brown Cº., de Glásgua -que o lançaram à água no dia 27 de Julho de 1950- por encomenda da armadora New Zealand Shipping Company; que o colocou na sua linha Londres-Auckland (via canal do Panamá), com escalas nas Bermudas, Miami, Kingston e Taiti. O «Ruahine» (que é bom não confundir com um seu congénere mais antigo) apresentava-se como um navio com 17 851 toneladas de arqueação bruta, 178 metros de comprimento, 22,90 metros de boca e 9 metros de calado. O seu sistema propulsivo era composto por 2 máquinas diesel (desenvolvendo uma potência de 14 200 bhp) e por 2 hélices. A sua velocidade de cruzeiro estabilizava-se nos 17 nós. Este paquete foi concebido para transportar 267 passageiros em camarotes de classe única, distribuídos por 4 cobertas. Estes viajavam em condições de grande conforto, gozando de serviços estudados para atenuar os inconvenientes da longuíssima viagem até aos antípodas : piscina, ginásio, áreas de jogos, restaurantes, bares, biblioteca, etc. O «Ruahine» -que foi o terceiro e último paquete a ser construído, no pós-guerra, para a companhia New Zealand Shipping- teve uma carreira praticamente sem história, para grande satisfação de todos aqueles que utilizaram os seus serviços. Mas, tal como a grande maioria dos seus congéneres, o «Ruahine» foi destronado na década de 60 do século passado pela aviação comercial. Este navio fez a sua derradeira viagem interoceânica em meados de 1968, quando já navegava com as cores da Federal Steam Navigation, à qual fora vendido dois anos antes. Reconvertido em unidade de cruzeiros, foi cedido (ainda nesse ano de 1968) à Export Lines, de Nassau, que lhe atribuíu o seu derradeiro nome : «Oriental Rio». Ainda foi adquirido pela Orient Overseas Line, antes de ser declarado obsoleto e ir parar a Taiwan, onde foi desmantelado -em 1973- pela empresa especializada Nan Feng Steel Enterprise, num estaleiro de Kaohssiung.

sábado, 18 de outubro de 2014

«MOREA»

Paquete de bandeira britânica construído em 1908 nos estaleiros da Barclay Curle & Company, de Glásgua, por encomenda da P. & O. (Peninsular & Oriental Steam Navigation Cº.). As suas 2 máquinas a vapor de quádrupla expansão (acopladas a 2 hélices), desenvolviam uma potência total de 15 000 hp, que lhe conferiam uma velocidade máxima de 17 nós. Destinado a assegurar ligações regulares entre a Europa (Reino Unido) e a Índia e a Austrália, o «Morea» apresentava-se como um navio de 10 890 toneladas de arqueação bruta, medindo 171,30 metros de comprimento por 18,64 metros de boca. O seu calado era de 10 metros. Este paquete, irmão gémeo do «Malwa» e do «Mantua», tinha uma tripulação de 307 membros e podia receber, nos seus camarotes, 407 passageiros de 1ª classe e 200 de segunda. O seu nome faz referência à península do Peloponeso, também designada por Moreia. Este navio não teve praticamente história digna de ser contada até 1914. Mas diz-se que, nesse ano em que se iniciou a Grande Guerra, escapou, quase por milagre, a um ataque do «Emden», cruzador ligeiro da armada imperial alemã, que operou como navio corsário nas águas australianas; onde seria afundado. Depois desse incidente, o «Morea» foi requisitado pelas autoridades navais britânicas e transformado, sucessivamente, em navio-hospital e transporte de tropas. Também é referido que, em Janeiro de 1918, o «Morea» tenha sido alvo de um ataque por torpedo ao largo de Portsmouth; mas a atenção dos vigias do navio permitiu uma manobra evasiva, que evitou que fosse atingido pelo fogo inimigo. Depois do conflito, este navio sofreu grandes trabalhos de restauro, antes de ser colocado, de novo, no serviço de passageiros. O «Morea» terminou a sua actividade em 1930. Ano em que foi levado para Kobé, no Japão, onde se procedeu à sua demolição.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

«ENRICO DANDOLO»

Couraçado da 'Regia Marina', construído em 1882 no arsenal de La Spezia. Deslocava 12 265 toneladas em plena carga e media 103,50 metros de comprimento por 19,65 metros de boca. Pertencia à classe 'Caio Duilio'. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas a vapor de dupla expansão (desenvolvendo uma potência de 8 045 ihp) e por 2 hélices. Podia navegar à velocidade máxima de 15,6 nós e dispunha de uma autonomia de 2 875 milhas náuticas com o andamento reduzido a 13 nós. A espessura da sua couraça ia dos 75 aos 550 mm. O seu armamento era constituído por 4 peças de 450 mm, 3 de 120 mm, 2 de 75 mm, 8 de 57 mm, 22 de 37 mm e 3 tubos lança-torpedos de 355 mm. A sua guarnição era formada por 515 homens, oficiais, sargentos e praças. Realizado na base de um projecto da autoria do engenheiro naval Benedetto Brin, este navio foi construído para receber as armas mais poderosas do seu tempo, de modo a que pudesse rivalizar com os maiores couraçados da armada francesa. Potência com a qual a Itália (recentemente reunificada) pretendia rivalizar. Os peritos militares transalpinos pretenderam até, que o navio em apreço e o seu gémeo «Caio Duílio» podiam afrontar, sem receio, toda a esquadra francesa do Mediterrâneo. O «Enrico Dandolo» recebeu o seu baptismo de fogo durante a guerra ítalo-turca (1911-1912), que teve como objectivo arrancar a Cirenaica ao Império Otomano. Aquando da Grande Guerra, este couraçado foi destacado, primeiramente, para o Adriático, sendo, durante algum tempo, o navio-almirante da força naval a actuar nas costas da Albânia. Do final do conflito até 1919, esteve baseado em Kotor (hoje na república do Montenegro), onde recebeu as autoridades italianas responsáveis pela assinatura do armistício com os seus homólogos do Império Austro-Húngaro. Por decreto real, este navio foi riscado das listas da armada no dia 7 de Abril de 1920. E desmantelado posteriormente.

«FRIEDRICH WILHELM ZU PFERDE»


Fragata da marinha de guerra brandeburguesa. Realizado nos estaleiros de Pillau (hoje Baltijsk, na Rússia), sob a orientação de mestre Gillis Cornelius Peckelhring -um holandês que aqui aplicou as técnicas de construção do seu país de origem- este navio foi lançado à água a 25 de Abril de 1681 e levado para Koningsberg (agora Kaliningrad), onde foi concluído e equipado. Só em 1684 seria integrado oficialmente na armada do Grande Eleitor. Nessa altura, o «Friedrich Wilhelm zu Pferde» apresentava-se como um navio de 900 toneladas, medindo 59 metros de comprimento por 10 metros de boca e dotado com uma artilharia composta por 56 canhões de vários calibres. A sua guarnição, de 250 elementos, compreendia marinheiros e homens de armas. Esta fragata era irmã gémea da «Berlin». O «Friedrich Wilhelm zu Pferde» ajudou, enquanto navio de escolta, a proteger os mercantes prussianos no seu comércio com vários portos da Europa, mas também aqueles que navegavam nas rotas de África e das Índias Ocidentais. Em 1685 este navio tinha em Emden a sua base e na pessoa de Hans, o Sábio, o seu capitão. No seu historial, assinala-se uma viagem ao golfo da Guiné, em 1692, durante a qual apresou dois navios franceses. No ano seguinte carregou, nas mesma paragens, 700 escravos, que levou para as Ilhas Virgens, após uma escala em São Tomé. E, no dia 29 de Agosto desse mesmo ano, zarpou das Antilhas rumo a Cádiz com um carregamento de cacau, que o seu comandante tinha a intenção de trocar, naquele porto andaluz, por tonéis de bom vinho espanhol. A 31 de Outubro de 1693, o «Friedrich Wilhelm zu Pferde» encontrou-se -nas proximidades do estreito de Gibraltar- com quatro navios hasteando o pavilhão real de França, que o atacaram e saquearam, antes de lhe deitarem o fogo. A guarnição do navio brandeburguês foi capturada e transferida para os navios agressores; que, posteriormente, os entregaram às autoridades militares do porto de Brest.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

«A-ROSA STELLA»

Este 'paquete' fluvial, propriedade do armador germânico A-Rosa Flussschiff GmbH, de Rostock, é uma das mais elegantes e apreciadas embarcações da sua categoria. O «A-Rosa Stella» foi construído em 2005 nos estaleiros Neptun Stahlbau, de Warnemünde (Alemanha). Apresenta 3 524 toneladas de arqueação bruta e mede 125,80 metros de longitude por 11,40 metros de boca. O seu sistema propulsivo (2 máquinas diesel) desenvolve uma potência de 1 600 kW, força que lhe permite navegar à velocidade de 13 nós. Embarca (em Lyon, onde está baseado) um máximo de 174 passageiros interessados na descoberta dos vales do Ródano e do Saône, rios franceses onde opera habitualmente. As viagens são, geralmente, organizadas à volta dos seguintes temas : 'Rota Gourmet', 'Vinhos e Alta Gastronomia', 'Rota Mediterrânica', 'Arte e Saber', 'Stella e Golfe', etc. Estes programas necessitam, naturalmente, a contratação de especialistas, de conferencistas e guias, que embarcam pelo tempo do cruzeiro; que pode durar poucos dias, uma semana ou um espaço de tempo mais alargado. O «A-Rosa Stella», de bandeira alemã, tem 4 cobertas e dispõe, para além de 86 luxuosos camarotes, de pontos de encontro, restaurantes, bares, ginásio, áreas de 'wellness', salões de beleza, zonas de jogos (nomeadamente uma para treino de golfe), piscina e pista de dança. Em suma, o «A-Rosa Stella» é uma embarcação de sonho, que, a seu nível, só é comparável com os palácios concebidos para os grandes cruzeiros oceânicos. A língua de bordo é a de Goethe, visto a agência de viagens que o explora (e que emprega, a bordo, 45 membros de equipagem) privilegiar uma clientela alemã da classes média alta e superior.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

«TIGRIS»

Réplica de um dos navios construídos (com juncos) pelos Sumérios há 5 000 anos. O projecto foi lançado pelo estudioso e aventureiro Thor Heyerdahl e a sua realização concretizada em 1977. Com esta rudimentar e frágil embarcação, acompanhado por 10 homens de equipagem, o norueguês quis demonstrar que -naqueles recuados tempos- navios deste tipo já participavam num comércio triangular, estabelecido entre a Mesopotâmia, a Índia e as costas da África oriental. Colocada sob a égide da O.N.U., esta terceira expedição de Heyerdahl navegou -com o «Tigris»- desde o golfo Pérsico (de onde partira no dia 11 de Novembro de 1977) até ao Paquistão e, dali, até ao mar Vermelho, onde chegou cinco meses mais tarde. Após essa aventurosa viagem, a tripulação deste singular navio, constituída por pessoas de várias nacionalidades, decidiu queimá-lo, como forma de protesto contra a guerra na Etiópia. O «Tigris» foi construído com materiais e ferramentas que existiam há 500 séculos atrás na Mesopotâmia. O navio pesava 30 toneladas, media 18 metros de comprimento e estava equipado com 2 velas quadrangulares, também elas fabricadas com panos tecidos segundo técnicas ancestrais. Uma cópia desta embarcação da Antiguidade está exposta no Museu Kon-Tiki, em Bygdoy, perto de Oslo.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

«GERUSALEMME»


Encomendado, em 1915, pela companhia armadora Lloyd (austríaca) aos estaleiros de Trieste Cantiere San Rocco di Muggia, este paquete nunca chegou (devido à derrota -na Grande Guerra- dos chamados Impérios Centrais) a hastear a bandeira austro-húngara. Nem sequer a ser terminado antes de 1920, ano em que foi lançado ao mar com as cores do Lloyd Triestino e com o nome de «Cracovia». Era gémeo do «Pilsna» (posteriormente chamado «Galilea»), do qual só se diferenciava por utilizar um sistema propulsivo dotado com inovadoras turbinas a vapor. Foi inicialmente colocado na linha da Índia e do Extremo Oriente. Mas, a partir de 1934, começou a operar entre a Europa e a Palestina (território colocado pela S.D.N. sob administração britânica), para onde transportou numerosos emigrantes de origem judaica. Já em pleno consulado mussoliniano, este navio foi transferido para a frota da Adriatica di Navigazione (sedeada em Veneza), onde passou a usar o seu novo nome de «Gerusalemme». Quando, em 1940, a Itália entrou em guerra ao lado da Alemanha nazi, este navio fazia serviço numa linha que percorria as costas da África oriental e tornou-se, assim, uma presa apetecida para a 'Royal Navy'. Para escapar aos ingleses, o navio refugiou-se no porto neutro de Lourenço Marques (actual Maputo), onde beneficiou da protecção portuguesa. Mas, em 1943 -depois da queda do regime fascista e da reviravolta na política italiana- o «Gerusalemme» foi entregue aos britânicos; que, depois de trabalhos de transformação executados em Durban (África do Sul), passaram a utilizá-lo, sucessivamente, como navio-hospital e como transporte de tropas. Com o fim do conflito, o velho paquete foi restituído ao Lloyd Triestino, que o alugou a um outro operador italiano para prestar serviço na linha Génova-Buenos Aires e, seguidamente, na linha Génova-Durban, via Suez. Em 1952, considerado obsoleto, o navio foi conduzido ao porto de Savona, onde foi desmantelado. Nos tempos do seu esplendor (período entre duas guerras) este navio podia acolher 444 passageiros, 74 dos quais em 1ª classe. Com 8 052 toneladas de arqueação bruta, o «Gerusalemme» media 131 metros de comprimento por 16,15 metros de boca. O seu sistema propulsor (acomplado a 2 hélices) desenvolvia 4 200 cv, potência que lhe facultava uma velocidade máxima rondando os 14 nós.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

«MONDEGO»


O «Mondego» foi um dos seis torpedeiros do seu tipo entregues a Portugal -depois de terminado o primeiro grande conflito generalizado e como compensação de guerra- pelo extinto Império Austro Húngaro, o aliado privilegiado da Alemanha de Guilherme II. Construído nos arsenais de Fiume em 1915, este navio (o ex-«91.F») foi o derradeiro de uma série que, em Portugal, foi designada classe 'Ave' e que foi constituída pelos torpedeiros «Ave», «Zêzere», «Cávado», «Sado», «Liz» e o navio em apreço, o «Mondego». É de referir que, na realidade, dois deles (o «Zêzere» e o «Cávado») nunca chegaram a integrar os efectivos da nossa Armada, pelo facto de se terem afundado na costa marroquina -no dia 29 de Novembro de 1921- quando estavam a ser rebocados (pelo «Patrão Lopes») para águas portuguesas. E que os restantes vieram substituir unidades obsoletas, que já se encontravam no activo desde 1882. O «Mondego» deslocava 230 toneladas e media 54 metros de comprimento por 5,70 metros de boca. O seu calado era de, apenas, 1,50 metros. A sua propulsão era assegurado por caldeiras Yarrow (fuel e carvão) e o seu armamento era constituído por 2 canhões de 75 mm (um deles com capacidades antiaéreas), por 1 metralhadora e por 4 tubos lança-toredos de 450 mm. Este navio ligeiro da Marinha de Guerra Portuguesa só seria retirado do serviço operacional em 1938. Presumindo-se que se tenha procedido ao seu posterior desmantelamento. Não se encontraram referências sobre o número de homens que compunham a sua guarnição; que seria muito limitada, considerando o débil porte do navio.

«KRASNYI KAVKAZ»

Antigo cruzador da classe 'Svetlana' (de 1913), que deveria receber o nome do almirante Lazarev. Este navio foi lançado à água em 1916  (pelos estaleiros Russud, de Nikolaiev), mas a sua construção foi interrompida durante os anos da revolução bolchevique.  Os trabalhos foram retomados já no tempo da U.R.S.S. e dados como concluídos em 1932. Entretanto, os planos haviam sido substancialmente alterados e o resultado final deu origem a um navio único; que foi baptizado com o nome de «Krasnyi Kavkaz», cuja tradução na nossa língua é 'Cáucaso Vermelho'. Deslocando perto de 8 000 toneladas em plena carga, este navio media 159,50 metros de comprimento por 15,70 metros de boca. O seu sistema propulsivo (2 turbinas, 12 caldeiras) desenvolvia uma potência de 55 000 cv, força que lhe conferia uma velocidade máxima de 29 nós. Ligeiramente couraçado, este cruzador dispunha de uma artilharia constituída por 4 canhões de 180 mm, 8 de 100 mm, 2 AA de 76 mm e 4 AA de 45 mm. Para além de metralhadoras, tubos lança-torpedos de 533 mm e uma reserva importante de minas. Estava também equipado com uma catapulta e 2 hidros. A sua guarnição rondava os 900 homens. Anos antes de ter rebentado a 2ª Guerra Mundial, em 1933, este navio efectuou um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com visitas de cortesia a diversos portos turcos, gregos e italianos. Depois do ataque alemão contra a União Soviética, o «Krasnyi Kavkaz» participou em várias operações contra o inimigo nazi, distinguindo-se na defesa de Odessa e de Sebastopol e também durante a renhida (e mortífera) batalha da península de Kerch. Operações durante as quais navio e guarnição receberam altas condecorações. Durante a sua intervenção em Kerch, para onde levou reforços de tropas e de material bélico, este cruzador foi severamente atingido por aviões 'Stuka'. O que o obrigou a um período de imobilidade. O «Krasnyi Kvkaz» sobreviveu à guerra. Ainda recebeu trabalhos de modernização (sobretudo a nível de armamento), mas, em 1947, passou a ser unidade de 2ª linha e a funcionar como navio-escola. Finalmente, em 1957, foi utilizado como alvo de mísseis mar-mar SSN-1 e afundado (no dia 21 de Novembro) por um desses engenhos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

«SANTA IZABEL»

Lugre bacalhoeiro de bandeira portuguesa. Foi construído, em 1929, nos estaleiros da Gafanha da Nazaré -sob a supervisão de mestre Manuel Maria Bolais Mónica- para a Empresa de Pesca de Aveiro. Cidade em cuja capitania foi registado. Era um navio com casco em madeira e com 3 mastros, que apresentava 345,25 toneladas de arqueação bruta e que media 45 metros de longitude. Era gémeo dos navios «Santa Mafalda» e «Santa Joana», pertencentes ao mesmo armador aveirense, e do «Santa Luzia», propriedade de um empresário de Viana do Castelo. Segundo fontes bem informadas, o «Santa Izabel» (que também navegou com o nome de «Santa Isabel»), foi um dos primeiros pesqueiros portugueses a demandar -no ano de 1931- os mares da Groenlândia e a afrontar os perigos próprios dessas longínquas paragens. No ano seguinte (em 1932), este bacalhoeiro recebeu um motor auxiliar, equipamento que garantia maior segurança ao navio e às respectivas tripulações. No dia 19 de Novembro de 1933, à saída da barra do Douro, o «Santa Izabel» foi protagonista  de um encalhe num banco de areia; mas acabou por safar-se pelos seus próprios meios. Em 1943, passou a operar por conta da Sociedade Bacalhau de Portugal, com sede em Lisboa. O fim (dramático) deste lugre da afamada 'White Fleet', ocorreu no dia 23 de Setembro de 1958 no mar dos Açores. O navio vinha da Terra Nova carregado de peixe e, por desgaste acumulado ao longo de quase 30 anos de actividade, não suportou mais uma violenta tempestade. Todos os seus homens foram salvos pelo N/M «Senhora da Vida». Curiosidades : esse ano de 1958 foi dos mais nefastos para a nossa frota de pesca longínqua, já que -para além do «Santa Izabel»- perderam-se (por água aberta) mais cinco outros navios. A saber, o «Maria das Flores», o «Cruz de Malta», o «Labrador», o «Milena» e o «Ana Maria» (este após inextinguível incêndio). O «Santa Izabel» foi tema de uma bonita tela da autoria do insigne pintor de marinha Roger Chapelet, um artista francês.