quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
«U-407»
Submarino do tipo VII C, pertencente à armada da Alemanha hitleriana. Foi construído, em 1941, pelos estaleiros Danziger Werft AG, de Dantzig. Deslocava 865 toneladas em imersão e media 67,10 metros de comprimento por 6,18 metros de boca. A sua navegação era assegurada por propulsores diesel-elécticos (com 3 200 hp de potência combinada), que lhe asseguravam uma velocidade máxima de 17,6 nós (em imersão). Estava armado com 1 peça de artilharia de 88 mm, com 2 de 20 mm, com 1 canhão AA e com 5 tubos lança-torpedos de 533 mm, estes municiados com 14 engenhos explosivos. Actuou no oceano Atlântico e no mar Mediterrâneo, atribuindo-se-lhe o afundamento de 8 navios (mercantes e militares) dos Aliados. O «U-407» foi destruído -no dia 19 de Setembro de 1944- ao largo da costa sul da ilha de Milos (Mediterrâneo oriental) por cargas de profundidade expelidas pelos contratorpedeiros britânicos «Terpsichore» e «Troubridge» e polaco «Garland». Segundo as notícias do tempo, terão morrido no colapso do submersível tudesco 5 membros da sua equipagem e sobrevivido (e feitos prisioneiros) 48 dos seus marinheiros.
«WATERWITCH»
Veleiro de bandeira britânica. Foi construído em 1871 (como brigue) pelo estaleiro de Thomas Meadus, em Poole, cidade da costa sul de Inglaterra. Em 1885, foi transformado em 'barquentine', tipo de embarcação que nós designaríamos por lugre-patacho. Apresentava 207 toneladas de arqueação bruta e media 34,14 metros de comprimento por 8,79 metros de boca. O «Waterwintch» foi o último cargueiro da sua classe a manter registo num porto inglês. Passou o essencial da sua vida activa (38 dos seus 46 anos) a transportar carvão, entre a costa leste da maior das ilhas britânicas e os portos de Portsmouth e do norte de França; missão que cumpriu com uma impressionante regularidade e pontualidade. Isso, apesar de ter tido uma existência aventurosa, que incluiu encalhes, abalroamentos e até uma tentativa de torpedeamento por parte de um submarino alemão da Grande Guerra. Em 1939, este elegante veleiro foi vendido a um armador da Estónia, que o (re)baptizou com o nome de «Veeneid» e o utilizou, sobretudo, no mar Báltico. Parece que esteve activo até 1944, ano em que se terá afundado (em consequência de violenta tempestade) na baía de Hara, na costa norte da Estónia.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
«WAMPANOAG»
Fragata de propulsão mista (vela/vapor) da marinha federal norte-americana. Foi o primeiro navio dessa armada e desse tipo a usar um hélice. O «Wampanoag» (cujo nome lembrava um povo ameríndio da costa leste da América do norte) foi construído nos estaleiros New York Navy Yard em 1864, em reacção aos raides perpetrados no Atlântico pelos corsários da Confederação dos Estados Sulistas, nomeadamente pelo «Alabama». Era um navio que deslocava 4 283 toneladas (em plena carga) e que apresentava as seguintes características físicas : 108 metros de comprimento; 13,77 metros de boca; 5,80 metros de calado. Dispunha de 3 mastros -equipados com velame redondo e latino- e de 4 chaminés que evacuavam os fumos produzidos pela combustão do carvão utilizado pelas suas máquinas. Esses dois sistemas de propulsão permitiam-lhe atingir velocidades da ordem dos 18 nós. Do seu armamento constavam 7 peças de artilharia de diferentes calibres. Navio inovador e polémico, o «Wampanoag» teve a sua construção atrasada. De tal modo, que só foi (após demorados testes) incluído nos efectivos na armada federal mais de dois anos após o fim da Guerra Civil. Integrado na Frota do Atlântico Norte, esta fragata chegou a hastear a flâmula de navio-almirante dessa força naval. Contestado por muitos e influentes oficiais superiores da 'USS Navy', o navio em apreço foi precipitadamente retirado do serviço operacional e -com o novo nome de «Florida»- foi adaptado a unidade de recepção e armazenamento. Nessa qualidade, esteve estacionado na base naval de New London (no Connecticut) até Fevereiro de 1885; ano em que foi vendido a um sucateiro e desmantelado.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
«QUEEN MARY»
Paquete britânico, que pertenceu à frota da companhia Cunard Line. Foi construído pelos estaleiros da firma John Brown & Cº, de Glásgua (Escócia), que o lançaram à água no dia 26 de Setembro de 1934. Destinado a assegurar uma prestigiosa carreira semanal entre a Europa e Nova Iorque, o «Queen Mary» foi, aquando da sua inauguração (em 1936), considerado um dos mais belos e luxuosos transatlânticos do seu tempo. Apresentava-se como um navio com 80 774 toneladas de arqueação bruta, medindo 297,23 metros de comprimento por 36,14 metros de boca. Paquete de linhas clássicas e elegantes, ostentava 3 chaminés e passou a rivalizar com o seu congénere francês «Normandie» (da C.G.T.), ao qual arrebataria -em 1938- a famosa e cobiçada 'flâmula azul'. Este paquete britânico podia receber a bordo mais de 2 300 passageiros, distribuídos por três classes distintas : 1ª, turística e 3ª classe. A sua tripulação contava 1 101 membros. O «Queen» navegava graças a um sistema propulsivo (acoplado a 4 hélices) que desenvolvia uma potência superior a 162 000 cv e que podia imprimir-lhe uma velocidade de 30 nós. Quando rebentou a Segunda Guerra Mundial, este autêntico palácio flutuante sofreu a sorte reservada a muitos outros paquetes do tempo : foi requisitado pelas autoridades militares e serviu como transporte de tropas e de material bélico. Nessa época, o «Queen Mary» foi protagonista de um incidente dramático, que ocorreu a 2 de Outubro de 1942, ao largo da Irlanda, e que vitimou o velho cruzador HMS «Curacoa». Nesse dia, o ex-paquete da Cunard (que transportava 10 000 militares norte-americanos), abalroou, acidentalmente esse seu navio de escolta, que se afundou em poucos minutos. E para escapar aos 'U boats' (para os quais ele era a presa mais apetecida) e preservar a vida dos combatentes que transportava, o «Queen» não pôde socorrer a tripulação do vaso de guerra. Facto que ocasionou a morte de 338 marinheiros britânicos. Libertado, depois de assinado o armistício, dessas suas excepcionais funções de transporte militar, o navio foi remetido ao seu legítimo proprietário; que o reutilizou (depois das necessárias remodelações) a partir de 1947, na sua linha de origem; onde o «Queen Mary» se manteve em serviço até 1967, ano em que foi vendido para os Estados Unidos a uma empresa com actividades nas áreas do turismo e do lazer. Actualmente, este quase lendário navio (ao qual foi dado, já depois da guerra, a carinhosa alcunha de 'Old Lady') encontra-se imobilizado em Long Beach (Califórnia) integrado num complexo de recreio. Do qual ele é a peça mais imponente e mais valiosa.
«AMAPÁ»
Canhoneira fluvial da Armada do Brasil. Pertenceu à classe 'Acre', da qual foram construídas quatro unidades, a saber : a «Acre», a «Juruá» e a «Missões», para além da «Amapá», aqui em apreço . Construída no estaleiro Yarrow & Company de Poplar (G.B.), esta canhoneira foi armada no Arsenal de Marinha do Pará (em 1906) e logo integrada na marinha de guerra brasileira. Pertenceu à chamada Flotilha do Amazonas (sedeada em Belém do Pará), cuja incumbência era patrulhar as águas do grande rio e as de alguns dos seus tributários. A «Amapá» (cujo nome homenageava o território homónimo, que receberia o estatuto de estado federal em 1991) era uma embarcação que podia deslocar 200 toneladas em plena carga e que media 36,30 metros de comprimento por 6,60 metros de boca. O seu calado era mínimo, pois cotava apenas 0,85 metros. Navegava com o auxílio de 1 máquina a vapor desenvolvendo uma potência de 300 h.p., que consumia, diariamente, 6 toneladas de carvão e/ou achas de lenha. O seu andamento de cruzeiro era de 6 nós, mas a «Amapá» podia atingir (quando necessário) a velocidade máxima de 11 nós. Tinha uma autonomia de 6 200 milhas náuticas. Do seu armamento constavam 1 canhão de 87 mm, 1 lança-morteiros de 57 mm e 4 metralhadoras de 7 mm. A sua guarnição era constituída por 30 homens. O episódio mais marcante da vida desta canhoneira ocorreu no dia 8 de Outubro de 1910, quando abriu fogo contra a capital do Amazonas e foi protagonista do chamado 'Bombardeio de Manaus'. Este incidente foi provocado por desentendimentos entre proeminentes figuras da política local, que arrastaram para as suas zangas a polícia e as forças armadas; nomeadamente a Flotilha do Amazonas. A canhoneira «Amapá» foi oficialmente desmobilizada e desarmada a 12 de Fevereiro de 1917. Ignora-se a data e lugar do seu desmantelamento.
domingo, 7 de dezembro de 2014
«SAGRES»
.
Corveta da Marinha de Guerra Portuguesa, que exerceu, durante alguns anos, as funções de navio-escola; sendo o primeiro de todos eles a usar esse nome. Com casco em madeira e 3 mastros, foi construído em 1858 nos estaleiros ingleses da firma Young, Son & Magnay, de Limehouse. Era um navio de propulsão mista, pois para além do velame que usava (e que armava em galera), a corveta «Sagres» estava equipada com 1 máquina a vapor de baixa pressão (4 caldeiras), desenvolvendo uma potência de 300 cv e proporcionando ao navio uma velocidade superior a 12 nós. Esta unidade da Armada Real (cuja guarnição era de 137 homens) deslocava 1 382 toneladas e apresentava as seguintes dimensões : 79 metros de comprimento (ff) por 9,90 metros de boca por 4,47 metros de calado. O mastro grande culminava a 32,50 metros. O armamento de origem deste navio era constituído por 4 canhões de 76 mm, mas foi-se alterando durante a vida operacional do dito, chegando a atingir as 10 peças. Durante a sua vida activa, esta «Sagres» cumpriu missões diplomáticas em vários portos estrangeiros (Southampton, Antuérpia, Bordéus, Vigo, Gibraltar, Génova, Tânger, Pernambuco, Salvador, Rio de Janeiro, etc) e missões de soberania em águas de Angola, onde permaneceu muitos anos e onde ajudou na repressão do tráfico de escravos. Em meados do mês de Novembro de 1876, já em estado de obsoletismo evidente, o navio foi desarmado e preparado para acolher a recém-criada Escola de Alunos Marinheiros do Porto. Mas só recebeu os seus primeiros instruendos em 1884. Cumpriu essa função, no Douro, até 1898, ano em que passou essa responsabilidade para a sua congénere «Estephanea». A corveta «Sagres» foi desmantelada pouco depois, em data incerta.
domingo, 30 de novembro de 2014
GANGUT»
Navio de defesa costeira pertencente à marinha imperial russa. De pequenas dimensões mas fortemente armado, certos peritos viram nele uma versão reduzida dos couraçados da classe 'Imperator Alexksandr II'. Vocacionado para operar em águas rasas, o «Gangut» saiu do arsenal do Almirantado (São Petersburgo) em 1893 e integrou os efectivos da armada do czar no ano seguinte. Deslocava 7 142 toneladas e media 84,70 metros de longitude por 18,90 metros de boca. Os seus propulsores, acoplados a 2 hélices, desenvolviam uma potência de 6 000 hp; força que lhe permitia vogar a uma velocidade máxima de 13,5 nós e dispor de um raio de acção de 2 000 milhas náuticas. Do seu armamento principal constavam 1 canhão de 305 mm, 4 de 229 mm, 4, de 152 mm, várias peças de menor calibre e 6 tubos lança-torpedos de 380 mm. Estava insuficientemente couraçado, devido à forte concentração de bocas de fogo que carregava. O «Gangut» tinha uma guarnição de 521 homens. Afundou-se no dia 12 de Junho de 1897 -com apenas 4 anos de uso operacional- no golfo da Finlândia (perto de Vyborg), durante manobras militares. Não houve mortos a lamentar. Os navios deste tipo não eram populares entre os marinheiros russos. Um dos antigos capitães do «Gangut» disse dele, depois de ter tido conhecimento do naufrágio : «Era um vil navio. Ainda bem que foi ao fundo. Espero que ninguém tente reemergi-lo». Curiosidade : o nome deste navio de defesa costeira faz referência à batalha naval de Gangut, travada -entre os dias 27 de Julho e 7 de Agosto de 1714- pelas frotas da Rússia e da Suécia, durante a chamada Grande Guerra do Norte. E da qual os marinheiros russos saíram vitoriosos.
«IMPERIAL MARINHEIRO»
Este navio fez parte da armada imperial brasileira entre 1884 e 1887. Foi construído no estaleiro naval da Ponta da Areia, Niterói, que o lançou ao mar no dia 20 de Junho de 1883. O primeiro comandante deste cruzador de propulsão mista (velas/vapor) foi o capitão-tenente José Bitor de Lamare. A notabilidade deste navio adveio-lhe do facto de ter protagonizado um dramático naufrágio -no qual se perdeu- perto da embocadura do rio Doce (junto à vila de Regência, na então província do Espírito Santo), na madrugada de 7 de Setembro de 1887; quando já se encontrava sob o mando de um outro oficial : o capitão-tenente João Carlos da Fonseca Pereira Pinto. O «Imperial Marinheiro», que partira da sua base do Rio de Janeiro dois dias antes, numa missão de carácter hidrográfico (que consistia em sondar o banco Marajó, em Abrolhos), encalhou devido ao mau tempo. Um escaler com uma equipa de 12 homens foi mandada a terra procurar socorro, mas a sua pequena embarcação estilhaçou-se e sofreu um morto. Os restantes marinheiros conseguiram juntar uma equipa de resgate, que logrou salvar (em condições muito difíceis) 128 membros da guarnição do cruzador. Feito o balanço da tragédia, foram contabilizados 14 mortos : 12 marinheiros, 1 oficial e um guarda-marinha. O «Imperial Marinheiro», que tinha casco em madeira, era uma galera de 3 mastros. Deslocava 726 toneladas e media 62,12 metros de comprimento por 8,24 metros de boca. O seu calado era de 3,40 metros. Além do seu aparelho vélico, este navio dispunha de 1 máquina a vapor de tríplice expansão, desenvolvendo uma força de 750 hp. A sua velocidade máxima era de 11 nós. Estava armado com 7 canhões e com 4 metralhadoras. Curiosidade : uma moderna corveta da armada do Brasil usou, igualmente, o nome de «Imperial Marinheiro».
«NURNBERG»
Cruzador ligeiro da marinha de guerra hitleriana. Foi um dos dois navios da classe 'Leipzig', diferindo, no entanto, do seu predecessor pelo armamento e por outros detalhes de importância secundária. O «Nurnberg» foi construído, em 1934, nos arsenais (Deutsche Werke) de Kiel. Deslocava 8 980 toneladas em plena carga e media 181,30 metros de comprimento por 16,40 metros de boca. O «Nurnberg» estava razoavelmente blindado para um navio da sua categoria (102 mm nos sítios mais vulneráveis) e dispunha do armamento seguinte : 9 canhões de 150 mm, 8 outros de 88 mm, 8 de 37 mm, 8 de 20 mm, 12 tubos lança-torpedos de 533 mm e 2 hidros. O seu sistema propulsivo -que lhe permitia navegar à velocidade máxima de 32 nós e que lhe facultava um raio de acção de 5 700 milhas náuticas- desenvolvia uma potência de 66 000 cv. A sua guarnição era formada por 896 homens, incluindo o corpo de oficiais. O «Nurnberg» esteve implicado em patrulhas de observação durante a Guerra Civil de Espanha e, mais tarde, durante o segundo conflito generalizado, em várias campanhas no Báltico e nas águas costeiras norueguesas; mas nunca participou activamente nos combates travados contra as armadas aliadas. Este navio sobreviveu ao conflito e, em 1946, foi entregue à União Soviética no quadro das compensações de guerra. Ali tomou o nome de «Admiral Makarov» e foi integrado na 8ª frota, baseada em Tallin. Parece ter tido uso operacional até finais da década de 50 (do século passado) e ter sido desmantelado em inícios dos anos 60.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
«HARVARD»
Paquete costeiro de bandeira norte-americana. Foi construído em 1907 pelo estaleiro Delaware River Iron Shibuilding & Engine Works, de Chester (Pensilvânia), para a Metropolitan Steamship Cº, que o colocou na linha de passageiros estabelecida entre as cidades de Boston e de Nova Iorque. Na qual permaneceu até 1918, ano em que foi mobilizado pela U.S.Navy, para assegurar a evacuação de soldados aliados que combateram na frente europeia. Antes dessa sua aventura militar, este navio sofreu trabalhos de transformação num estaleiro da Califórnia, de onde navegou para o Atlântico -via canal de Panamá- já com o nome de USS «Charles». Depois de ter cumprido a sua missão, o navio recebeu, uma vez mais, o nome primitivo de «Harvard» e, após negócio, foi vendido, em 1920, à companhia Lassco (sedeada em L. A.), para assegurar, com o «Yale», seu 'sister ship', a carreira costeira regular San Francisco-Los Angeles-San Diego. Considerado, pelos jornais locais, como um verdadeiro palácio flutuante, o «Harvard» terminou a sua vida activa da pior forma, ao naufragar -na noite de 30 para 31 30 de Maio de 1931- em Point Arguello, na costa californiana. O naufrágio ficou a dever-se a um encalhe, que ocorreu devido a densa neblina. Como o mar estava calmo, não houve mortes a lamentar entre os quase 500 passageiros que, na ocasião, se encontravam a bordo. Este navio tinha uma arqueação bruta de 3 731 toneladas e media 114,60 metros de longitude por 18,60 metros de boca. As suas máquinas a vapor proporcionavam-lhe uma velocidade máxima de 21,5 nós.
domingo, 23 de novembro de 2014
«ISLÂNDIA»
Pouca coisa se sabe deste lugre antes da sua reconstrução em 1940 por mestre Manuel Maria Bolais Mónica, nos estaleiros da Gafanha da Nazaré. Este navio, que na sua fase final apresentava 222,30 toneladas de arqueação bruta e que media 37,75 metros de comprimento por 7,96 metros de boca, foi realizado em 1916 pelos estaleiros navais da firma W. C. McKay & Son, de Shelburn, na Nova Escócia (Canadá); sendo o seu primeiro proprietário um armador local. Foi-lhe dado o primitivo nome de «Edith M. Cavell», que usou até 1930, ano em que o dito designativo passou a ser (segundo registo da capitania do Porto) o de «Rosita». O navio -um bonito lugre com casco em madeira e 3 mastros- pertencia então ao ilhavense Cupérnico Conceição da Rocha. Depois disso, em data indeterminada da década de 30 e já com o seu nome definitivo de «Islândia», passou sucessivamente pelas mãos da Sociedade dos Armadores do Porto (da Invicta) e, em 1939, da Santos Mónica & Lau, de Aveiro. Que o utilizaram em campanhas de pesca longínqua, mas também e em alternância, no tráfego mercantil entre os portos portugueses e destinos no Mediterrâneo e no golfo de Biscaia. O seu fim chegou no dia 14 de Março de 1945 (a dois escassos meses de terminarem, na Europa, os combates da 2ª Guerra Mundial), por encalhe na costa norte de Espanha. Os seus 10 tripulantes foram (sem excepção) salvos pelo recurso aos botes de bordo. Nesta derradeira fase da sua vida activa, o «Islândia» já estava equipado com 1 pequeno motor auxiliar de 130 bhp.
«ROEBUCK»
Pequeno vaso de guerra britânico, construído pelos estaleiros Snellgrove, em Wapping, perto de Londres. Era um navio de 292 toneladas, que media 29 metros de comprimento por 7,77 metros de boca. Tinha (como era natural na sua época) casco em madeira e arvorava 3 mastros, que vestiam, essencialmente, pano redondo. O «Roebuck» -que foi lançado à água no dia 17 de Abril de 1690- estava armado com 26 canhões e participou na primeira batalha naval de Beachy Head (travada a 10 de Julho de 1690), vencida pela marinha francesa; que lhe chama batalha do Cabo Béveziers. A relativa celebridade do «Roebuck» advém-lhe do facto de ter sido colocado -no ano de 1698- sob o comando de William Dampier, pirata arrependido e com bons conhecimentos de geografia, de navegação e de outras ciências. Conhecimentos (que o reabilitaram) e que foram corroborados pela elite científica inglesa depois da publicação do livro «A Nova Viagem à Volta do Mundo». Durante essa viagem de circum-navegação (uma das primeiras empreendida por um navegador britânico depois de Francis Drake), Dampier visitou as Índias Orientais e a Austrália, onde estudou (e recolheu amostras) de plantas e de fósseis desconhecidos na Europa. O «Roebuck» naufragou junto à ilha de Ascensão -em 1701- mas Dampier pôde salvar-se a si e parte das suas colecções e voltar à Inglaterra; onde foi julgado, por factos ligados ao conflito que manteve com um dos seus oficiais, que ele pôs a ferros. Mas acabou por ser perdoado. Os restos do navio em apreço -que foi o primeiro da 'Royal Navy' a visitar a Terra Australis- foram recentemente descoberta por arqueólogos marinhos e alguns artefactos recuperados do navio.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
«FLORIDA»
Paquete francês que navegou com as cores da casa armadora Société Générale des Transports Maritimes. Foi construído no estaleiro de Saint Nazaire em 1926. Com 147,60 metros de comprimento por 17,75 metros de boca, o «Florida» apresentava uma arqueação bruta de 9 331 toneladas. A sua (triste) celebridade adveio-lhe do facto de ter sido violentamente abalroado -no dia 2 de Abril de 1931- pelo porta-aviões «Glorious» da 'Royal Navy', quando navegava ao largo de Gibraltar, com 450 viajantes provenientes de Buenos Aires e com destino a Marselha. O «Glorious» e outros vasos de guerra britânicos encontravam-se em manobras de rotina naquela zona do Mediterrâneo ocidental, sobre a qual se abateu bruscamente (na referida data e antes da ocorrência) uma espessa neblina. Lançado a uma velocidade próxima dos 30 nós, o porta-aeronaves chocou violentamente com o paquete da S.G.T.M., abrindo-lhe um rombo no casco com 15 metros de longo. A pedido do comandante do navio mercante, o capitão do «Glorious» manteve-o encastrado no «Florida» durante 2 horas, de modo a manter o mercante à tona de água, enquanto duraram as manobras de salvamento dos respectivos passageiros. Terminada a evacuação do paquete e depois do desencastramento do porta-aviões, o «Florida» pôde manter-se à superfície e foi rebocado para porto seguro (Málaga) por dois contratorpedeiros ingleses. Feito o balanço final dos desgastes causados e a contagem das vítimas, contaram-se avarias importantes no navio abalroado, 32 mortos a bordo, assim com grande número (cerca de 50) de feridos. No «Glorious» houve apenas, e apesar da violência do choque, 1 morto a lamentar. Depois de morosos trabalhos de recuperação, o «Florida» voltou ao serviço activo. Encontrava-se no porto de Bougie (Argélia) no dia 13 de Novembro de 1942, quando foi alvo de um bombardeamento aéreo e ali se afundou. Reemergido em Maio de 1944, este navio foi rebocado até aos estaleiros de La Seyne-sur-Mer, onde foi recuperado. Retomou as suas andanças sob pavilhão gaulês em 1946, até que, em 1955, foi vendido para Itália e integrado (depois de grandes trabalhos de modernização) na frota da companhia Grimaldi-Siosa com o nome de «Ascânia». Que é necessário não confundir com outros navios com o mesmo denominativo. Foi colocado numa linha que ligou a Europa às Antilhas e portos setentrionais da América do Sul, para onde transportou (até 1968, ano em que foi enviado para a sucata) muitos emigrantes. Nomeadamente portugueses e galegos, visto essa linha escalar Lisboa e Vigo.
«SEWOL»
'Ferry' que hasteou bandeira sul-coreana até 16 de Abril de 2014, data em que naufragou, quando navegava entre o porto de Incheon e a ilha de Jeju. No soçobro deste navio morreram mais de 300 passageiros (na sua maioria jovens, estudantes do ensino secundário), o que fez do «Sewol» o protagonista de um dos desastres mais dramáticos da História recente da Coreia. Este navio -primitivamente chamado «Naminoue»- que foi construído no Japão em 1994 (pelo estaleiro Hayashikane, de Nagasaqui), pertencia à companhia Chonghaejin Marine sedeada em Incheon, Coreia do Sul, que o adquiriu em 2012; e que o modificou, para permitir o embarque de um maior número de passageiros e, assim, poder multiplicar os benefícios comerciais da empresa. Disseram alguns peritos na matéria, que esses trabalhos poderão estar na origem do desequilíbrio do «Sewol», que virou antes de se afundar. As suas principais características e valências eram as seguintes : 6 835 toneladas de arqueação bruta; 145,61 metros de comprimento por 22 metros de boca; velocidade máxima de 21,5 nós (permitida por um sistema propulsivo com uma potência instalada de 15 974 hp); capacidade para 921 passageiros, 88 carros de turismo e 60 veículos comerciais de 8 toneladas. A perda deste navio coreano e a morte de tanta gente deu origem a um processo nos tribunais competentes, que terminou, há poucos dias, com a condenação do seu capitão a 36 anos de prisão. Pelo facto comprovado de ter, entre os outros erros que cometeu, abandonado o navio e os náufragos à sua sorte. Referiu, também, a imprensa local e internacional que a equipagem do «Sewol» foi pouco profissional e que não correspondeu às espectativas que se esperavam dela em tais circunstâncias.
«LA GUIENNE»
Navio misto (vela/vapor) de bandeira francesa. Foi lançado à água em Outubro de 1859 pelos estaleiros navais de La Ciotat. Era inicialmente movido por rodas laterais de pás; que seriam suprimidas e substituídas por 1 hélice aquando de uma modernização radical do navio realizada em 1872. Inicialmente, apresentava-se como um navio de 2 132 toneladas de arqueação bruta, medindo 101,70 metros de longitude por 11,63 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina a vapor desenvolvendo uma potência de 500 cv e por velas (redondas e latinas) que vestiam os seus 2 mastros. A sua velocidade de cruzeiro era da ordem dos 10 nós. Este belo navio tinha -no seio da sua companhia armadora, Les Messageries Impériales- três gémeos : o «Béarn», o «Estremadure» e o «Navarre». O navio em apreço foi construído para assegurar uma linha regular que o seu proprietário assegurava entre Bordéus e o Rio de Janeiro; que, nos primeiros tempos, era directa e que, posteriormente, passou a fazer escala em Dacar, na costa ocidental de África. Especializado no transporte de passageiros/carga diversa e postal, o «La Guienne» (baptizado «Gambie» em 1872, após as já referidas modificações) foi um desses emblemáticos transatlânticos que asseguraram a transição -nos primeiros tempos da era industrial- entre a navegação à vela e a navegação a vapor. O ex-«La Guienne» (que na sua versão original podia receber a bordo 174 passageiros, distribuídos por três classes distintas) perdeu-se por encalhe na costa norte do Brasil (perto de São Salvador da Baía) no dia 1 de Agosto de 1873.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
«CHAMPOLLION»
Paquete francês pertencente à frota da Compagnie des Messageries Maritimes. Foi lançado ao mar pelos estaleiros navais de La Ciotat no dia 16 de Março de 1924 e sofreu, por duas vezes (em 1934 e 1951), grandes trabalhos de modernização; que descaracterizaram as suas linhas primitivas. Na sua derradeira versão, o «Champollion» apresentava (apesar dos seus 26 anos de idade) uma silhueta moderna, elegante. Este navio deslocava, então, 15 265 toneladas e media 168,05 metros de comprimento por 19,17 metros de boca. Após as suas últimas alterações, as máquinas deste navio passaram a proporcionar-lhe uma potência de 14 600 cv, que lhe garantiam uma velocidade de cruzeiro próxima dos 20 nós. O «Champollion» foi concebido para a navegação no Mediterrâneo e para assegurar ligações entre Marseilha, Alexandria e Beirute. Durante a 2ª Guerra Mundial, serviu como transporte de tropas e cumpriu várias missões por ordem das autoridades de Vichy, até que, em Novembro de 1942, foi capturado no porto de Argel pelos Aliados; para os quais o navio em apreço também fez viagens de transporte militar até 1946; ano em foi restituído aos seus legítimos proprietários civis. Ainda em 1946, notabilizou-se por ter levado para a Palestina emigrantes judeus (entre os quais se contavam 700 crianças) que sobreviveram ao martírio infligido nos campos de concentração nazis. Mas as suas missões para o exército prosseguiram (até 1951), pois ainda foi utilizado no transporte de tropas para a Indochina, norte de África e Madagáscar. Voltou definitivamente, em 1952, à vida civil após um longo período passado no estaleiro e retomou as suas ligações com o Levante. No dia 22 de Dezembro desse ano -quando cumpria um dos chamados 'Cruzeiros de Natal' promovidos pelo seu armador- este renovado paquete foi encastrar-se (por volta das 4 horas da manhã, quando demandava Beirute) nuns recifes situados não muito longe do porto de destino. O desastre teve duas causas distintas : a primeira ficou a dever-se a uma tremenda tempestade (com ventos de força 8 e invisibilidade completa); a segunda, ao facto da sua equipagem ter tomado os sinais emitidos pelo farol construído junto ao novo aeroporto da capital do Líbano (ainda desconhecido dos oficiais do «Champollion») pelas luzes daquele que auxiliava as embarcações que rumavam a Beirute. Quebrado em dois, o paquete francês não pôde ser auxiliado (devido às condições do tempo) nem pelos navios, que acorreram ao local depois de lançado o primeiro SOS, nem pelos meios reunidos em terra a escassas centenas de metros do navio. Só uma embarcação ligeira dos pilotos da barra (tripulada por alguns homens intrépidos) logrou aproximar-se do paquete em perdição e salvar alguns dos náufragos do «Champollion». Outros náufragos tentaram a sua sorte lançando-se ao mar para tentarem alcançar terra. E, por impossível que pareça, pereceram 'apenas', neste aparatoso acidente, 14 das pessoas que viajavam a bordo. Que eram, para além da tripulação (mais de 200 membros) 111 passageiros; entre os quais figuravam 98 peregrinos a caminho da Terra Santa. No tribunal marítimo que julgou o capitão do paquete francês (que, como determinam as leis do mar, foi o último homem a abandonar o navio), este foi ilibado de qualquer responsabilidade; por não ter cometido erros de navegação ou actos reprováveis aquando das operações de salvamento. Curiosidade : a foto anexada a este texto mostra o «Champollion» pouco tempo antes do desastre que o perdeu.
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
BREMEN (COG DITO DE)
O cog era um tipo de navio mercante da Idade Média, com raízes no século X. Foi usado, essencialmente, nos mares e rios do norte da Europa, nomeadamente pela poderosa Liga Hanseática; que, durante algumas centúrias dominou o comércio no Báltico, mas não só. O chamado cog de Bremen data (segundo os peritos) de 1380 e os seus restos foram encontrados -em 1962- no fundo do rio Weser, junto a esse porto alemão. Estimou-se que esta embarcação medieva devia deslocar 90 toneladas (ou 120 toneladas, segundo outros especialistas) e que as suas dimensões eram as seguintes : 23,27 metros de longitude por 7,62 metros de boca. São essas, aliás, as medidas da nave reconstituída com as peças originais reemergidas, que está exposta (num espaço que lhe é próprio) no Museu Marítimo Alemão. O cog de Bremen foi construído com madeira de carvalho e as fendas entre pranchas calafetadas com musgo. Arvorava um único mastro, que vestia uma vela quadrangular de pendão. Pensa-se que este género de embarcação, foi substituindo, pouco a pouco, os navios Viquingues e as técnicas particulares da construção naval nórdica. Outros navios deste tipo têm sido encontrados (e preservados) noutros lugares do norte do continente. Um cópia do cog em apreço foi construída (à escala 1/1) na Alemanha, onde é conhecido pelo nome de «Edmond von Bremen». Esta réplica navega e participa, frequentemente, em eventos ligados à História local.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
«GROSSER KURFÜRST»
Paquete alemão, que navegou, durante 14 anos, com as cores da companhia Norddeutscher Lloyd, de Bremen. Construído em 1899 no estaleiro naval da firms F. Schichau de Dantzig (hoje Gdansk, na Polónia), este navio com 13 182 toneladas de arqueação bruta, medind0 177 metros de longitude por 19 metros de boca, podia receber cerca de 3 000 passageiros a bordo. Sendo que 2 200 -geralmente emigrantes- viajavam no porão, nas condições deploráveis que se adivinham. Os camarotes (para 229 passageiros de 1ª; 317 de 2ª e 172 de 3ª classe) eram reservados a uma clientela com possibilidades económicas boas ou, pelo menos, razoáveis. Este navio fez a sua viagem inaugural para o Oriente asiático e Austrália, antes de ser colocado, a título permanente, na linha da América do norte (Bremen-Nova Iorque), que era então a mais rentável para as companhias de navegação europeias. O «Grosser Kurfürst» (navio que pertenceu à série encabeçada pelo «Barbarossa») era considerado de grande conforto e relativamente rápido pelos privilegiados que nele viajavam. E ao quais o navio em apreço oferecia, realmente, um serviço de excelente qualidade. Este paquete encontrava-se em águas territoriais dos Estados Unidos, quando, em 1914, rebentou a Grande Guerra. E foi confiscado pelos norte-americanos quando os 'states' e a Alemanha imperial se declararam -em 1917- mutuamente beligerantes e antagonistas. O navio -que recebeu o nome de USS «Aeolus»- foi, desde logo modificado, para poder funcionar como transporte de tropas. Durante a guerra e após o armistício, o navio apreendido transportou cerca de 50 000 combatentes; a caminho da frente ou de regresso a casa. Quando a sua missão militar terminou, o antigo navio germânico encetou uma nova vida (depois de uma passagem pelo estaleiro, para aí sofrer as necessárias modificações) com o nome de «City of Los Angeles» e, sucessivamente, com as cores do armador Munson e da Los Angeles Steamship Company, navegando nas rotas do Havaí e da América do Sul. Este navio -que fez três carreiras operacionais distintas- foi vendido, em 1937, a um sucateiro asiático e demolido, nesse mesmo ano, no Japão.
«FATHER'S DAY»
No dia 26 de Setembro de 1993, um navegador solitário de nacionalidade norte-americana, chamado Hugo Vihlen chegou a Falmouth (Cornualha, Inglaterra), depois de ter realizado com êxito -e após 105 dias de viagem iniciada na Terra Nova- uma travessia à vela do oceano Atlântico. Nada de excepcional, não fora o facto da embarcação que ele utilizou -curiosamente chamada «Father's Day»- medir apenas 1,68 metro de comprimento ! Nessas circunstâncias, compreende-se melhor a proeza de Vihlen, que passou, desde logo, a deter o recorde do mundo da travessia entre a América e a Europa, feita com o mais pequeno barco do mundo. Esta odisseia foi relatada no seu livro (escrito com a colaboração de Joanne Kimbrlin) «The Stormy Voyage of Father's Day», que informa pormenorizadamente os leitores sobre o quotidiano do velejador durante os cerca de 4 meses que passou no mar, a bordo de tão minúscula embarcação. Onde o seu piloto só podia descansar dobrado em dois. Esta audaz personagem (que foi piloto de linha aérea), é useira e vezeira neste tipo de aventura solitária, visto já ter realizado, em 1968, uma espectacular travessia do Atlântico (de Casablanca até à Florida) a bordo de «April Fool', um veleiro com 1,80 metro de comprimento. Ainda referentemente ao barco em apreço, convém dizer que o dito foi realizado na própria casa de Vihlen, que tem o casco em fibra de vidro e que foi equipado com um pequeno mastro e com uma vela latina, também ela, forçosamente, de dimensões reduzidas. O «Father's Day» ('Dia do Pai') foi oferecido, após a sua viagem transatlântica, ao Museu Marítimo de Falmouth, onde se encontra exposto.
«MAIPÚ»
Paquete pertencente à frota da Compañia Argentina de Navegación Dodero S. A., com sede em Buenos Aires. Foi construído, em 1951, nos estaleiros N. V. Koninklijke Maats 'De Schelde', de Vlissingen (Países Baixos). Era um navio com uma arqueação bruta de 11 515 toneladas, que media 149,40 metros de comprimento por 19,50 metros de boca e com um calado cotando 8 metros. Possuía motorização diesel (2 máquinas, desenvolvendo 10 000 cv de potência) e 2 hélices. A sua velocidade máxima era de 18 nós. Foi concebido para receber uma tripulação de 158 membros, embarcar grande volume de mercadorias diversas (incluindo 80 000 pés cúbicos de carga refrigerada) e acolher 729 passageiros, distribuídos por duas classes. Este navio era gémeo do «Alberto Dodero», propriedade do mesmo armador sul-americano. Foi colocado numa linha que unia a capital da Argentina a Hamburgo; mas logo na primeira viagem ao norte da Europa foi o triste protagonista de um desastre que levou ao seu soçobro e à perda da sua carga comercial. Esse acontecimento ocorreu no dia 4 de Novembro de 1951, no estuário do Weser, perto do porto alemão de destino, quando foi violentamente abalroado (devido a denso nevoeiro) pelo transporte de tropas norte-americano «General M. L. Hersey». O navio argentino afundou-se em um pouco mais de 1 hora. Lapso de tempo que permitiu organizar os socorros e resgatar com vida todos os seus tripulantes e passageiros. Depois de apuradas as responsabilidades, foram assacadas responsabilidades aos norte-americanos; que acabaram por indemnizar os armadores do «Maipú», assim como os respectivos tripulantes e passageiros prejudicados.
«ATLÂNTIDA»
'Ferry' construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (que o deram por concluído em 2009), por encomenda do Governo Regional dos Açores. Destinado a assegurar o tráfego interilhas, este navio apresenta 7 025 toneladas de arqueação bruta e as seguintes dimensões : 97,53 metros de comprimento (de fora a fora); 18 metros de boca; 5 metros de calado. Foi concebido para poder funcionar com uma tripulação de 38 membros e transportar 750 passageiros (em cabines e ou/espaços colectivos) e 107 veículos ligeiros e 8 autocarros. O acesso e a evacuação de passageiros e veículos faz-se através de uma rampa de popa e de portas laterais, situadas em ambos os flancos do navio. Do seu sistema propulsivo constam 2 máquinas diesel -com uma potência nominal de 3 553 kW- que proporcionam a este belíssimo navio uma velocidade máxima de 17,7 nós e uma autonomia de 220 horas. Por razões que pareceram, à generalidade da opinião pública, de baixa política, o comanditário recusou-se a tomar conta do navio, ao mesmo tempo que anulava a encomenda de um segundo 'ferry', o «Anticiclone». Essa decisão das autoridades açorianas (sob o falacioso pretexto do navio não cumprir a velocidade combinada) teve como desfecho quase imediato o colapso dos E.N.V.C. (que alegaram que a quebra de 'performances' do «Atlântida» resultou de numerosas alterações ao plano inicial exigidas pelo cliente), acabou com uma perda financeira de milhões e na dispersão de profissionais (técnicos e operários) experientes. Depois de uma tentativa lograda para vender o navio (pelo seu justo preço) à República da Venezuela, este foi entregue a um cliente estrangeiro por um preço infinitamente inferior ao seu valor comercial. Podendo, pois, dizer-se que o «Atlântida» foi vendido ao desbarato, à revelia dos interesses da nação. Mas isto da política é, como é obvio, assunto para outros espaços.
«FIRECREST»
Cúter construído em 1892 -segundo planos do arquitecto naval Dixon Kemp- no estaleiro PT Harris, de Rowhedge (Essex, Inglaterra). Deslocava 12 toneladas (?) e media 11,90 metros por 2,60 metros de boca. Equipado (como o são as embarcações do seu tipo) com um único mastro e com um longo gurupés, içava pano latino. O «Firecrest» tornou-se célebre pelo facto de ter sido adquirido pelo navegador solitário francês Alain Gerbault (um pioneiro dessa prática) e de, com ele, ter feito uma volta ao mundo; que durou de Abril de 1923 a Julho de 1929. Construído com madeiras de carvalho e de teca, este veleiro estava compartimentado em três secções estanques. A primeira delas, situada à vante, comportava a cozinha e dispensas; na segunda, au centro, funcionava a apertada cabine de navegação; e, na de popa, cabiam apenas dois beliches e um reservatório de água potável com uma capacidade de 75 litros. Disse-se deste extraordinário e pequeno veleiro, que aguentava -com a solidez de um 'clipper'- as mais violentas pancadas de mar. Algumas delas verdadeiramente assustadoras, tal como as descreveu Gerbault nos livros que deixou. Antigo piloto de aeroplanos -durante a Grande Guerra- e engenheiro civil de profissão, Gerbault (descendente de ricos industriais) praticava desportos, como o ténis, antes de se interessar pela navegação de lazer. Em 1923, ainda sem grande experiência na ciência náutica, partiu para Nova Iorque no «Firecrest», gastando 101 dias na travessia do Atlântico. Após uma breve interrupção, retomou (em Setembro desse mesmo ano) a viagem que passou pelo canal de Panamá, pelas ilhas Galápagos, pela Polinésia, por Madagáscar (depois de ter vencido o oceano índico), pelo cabo da Boa Esperança e pelos Açores. O navegador solitário francês chegou ao Havre em 1929, após uma memorável odisseia vivida nas águas dos três maiores oceanos do globo terrestre. Antes e durante a 2ª Guerra Mundial, depois de ter apostado na política colaboracionista do marechal Pétain, Gerbault voltou ao Pacífico numa outra embarcação, errando de ilha em ilha, como que farto da vida... Foi morrer de febres a Dilí (no então Timor Português e território ainda livre da ocupação nipónica), no dia 16 de Dezembro de 1941. Os seus restos mortais foram solenemente transferidos, em 1947, para Bora Bora, onde repousa à sombra de um monumento erigido para o homenagear. Por testamento, legou o famoso «Firecrest» à Escola Naval francesa. O célebre veleiro afundou-se, porém e em circunstâncias misteriosas, aquando da operação de reboque para o porto militar de Brest.
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
«EDWARD B. WINSLOW»
Escuna de 6 mastros (e com casco em madeira) de bandeira norte-americana. Foi construída, em 1908, pelos estaleiros Percy & Small Shipyard, de Bath (Maine). O seu comanditário e primeiro armador foi a firma J. S. Winslow Company of Portland, também ela sedeada no estado do Maine. Este imponente navio -que custou 170 000 dólares- apresentava 3 424 toneladas de arqueação bruta e media 97 metros de longitude por 15,20 metros de boca. O seu calado máximo era de 8,80 metros. Sob as ordens do seu primeiro mestre -capitão Henry W. Butler, um velho lobo do mar, nascido em Phippsburg- transportou carga comercial diversa entre os portos da costa leste dos 'states' e do Canadá. O «Edward B. Winslow» teve uma carreira das mais tranquilas, até que, no dia 14 de Abril de 1915, protagonizou um abalroamento com o paquete «Caronia», da Cunard Line; incidente sem consequências graves para os dois navios. Em 1917, já com o mundo a braços com o primeiro conflito generalizado da História, esta gigantesca escuna (cujos mastros envergavam pano áurico/latino) foi vendida a um consórcio sedeado no Canadá : a France & Canada Steamship Co; que, em finais desse mesmo ano a fez atravessar o oceano, pela primeira vez, para entregar um carregamento de carvão, cobre e aço a um importador francês. A escuna venceu a distância América-Europa sem problemas, mas, quando se preparava para franquear a barra do rio Loire -no dia 10 de Julho desse mesmo ano de 1917- foi sacudida por uma tremenda explosão, seguida por um inextinguível incêndio. Que obrigou a sua tripulação (uns 12 homens) a encalhar o veleiro junto a Pornichet. O navio acabou por afundar-se em águas baixas, não havendo, no entanto, vítimas a lastimar. A opinião pública chegou a especular sobre a eventualidade da escuna «Edward B. Winslow» ter sido alvo de sabotagem por parte da espionagem alemã. O que nunca foi confirmado.
«GRAYLING»
Submarino da armada norte-americana, pertencente à classe 'Tambor'. Foi construído em 1940 pelo estaleiro Portsmouth Naval Shipyard, de Kittery, no estado do Maine. Deslocava 2 400 toneladas em imersão e media 93,62 metros de comprimento por 8,31 metros de boca. A sua propulsão (diesel/eléctrica) permitia-lhe navegar às velocidades máximas de 20,4 nós à superfície e de 8,75 nós em configuração de mergulho. Com andamento reduzido a 10 nós, esta máquina podia atingir um raio de acção da ordem das 11 000 milhas náuticas. Este submersível podia atingir profundidades (devidamente testadas) de 76 metros. Do seu armamento constavam 1 canhão de convés de 76 mm, 1 peça de 40 mm e 1 terceira de 20 mm. Para além, naturalmente, de tubos lança torpedos; que eram em número de 10 e podiam disparar munições de 533 mm. O «Grayling» tinha uma guarnição de 60 homens, dos quais 6 pertenciam ao quadro de oficiais. Este submarino (que usava o indicativo de amura SS-209) operou no oceano Pacífico durante a guerra contra os japoneses. A sua primeira vítima -o cargueiro nipónico «Ryujin Maru»- foi afundada a 27 de Março de 1942. Ainda nesse ano, este submarino norte-americano destruiu várias embarcações inimigas (sobretudo ao largo de Truk), totalizando 4 000 toneladas. Em 1943, o «Grayling» (nome de um peixe de água doce aparentado às trutas) obteve vários outros sucessos, afundando (na zona de combate das Filipinas) o «Ushio Maru» e o «Xangai Maru». A perda do SS-209 ocorreu no mês de Setembro de 1943 (presumivelmente no decorrer de um acto de guerra) numa data apontada entre os dias 9 e 12. A sua destruição nunca foi reivindicada pelos japoneses. Por feitos de guerra (20 575 toneladas afundadas durante 8 patrulhas), o «Grayling» recebeu várias distinções, nomeadamente 6 'Battle Stars'.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
«FUNCHAL»
O «Funchal» (primeiro do nome) foi um paquete de bandeira portuguesa, que esteve activo entre 1884 (ano da sua construção e entrada em serviço) e 1927. Tendo sido substituído -na frota da Empresa Insulana de Navegação, à qual pertenceu- pelo navio «Lima», propriedade da armadora desde 1922. O paquete em apreço foi realizado num estaleiro do Reino Unido, apresentava 1 743 toneladas de arqueação bruta e media 84,40 metros de comprimento por 10,50 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina a vapor de tipo 'compound' (com 2 caldeiras), desenvolvendo uma potência de 1 200 cv. Foi o primeiro navio português do seu género a dispor de iluminação eléctrica. O «Funchal» estava preparado para receber carga geral e 163 passageiros, assim distribuídos : 61 em 1ª classe, 32 em segunda e 70 em 3ª. Destinado, muito especialmente, à linha Lisboa-Açores-América do norte, este navio iniciou a sua viagem inaugural no dia 20 de Dezembro de 1884. Desmantelado em lugar e data não apurados.
domingo, 26 de outubro de 2014
«HÉBÉ»
Fragata de 38 canhões construída nos estaleiros de Saint Malo -no ano de 1782- para a armada francesa. Concebida pelo competente engenheiro naval Jacques-Noël Sané, foi a primeira da classe que tomaria o seu nome e da qual seriam construídos mais outros 5 navios, a saber : o «Vénus», o Dryade», o «Proserpine», o «Sibylle» e o «Carmagnole». Deslocava 1 063 toneladas e media 46,30 metros de comprimento por 11,90 metros de boca. O seu calado era de 5,50 metros. Estava dotada com 300 homens de equipagem. Esta fragata só passou dois curtos meses nas mãos dos franceses, já que foi apreendida pela 'Royal Navy' (ao largo da ilha de Wight), após um confronto com o vaso de guerra «Rainbow», de 48 canhões. A sua tomada pelos britânicos valeu, ao seu comandante uma apresentação em tribunal de guerra (reunido em Morlaix), instância que o condenou a 15 anos de cadeia e à degradação por incapacidade de comando. O navio (novinho em folha) foi imediatamente integrado na marinha real com o nome de HMS «Hebe» e, reconhecidas as suas capacidades, serviu de modelo para a construção da classe 'Leda', da qual foram realizadas 47 unidades. Uma delas chegou mesmo a ser capitaneada pelo futuro almirante Horácio Nelson. O navio capturado aos franceses em 1782 tomou um nome novo em 1805 : HMS «Blonde». Esta inovadora fragata hasteou a bandeira de guerra de Sua Majestade Britânica durante quase 30 anos. Foi desmantelada em 1811.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
«HYUGA»
Porta-aeronaves da moderna marinha de guerra japonesa. É um navio que desloca 19 000 toneladas em plena carga e que mede 197 metros de comprimento por 33 metros de boca. Construído pelos estaleiros da empresa IHI Marine United, de Yokohama, foi lançado ao mar no dia 22 de Agosto de 2007 e integrou os efectivos da chamada Força Naval de Autodefesa em Março de 2009. O seu sistema de propulsão (COGAC) desenvolve uma potência de 100 000 hp, força que permite ao navio atingir velocidades superiores aos 30 nós e de dispor de um raio de acção considerável. Tem um gémeo no navio «Haruna». Opera 18 helicópteros de vários tipos e valências e poderá receber, futuramente, uma dotação de aviões F-35. Possui 2 elevadores para proceder à transferência dos aparelhos dos hângares para a pista de operações. Equipado com sensores, sistemas de processamento e armas (artilharia, torpedos, mísseis) de última geração, este navio e a sua tecnologia de ponta estão no centro de uma polémica com a China e com as duas Coreias, que vêm neles o símbolo de um indesejável rearmamento do Japão. Tanto mais que a realização de novos navios desta natureza, mas ainda de maior porte (os da classe 22DDH), já foi anunciada. O «Hyuga» tem uma guarnição de 360 membros e é o primeiro navio de guerra da História do país do Sol Nascente a incluir mulheres na sua equipagem. Este porta-helicópteros (designação oficial do navio) é a maior unidade de combate construída no Japão depois da Segunda Guerra Mundial. O «Hyuga», cujo indicativo de amura é DDH-181, tem a sua base em Yokosuka (perto da capital) e foi utilizado (com os meios de bordo) aquando da recente catástrofe, que viu -em Março de 2011- as costas nordeste do antigo 'país dos samurais' destroçadas por terramotos e por um tsunami de grande amplitude.
«RUAHINE»
Este luxuoso navio de passageiros (dotado, igualmente, de grande capacidade de carga, inclusive refrigerada) navegou de Inglaterra para a Nova Zelândia entre 1951 e 1966. Foi construído pelos estaleiros da John Brown Cº., de Glásgua -que o lançaram à água no dia 27 de Julho de 1950- por encomenda da armadora New Zealand Shipping Company; que o colocou na sua linha Londres-Auckland (via canal do Panamá), com escalas nas Bermudas, Miami, Kingston e Taiti. O «Ruahine» (que é bom não confundir com um seu congénere mais antigo) apresentava-se como um navio com 17 851 toneladas de arqueação bruta, 178 metros de comprimento, 22,90 metros de boca e 9 metros de calado. O seu sistema propulsivo era composto por 2 máquinas diesel (desenvolvendo uma potência de 14 200 bhp) e por 2 hélices. A sua velocidade de cruzeiro estabilizava-se nos 17 nós. Este paquete foi concebido para transportar 267 passageiros em camarotes de classe única, distribuídos por 4 cobertas. Estes viajavam em condições de grande conforto, gozando de serviços estudados para atenuar os inconvenientes da longuíssima viagem até aos antípodas : piscina, ginásio, áreas de jogos, restaurantes, bares, biblioteca, etc. O «Ruahine» -que foi o terceiro e último paquete a ser construído, no pós-guerra, para a companhia New Zealand Shipping- teve uma carreira praticamente sem história, para grande satisfação de todos aqueles que utilizaram os seus serviços. Mas, tal como a grande maioria dos seus congéneres, o «Ruahine» foi destronado na década de 60 do século passado pela aviação comercial. Este navio fez a sua derradeira viagem interoceânica em meados de 1968, quando já navegava com as cores da Federal Steam Navigation, à qual fora vendido dois anos antes. Reconvertido em unidade de cruzeiros, foi cedido (ainda nesse ano de 1968) à Export Lines, de Nassau, que lhe atribuíu o seu derradeiro nome : «Oriental Rio». Ainda foi adquirido pela Orient Overseas Line, antes de ser declarado obsoleto e ir parar a Taiwan, onde foi desmantelado -em 1973- pela empresa especializada Nan Feng Steel Enterprise, num estaleiro de Kaohssiung.
sábado, 18 de outubro de 2014
«MOREA»
Paquete de bandeira britânica construído em 1908 nos estaleiros da Barclay Curle & Company, de Glásgua, por encomenda da P. & O. (Peninsular & Oriental Steam Navigation Cº.). As suas 2 máquinas a vapor de quádrupla expansão (acopladas a 2 hélices), desenvolviam uma potência total de 15 000 hp, que lhe conferiam uma velocidade máxima de 17 nós. Destinado a assegurar ligações regulares entre a Europa (Reino Unido) e a Índia e a Austrália, o «Morea» apresentava-se como um navio de 10 890 toneladas de arqueação bruta, medindo 171,30 metros de comprimento por 18,64 metros de boca. O seu calado era de 10 metros. Este paquete, irmão gémeo do «Malwa» e do «Mantua», tinha uma tripulação de 307 membros e podia receber, nos seus camarotes, 407 passageiros de 1ª classe e 200 de segunda. O seu nome faz referência à península do Peloponeso, também designada por Moreia. Este navio não teve praticamente história digna de ser contada até 1914. Mas diz-se que, nesse ano em que se iniciou a Grande Guerra, escapou, quase por milagre, a um ataque do «Emden», cruzador ligeiro da armada imperial alemã, que operou como navio corsário nas águas australianas; onde seria afundado. Depois desse incidente, o «Morea» foi requisitado pelas autoridades navais britânicas e transformado, sucessivamente, em navio-hospital e transporte de tropas. Também é referido que, em Janeiro de 1918, o «Morea» tenha sido alvo de um ataque por torpedo ao largo de Portsmouth; mas a atenção dos vigias do navio permitiu uma manobra evasiva, que evitou que fosse atingido pelo fogo inimigo. Depois do conflito, este navio sofreu grandes trabalhos de restauro, antes de ser colocado, de novo, no serviço de passageiros. O «Morea» terminou a sua actividade em 1930. Ano em que foi levado para Kobé, no Japão, onde se procedeu à sua demolição.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
«ENRICO DANDOLO»
Couraçado da 'Regia Marina', construído em 1882 no arsenal de La Spezia. Deslocava 12 265 toneladas em plena carga e media 103,50 metros de comprimento por 19,65 metros de boca. Pertencia à classe 'Caio Duilio'. A sua propulsão era assegurada por 2 máquinas a vapor de dupla expansão (desenvolvendo uma potência de 8 045 ihp) e por 2 hélices. Podia navegar à velocidade máxima de 15,6 nós e dispunha de uma autonomia de 2 875 milhas náuticas com o andamento reduzido a 13 nós. A espessura da sua couraça ia dos 75 aos 550 mm. O seu armamento era constituído por 4 peças de 450 mm, 3 de 120 mm, 2 de 75 mm, 8 de 57 mm, 22 de 37 mm e 3 tubos lança-torpedos de 355 mm. A sua guarnição era formada por 515 homens, oficiais, sargentos e praças. Realizado na base de um projecto da autoria do engenheiro naval Benedetto Brin, este navio foi construído para receber as armas mais poderosas do seu tempo, de modo a que pudesse rivalizar com os maiores couraçados da armada francesa. Potência com a qual a Itália (recentemente reunificada) pretendia rivalizar. Os peritos militares transalpinos pretenderam até, que o navio em apreço e o seu gémeo «Caio Duílio» podiam afrontar, sem receio, toda a esquadra francesa do Mediterrâneo. O «Enrico Dandolo» recebeu o seu baptismo de fogo durante a guerra ítalo-turca (1911-1912), que teve como objectivo arrancar a Cirenaica ao Império Otomano. Aquando da Grande Guerra, este couraçado foi destacado, primeiramente, para o Adriático, sendo, durante algum tempo, o navio-almirante da força naval a actuar nas costas da Albânia. Do final do conflito até 1919, esteve baseado em Kotor (hoje na república do Montenegro), onde recebeu as autoridades italianas responsáveis pela assinatura do armistício com os seus homólogos do Império Austro-Húngaro. Por decreto real, este navio foi riscado das listas da armada no dia 7 de Abril de 1920. E desmantelado posteriormente.
«FRIEDRICH WILHELM ZU PFERDE»
Fragata da marinha de guerra brandeburguesa. Realizado nos estaleiros de Pillau (hoje Baltijsk, na Rússia), sob a orientação de mestre Gillis Cornelius Peckelhring -um holandês que aqui aplicou as técnicas de construção do seu país de origem- este navio foi lançado à água a 25 de Abril de 1681 e levado para Koningsberg (agora Kaliningrad), onde foi concluído e equipado. Só em 1684 seria integrado oficialmente na armada do Grande Eleitor. Nessa altura, o «Friedrich Wilhelm zu Pferde» apresentava-se como um navio de 900 toneladas, medindo 59 metros de comprimento por 10 metros de boca e dotado com uma artilharia composta por 56 canhões de vários calibres. A sua guarnição, de 250 elementos, compreendia marinheiros e homens de armas. Esta fragata era irmã gémea da «Berlin». O «Friedrich Wilhelm zu Pferde» ajudou, enquanto navio de escolta, a proteger os mercantes prussianos no seu comércio com vários portos da Europa, mas também aqueles que navegavam nas rotas de África e das Índias Ocidentais. Em 1685 este navio tinha em Emden a sua base e na pessoa de Hans, o Sábio, o seu capitão. No seu historial, assinala-se uma viagem ao golfo da Guiné, em 1692, durante a qual apresou dois navios franceses. No ano seguinte carregou, nas mesma paragens, 700 escravos, que levou para as Ilhas Virgens, após uma escala em São Tomé. E, no dia 29 de Agosto desse mesmo ano, zarpou das Antilhas rumo a Cádiz com um carregamento de cacau, que o seu comandante tinha a intenção de trocar, naquele porto andaluz, por tonéis de bom vinho espanhol. A 31 de Outubro de 1693, o «Friedrich Wilhelm zu Pferde» encontrou-se -nas proximidades do estreito de Gibraltar- com quatro navios hasteando o pavilhão real de França, que o atacaram e saquearam, antes de lhe deitarem o fogo. A guarnição do navio brandeburguês foi capturada e transferida para os navios agressores; que, posteriormente, os entregaram às autoridades militares do porto de Brest.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
«A-ROSA STELLA»
Este 'paquete' fluvial, propriedade do armador germânico A-Rosa Flussschiff GmbH, de Rostock, é uma das mais elegantes e apreciadas embarcações da sua categoria. O «A-Rosa Stella» foi construído em 2005 nos estaleiros Neptun Stahlbau, de Warnemünde (Alemanha). Apresenta 3 524 toneladas de arqueação bruta e mede 125,80 metros de longitude por 11,40 metros de boca. O seu sistema propulsivo (2 máquinas diesel) desenvolve uma potência de 1 600 kW, força que lhe permite navegar à velocidade de 13 nós. Embarca (em Lyon, onde está baseado) um máximo de 174 passageiros interessados na descoberta dos vales do Ródano e do Saône, rios franceses onde opera habitualmente. As viagens são, geralmente, organizadas à volta dos seguintes temas : 'Rota Gourmet', 'Vinhos e Alta Gastronomia', 'Rota Mediterrânica', 'Arte e Saber', 'Stella e Golfe', etc. Estes programas necessitam, naturalmente, a contratação de especialistas, de conferencistas e guias, que embarcam pelo tempo do cruzeiro; que pode durar poucos dias, uma semana ou um espaço de tempo mais alargado. O «A-Rosa Stella», de bandeira alemã, tem 4 cobertas e dispõe, para além de 86 luxuosos camarotes, de pontos de encontro, restaurantes, bares, ginásio, áreas de 'wellness', salões de beleza, zonas de jogos (nomeadamente uma para treino de golfe), piscina e pista de dança. Em suma, o «A-Rosa Stella» é uma embarcação de sonho, que, a seu nível, só é comparável com os palácios concebidos para os grandes cruzeiros oceânicos. A língua de bordo é a de Goethe, visto a agência de viagens que o explora (e que emprega, a bordo, 45 membros de equipagem) privilegiar uma clientela alemã da classes média alta e superior.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
«TIGRIS»
Réplica de um dos navios construídos (com juncos) pelos Sumérios há 5 000 anos. O projecto foi lançado pelo estudioso e aventureiro Thor Heyerdahl e a sua realização concretizada em 1977. Com esta rudimentar e frágil embarcação, acompanhado por 10 homens de equipagem, o norueguês quis demonstrar que -naqueles recuados tempos- navios deste tipo já participavam num comércio triangular, estabelecido entre a Mesopotâmia, a Índia e as costas da África oriental. Colocada sob a égide da O.N.U., esta terceira expedição de Heyerdahl navegou -com o «Tigris»- desde o golfo Pérsico (de onde partira no dia 11 de Novembro de 1977) até ao Paquistão e, dali, até ao mar Vermelho, onde chegou cinco meses mais tarde. Após essa aventurosa viagem, a tripulação deste singular navio, constituída por pessoas de várias nacionalidades, decidiu queimá-lo, como forma de protesto contra a guerra na Etiópia. O «Tigris» foi construído com materiais e ferramentas que existiam há 500 séculos atrás na Mesopotâmia. O navio pesava 30 toneladas, media 18 metros de comprimento e estava equipado com 2 velas quadrangulares, também elas fabricadas com panos tecidos segundo técnicas ancestrais. Uma cópia desta embarcação da Antiguidade está exposta no Museu Kon-Tiki, em Bygdoy, perto de Oslo.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
«GERUSALEMME»
Encomendado, em 1915, pela companhia armadora Lloyd (austríaca) aos estaleiros de Trieste Cantiere San Rocco di Muggia, este paquete nunca chegou (devido à derrota -na Grande Guerra- dos chamados Impérios Centrais) a hastear a bandeira austro-húngara. Nem sequer a ser terminado antes de 1920, ano em que foi lançado ao mar com as cores do Lloyd Triestino e com o nome de «Cracovia». Era gémeo do «Pilsna» (posteriormente chamado «Galilea»), do qual só se diferenciava por utilizar um sistema propulsivo dotado com inovadoras turbinas a vapor. Foi inicialmente colocado na linha da Índia e do Extremo Oriente. Mas, a partir de 1934, começou a operar entre a Europa e a Palestina (território colocado pela S.D.N. sob administração britânica), para onde transportou numerosos emigrantes de origem judaica. Já em pleno consulado mussoliniano, este navio foi transferido para a frota da Adriatica di Navigazione (sedeada em Veneza), onde passou a usar o seu novo nome de «Gerusalemme». Quando, em 1940, a Itália entrou em guerra ao lado da Alemanha nazi, este navio fazia serviço numa linha que percorria as costas da África oriental e tornou-se, assim, uma presa apetecida para a 'Royal Navy'. Para escapar aos ingleses, o navio refugiou-se no porto neutro de Lourenço Marques (actual Maputo), onde beneficiou da protecção portuguesa. Mas, em 1943 -depois da queda do regime fascista e da reviravolta na política italiana- o «Gerusalemme» foi entregue aos britânicos; que, depois de trabalhos de transformação executados em Durban (África do Sul), passaram a utilizá-lo, sucessivamente, como navio-hospital e como transporte de tropas. Com o fim do conflito, o velho paquete foi restituído ao Lloyd Triestino, que o alugou a um outro operador italiano para prestar serviço na linha Génova-Buenos Aires e, seguidamente, na linha Génova-Durban, via Suez. Em 1952, considerado obsoleto, o navio foi conduzido ao porto de Savona, onde foi desmantelado. Nos tempos do seu esplendor (período entre duas guerras) este navio podia acolher 444 passageiros, 74 dos quais em 1ª classe. Com 8 052 toneladas de arqueação bruta, o «Gerusalemme» media 131 metros de comprimento por 16,15 metros de boca. O seu sistema propulsor (acomplado a 2 hélices) desenvolvia 4 200 cv, potência que lhe facultava uma velocidade máxima rondando os 14 nós.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
«MONDEGO»
O «Mondego» foi um dos seis torpedeiros do seu tipo entregues a Portugal -depois de terminado o primeiro grande conflito generalizado e como compensação de guerra- pelo extinto Império Austro Húngaro, o aliado privilegiado da Alemanha de Guilherme II. Construído nos arsenais de Fiume em 1915, este navio (o ex-«91.F») foi o derradeiro de uma série que, em Portugal, foi designada classe 'Ave' e que foi constituída pelos torpedeiros «Ave», «Zêzere», «Cávado», «Sado», «Liz» e o navio em apreço, o «Mondego». É de referir que, na realidade, dois deles (o «Zêzere» e o «Cávado») nunca chegaram a integrar os efectivos da nossa Armada, pelo facto de se terem afundado na costa marroquina -no dia 29 de Novembro de 1921- quando estavam a ser rebocados (pelo «Patrão Lopes») para águas portuguesas. E que os restantes vieram substituir unidades obsoletas, que já se encontravam no activo desde 1882. O «Mondego» deslocava 230 toneladas e media 54 metros de comprimento por 5,70 metros de boca. O seu calado era de, apenas, 1,50 metros. A sua propulsão era assegurado por caldeiras Yarrow (fuel e carvão) e o seu armamento era constituído por 2 canhões de 75 mm (um deles com capacidades antiaéreas), por 1 metralhadora e por 4 tubos lança-toredos de 450 mm. Este navio ligeiro da Marinha de Guerra Portuguesa só seria retirado do serviço operacional em 1938. Presumindo-se que se tenha procedido ao seu posterior desmantelamento. Não se encontraram referências sobre o número de homens que compunham a sua guarnição; que seria muito limitada, considerando o débil porte do navio.
«KRASNYI KAVKAZ»
Antigo cruzador da classe 'Svetlana' (de 1913), que deveria receber o nome do almirante Lazarev. Este navio foi lançado à água em 1916 (pelos estaleiros Russud, de Nikolaiev), mas a sua construção foi interrompida durante os anos da revolução bolchevique. Os trabalhos foram retomados já no tempo da U.R.S.S. e dados como concluídos em 1932. Entretanto, os planos haviam sido substancialmente alterados e o resultado final deu origem a um navio único; que foi baptizado com o nome de «Krasnyi Kavkaz», cuja tradução na nossa língua é 'Cáucaso Vermelho'. Deslocando perto de 8 000 toneladas em plena carga, este navio media 159,50 metros de comprimento por 15,70 metros de boca. O seu sistema propulsivo (2 turbinas, 12 caldeiras) desenvolvia uma potência de 55 000 cv, força que lhe conferia uma velocidade máxima de 29 nós. Ligeiramente couraçado, este cruzador dispunha de uma artilharia constituída por 4 canhões de 180 mm, 8 de 100 mm, 2 AA de 76 mm e 4 AA de 45 mm. Para além de metralhadoras, tubos lança-torpedos de 533 mm e uma reserva importante de minas. Estava também equipado com uma catapulta e 2 hidros. A sua guarnição rondava os 900 homens. Anos antes de ter rebentado a 2ª Guerra Mundial, em 1933, este navio efectuou um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com visitas de cortesia a diversos portos turcos, gregos e italianos. Depois do ataque alemão contra a União Soviética, o «Krasnyi Kavkaz» participou em várias operações contra o inimigo nazi, distinguindo-se na defesa de Odessa e de Sebastopol e também durante a renhida (e mortífera) batalha da península de Kerch. Operações durante as quais navio e guarnição receberam altas condecorações. Durante a sua intervenção em Kerch, para onde levou reforços de tropas e de material bélico, este cruzador foi severamente atingido por aviões 'Stuka'. O que o obrigou a um período de imobilidade. O «Krasnyi Kvkaz» sobreviveu à guerra. Ainda recebeu trabalhos de modernização (sobretudo a nível de armamento), mas, em 1947, passou a ser unidade de 2ª linha e a funcionar como navio-escola. Finalmente, em 1957, foi utilizado como alvo de mísseis mar-mar SSN-1 e afundado (no dia 21 de Novembro) por um desses engenhos.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
«SANTA IZABEL»
Lugre bacalhoeiro de bandeira portuguesa. Foi construído, em 1929, nos estaleiros da Gafanha da Nazaré -sob a supervisão de mestre Manuel Maria Bolais Mónica- para a Empresa de Pesca de Aveiro. Cidade em cuja capitania foi registado. Era um navio com casco em madeira e com 3 mastros, que apresentava 345,25 toneladas de arqueação bruta e que media 45 metros de longitude. Era gémeo dos navios «Santa Mafalda» e «Santa Joana», pertencentes ao mesmo armador aveirense, e do «Santa Luzia», propriedade de um empresário de Viana do Castelo. Segundo fontes bem informadas, o «Santa Izabel» (que também navegou com o nome de «Santa Isabel»), foi um dos primeiros pesqueiros portugueses a demandar -no ano de 1931- os mares da Groenlândia e a afrontar os perigos próprios dessas longínquas paragens. No ano seguinte (em 1932), este bacalhoeiro recebeu um motor auxiliar, equipamento que garantia maior segurança ao navio e às respectivas tripulações. No dia 19 de Novembro de 1933, à saída da barra do Douro, o «Santa Izabel» foi protagonista de um encalhe num banco de areia; mas acabou por safar-se pelos seus próprios meios. Em 1943, passou a operar por conta da Sociedade Bacalhau de Portugal, com sede em Lisboa. O fim (dramático) deste lugre da afamada 'White Fleet', ocorreu no dia 23 de Setembro de 1958 no mar dos Açores. O navio vinha da Terra Nova carregado de peixe e, por desgaste acumulado ao longo de quase 30 anos de actividade, não suportou mais uma violenta tempestade. Todos os seus homens foram salvos pelo N/M «Senhora da Vida». Curiosidades : esse ano de 1958 foi dos mais nefastos para a nossa frota de pesca longínqua, já que -para além do «Santa Izabel»- perderam-se (por água aberta) mais cinco outros navios. A saber, o «Maria das Flores», o «Cruz de Malta», o «Labrador», o «Milena» e o «Ana Maria» (este após inextinguível incêndio). O «Santa Izabel» foi tema de uma bonita tela da autoria do insigne pintor de marinha Roger Chapelet, um artista francês.
domingo, 28 de setembro de 2014
«DRONNING MAUD»
Navio de passageiros e carga diversa de bandeira norueguesa. Foi construído em 1925 nos estaleiros da firma Mekaniske Verksted, de Fredrikstad, para a frota da companhia armadora DND; que explorava uma linha - o Expresso Costeiro- que percorria todo o litoral do chamado 'País dos Fiordes'. O «Dronning Maud» ('Rainha Maud'), que estava registado no porto de Trondheim, tinha capacidade para receber 400 passageiros. Com uma arqueação bruta de 1 489 toneladas e com 71,63 metros de comprimento, este navio estava equipado com 1 máquina a vapor de tripla expansão desenvolvendo 1 500 cv, que lhe facultava 13 nós de velocidade de cruzeiro. Durante o seu tempo de serviço, este navio de cabotagem distinguiu-se pelo apoio prestado a várias embarcações em dificuldade, nomeadamente (em 1926) ao vapor «Pallas», que encalhou ao largo de Gronoy. Já durante a 2ª Guerra Mundial, em Janeiro de 1940, o «Dronning Maud» ilustrou-se ao salvar a equipagem (36 homens mais 2 pilotos noruegueses) de um navio alemão em perdição, o «Johann Schulte». Este feito ocorreu de noite e em condições de tempo desfavoráveis e foi considerado um dos mais sensacionais da história da marinha mercante local. Esse acto de grande generosidade não impediu, porém, a aviação nazi de bombardear o «Dronning Maud» poucos meses mais tarde -no dia 1º de Maio de 1940- quando o navio cumpria uma missão de cariz humanitário para a Cruz Vermelha. A bordo morreu elevado número de tripulantes e passageiros, entre os quais figuravam 9 médicos. O navio norueguês afundou-se (depois de ter ardido) a escassa distância dos cais de Foldvik, para onde se dirigia. A Alemanha (pós-hitleriana) reconheceu tardiamente (em 1960) o esforço e dedicação da tripulação do navio norueguês, por ocasião do socorro prestado aos náufragos do «Johann Schulte. Atribuindo uma medalha de ouro ao capitão Edward Grundt, comandante do navio em 1940 e sobrevivente de guerra.
«SERVIA»
Paquete da companhia Cunard Line, construído em 1881, -pelos estaleiros J. & G. Thompson, de Glásgua- para assegurar serviços de correio e de transporte de passageiros (especialmente de emigrantes) entre Liverpool e Nova Iorque. Foi o primeiro navio do seu armador a dispor de instalação eléctrica. E também o primeiro navio da Cunard a usar aço (em vez de ferro) na realização do seu casco, o que o tornava mais ligeiro e resistente. Características inovadoras (entre outras), que levaram alguns historiadores a considerá-lo o primeiro transatlântico moderno. O «Servia» que, no seu início de carreira, ainda usou velas auxiliares, apresentava-se como um navio de 7 392 toneladas (GT) e media 157 metros de comprimento por 15,90 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por maquinaria a vapor desenvolvendo uma potência de 10 300 ihp e por 1 hélice, que lhe proporcionavam uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 16,7 nós. Este navio tinha capacidade para receber 480 passageiros de 1ª e 750 em 3ª classe. A sua tripulação era formada por 298 membros. O «Servia» foi construído segundo as especificações do Almirantado britânico, que permitiam transformá-lo, em caso de necessidade, num cruzador auxiliar. Tendo passado -depois do aparecimento dos seus congéneres «Campania» e «Lucania», em 1893- para um serviço subalterno, o paquete em apreço foi militarizado, durante a guerra dos Boers, levando para a África do Sul tropas e material bélico. Terminou a sua carreira num estaleiro de demolição, em 1902.
«ST. LAWRENCE»
Este, foi o primeiro navio de linha britânico concebido para operar exclusivamente em água doce. Lançado em 1814 pelos estaleiros de Frederick Point, de Kingston (primeira capital do Canadá), o «St. Lawrence era um navio de 2 305 toneladas de deslocamento (em plena carga), medindo 59 metros de longitude por 16 metros de boca. Não tinha castelo de popa. A sua guarnição era composta por 700 oficiais, marinheiros e soldados (837, segundo outras fontes) e estava armado com 112 canhões, alinhados em três níveis distintos. Ou seja, este veleiro de 3 mastros era de comprimento superior ao «Victory», de Horácio Nelson, e dispunha de um poder de fogo superior ao desse emblemático navio da 'Royal Navy' e da decisiva batalha de Trafalgar. Destinado a operar no lago Ontário, o «St. Lawrence» serviu durante a chamada guerra de 1812 -contra os Estados Unidos- mas não chegou a participar em nenhum dos combates travados, de tal modo era intimidante a sua presença. O seu papel resumiu-se, pois, ao de uma formidável arma de dissuasão e ao cumprimento de missões de patrulha na rota de abastecimentos do Alto Canadá. Parece que as ordens para o construir se referiam a um navio de menores dimensões, mas que o responsável pela sua construção -o comodoro sir James Lucas Yeo- ultrapassou as determinações da hierarquia para chegar ao resultado final. Dizem os peritos que o «St. Lawrence» era um navio pouco estável, devido ao facto de dispor de um calado bastante inferior (por óbvias razões) ao dos navios de mar com as suas dimensões. Depois do conflito com os norte-americanos, este navio -tornado inútil e de manutenção incomportável- foi desarmado (em 1815); e, em 1832, o seu casco foi vendido a um civil de nome Robert Drummond pela ridícula soma de 25 libras. Mais tarde, a sua carcaça foi usada como armazém de uma conhecida fábrica canadiana de cervejas. Finalmente, este antigo e impressionante navio de guerra -o maior que os Grandes Lagos conheceram- afundou-se em águas pouco profundas, a pouca distância de Kinston. Onde, hoje, os seus restos servem de estudos aos arqueólogos subaquáticos e de lugar de diversão aos mergulhadores desportivos autorizados. O Museu do Real Colégio Militar do Canadá, sedeado em Kingston, possui, nas suas colecções, um modelo deste singular e impressionante navio lacustre.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
«SPARROW»
Canhoneira da classe britânica 'Redbreast', que comportou 9 unidades, todas elas com nomes de pássaros. Este navio -lançado à água em Setembro de 1889, pelo estaleiro da companhia Scotts, de Greenock- foi o derradeiro da série. E o de maior longevidade, visto só ter sido desmantelado no ano de 1955. Esta canhoneira (de propulsão mista, vela/vapor) esteve ao serviço da 'Royal Navy' até 1904, ano em que foi cedida ao governo da Nova Zelândia; que a baptizou com o nome de «Amokura» e a colocou ao serviço em Outubro de 1906. Entre outras missões, este navio actuou como escola de marinheiros e de formação de oficiais. No decorrer da mais longa das suas viagens, visitou ilhas da região sub-Antárctica. Navegava graças a um sistema vélico assente em 3 mastros e numa máquina a vapor de tripla expansão com 1 200 ihp de potência, acoplada a 1 hélice. Dispunha de uma autonomia de 2 500 milhas náuticas e a sua velocidade máxima era de 13 nós. Enquanto navio militar, contou com uma guarnição de 76 homens e esteve armado com 6 canhões de 101,6 mm e com 4 metralhadoras. Manteve-se ao serviço do governo neozelandês até à sua desclassificação em 1921. No ano seguinte, o navio foi vendido a um armador local, que o utilizou como navio carvoeiro durante perto de três décadas. Alguns restos desta antiga canhoneira ainda hoje são visíveis numa praia da região de Marlborough Sounds. Deslocamento : 805 toneladas; 50,30 metros de comprimento; 9,40 metros de boca; 3,35 metros de calado.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
«ATLANTA»
Este cruzador ligeiro da armada dos Estados Unidos da América pertenceu à classe de navios que usou o seu nome e que foi constituída por 8 unidades. Concebido para dar apoio aéreo às esquadras, o «Atlanta» -um navio com 6 000 toneladas de deslocamento e com 164,90 metros de comprimento por 16,10 metros de boca- estava armado com canhões AA, de 127 mm (16), agrupados em torretas duplas de tiro semi-automatizado e dispunha, ainda, de 16 outras peças AA de 40 mm e mais 8 de 20 mm, para além de 8 tubos lança-torpedos de 533 mm e de uma provisão de 80 granadas anti-submarinas. Este poderoso navio, que tinha uma guarnição de 623 homens, usava o indicativo de amura CL-51. Foi construído em 1941, nos estaleiros Federal Shipbuilding de Kearny, na Nova Jérsia e, em seu tempo, mobilizado para a guerra do Pacífico. Participou nalgumas das mais importantes batalhas travadas nesse teatro de operações contra a frota japonesa -Midway, ilhas Salomão, Guadalcanal- onde foi várias vezes alvejado pela artilharia naval japonesa e por fogo amigo. Até que, no decorrer da última batalha citada, - 13 de Novembro de 1942- o «Atlanta» foi duramente atingido pelas forças inimigas, perdeu grande número de tripulantes e acabou por incendiar-se. Apesar dos esforços desenvolvidos pelos outros navios da frota americana para o salvar, o CL-51 estava irremediavelmente perdido. Tendo recebido ordens superiores para agir em consequência, o comandante do navio (capitão Jenkins) mandou evacuar a guarnição, depois desta ter colocado algumas cargas explosivas, que precipitaram o seu soçobro. Os restos do USS «Atlanta» foram descobertos e identificados, em 1992, por uma expedição chefiada pelo Dr. Robert Ballard, famoso por já ter encontrado as carcaças do «Titanic» e do «Bismarck». O relato da descoberta do «Atlanta» foi feito no livro «Os Navios Perdidos de Guadalcanal», da autoria de Ballard. Várias expedições visitaram e filmaram, entretanto, o malogrado cruzador. Curiosidade : No mesmo dia e no mesmo lugar em que o «Atlanta» se afundou, registou-se a perda de outro navio da mesma classe : o USS «Juneau» (CL-52), ao qual está ligada a pungente história dos cinco irmãos Sullivan.
«MONARCA»
Navio de guerra espanhol de finais do século XVIII. Foi construído em 1794, nos Reales Astilleros de Esteiro, no Ferrol, Galiza. Pertencia à classe 'Montañés' e à série dita dos 'San Ildefonsinos', projectada pelo famoso engenheiro naval Romero Landa. Deslocava 1 640 toneladas e media 50,80 metros de longitude por 13,92 metros de boca. O seu calado era de 6,70 metros. Estava armado (tal como os outros navios do seu tipo) com 74 canhões de distintos calibres, distribuídos por duas cobertas. A sua guarnição era composta por 672 marinheiros e soldados. Colocado sob a protecção de São Caetano, este vaso de guerra teve como primeiro capitão José Justo Salcedo e foi integrado na esquadra de Juan de Lángara. A sua primeira missão oficial foi executada aquando da defesa de Rosas, durante a guerra contra a república francesa. Em Outubro de 1805, o «Monarca» (comandado pelo capitão Teodoro Argumosa) foi lançado na batalha de Trafalgar, contra as esquadras de Horácio Nelson. Depois de ter afrontado vários navios britânicos, que muito o castigaram e que lhe causaram 100 mortos e 150 feridos, o navio rendeu-se à guarnição do HMS «Bellerophon». Com uma força de presa constituída por 55 marinheiros ingleses, os espanhóis decidiram sabotar o «Monarca» e deixá-lo derivar (ao sabor de uma tempestade), na esperança de alcançar Cádiz ou qualquer outro porto amigo. Mas o navio foi alcançado pelo HMS «Leviathan», que resgatou a marinhagem inglesa e deixou o veleiro ibérico à mercê do temporal. A 28 de Outubro, o «Monarca» deu à costa em Arenas Gordas (entre San Lúcar de Barrameda e Huelva), onde, três dias mais tarde, o HMS «Naid» o incendiou, para o colocar definitivamente fora e combate. Nota : a ilustração anexada representa o «Neptuno», um navio similar ao «Monarca» e igualmente armado com 74 bocas de fogo.
Subscrever:
Mensagens (Atom)