terça-feira, 28 de junho de 2016

«JINTSU»

///// O «Jintsu» foi um cruzador ligeiro da armada imperial nipónica, que tomou parte activa nas operações da 2ª Guerra Mundial.  Pertenceu à classe 'Sendai', que compreendeu 3 unidades : o «Sendai», o navio aqui em apreço e o «Naka».  O «Jintsu», que foi lançado à água em Dezembro de 1923 pelos estaleiros da firma Kawasaki, de Kobe, só entrou em serviço no final do mês de Julho de 1925. Deslocava 7 100 toneladas em plena carga e media 163 metros de longitude por 14,17 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 4 turbinas a vapor (12 caldeira) desenvolvendo uma força de 90 000 cv, que autorizavam a este navio uma velocidade máxima de 35 nós e um raio de acção de 7 800 milhas náuticas com andamento limitado a 10 nós. O «Jintsu» estava razoavelmente bem protegido por uma blindagem que, na cinta do navio, atingia os 64 mm e estava armado com 7 peças de artilharia de 140 mm, 2 de 80 mm, 2 metralhadoras de 13 mm e com 8 tubos lança-torpedos de 610 mm. Para além dessas armas, o navio podia transportar entre 56 e 80 minas, em função da natureza das suas missões. E ainda dispunha dos serviços de 1 catapulta e respectiva aeronave, um hidro. A sua guarnição era de 440 homens, oficiais incluídos. Tal como os seus supracitados congéneres, o «Jintsu» foi afundado pelas forças aliadas destacadas na frente Índico-Pacífico. Depois de ter participado na campanha de Shandong (durante o conflito sino-japonês), desembarcando e apoiando as tropas de invasão da China, foi-lhe, em 1941, concedida a honra de hastear -enquanto navio-almirante- as insígnias do almirante Tanaka, aquando da investida contra as Filipinas. Em 1942, este presente nas batalhas de Midway e das ilhas Salomão, tendo sofrido graves avarias durante esta última. Depois de ter recebido reparações de monta, este cruzador voltou ao combate, arvorando, desta vez, a marca do almirante Isaki. E, aquando da sua participação no combate de Kolombangara (disputado em 13 de Julho de 1943) foi atingido violentamente pelo fogo inimigo, que o quebrou em dois e afundou com numerosas perdas humanas.

«CASSANDRA»

Construído na Escócia pelos estaleiros da firma Scotts Shipbuilding, de Greenock, o «Cassandra» foi lançado ao mar no dia 27 de Junho de 1906. Fez agora 110 anos. Era um transporte de passageiros e de carga diversa, que o seu primeiro armador -a casa Donaldson Bros.- adquiriu para assegurar a ligação regular entre Glásgua (onde o navio foi registado) e os portos do Canadá. Território da coroa britânica, para onde este navio transportou muitos emigrantes. Apresentava-se como um navio de 7 396 toneladas (de arqueação bruta) e com 140 metros de comprimento por 16,20 metros de boca.  O seu sistema propulsivo (vapor) autorizava-lhe uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 14 nós. Desfraldou até 1929 -data em que foi vendido à companhia germânica Arnold Bernstein, de Hamburgo- as cores de várias armadores sempre ligados à família Donalson, de entre as quais distinguimos a Anchor-Donaldson Line. Durante a Grande Guerra, este navio foi requisitado pelos militares e passou a actuar no Mediterrâneo, tendo participado (em 1915) na campanha dos Dardanelos. Foi nessa ocasião que se lhe ficou a dever o salvamento de cerca de 700 pessoas, que viajavam num navio dos Aliadose que fora afundado por torpedeamento. O seu acima referido proprietário alemão transformou-o em transporte de gado, função que o «Cassandra» (entretanto rebaptizado «Drachtenstein») assegurou até final de carreira; que ocorreu nos primeiros anos da década de 30. Em 1934, este navio foi desmantelado num estaleiro da cidade de Kiel.

sábado, 25 de junho de 2016

«VOADOR»

Lugre bacalhoeiro construído no ano de 1911, em Fão (Esposende), por mestre António Dias dos Santos, por encomenda da Sociedade de Pesca Oceano, da Figueira da Foz. Cidade onde o navio foi registado junto da autoridade marítima. Na realidade, o estaleiro de Fão realizou o casco em madeira -que lançou à água em 26 de Setembro do ano acima referido- que foi, posteriormente, levado para a foz do Mondego (pelo rebocador «Liberal»), onde se procedeu à respectiva mastreação e a outros acabamentos. A sua primeira campanha de pesca longínqua terá ocorrido em 1912 aos bancos da Terra Nova. Em 1935, depois de alguns anos de inactividade, foi vendido à firma Ribau & Vilarinho, de Aveiro, porto para onde o seu registo foi transferido, já com este veleiro de 3 mastros a usar o nome de «Navegante II». Prosseguiu a sua azáfama em águas do Canadá e da Gronelândia, até que -no dia 25 de Agosto de 1949- naufragou com água aberta no pesqueiro de Virgin Rock, na Terra Nova. Este bacalhoeiro era um navio com as seguintes dimensões : 40,53 metros de comprimento entre perpendiculares; 9,18 metros de boca; 3,87 metros de pontal. Funcionava, geralmente, com uma equipagem de 19 homens.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

«AL-HASHEMI II»

Este majestoso navio kuweitiano, totalmente construído em madeira, é um 'dhow', embarcação árabe típica do golfo Pérsico e do Índico ocidental. Apresenta a particularidade de ser o maior navio do mundo do seu tipo (recorde devidamente homologado pelo «Guinness Book») e de... nunca ter navegado. Embora o «Al-Hashemi II» tenha sido realizado segundo as técnicas da construção naval e seja completamente estanque. Este 'dhow' de 2 mastros desloca 2 500 toneladas e mede 83,75 metros de comprimento por 18,50 metros de boca. Este curioso navio pode admirar-se na capital do emirado (Kuwait City), ao lado de uma das mais prestigiosas unidades hoteleiras do Próximo Oriente : o Blue Radisson Hotel, à qual serve, de algum modo, de suporte publicitário. Ao que se diz, o seu proprietário -Hussain Marafie- terá pago por ele a soma de 30 milhões de dólares norte-americanos. Este navio tradicional tem servido para a realização de eventos e deverá abrigar um museu marítimo, lembrando o papel importante da navegação e do comércio árabes nesta região do mundo. Curiosidade : o 'dhow' é o elemento principal do brasão de armas do Kuwait.

«PIANA»

Este navio misto (ferry/ro-ro) de moderno 'design', hasteia bandeira francesa e navega no mar Mediterrâneo. Foi construído em 2011 no estaleiro naval Brodosplit, na Croácia, por encomenda da companhia de navegação La Méridionale (STEF-TFE). Que com ele assegura a linha regular Bastia-Marselha. O «Piana» (nome que lhe advém de uma bonita e turística aldeia da Córsega do Sul) é, com os seus 180 metros de comprimento por 30,50 metros de boca, capaz de transportar (com toda segurança e conforto) 750 passageiros e 200 veículos particulares. Tem um calado de 6,20 metros e pode atingir a velocidade de 27 nós. A sua tripulação é constituída por 45 membros (todos de nacionalidade francesa), entre marinheiros e outro pessoal de serviço. O seu porto de abrigo é o de Bastia, cidade costeira da ilha-natal de Napoleão Bonaparte. O «Piana» é um dos maiores navios do seu armador, só sendo ultrapassado (na frota de La Méridionale e em número de passageiros) pelo «Girolata». A duração da viagem entre Bastia e Marseille é de 16 horas, aproximadamente.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

«ARUNDEL CASTLE»

Este navio de passageiros de bandeira britânica navegou entre o Reino Unido e a África do Sul, de 1921 a 1958; cumprindo, assim, uma carreira 'record' de 37 anos e 8 meses de serviço. Construído nos estaleiros da firma Harland & Wolff, de Belfast (Irlanda do Norte), por encomenda da casa armadora Union-Castle Line, este paquete foi lançado à água em 1919 e fez a sua viagem inaugural (com término em Capetown) dois anos mais tarde. No início da sua vida activa, o «Arundel Castle» (segundo do nome) apresentava-se como um navio de 4 chaminés, podendo assegurar o transporte de mais de 1 000 passageiros. Em 1937, com 'design' e instalações julgadas ultrapassadas, entrou no estaleiro para sofrer uma profunda remodelação. E dali saiu quase irreconhecível, com apenas duas chaminés e com casco e superestruturas redesenhadas. A sua capacidade de transporte fora reduzida para metade, facto que ofereceu mais comodidade e segurança aos seus utentes. Que, durante muitos anos, foram, sobretudo, famílias de emigrantes europeus desejosos de recomeçar nova vida na África austral. Com a eclosão da 2ª Guerra Mundial, o navio em apreço foi requisitado pela 'Royal Navy' e encetou uma carreira militar como transporte de tropas. Depois do conflito, regressou à sua linha Southampton-Cidade do Cabo, perfazendo 211 viagens completas, sem incidentes de percurso dignos de registo. Este paquete terminou a sua vida activa em 1958 e, no ano seguinte, foi vendido como sucata. Em 1959, foi rebocado para Kowloon (Hong Kong), onde se procedeu ao seu desmantelamento. Na sua segunda fase de vida, este navio registava uma arqueação bruta de 19 118 toneladas e media 209 metros de comprimento por 22 metros de boca. A sua propulsão era assegurado por um sistema de turbinas a vapor e por 2 hélices, que lhe imprimiam uma velocidade de cruzeiro de 20 nós.

domingo, 5 de junho de 2016

«IWO JIMA»

Navio de assalto anfíbio da armada dos Estados Unidos, também conhecido pelo seu indicativo de amura, LPH-2. Foi a primeira de todas as unidades do seu tipo a ser criada de raiz para desempenhar tal função. Está na origem de uma classe, que compreendeu mais 6 navios : o «Okinawa», o «Guadalcanal», o «Guam», o «John F. Kennedy», o «Tripoli» e o «New Orleans». Uma outra unidade, o «Inchon», acabaria por ser convertido, em definitivo, em navio de luta anti-minas. O «Iwo Jima» foi lançado ao mar em 1960 pelos estaleiros de Puget Bay, que o construiram. Deslocava (em plena carga) 18 474 toneladas e media 180 metros de comprimento por 26 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por um sistema (compreendendo caldeiras e turbinas) desenvolvendo 22 000 cv e acoplado a 2 hélices. O que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 22 nós e uma autonomia de 6 000 milhas náuticas, com andamento reduzido a 18 nós. Estava armado com artilharia convencional e com rampas de lançamento de mísseis. Podia carregar 25 helicópteros de vários tipos e valências e material específico à acção dos fuzileiros : lanchas de desembarque, veículos blindados, etc. A sua guarnição era constituída por 667 homens. O «Iwo Jima» -que teve vida operacional até Junho de 1993- esteve implicado em várias e importantes operações da armada estadunidense, nomeadamente na prolongada guerra do Vietnam, à qual forneceu combatentes e abundante material bélico. Em 17 de Abril de 1970, foi o «Iwo Jima» que recuperou, nas águas do oceano Pacífico, a cápsula da famosa e abortada missão Apollo 13. Este navio esteve também no Líbano em 1983, aquando do horrível ataque terrorista que custou a vida a 241 soldados norte-americanos. Outro episódio dramático da vida deste navio ocorreu no golfo Pérsico, a 30 de Outubro de 1990, quando o rebentamento acidental de uma caldeira ceifou a vida a 10 membros da sua tripulação. O «Iwo Jima» (primeiro do nome) foi desactivado em 1993, vendido para a sucata dois anos mais tarde e seguidamente desmantelado.

«ANTONIO DA NOLI»

Contratorpedeiro da armada mussoliniana pertencente à classe 'Navigatori'; que compreendeu 12 unidades. Este navio (o segundo da série) foi construído nos estaleiros C.T. de Riva Trigoso e integrado no serviço activo da 'Regia Marina' a 29 de Dezembro de 1929. Foi-lhe atribuído o nome de um navegador do século XV, que serviu o infante D, Henrique e que teve papel de relevo na descoberta do arquipélago de Cabo Verde. Refira-se, a título de curiosidade, que o primeiro navio desta classe se chamou «Alvise Cadamosto», em homenagem a outro ilustre mareante itálico que se colocou sob as ordens do 5º filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre. O «Antonio da Noli» era um 'destroyer' que deslocava 2 693 toneladas (em plena carga) e que media 107 metros de comprimento por 10,20 metros de boca. O seu sistema propulsivo desenvolvia 50 000 hp, força que facultava a este navio uma velocidade de cruzeiro de 38 nós. Dispondo de uma guarnição constituída por 224 homens (quadro de oficiais incluídos), esta unidade ligeira estava armada com 6 peças de 120 mm, 2 'pom pom' de 40 mm, 8 metralhadoras de 13,2 mm e 6 tubos lança-torpedos de 533 mm. E, acessoriamente, podia transportar 56 minas. Durante a Segunda Guerra Mundial, o «Antonio da Noli» participou activamente em operações navais no Mediterrâneo, nomeadamente em missões de escolta. No dia 9 de Setembro de 1943, no estreito de Bonifácio (que separa a Sardenha da Córsega) chocou com uma mina e afundou-se. Do naufrágio resultaram 218 mortos. Sobreviveram 39  marinheiros. Nota : a construção dos navios da classe 'Navigatori' foi uma consequência da rivalidade entre potências mediterrânicas e a resposta dada pelos italianos ao surgimento dos navios franceses das classes ''Jaguar' e 'Guépard'.

sábado, 4 de junho de 2016

«AFRIC»

Paquete britânico, que ostentou as cores da White Star Line. Foi construído em 1899 nos estaleiros da firma Harland & Wolff, de Belfast, na Irlanda do Norte. Era um navio com 11 948 toneladas de arqueação bruta, medindo 173,70 metros de longitude por 19,30 metros de boca. Estava equipado com 2 máquinas a vapor de quádrupla expansão, desenvolvendo uma potência global de 4 800 ihp. Força que proporcionava ao «Afric» uma velocidade máxima de 14 nós. Realizado especialmente para ligar Liverpool (seu porto de registo) a Sidney, via cabo da Boa Esperança, este navio estava preparado para receber 320 passageiros e muitos milhares de peças de carne congeladas, em compartimentos frigoríficos situados à proa. O «Afric» pertenceu à classe 'Jubilee', da qual foram realizados mais dois navios : o «Runic» e o «Suevic». Fez a sua viagem inaugural a Nova Iorque em Fevereiro de 1899 e realizou uma segunda viagem transatlântica, antes de ser colocado -a título permanente- na carreira da Austrália. Desempenhou essa missão a contento do seu armador e das inúmeras famílias de passageiros que transportou até à fatídica data de 12 de Fevereiro de 1917; dia em que foi torpedeado por um submarino alemão -o «UC-66»- a 12 milhas náuticas a sudoeste do farol de Eddystone, no canal de S. Jorge. Este acto de guerra, prendeu-se com o facto do navio em questão ter servido, em várias ocasiões, como transporte de tropas. O que também já ocorrera muito antes do seu afundamento, no tempo da guerra com os 'Boers' da África do Sul. No soçobro do paquete «Afric» morreram 22 pessoas e 145 outras lograram sobreviver.

«PATRÃO LOPES»

Este pequeno navio com 478,66 toneladas de arqueação bruta  e com 48 metros de comprimento por 8 metros boca, foi construído na Alemanha -em 1880- pelos estaleiros da firma Rostocker A.G. e usou o nome de «Newa» até 1916; ano em que foi apresado no estuário do Tejo pela Armada Portuguesa. Isso no decorrer da famosa operação do dia 23 de Fevereiro, que redundou na declaração de guerra feita ao nosso país pelo 'kaiser'. Equipado com uma máquina a vapor com 500 ihp de potência, que lhe facultava uma velocidade de 10 m.n./hora, este navio foi baptizado com o nome de «Patrão Lopes»  (em homenagem a uma figura heróica dos botes salva-vidas) e entregue pelas autoridades navais ao Instituto de Socorros a Náufragos. Durante a Grande Guerra, acompanhou (enquanto navio de escolta) 3 submarinos adquiridos em Itália para a nossa Armada e rebocou, de Bordéus para Lisboa, a barca «Portugal». tendo, durante essa missão, chegado a disparar sobre um submarino germânico. Atribui-se ao «Patrão Lopes» e às suas sucessivas equipagens o salvamento de inúmeras vidas, resgatadas ao mar sobretudo na barra de Lisboa. Depois de uma actividade plena, de duas décadas ao serviço do I.S.N., o «Patrão Lopes» sofreu -no dia 29 de Fevereiro de 1936- junto ao farol do Bugio, um acidente que ditou o seu fim. O navio em apreço -que havia encontrado à deriva, ao largo de Cascais, o batelão «Franz»- lançou-lhe umas amarras com o intuito de o trazer, a salvo, para Lisboa. Mas o dito batelão encalhou num baixio, afundando-se posteriormente ao mesmo tempo que arrastou consigo o «Patrão Lopes». Cujos restos ainda por lá se encontram (a uma profundidade de 8/15 metros) e são conhecidos de muitos mergulhadores desportivos.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

«WHITE BEAR»

Construído nos estaleiros de Woolwich em 1564 (que funcionaram no rio Tamisa até finais do século XIX), o «White Bear» deslocava 729 toneladas e media 34 metros de comprimento (na quilha) por 11 metros de boca.  O seu calado era de 5,50 metros. Segundo informações do tempo, este navio chegou a carregar 57 bocas de fogo e a dispor de uma guarnição de 500 homens, depois da sua renovação em 1585-1586. Sendo, dessa forma, um dos mais poderosos navios ingleses a operar nas armadas dos Tudor. Dinastia que, diga-se de passagem, ofereceu à Inglaterra a mais poderosa marinha de guerra do mundo. Sabe-se que o «White Bear» participou nos combates vitoriosos contra a chamada 'Invencível Armada', sob o comando de 'sir' Edmund Sheffield e que, em 1599, sofreu novos trabalhos de restauro. Este navio serviu na 'Royal Navy' até 1627. Dois anos mais tarde, seria desactivado e vendido a um particular, que o mandou desmantelar. Com a sua madeira aproveitável foi construída uma cervejaria num campo de corridas de cavalos da aldeia de Norwood, localizada perto de Halifax. Nota : a imagem anexada é a de uma maqueta pretendendo recrear o «White Bear».