quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

«BONNINGTON»


Este navio a vapor (com roda de pás à popa) pertenceu à companhia Canadian Pacific Railway, que o utilizou -entre 1911 e 1931- no seu serviço de passageiros operando nos rios e lagos da Columbia Britânica. O «Bonnington» -que tinha uma arqueação bruta de 1 700 toneladas e que media 62 metros de comprimento, por 12 metros de boca e por 3,50 metros de calado- foi construído no Ontário e montado (depois de transferência das suas componentes por via férrea) no estaleiro de James M. Bulger, em Nakusp; que o lançou à água no dia 24 de Abril de 1911. Esta embarcação tinha casco de aço (que lhe conferia capacidades de quebra-gelo) e funcionava com com sistema de maquinaria a vapor. Podia atingir a velocidade de 16 milhas/hora. O «Bonnington» foi licenciado para poder transportar 400 passageiros, podendo alguns deles viajar comodamente nos 62 camarotes de bordo. A sua tripulação era constituída por uma trintena de membros. Teve dois gémeos, que pertenceram ao mesmo armador e que se chamaram «Nasookin» e «Sicamous». Bastante confortável, esta embarcação proporcionava aos seus utentes (além dos já referidos camarotes) bar, serviço de restaurante, salões de fumo, luz eléctrica, etc. O «Bonnington» foi um navio fluvial-lacustre muito popular no Canadá, não só entre os homens de negócios que o utilizaram nas suas deslocações profissionais, mas, também, entre os muitos turistas, que, já no início do século XX, deambulavam por aquelas paragens; que se contam entre as mais bonitas de toda a América do norte. Durante os anos da 1ª Guerra Mundial, o navio serviu, igualmente, de transporte militar, levando muitos mancebos recrutados no Oeste canadiano para Arrowhead, de onde estes partiam para os campos de treino situados, em geral, na parte oriental do país. Com a chamada Grande Depressão, o vapor «Bonnington» deixou de ser rentável e, em 1931, foi retirado do activo. As suas peças mais importantes serviram para constituir um 'stock' de sobressalentes para o gémeo «Nasookin», que ainda navegou mais algum tempo. Em 1944, os restos do navio em apreço foi vendido a um negociante de sucatas; que confessou ter destruído (por julgá-los desprovidos de interesse) alguns documentos relativos à embarcação, tais como o livro de bordo. Em 1952, passou para as mãos de um novo proprietário, que transformou o casco em batelão. E, nos anos 60, foi voluntariamente afundado, nas águas do lago Arrow, ao largo da localidade de Beaton. Os seus despojos têm sido visitados por membros da Sociedade Arqueológica Subaquática da Colúmbia Britânica, que, assim, reconhecem a importância que o «Bonnington» teve na economia e na história local.

«MARIA PRECIOSA»


Lugre-motor de bandeira portuguesa, construído no ano de 1925 por mestre Manuel Bolais Mónica no estaleiro da Murraceira, Figueira da Foz. O seu comanditário e utilizador inicial foi a Sociedade de Pesca Amizade, Lda, da mesma cidade, que o baptizou com o nome de «São Paulo Primeiro». Somente em 1936, aquando da sua venda à empresa Mariano & Silva, Lda (igualmente da Figueira da Foz e também ela empenhada no negócio da pesca do bacalhau), é que este navio recebeu o seu derradeiro designativo de «Maria Preciosa». Este lugre tinha casco de madeira e três mastros. Apresentava uma arqueação bruta de 305,30 toneladas e tinha uma capacidade de transporte de 5 462 quintais de pescado. As suas dimensões eram as seguintes : 45,93 metros de comprimento fora a fora; 9,08 metros de boca; 4,01 metros de pontal. Estava equipado com uma máquina auxiliar Mak (de origem alemã) desenvolvendo uma potência de 220 bhp. A sua equipagem compreendia 48 membros, pescadores incluídos. Participou em inúmeras e sucessivas campanhas de pesca ao bacalhau nos sempre perigosos bancos da Terra Nova e da Groenlândia. E foi nos mares frígidos desta última ilha do Atlântico norte que o «Maria Preciosa» naufragou –durante a campanha de 1944- devido ao seu abalroamento com um gigantesco ‘iceberg’. As parcas informações que existem sobre este navio bacalhoeiro não nos permitiram averiguar a data exacta do seu naufrágio e saber se o dito afundamento causou vítimas.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

«SARPIK ITTUK»

Quando, em 1992, este navio de cruzeiros foi lançado ao mar pelos estaleiros navais Orskov, de Frederiksshavn (Dinamarca), media apenas 50 metros de longitude. Comprimento que foi alterado, para 73 metros, uns anos mais tarde (em 2000), o que lhe permite transportar agora cerca de 150 passageiros, em vez dos 96 iniciais. O «Sarpik Ittuk» foi concebido para o turismo de aventura e para operar -muito especialmente- nas águas frígidas da Groenlândia. A sua equipagem é enquadrada por oficiais de nacionalidade dinamarquesa, todos eles com grande experiência dos mares polares. Este navio é bastante confortável e oferece acomodações em 45 camarotes (todos com vista para o exterior) dispondo de instalações sanitárias privativas. Tem uma espaçosa sala de restaurante, no qual se propõem o tradicional bufete nórdico e a fórmula mais clássica do serviço de mesa. Tem bar, central de comunicações com Internet, clínica com médico, biblioteca especializada em livros de temática polar, etc. Está equipado com duas máquinas diesel, que desenvolvem uma potência global de 2 000 hp e lhe concedem uma velocidade da ordem dos 12 nós. O que é razoável em mares cobertos de gelo. O «Sarpik Ittuk» tem dois navios gémeos, construídos no mesmo estaleiro e destinados ao mesmo fim : o do turismo exótico, para uma clientela endinheirada que já se fartou de sol, de palmeiras e de areias douradas.