quinta-feira, 30 de julho de 2015
«MAKSIM GORKIY»
Cruzador pesado da marinha de guerra soviética. Pertenceu a uma subclasse de quatro navios de combate (derivada dos 'Kirov') que adoptou o seu nome. Os outros três foram baptizados com os nomes de «Molotov», «Kalinin» e «Kaganovitch». O «Maksim Gorkiy» foi construído nos estaleiros Ordzhonikidze, de Leninegrado (a actual São Petersburgo) e dado como concluído em 1940. Era um navio com 9 800 toneladas de deslocamento em plena carga, que media 191 metros de comprimento por 17,80 metros de boca por 6,30 metros de calado. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma potência de 130 000 cv, força que lhe autorizava uma velocidade máxima de 35 nós. Estava armado com 9 canhões de 180 mm, 6 de 100 mm, 10 peças AA de 45 mm, 4 metralhadoras de 12,7 mm e com 6 tubos lança-torpedos de 533 mm. Dispunha de 2 hidros de reconhecimento KOR-1. A sua guarnição completa ascendia a 800 homens, oficiais incluídos. Em 1941, pouco tempo antes da invasão da URSS pelos hitlerianos, o «Gorkiy» foi seriamente danificado por uma mina no golfo de Riga, perdendo parte substancial da sua proa. Rebocado para o porto militar de Kronstadt, o navio foi sumariamente reparado. Mas ficou por lá retido, para poder participar na defesa de Leninegrado, cidade então já cercada e violentamente alvejada pela tropa inimiga. Alvo privilegiado da artilharia e da aviação alemãs, o «Maksim Gorkiy» sofreu, no seu ancoradouro, um autêntico dilúvio de fogo. Mas sobreviveu a todos os ataques nazis e, em 1944, participou na contra-ofensiva vitoriosa, que haveria de libertar uma cidade martirizada como poucas o foram na Europa. Reparado, este cruzador serviu na armada do norte até 1958, ano em que foi retirado do serviço activo. Foi desmantelado no ano seguinte.
quarta-feira, 29 de julho de 2015
«WHITEHORSE»
O «Whitehorse» (indicativo de amura 705) é um navio de defesa costeira pertencente à armada canadiana. É uma das 12 unidades do seu tipo (classe 'Kingston') a operar no Atlântico. no Pacífico e no Árctico, mares que banham aquele que é um dos mais vastos países do mundo. O «Whitehorse» pertence à frota do Pacífico e tem a sua base em Esquimalt, na Columbia Britânica. Foi construído no estaleiro da empresa Halifax Shipyards Ltd. (aliás como todos os seus congéneres) e integrou oficialmente a marinha de guerra canadiana em 1998. Este navio desloca 970 toneladas e mede 55,30 metros de longitude por 11,30 metros de boca. O seu calado é de 3,40 metros. A sua propulsão é assegurada por maquinaria mista (diesel/eléctrica), que lhe faculta uma velocidade máxima de 15 nós e uma autonomia de 5 000 milhas náuticas. Está equipado com electrónica moderna (sensores, sistemas de processamento, etc) e com 1 um sonar rebocado de alta frequência e de varredura lateral. O seu armamento é composto por 1 canhão de tiro rápido de 40 mm e por 2 metralhadoras. A guarnição do «Whitehorse» compreende 47 oficiais, sargentos e praças. O seu nome faz referência a uma cidade do Yukon, uma das regiões mais isoladas do Canadá. Este pequeno navio participou em várias operações de luta antidroga (com outras unidades das armadas canadiana e dos EUA), tendo concorrido para a captura de centenas de quilos de narcóticos. O facto mais marcante e mais sombrio do seu historial prende-se com a sua inclusão no exercício internacional RIMPAC 2014. Aquando de uma escala técnica no porto de San Diego (Califórnia), vários membros da sua equipagem foram acusados, pelas autoridades locais, de excessos de conduta, nomeadamente de abusos de natureza sexual. O «Whitehorse» foi imediatamente retirado da área de manobras e o seu comandante intimado a regressar à base, onde uma comissão de inquérito se debruçou sobre o assunto.
sábado, 25 de julho de 2015
«AGOSTINO BARBARIGO»
Submarino italiano pertencente à classe 'Marcello'. Foi construído nos estaleiros CRDA de Monfalcone, que o lançaram ao mar em 1938. Era um navio com 1 334 toneladas de deslocamento (em imersão), que media 73 metros de comprimento por 7,20 metros de boca. De propulsão eléctrico/diesel, podia atingir uma velocidade máxima de 17,4 nós à superfície e de 8 nós em configuração de mergulho. Estava armado com 8 tubos lança-torpedos de 533 mm, com 2 peças de artilharia de 100 mm e com 4 metralhadoras de 13,2 mm. A sua tripulação era composta por 58 oficiais, sargentos e praças. A sua área de acção estendia-se do Mediterrâneo até ao oceano Atlântico. Durante a 2ª Guerra Mundial, em 1942, fez a primeira tentativa para afundar um navio mercante brasileiro -o «Comandante Lyra»- que logrou, no entanto, escapar aos seus ataques. O «Agostino Barbarigo» fugiu durante cinco dias à perseguição da aviação naval brasileira, cujos B-25 o chegaram a localizar. Coisa curiosa é o facto de ter sido comandado por um oficial nascido em São Paulo, de nome Enzo Grossi; que depois de ter sido usado pela propaganda fascista, entrou em desgraça e foi despromovido a soldado raso e integrado na infantaria. Atribui-se a este submersível da frota mussoliniana o afundamento de 3 navios mercantes britânicos, 1 cargueiro norte-americano e do paquete brasileiro «Affonso Penna». Todos destruídos entre meados de Julho de 1941 e Março de 1943. Diz-se, igualmente, que foi o responsável pelo soçobro do «Monte Igueldo», um cargueiro com a bandeira de Espanha, que era uma nação com o estatuto de não-beligerante. O «Barbarigo» (que usava o nome de um doge de Veneza) sucumbiu, em 17 de Junho de 1943, a um ataque da aviação aliada, quando se encontrava em operações no golfo de Biscaia. Não houve sobreviventes. Nota : a silhueta que ilustra este 'post' é a de um submarino da classe 'Marcello', à qual pertencia o navio em apreço.
domingo, 19 de julho de 2015
«FAIAL»
«Faial» foi o derradeiro nome de um elegante lugre-motor de bandeira portuguesa; que teve vida efémera, visto ter sido construído em 1928 e ter desaparecido logo em 1935. Este navio foi realizado nos estaleiros da firma J. Smit & Zoon, de Foxhol (nos Países Baixos). Chamou-se primitivamente «Gier» e pertenceu ao armador holandês J. Salomon. Em 1929, veio para Portugal, depois de ter sido adquirido por José Furtado Cardoso, que o denominou «Maria Palmira»; identificação que este veleiro manteve até 1931. Depois, sempre nas mãos do supracitado Furtado Cardoso, passou a chamar-se «Fayal», nome que conservou até 1933. A letra y, entretanto banida do nosso alfabeto, foi substituída por um i e foi com o nome de «Faial» que este navio subsistiu até à data do seu naufrágio, ocorrido nos frígidos mares do Canadá no dia 4 de Setembro de 1935. O «Faial» (registado na capitania do porto da Horta, como sendo propriedade da Companhia Açoriana de Navegação-Motor, Lda) era um navio com 573 toneladas de arqueação bruta, que media cerca de 50 metros de comprimento por 8,70 metros de boca. Estava equipado com 4 mastros e com um motor de 500 Bhp. A sua velocidade máxima era de 10 milhas/hora. A sua tripulação era composta, geralmente por 16 membros. O navio dedicava-se ao transporte de mercadoria diversificada entre os portos do continente e as ilhas atlânticas, fazendo, quando solicitado pela clientela, incursões até ao Canadá. Foi numa dessas suas viagens à América do norte, onde ia carregar bacalhau, que, na data já acima referenciada, este lugre-motor se perdeu, ao chocar acidentalmente com uns rochedos localizados na costa da ilha do Fogo. Onde ia aportar, depois de já ter feito escala em São João da Terra Nova. Os vários rombos ocasionados no casco do «Faial» pelo choque, determinaram a sua perda total. Todos os seus tripulantes foram salvos e transferidos, posteriormente, para o Porto, onde chegaram a bordo dos vapores «Catalina» e «Ourém», ambos propriedade da firma C. A. Moreira & Cª, sedeada na Cidade Invicta. Muito apegados ao navio que era o seu ganha-pão, os homens do «Faial» manifestaram publicamente grande tristeza pela sua perda. Nota : a citada ilha do Fogo pertence ao Canadá e, naturalmente, nada tem a ver com a sua homónima de Cabo Verde.
«BLACK PRINCE»
Este 'Príncipe Negro' -nome que lhe foi dado para homenagear o primogénito do rei Eduardo III- era um navio da chamada classe 'Dido' melhorada. Também referida por classe 'Bellona'. Cruzador ligeiro da armada britânica, foi construído em Belfast (Irlanda do Norte), pelos estaleiros Harland & Wolff. Entrou ao serviço no dia 20 de Novembro de 1943. Deslocava 7 200 toneladas em plena carga e media 156 metros de longitude por 15,40 metros de boca. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma força de 62 000 shp, o que lhe permitia navegar a uma velocidade máxima que ultrapassava os 32 nós. Na sua configuração original (alterada em 1945), o «Black Prince» estava armado com 8 canhões de 133 mm. 6 torres duplas de 20 mm para tiro AA, 6 peças de 40 mm e com tubos lança-torpedos de 533 mm. Esteve empenhado em vários e importantes combates da 2ª Guerra Mundial, nomeadamente no Árctico (quando escoltou comboios de navios para a Rússia), no desembarque da Normandia (apoio às tropas terrestres empenhadas no assalto à praia de Utah Beach), no Mediterrâneo (reconquista da ilha de Creta, por exemplo), no Índico e no Pacífico onde chegou em Janeiro de 1945. Após a rendição do Japão, este navio foi transferido para a armada neo-zelandesa. Em 1946-1947, o «Black Prince» devia submeter-se a grandes trabalhos de modernização; que foram abandonados, em parte, por causa de uma série de motins, que, curiosamente, contaram com a participação de alguns membros da sua equipagem. O cruzador passou à reserva e viveu um período de indefinições. Até que, em 1955 foi desarmado. Em 1961 foi adquirido (como ferro-velho) por um sucateiro de Osaca -proprietário da empresa Mitsui & Company- que o mandou rebocar até ao Japão e procedeu ali à sua demolição.
«GLORIA»
Navio-escola da armada colombiana e instrumento prático da sua Academia Naval. Foi construído, em 1967, nos Astilleros Celaya S. A., de Bilbau (Espanha). Tem 3 mastros e, na nomenclatura hispânica, está classificado como um bergantim-barca. A superfície vélica deste navio supera os 1 690 m2. Tem uma máquina diesel de 1 300 cv. A sua velocidade máxima é de 12 nós. O «Gloria» desloca 1 300 toneladas e mede 67 metros de comprimento por 10,60 metros de boca. O seu calado é de 4,80 metros. Tem uma autonomia de 60 dias. A sua tripulação normal compreende (entre oficiais, marinheiros e instruendos) 130 elementos. Tem instalações para poder receber 10 civis. Considerado como «o embaixador flutuante da Colômbia em todos os mares do mundo», este bonito veleiro deve o seu nome a Gloria Zawaldsky, viúva de um antigo ministro da defesa (general Gabriel Pizarro), que muito se empenhou para que fosse construído. A sua primeira grande viagem -uma travessia transatlântica- iniciou-se no porto do Ferrol (Galiza) a 9 de Outubro de 1968 e terminou em Cartagena de las Indias (Colômbia) a 11 de Novembro desse mesmo ano. Depois disso, o «Gloria» já navegou por todos os mares e oceanos do globo, tendo percorrido quase 1 milhão de milhas náuticas.
«PAVONIA»
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O «Pavonia» foi construído em 1882 no estaleiro escocês da empresa J. & G. Thompson (Clydebank), por encomenda da Cunard Steamship Cº, de Liverpool; que o registou na capitania do porto dessa cidade. Era um navio de utilidade mista (passageiros/carga), com 5 588 toneladas de arqueação bruta e com as seguintes dimensões : 131 metros de comprimento e 14 metros de boca. Estava equipado, simultaneamente, com 1 máquina a vapor e com 3 mastros, que, se necessário, podiam desfraldar velas redondas e latinas. Foi colocado pelo seu armador no serviço transatlântico, numa linha que se iniciava em Liverpool, fazia escala em Queenstown e tinha o seu término em Boston (a maior parte das vezes) ou Nova Iorque. Para ali transportou muitas centenas de famílias de emigrantes até 1899. Ainda nesse ano, no mês de Outubro -em plena Guerra dos Boers- este navio foi afretado pelo governo de Sua Majestade para efectuar uma viagem à África do Sul, para onde o «Pavonia» transportou tropas do exército e material bélico. Foi a sua última grande viagem. No ano seguinte, foi considerado obsoleto e vendido como sucata a uma empresa especializada, que procedeu ao seu desmantelamento.
«REINA DOÑA ISABEL II»
Navio de linha da armada espanhola, construído no Arsenal da Carraca, em Cádiz; que o lançou ao mar em 1852. Integrado nos efectivos da marinha de guerra hispânica em finais de Setembro de 1856, era um pesado veleiro de 3 mastros, deslocando 3 450 toneladas e medindo 66,45 metros de comprimento por 17,70 metros de boca. Pode dizer-se que já estava ultrapassado antes de entrar em serviço, num tempo em que começavam a aparecer os primeiros navios a vapor de rodas laterais, que se revelaram mais manobráveis e não menos rápidos. Este navio -que tinha uma guarnição de cerca de 900 homens- estava armado com 94 canhões de vários calibres. A sua velocidade máxima não ultrapassava os 8 nós. Em 1858, o «Reina Doña Isabel II» foi enviado para Havana (Cuba) com 1 500 homens a bordo, pronto para uma esperada intervenção no México. Em 1860, içou as insígnias de navio-almirante da esquadra espanhola, que foi mobilizada para a guerra do norte de África e participou nos bombardeamentos da costa de Larache. Posteriormente, foi navio-escola de guarda-marinhas e de artilheiros. Em 1866 serviu de base à Academia de Música que formava as bandas da armada real. Presume-se que tenha sido desactivado antes de 1870, pois, nesse ano, já não há referências ao «Isabel II» nos registos oficiais da armada espanhola. Serviu como cadeia flutuante durante a chamada Revolução Cantonal. Em 15 de Agosto de 1889 foi a pique no porto de Cartagena. Reemergido, foi desmantelado pouco depois. Este navio teve um gémeo denominado «Rey Don Francisco de Asís».
sexta-feira, 17 de julho de 2015
«SAMUEL PLIMSOLL»
'Clipper' britânico construído, em 1873, nos estaleiros de W. Hood & Cº, de Aberdeen, na Escócia. Tinha casco de ferro e 3 mastros aparelhados em galera. A sua arqueação bruta era de 1 520 toneladas e as suas dimensões as seguintes : 73,53 metros de comprimento, 11,88 metros de boca e 7,04 metros de calado. Pertenceu à casa armadora Aberdeen White Star Line (de George Thompson & Cº) e foi primitivamente utilizado no transporte de passageiros (essencialmente emigrantes) e de carga geral para a Austrália. Reputado como um navio rápido (chegou a transpor a distância entre Plymouth e Port Jackson em apenas 74 dias), este veleiro transportou muitos dos antepassados dos australianos da actualidade para o seu novo país. O retorno do «Samuel Plimsoll» para Inglaterra fazia-se, geralmente, com carregamentos de lã, destinados às fábricas de tecelagem britânicas. Conta-se que, em 1880, este magnífico navio foi sacudido, no seu caminho para a ilha-continente, por uma tremenda tempestade tropical que o avariou seriamente. Abordado por um 'clipper' de bandeira norte-americana -cuja tripulação lhe ofereceu uma assistência que lhe foi negada- a marinhagem ianque ficou surpreendida ao chegar a Sidney (destino comum dos dois navios) e saber que o veleiro inglês a precedera ali de vários dias. Em 1899, o «Samuel Plimsoll» afundou-se no rio Tamisa, em consequência de violento incêndio. Reemergido, o navio foi reparado e vendido, em 1900, à empresa Shaw Savill & Cº, para o seu comércio com a Nova Zelândia. Durante o ano de 1902, depois de ter sofrido a fúria de um vendaval ao largo das costas neo-zelandesas, o veleiro perdeu 2 mastros e foi rebocado para o porto de Gisborne, onde foi considerado irreparável. Levado para Sidney no ano seguinte, foi vendido a um empresário local, que utilizou o seu casco como barcaça carvoeira. Foi desmantelado posteriormente, em data incerta. Curiosidade : o nome deste 'clipper' foi-lhe dado em honra de Samuel Plimsoll, um parlamentar inglês que fez adoptar leis (depois adoptadas no mundo inteiro) que controlavam a sobrecarga dos navios; abuso dos armadores que foi, muitas vezes, causa de naufrágios e de perda de vidas humanas.
«LA PROVENCE»
Paquete que integrou, em 1906, a frota da Compagnie Générale Transatlantique. Quando entrou ao serviço, era o maior navio de passageiros navegando sob bandeira francesa. Foi construído nos estaleiros de Penhoet, em Saint Nazaire. Com 13 752 toneladas de arqueação bruta, este paquete (o segundo do nome) media 190,67 metros de comprimento por 19,78 metros de boca. Estava equipado com 2 máquinas a vapor de tripla expansão com uma potência de 30 000 cv, força que lhe proporcionava a velocidade máxima de 21.5 nós. Utilizado na prestigiosa linha Havre-Nova Iorque, o «La Provence» (que também foi o primeiro paquete francês a beneficiar da TSF e a dispor de uma tipografia) distinguiu-se, em início de carreira, num despique com o «Deutschland», um seu congénere da HAPAG, que o navio francês derrotou numa corrida memorável entre a América do norte e a Europa. Em 1912, foi um dos navios que interceptaram os SOS's desesperados do «Titanic»; sem, contudo, poder prestar socorro ao navio que se afundava, por se encontrar demasiadamente longe do lugar da tragédia. Quando o primeiro conflito generalizado rebentou na Europa, em 1914, o «La Provence» foi um dos muitos paquetes seleccionados pelas autoridades militares para ajudar no esforço de guerra. Tranformado em cruzador auxilier, este navio serviu, essencialmente, no transporte de tropas, sendo seu destino mais frequente o Mediterrâneo oriental. No dia 23 de Fevereiro de 1916 -depois de já ter cumprido várias missões- o cruzador auxiliar em apreço foi surpreendido nas águas do estreito dos Dardanelos pelo submarino alemão «U-35», que o torpedeou e afundou. Para além da sua tripulação, o navio transportava 1 700 homens do 3º Regimento Colonial, que haviam embarcado em França três dias antes. No soçobro do navio -que durou 17 minutos a afundar-se- pereceram 1 100 pessoas, na sua maioria soldados. Entre as vítimas, estava o comandante; que antes da partida do seu navio do porto militar de Toulon, havia solicitado (sem ser atendido) que desembarcassem umas centenas de homens, pelo facto de, a bordo, não haver meios de salvamento para todos... Curiosidade : a tela que ilustra este 'post' é da autoria do famoso pintor Antonio Jacobssen e mostra o «La Provence» navegando em águas norte-americanas.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
«MONGOLIA»
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Foi o segundo navio da frota da P & O a usar este nome. O «Mongolia» foi construído em 1922 nos estaleiros de Newcastle-upon-Tyne (G.B.) da firma Armstrong Whitworth. Destinado à ligação com a Austrália, este paquete com mais de 16 000 toneladas de arqueação bruta, media 175 metros de comprimento por 22 metros de boca. Navegava graças a um sistema propulsivo a vapor com uma potência de 13 000 hp, que lhe garantia uma velocidade de cruzeiro de 16 nós. Podia transportar mas de 400 passageiros (230 dos quais em 1ª classe) e uma importante carga sólida, incluindo 3 900 m3 de produtos refrigerados. Na sua primeira fase de vida, o navio em apreço foi notícia pelo facto de ter sido protagonista de duas colisões : com o petroleiro «Venture», em 1933 e com o «Villa de Madrid», em 1936. Em 1938, o «Mongolia» passou sob a gestão da New Zeland Shipping Company, que o rebaptizou com o nome de «Rimutaka» e o transformou para que pudesse receber a bordo 840 passageiros em classe turística. Nessa altura, passou a prestar serviço numa linha entre Londres e Wellington, via canal do Panamá. Em Março de 1939, sofreu um grave incêndio, que o poupou à requisição pela forças armadas do Império Britânico; que quiseram fazer dele um cruzador auxiliar. Entre 1950 e 1951, navegou com as cores da Incress Shipping Company, usando o nome de «Europa». Foi, de novo transformado em 1951, desta vez em navio de cruzeiros, com novo visual e com novo designativo : «Nassau». Tendo o seu registo sido transferido, nessa altura, para a Libéria. Entre 1961 e 1963, este navio foi adquirido pela Linea Natumex (pertencente ao estado mexicano), que lhe ofereceu nova remodelação e um novo nome, «Acapulco», antes de o colocar numa linha regular entre Acapulco e Los Angeles. Depois de várias peripécias (o ex-«Mongolia» chegou a ser navio-hotel aquando de uma Exposição, em 1962), este paquete foi declarado impróprio para o transporte de passageiros e desactivado. Em 1964, foi vendido como sucata e rebocado até ao Japão, país onde foi desmantelado no ano seguinte.
sábado, 11 de julho de 2015
«SHINKAI 6500»
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O «Shinkai 6500» é um submersível japonês de pesquisa científica dos fundos oceânicos, que pode operar a profundidades da ordem dos 6 500 metros. É único no seu género. Está em serviço desde 1990 e a sua utilização e gestão são da responsabilidade de uma agência estatal denominada JAMSTEC. O seu navio-mãe é o «Yokusaka». Este singular engenho -de alta tecnologia- mede 9,50 metros de comprimento por 2,70 metros de boca. Desloca-se (mais do que navega) graças a 1 motor eléctrico e 1 hélice que lhe imprimem uma velocidade máxima de 2,5 nós. Tem uma tripulação de 3 elementos -2 pilotos e 1 cientista- que dispõem de uma autonomia máxima de sobrevivência de 129 horas. Embora o tempo das missões raramente se prologarem para além das 8 horas. Os tripulantes do «Shinkai 6500» operam num habitáculo de forma esférica com 2 metros de diâmetro. Para poder resistir à forte pressão das profundezas, a esfera foi realizada em litânio. Tem uma espessura de 73,50 mm. As observações são feitas através de 3 vigias -de 14 cm de diâmetro e realizadas com um material particularmente resistente e transparente- posicionadas frontalmente (1) e lateralmente (2). E as amostras (necessárias ao estudo científico) são recolhidas com a ajuda de 2 braços articulados. A flutuabilidade deste mini-submarino é assegurada por espuma sintáctica, um material compósito muito utilizado no enchimento das asas dos aviões modernos. Equipado com várias e 'performantes' câmaras de vídeo, ficou a dever-se a este engenho e à sua tripulação a primeira transmissão televisiva em directo de imagens provenientes de 5 000 metros de profundidade. Facto que ocorreu no dia 23 de Junho de 2013.
«TAEPING»
Soberbo 'clipper' do chá construído nos estaleiros da empresa Robert Steele & Cº, de Greenock (Escócia ocidental), em 1863. Tinha casco de madeira e arvorava 3 mastros aparelhados em galera. Com 767 toneladas de arqueação bruta, este veleiro media 56 metros de longitude. Pertenceu ao capitão escocês Alexander Rodger, de Cellardyke, (Fife), que o colocou sob o mando de um marinheiro de excepção chamado Donald MacKinnon. Foi sob as ordens deste verdadeiro lobo do mar, que, em 1866, o «Taeping» participou numa empolgante corrida transoceânica de quase 16 000 milhas náuticas (cerca de 26 000 km), na qual o veleiro em apreço venceu os navios mais rápidos desse tempo, incluindo o famoso «Ariel». O histórico 'clipper' que foi o «Taeping» navegou até 22 de Setembro de 1871, dia em que, acidentalmente, encalhou no chamado recife de Ladd, nas costas do mar da China, e se perdeu.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
«BRAZZA»
Este navio francês -um cargueiro- foi construído em 1924 nos Ateliers et Chantiers de la Loire (Nantes) com o primitivo nome de «Camranh». Em 1927, sofreu grandes trabalhos, que o transformaram num paquete; que o seu armador, a Compagnie Maritime des Chargeurs Réunis, colocou na linha Bordéus-Pointe Noire (Congo), com uma das escalas na ilha da Madeira. Quando, em 1939, rebentou o segundo conflito generalizado, o «Brazza» foi mobilizado pelas autoridades navais de França, artilhado e integrado na armada com a classificação de cruzador auxiliar. Transportou, essencialmente, tropas e material bélico, até que -no dia 28 de Maio de 1940- foi torpedeado, num ponto do Atlântico situado a 100 milhas náuticas da nossa cidade do Porto, pelo submarino alemão «U-37». Atingido a meia-nau, o paquete francês (que navegava par sul, integrado num comboio escoltado por vasos de guerra dos Aliados) afundou em apenas 4 minutos. No soçobro do «Brazza» pereceram 379 pessoas. E 197 sobreviventes foram resgatados das águas do oceano pelas tripulações dos navios militares «Enseigne Henry» (francês) e «Cheschire» (britânico). O «Brazza» apresentava-se como um navio com 10 387 toneladas de arqueação bruta e media 144,60 metros de comprimento por 18 metroa de boca. Estava equipado com 2 máquinas diesel desenvolvendo uma potência de 1 816 n.h.p., força que lhe facultava uma velocidade máxima de 14,5 nós. Curiosidade : o nome deste navio pretendia honrar a figura de um explorador francês de África chamado Pierre Savorgnan de Brazza.
terça-feira, 7 de julho de 2015
«SAN ANTONIO»
O «San Antonio» é cabeça de uma série de 12 navios do seu tipo (dos quais mais de metade já se encontra em serviço operacional), capazes de projectar uma força de fuzileiros navais e todo o seu material logístico e de combate : lanchas de desembarque, blindados ligeiros, helicópteros e aviões de descolagem e aterragem vertical, como os MV-22 'Osprey'. Este navio, o «San Antonio», foi, naturalmente, concebido para actuar longe das fronteiras dos Estados Unidos, em territórios onde Washignton, mercê da sua contestada política externa, pensa que deve intervir militarmente «para salvar o Ocidente». O «San António», que recebeu esse nome em homenagem a uma conhecida cidade do Texas, tem o seu porto de abrigo em Norfolk, na Virgínia. Usa o indicativo de amura
LPD 17. Foi construído em 2003 por um consórcio industrial liderado pelas sociedades Northrop e General Dynamics, nos estaleiros Huntington Ingalls Industries. Este moderníssimo e poderoso navio desloca 25 000 toneladas e mede 208,50 metros de comprimento por 31,90 metros de boca. O seu calado é de 7 metros. Como a maior parte dos novos navios militares, o «San Antonio» tem linhas furtivas, destinadas a dificultar a sua visibilidade pelos radares dos adversários. O seu sistema propulsivo diesel, desenvolve uma potência global de 40 000 cv, o que lhe permite navegar à velocidade máxima de 22 nós. O «San Antonio» dispõe do mais moderno e secreto equipamento eléctrónico (como não podia deixar de ser) e está armado com meios convencionais, que lhe permitem repelir ataques de outros navios e também ataques aéreos. Tem uma guarnição de 360 homens (dos quais 28 são oficiais) e pode receber a bordo uma força de 800 'marines'. Os navios da classe 'San Antonio' substituíram as unidades de classe 'Austin'.
«AVOCETA»
Este navio misto (passageiros/carga geral) foi construído nos estaleiros da empresa escocesa Caledon Shipbuilding & Engineering Cº, de Dundee; que o lançou à água em Janeiro de 1923. Apresentava 3 442 toneladas de arqueação bruta e media 97,20 metros de comprimento por 13,50 metros de boca. O seu calado era de 6,32 metros. Estava equipado com 1 máquina a vapor de tripla expansão, desenvolvendo uma potência de 395 Ihp, e com 1 hélice. A velocidade de cruzeiro do «Avoceta» -que estava registado em Liverpool e pertencia à casa armadora Yeoward Line- era de 12,5 nós. Este navio esteve activo nas ligações da Inglaterra com Gibraltar e com os arquipélagos luso-espanhóis do Atlântico : Açores, Madeira e Canárias . A 25 de Setembro de 1941 -durante o período mais aceso da chamada Batalha do Atlântico- o «Avoceta», que, nesse dia, navegava integrado num comboio sob escolta ao largo do arquipélago dos Açores, foi interceptado e alvejado por um submarino da armada nazi. Em consequência do seu torpedeamento, este navio de bandeira britânica afundou-se e, a bordo, morreram 123 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Muitas das vítimas pertenciam a famílias refugiadas de França. 32 delas eram mulheres e 20 crianças. Curiosidade : um dos oficiais telegrafistas do «Avoceta» logrou salvar-se do naufrágio, graças a uma prancha de cortiça, que se soltou de um carregamento desse produto, carregado em Portugal e com destino à Grã-Bretanha.
domingo, 5 de julho de 2015
«AGAMENON»
Cruzador de batalha da armada real britânica. Foi lançado à água em Junho de 1906 pelo estaleiro de Wm. Beardmore & Co, de Dalmuir (Escócia) e incorporado nas forças navais do Reino Unido em 1908. Era um pré-'dreadnought', da classe 'Lord Nelson', que deslocava 18 000 toneladas em plena carga. Media 135,20 metros de comprimento por 24,20 metros de boca. O seu calado era de 8,20 metros. O seu sistema propulsivo era constituído por máquinas a vapor de tripla expansão, desenvolvendo uma potência global de 16 750 ihp, força que proporcionava a este navio 18 nós de velocidade máxima e um raio de acção de 9 180 milhas náuticas. Fortemente blindado (305 mm na cinta), este vaso de guerra -que tinha uma guarnição de 800 homens- estava armado com 4 peças de artilharia de 305 mm, 10 de 234 mm, 24 de 76 mm e com 5 lança-torpedos de 450 mm. Durante a Grande Guerra, este navio foi transferido para o mar Mediterrâneo (em 1915), onde participou na batalha dos Dardanelos, bombardeando as posições turcas e fornecendo ao exército britânico o apoio das suas potentes baterias. O «Agamenon» foi, por várias vezes, atingido por fogo inimigo, que causou a bordo desgastes materiais importantes e, também, mortos e feridos. O que o obrigou a recolher-se nos arsenais de Malta, para reparação. Desmobilizado no imediato pós-guerra, serviu de navio-alvo na década de 20, antes de ser enviado para a sucata em 1927.
«LIDADOR»
Navio misto (vela/vapor) de bandeira brasileira, propriedade da Empresa Transatlântica de Navegação, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Foi construído num estaleiro londrino (Walker Shipyard) no ano de 1873. Com 1 208 toneladas de arqueação bruta, o «Lidador» media 78,76 metros de comprimento por 9,44 metros de boca. Tinha 2 mastros devidamente aparelhados (com pano redondo e latino) e estava equipado com 1 máquina a vapor de 140 cv e com 1 hélice. Colocado nas rotas europeias, ligava regularmente Portugal (sobretudo os Açores) aos portos brasileiros. Onde deixou inúmeros contingentes de emigrantes lusos. Foi durante uma dessas suas visitas ao porto de Angra do Heroísmo (na ilha Terceira) que, na noite de 6 para 7 de Fevereiro de 1878, o 'Lidador» foi surpreendido por um forte vendaval (designado localmente por 'vento carpinteiro'), que o arremessou contra uns recifes localizados em frente do forte de São Sebastião. A colisão com os rochedos provocou um rombo importante no seu casco de ferro, o que esteve na origem da inundação da casa da máquina e da explosão de uma caldeira. Apesar dessas avarias, o navio brasileiro ainda derivou para Oeste, indo colidir com uma embarcação inglesa, antes de naufragar a 50 metros de distância do cais da Figueirinha. Todos os passageiros (emigrantes açorianos) e tripulantes do navio -que se encontrava sob o mando do capitão António Borges Cabral, natural da ilha de Santa Maria- puderam escapar com vida ao desastre. O restos do «Lidador» repousam a 8 metros de profundidade. Foram alvo de várias expedições de carácter científico e estão agora abertos aos adeptos do mergulho desportivo. A área de naufrágio do «Lidador» está situada no Parque Arqueológico Subaquático da Baía de Angra do Heroísmo.
«CITY OF DETROIT III»
Quando, em 1911, a Detroit Shipbuilding Company (de Wyandotte, Michigan) o deu por concluído, o «City of Detroit III» era o maior navio de rodas do mundo. Dispunha de uma equipagem de 200 membros e podia receber 5 000 passageiros. Com 6 061 toneladas de arqueação bruta, este autêntico paquete dos Grandes Lagos media 143,50 metros de longitude por 29,40 metros de boca. Movimentava-se graças a 2 máquinas a vapor acopladas a 2 rodas laterais de paletas, que se encontravam perfeitamente encastradas no casco do navio. O «City of Detroit III» custou 1,5 milhão de dólares do tempo, soma equivalente a 38 milhões de hoje. Foi projectado pelo engenheiro Frank E. Kirby e luxuosamente decorado pelo pintor e arquitecto Louis O. Keil. O «City of Detroit III» navegou durante quatro décadas -com as cores da transportadora Detroit & Cleveland Navigation Company- numa linha regular que servia as cidades de Detroit (Michigan), Cleveland (Ohio) e Buffalo (Nova Iorque), com grande satisfação dos seus passageiros; que muito apreciavam a sua rapidez e o seu conforto. O navio em apreço oferecia comodidades como restaurantes, salões de beleza, salas de lazer, etc. Mas o lugar mais apreciado a bordo era o chamado Salão Gótico, onde se podia fumar, ler jornais e conversar. Este espaço foi construído com madeiras nobres (sobretudo com carvalho inglês) e até dispunha de um artístico vitral. Antes do desmantelamento do navio (ocorrido em Detroit, no ano de 1959) este salão foi recuperado e pode admirar-se, hoje, no Museu Dossin Great Lakes, em Belle Isle, na cidade de Detroit.
sábado, 4 de julho de 2015
«CATALINA»
Este navio foi construído em 1918 no Reino Unido pelos estaleiros da firma Smith's Dock Cº, de Middlesbrough. Foi, inicialmente, uma canhoneira da 'Royal Navy', que operou, até 1920, com o nome de «Kilkeel». Foi, depois, transformado em navio de pesca, usando (até 1927) o designativo de «Falconer». Dois anos mais tarde, em 1929, este navio foi comprado pelo consórcio C. A. Moreira/Sociedade Exploradora de Transportes, da Cidade Invicta, que o registou na capitania do Porto com o seu derradeiro nome : «Catalina». Apresentava 632 toneladas de arqueação bruta e media 55,50 metros de comprimento por 9,08 metros de boca por 4,70 metros de pontal. Estava equipado com 1 máquina a vapor de tripla expansão, desenvolvendo uma potência de 94 nhp, força que lhe facultava uma velocidade máxima de 14 nós. Foi utilizado, nos tempos em que hasteou a bandeira verde-rubra, no comércio com os países da Europa do norte e com o Canadá, mas também com Cuba, país das Caraíbas onde chegou a ir fazer carregamentos de açúcar. Aquando da sua última viagem, levava a bordo uma tripulação de 18 homens, sendo 10 deles ilhavenses. No dia 15 de Janeiro de 1942, por volta das 11 h 34, quando navegava entre Fortune Bay e a Terra Nova (onde ia carregar bacalhau frescal), foi interceptado e atacado pelo submarino alemão «U-203». O torpedo disparado pelo submersível germânico, atingiu o «Catalina» a meia-nau, provocou uma explosão e ditou a sorte do navio português (e neutro), que se afundou em apenas 2 minutos. Não houve sobreviventes. Curiosidade : o «Catalina» foi um dos muitos navios da nossa marinha mercante a ser afundado, durante a 2ª Guerra Mundial, pela 'Kriegsmarine', que, assim, desrespeitou o estatuto de neutralidade do nosso país. Evocando 'erros', a Alemanha nazi chegou a indemnizar os proprietários de alguns deles.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
«OOSTERLAND»
Navio da V.O.C. (Companhia Neerlandesa das Índias Orientais) construído em 1684 -nos estaleiros de Middelburg- por encomenda das autoridades regionais da Zelândia. Com 1 123 toneladas de arqueação bruta, este veleiro seiscentista media 48,80 metros de comprimento, por 12 metros de boca. O seu calado era de 5,50 metros. Tinha capacidade para receber a bordo (entre tripulação e passageiros) mais de 300 pessoas. Foi um dos primeiros navios europeus a transportar emigrantes para a recém-fundada colónia do Cabo da Boa Esperança. Muitas dessas famílias eram de origem flamenga, mas também francesa (da Picardia, do Anjou, da Champagne, etc.) e uma trintena desses colonos eram huguenotes. Essa viagem inaugural do «Oosterland» (que se encontrava, então, sob o mando do capitão Karel de Marville), teve início no porto de Wielingen no dia 29 de Janeiro de 1688 e terminou na actual Capetown a 25 de Abril de 1688. Este navio também sulcou os mares do índico oriental, fazendo viagens à Insulíndia e a Ceilão. Foi no regresso de uma atormentada viagem a esta última ilha, e quando já se encontrava diante do extremo sul de África, que o «Oosterland» naufragou, na sequência de um violento vendaval. Das 300 pessoas que se encontravam a bordo -nesse trágico dia 24 de Maio de 1697- apenas duas delas sobreviveram ao naufrágio. Os destroços deste infeliz navio só seriam descobertos em 1988 por arqueólogos marinhos de nacionalidade sul-africana; que retiraram do fundo dos mares muitos artefactos : banais utensílios indispensáveis à vida a bordo, mas também preciosas peças de cerâmica chinesa.
«ARMENIAN»
Navio de bandeira britânica construído em 1895 nos estaleiros da empresa Harland & Wolff, de Belfast. Encomendado pela Leyland Line, de Liverpool, recebeu o seu nome pelo facto do povo arménio estar na ordem do dia, em razão dos massacres perpetrados pelos otomanos. O «Armenian» era um cargueiro (com alguns camarotes para transporte de passageiros) destinado às linhas da América do norte. Apresentava uma arqueação bruta de 8 825 toneladas e media 156 metros de comprimento por 18 metros de boca. Movia-se graças à utilização de 1 máquina a vapor de tripla expansão, com uma potência de 718 nhp, acoplada a um hélice, que lhe proporcionava uma velocidade de cruzeiro de 13 nós. A sua viagem inaugural ocorreu no ano seguinte ao do lançamento e o porto de destino foi o de Boston. Na transição dos séculos, durante a Guerra dos Boers, foi alugado pelo governo de Londres para levar material bélico e cavalos (o navio estava equipado com estábulos) para a África do Sul. De onde este navio transportou, em 1901, 963 prisioneiros de guerra boers para as Bermudas, para onde foram desterrados. Em 1903, a gestão do «Armenian» -que, entretanto, regressara à linha do Atlântico norte- passou para a White Star; que a assegurou até 1910, ano em que o navio voltou a usar as cores da Leyland Line. Com o início do primeiro conflito generalizado, o «Armenian» foi de novo requisitado pela autoridade militar, que o usou no transporte de tropas e de material entre a Grã-Bretanha e a França e a Bélgica. A carreira do navio teve o seu desfecho no dia 28 de Junho de 1915. Interceptado pelo submarino alemão «U-24», ao largo das costas da Cornualha, o navio foi torpedeado e afundado. O oficial alemão que comandava o submersível deu tempo aos sobrevivente para abandonarem (nas chalupas) o navio em perdição. Houve, no entanto, 29 vítimas mortais a lamentar. Os restos do desventurado «Armenian» só seriam encontrados e devidamente identificados em 2008.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
«AVENTURERO»
Xaveco setecentista da armada real espanhola. Foi lançado à água no dia 12 de Maio de 1753 pelo Arsenal de Cartagena, que o construiu para combater -no mar Mediterrâneo- a pirataria barbaresca. Não encontrámos fontes onde recolher dados sobre as suas dimensões. Mas sabe-se que era suficientemente grande para acolher uma guarnição de 200 homens e uma bateria de 30 canhões de diversos calibres. Tinha casco em madeira (naturalmente) e estava equipado com 3 mastros, que envergavam velas latinas. O xaveco -igualmente utilizado pelos magrebinos- era um navio veloz e muito manobrável, o que fazia dele o veleiro ideal para efectuar ataques inesperados contra a navegação inimiga. O «Aventurero» chegou a arvorar as insígnias de navio-almirante de várias flotilhas espanholas empenhadas na luta contra os corsários de Argel e de Túnis. Teve três gémeos, que se chamaram «Catalán», «Gitano» e «Ibicenco». Em 1766, o «Aventurero» voltou ao estaleiro que o construiu, para ali sofrer trabalhos que o transformaram em 'chambequín'; tipo de embarcação que resultava da substituição do velame latino por um aparelho de fragata. A última navegação do «Aventurero» teve início no porto de Cádiz (em 13 de Abril de 1767), quando se encontrava sob o mando do capitão-de-fragata D.José de Urratia. O destino era o Rio da Prata, onde nunca chegou, por ter encalhado no chamado Banco Inglês (a 28 de Junho desse mesmo ano), situado a sudeste da cidade de Montevideu. Toda a guarnição do navio pôde ser salva. Nota : a imagem anexada não representa o «Aventurero», mas, isso sim, um navio do seu tipo e da sua época.
«VALE DO DOURO»
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O «Vale do Douro» é uma embarcação de cruzeiros fluviais, que opera, actualmente, entre o cais de Vila Nova de Gaia e Barca de Alva. Pertence, desde 2001, à frota da Empresa Rota do Douro (sedeada em Gaia), que a comprou à Transtejo; transportadora que o havia utilizado no transporte de passageiros entre Lisboa e Cacilhas/Montijo. Modificado, num estaleiro de Vila do Conde, para poder satisfazer uma nova clientela, o «Vale do Douro» passou a dispor de excelentes condições para poder receber a bordo 285 viajantes. Tem 2 salões-restaurantes e está equipado com ar condicionado em todas as suas instalações. Foi registado na capitania do Porto. O navio original -o «Miratejo»- foi construído em 1982 nos Estaleiros Navais de São Jacinto (Aveiro). Era gémeo dos denominados «Madre de Deus», «Moscavide» e «Monsanto». Nesse tempo, apresentava uma arqueação bruta de 289 toneladas e media 31,36 de longitude. Ou seja, 1,34 m menos do que agora. Podia transportar 507 passageiros por viagem entre as duas margens do Tejo. Está equipado com uma máquina diesel de 770 hp, força que lhe faculta uma velocidade de 10 nós. O «Vale do Douro» é, hoje, um dos muitos navios fluviais que cruzam o maravilhoso 'país das uvas', proporcionando a milhares de excursionistas nacionais e estrangeiros visitar uma das regiões de Portugal (e da Europa) com maiores potencialidades turísticas. Onde os seus passageiros também podem usufruir da gastronomia, do folclore e dos néctares locais, que se contam entre os mais apreciados do mundo. Nota : a fotografia anexada do «Vale do Douro» é de autor que desconheço. Daí não citar o seu nome.
«SESIMBRENSE»
O «Sesimbrense» foi um dos típicos 'ferry boats' que prestaram serviço de transporte de passageiros e viaturas entre Lisboa e a Outra Banda. Esta embarcação fluvial ainda resistiu algumas décadas à construção da agora chamada Ponte 25 de Abril, que, naturalmente, o privou de parte da sua clientela. Foi construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em 1958 (assim como o seu gémeo, o «Alentejense») por encomenda da Sociedade Marítima de Transportes, Lda., de Lisboa. Apresentava uma arqueação bruta de 357 toneladas. O seu comprimento totalizava 38,50 metros, a boca era de 8,15 metros e o pontal de 2,36 metros. Estava equipado com 1 máquina diesel de 440 hp, que lhe proporcionava uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 9 nós. O «Sesimbrense» podia receber a bordo 700 passageiros ou um número bastante inferior, se a sua carga compreendesse viaturas. A sua tripulação era constituída por 5 homens. Em 1975 passou a integrar a frota da Transtejo, que o pôs a navegar na carreira Terreiro do Paço-Montijo (até 1983) e, posteriormente, na linha Cais do Sodré-Cacilhas. Entre 1990 e 1993 foi alvo de grandes trabalhos, destinados a substituir a sua primitiva máquina por um engenho mais moderno e 'performante'. O «Sesimbrense» foi dado (em ano que não pudemos apurar) como obsoleto e desactivado. Depois foi encaminhado para o estaleiro Venamar do Talaminho (Seixal) para demolição. Curiosidade : a foto anexada é, na realidade, a do «Alentejense», embarcação que era em tudo idêntica ao «Sesimbrense».
«ROYAL PRINCE»
Navio da marinha real inglesa, construído em Woolwich -no estaleiro de Phineas Pett- em 1610. Depois de ter sofrido duas grandes transformações -em 1641 e em 1663- este navio serviu a Inglaterra até 3 de Junho de 1666, Data em que, depois de um encalhe acidental em Galloper Sand, a sua guarnição se rendeu a uma força naval holandesa chefiada pelo vice-almirante Tromp e foi queimado. Na sua primeira versão, o «Royal Prince» (navio que participou nas principais batalhas das Guerras Anglo-Holandesas : Knock Kentish, Gabbard, Scheveningen, Lowestoff, Four Days, etc.) estava armado com 55 canhões de vários calibres. Tinha 4 mastros, deslocava 1 200 toneladas e media 35 metros (na quilha) por 13,26 metros de boca. O seu calado era de 5,50 metros. Em 1641 foi armado com 70 canhões e, na sua derradeira versão, a de 1663, o navio recebeu 92 bocas de fogo, passou a deslocar 1 432 toneladas e a apresentar as seguintes dimensões : 40 metros de comprimento (na quilha) por 13,77 metros de boca. O que o tornou menos manobrável. O «Royal Prince», que chegou a dispor de artilharia distribuída por três conveses, é considerado como o primeiro de todos os navios de linha da História Naval. Hasteou, em diversas ocasiões, o pavilhão de navio-almirante de esquadras da armada inglesa. É também um notável exemplo de longevidade (56 anos de serviço), que nos trás à memória a excelência da construção naval inglesa do século XVII.
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