domingo, 31 de julho de 2016

«ZAIRE»

Canhoneira da Armada Portuguesa pertencente à classe 'Beira'. Foi construída, tal como as suas congèneres (dessa série de 8 unidades) no Arsenal da Marinha de Lisboa, que a lançou à água em data de 26 de Fevereiro de 1925. Este navio denominou-se inicialmente «Goa» e teve vida operacional até 1958. Ano em que o seu estado de obsoletismo se tornou evidente. Deslocava cerca de 500 toneladas em plena carga e media 45 metros de comprimento por 8,39 metros de boca. O seu calado era de 2,10 metros. Navegava graças a 2 máquinas a vapor de tripla expansão desenvolvendo 700 hp de potência; força motriz que lhe garantia uma velocidade de cruzeiro de 13 nós e uma autonomia de 3 200 milhas náuticas com andamento reduzido a 9 nós. Esta canhoneira estava armada (geralmente) com 4 peças de 75 mm e com 2 metralhadoras. A sua guarnição era composta por 67 homens, oficiais incluídos. Concebidos para operar nas águas costeiras do Ultramar, alguns destes pequenos navios foram retidos e comissionados para -durante a Grande Guerra- patrulhar e defender os portos do continente. Curiosidade : os mais famosos navios desta classe foram, sem dúvida, as canhoneiras «Bengo», que, em 1922, prestou apoio aos aviadores navais Sacadura Cabral e Gago Coutinho na sua movimentada travessia aérea do Atlântico sul, e a «Dio», que foi mantida no activo até 1969, para servir de navio de instrução à Brigada Naval da Legião Portuguesa, um dos esteios do regime salazarista.

«C. A. THAYER»

Veleiro de 3 mastros e casco em madeira, construído em 1895 num estaleiro da baía de Humboldt, perto de Eureka, no norte da Califórnia. Este lugre (os americanos chamam-lhe escuna) desloca 453 toneladas e mede 67 metros de comprimento por 11 metros de boca e faz, desde Novembro de 1966, parte do registo estadunidense denominado 'National Historic Landmark'. O seu nome de baptismo foi-lhe atribuído para homenagear um sócio da empresa de serração EK Woods, sedeada em São Francisco, para a qual este navio transportou, durante muitos anos, carregamentos inteiros de madeira provenientes das florestas dos estados de Washington e de Oregon. Se o seus portos de destino se situavam essencialmente na Califórnia, a verdade é que o «C. A. Thayer» também efectuou viagens para o sul do México e, mais raramente, para os arquipélagos de Hawai e de Fiji. Com a chegada de navios a vapor ao negócio das madeiras, este veleiro deixou -em 1912- essa actividade específica e partiu para o Alasca, onde foi utilizado pela indústria das pescas e conservas de salmão; fazendo viagens periódicas à 'cidade da Porta Dourada' com carregamentos desse peixe salgado ou enlatado. Durante a Grande Guerra, volveu ao seu negócio inicial, levando madeira para a Austrália e ilhas do Pacífico e de lá regressando com carvão e copra. Entre 1925 e 1930, o «C. A. Thayer» regressou ao Alasca, onde esteve envolvido na pesca do bacalhau. E, no início dos anos 40, as forças armadas dos Estados Unidos adquiriram-no para ajudar no chamado 'esforço de guerra'. Arrancaram-lhe os mastros e adaptaram-no para desempenhar a perigosa tarefa de transporte de munições. Acabado o conflito, o veleiro em apreço regressou à vida civil, sendo remastreado e adaptado, de novo, à pesca do bacalhau; onde se manteve até 1950. Comprado pelo estado da Califórnia em 1957 e restaurado em Seattle (Washignton), este veleiro foi remetido ao Museu Marítimo de São Francisco, que assume agora a responsabilidade de o fazer funcionar como núcleo museológico. Após ter sido mantido com esse estatuto durante 40 anos, o «C. A. Thayer» foi de novo alvo de restauro. Actualmente, pode ser visitado no seu ancoradouro privativo do San Francisco Maritime National Park.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

«GUADIANA»

Contratorpedeiro da Armada Portuguesa dos tempos da Grande Guerra. Era um navio da classe 'Douro', que foi construído no arsenal do Alfeite em 1915 com supervisão técnica britânica. Deslocava 700 toneladas e media 73,15 metros de longitude por 7,16 metros de boca. O seu calado cotava 4,20 metros. Era movido por 3 turbinas a vapor com uma potência de 17 000 hp acopladas a 3 veios. A sua velocidade máxima era de 27 nós. Estava armado com 1 peça de 100 mm, com 2 de 76 mm, com 2 tubos lança-torpedos de 450 mm, com lançadores de cargas de profundidade e com 20 minas. A sua guarnição era constituída por 73 homens, incluindo oficiais. Desta classe, foram construídos (para além do «Douro» e do «Guadiana») os navios «Vouga» e «Tâmega». Todos eles no mesmo estaleiro. De entre as missões que este contratorpedeiro cumpriu ao serviço da marinha de guerra portuguesa, contam-se o apresamento dos mercantes alemães surtos no estuário do Tejo, a integração no dispositivo naval de defesa de Lisboa, escoltas -até aos portos de França- dos transportes de tropas (do CEP) e material de guerra, a defesa do governo contra as forças partidárias de Sidónio Pais. Em 1917 (a 31 de Julho) sofreu um encalhe na zona do cabo Raso, que lhe provocou avarias; o que o brigou a sofrer trabalhos de estaleiro. Em inícios de 1918, estava em Brest, onde a sua guarnição representou Portugal numa cerimónia seguida de desfile militar, na qual participaram várias marinhas e exércitos aliados. Em Abril desse derradeiro ano de conflito, o «Guadiana» encontrava-se, de novo em França, país onde sofreu grave avaria no seu sistema propulsor, o que o obrigou a demandar o porto de Nantes, onde foi reparado. Aquando do armistício (assinado entre nações beligerantes a 11 de Novembro de 1918) o navio já se encontrava em Portugal. Manteve-se no serviço activo até 1942 (quando o mundo já se confrontava numa nova guerra planetária), ano em que foi enviado para a sucata.

domingo, 24 de julho de 2016

«BULOLO»

Navio de passageiros (mas também de correio e carga geral) construído, em 1938, nos estaleiros da firma Barclay, Curle & Cº, de Glásgua (Escócia), por encomenda da casa armadora Burns Philp Shipping, a operar no sul do Pacífico : Austrália, Papua-Nova Guiné, ilhas Salomão, Novas Hébridas, Norfolk e arquipélago de Lorde Howe. Esse período que antecedeu a 2ª Guerra Mundial foi curto, já que interrompido em Janeiro de 1940 devido à eclosão do conflito na Europa. Transformado em cruzador auxiliar, o navio foi armado com várias peças de artilharia (inclusive com 2 peças AA) e com calhas de arremesso de cargas de profundidade. As suas missões foram diversas, mas privilegiaram sobretudo o transporte de tropas e de víveres entre a África do Sul, a América do Sul e o Reino Unido. Também se especializou na caça aos corsários de superfície alemães e aos navios afectos ao governo fantoche de Pétain. Em 1942, o «Bulolo» foi vendido ao governo de Londres, que o mandou transformar em navio de apoio aos desembarques anfíbios. A esse título, este navio participou nos desembarques do norte de África (1942), da Sicília (1943) e, em Junho de 1944), na Operação Overlord, o decisivo desembarque na Normandia. Foi, por várias vezes, navio-almirante de esquadras que conduziu. Depois dos combates terem cessado na Europa (Maio de 1945), o HMS «Bulolo» foi enviado para a Malásia, com o estatuto de navio-almirante da Força W, superiormente comandada pelo contra-almirante Benjamin Martin. Ali participou na recuperação para a coroa desse vasto território e, em Setembro desse mesmo ano, foi a bordo deste antigo paquete que foi assinada a rendição da guarnição japonesa de Singapura. O navio foi desarmado em Dezembro de 1946 e reentregue ao seu primitivo proprietário. Que, depois de o ter utilizado em 161 viagens redondas o vendeu como ferro velho à China Steel Corporation, de Taiwan; que o desmantelou no seu estaleiro de Kaohsiung, em 1968. A ilustração aqui anexada mostra o navio em apreço na sua versão civil. Cujas principais características eram as seguintes : 6 937 toneladas de arqueação bruta; 126 metros de comprimento por 18 metros de boca; 15 nós de velocidade máxima; 9 300 milhas de autonomia.

«CASSIOPEIA»


LFG (Lancha de Fiscalização Grande) construída -em 1963- no Arsenal do Alfeite. Foi a primeira unidade da sua classe ('Argos', da qual foram realizadas 10 unidades) a ser ali fabricada. A sua integração na Armada Portuguesa ocorreu no ano seguinte, a 18 de Janeiro de 1964. As suas primeiras missões tiveram lugar em águas do Algarve, onde esta lancha e a sua guarnição procederam à fiscalização das pescas. Mas, ainda nesse ano de 1964, a «Cassiopeia» rumou à então província ultramarina da Guiné, onde apoiou operações militares contra as guerrilhas independentistas. Nesse quadro, conhece-se o contributo prestado por esta lancha à famosa e mui secreta Operação Mar Verde, que levou tropas portuguesas até Conakry, de cujas prisões foram resgatados alguns prisioneiros das forças coloniais, feitos pelo PAIGC em território da actual Guiné-Bissau. A LFG em apreço demorou-se por aquelas bandas africanas até à independência desse nosso antigo território; e -a 21 se Setembro de 1974- as autoridades do novo regime democrático decidiram afundar o navio ao largo das costas guineenses (a 104 milhas a oeste de Bissau), por ter considerado que o seu estado não merecia reparações, nem as despesas de um retorno à metrópole. A «Cassiopeia» deslocava 210 toneladas (em plena carga) e media 41,70 metros de comprimento por 6,70 metros de boca. O seu calado era de 2 metros.  A sua velocidade máxima era de 17,3 nós e a sua autonomia (à velocidade de cruzeiro) era de 1 660 milhas náuticas. O seu armamento compreendia 2 peças Boffors 40/60 mm e 2 metralhadoras MG42 de 7,62 mm. Da sua guarnição faziam parte 2 oficiais 4 sargentos e 21 praças. Todos os navios da classe 'Orion' tiveram vida operacional em África e ali (em Angola e Guiné) terminaram os seus dias.

«Z33»

O «Z33» foi um contratorpedeiro alemão do tipo '1936A Mob' (derivado da classe 'Narvik'), que serviu na armada nazi de 1943 até finais da Segunda Guerra Mundial. Tendo sido, depois da assinatura do armistício, entregue à União Soviética a título de reparação de guerra e em cuja marinha militar (frota do Báltico) este navio usou -até 1960- o nome de «Provorny». Construído pelos estaleiros Deutsche Schiff und Maschinenbau AG, de Bremen, este navio entrou ao serviço em 1943 e serviu, em regime de exclusividade, nas águas da Noruega, país ocupado pelos hitlerianos. Entre as suas acções mais relevantes contam-se a sua participação na invasão do arquipélago de Spitzberg (Setembro 43), a escolta do cruzador de batalha «Scharnhorst» (antes da sua perda ao largo do cabo Norte) e durante a Operação Mascote, em 1944 (uma das muitas acções levadas a cabo pelos britânicos para destruir o couraçado «Tirpitz»), de onde o «Z33» saiu com avarias causadas pela aviação inimiga. A 7 de Fevereiro de 1945, este 'destroyer' encalhou (quando seguia a caminho da Alemanha) em Brujford e -a 9 do mesmo mês e ano- foi de novo alvejado por aviões dos Aliados. O fim do conflito avizinhava-se e o navio ficou imobilizado devido à penúria de combustíveis que se fazia sentir numa Alemanha à beira do colapso. Os soviéticos desmantelaram-no em 1962. Características do «Z33» : 3 605 toneladas de deslocamento em plena carga; 127 metros de comprimento por 12 metros de boca; 70 000 hp de potência instalada; 37 nós de velocidade máxima; 2 240 milhas náuticas de autonomia (com andamento limitado a 19 nós). Armamento : 5 canhões de 150 mm; 4 de 37 mm (numa fase posterior à sua construção); 8 peças de 20 mm (também numa fase posterior); 8 tubos lança-torpedos de 533 mm; 60 minas; 4 calhas para lançamento de cargas de profundidade. Guarnição : 220 homens, oficiais incluídos. Notas : 7 navios do tipo '1936A Mob' foram construídos durante a Segunda Grande Guerra. A imagem anexada mostra um navio idêntico ao contratorpedeiro em apreço, o «Z32», um dos seus gémeos.

«SOFALA»

Quando o segundo conflito generalizado rebentou em 1939, o cargueiro germânico «Aller» foi um dos vários navios de bandeira alemã que, obedecendo às instruções de Berlim, se refugiaram em portos neutros. Este navio, que pertencia ao grupo armador de Bremen Norddeutscher Lloyd e que operava na linha Europa-Extremo Oriente e Austrália, foi um dos que se refugiou no porto de Lourenço Marques (hoje Maputo) e que se colocou sob protecção portuguesa. Ali permaneceu até 1943 (Maio), ano em que foi adquirido pela Companhia Nacional de Navegação; que lhe deu o novo nome de «Sofala» e o registou na capitania do porto de Lisboa. Era um navio de grande porte (7 956 toneladas de arqueação bruta) para os padrões portugueses, passando a ser o maior cargueiro da nossa frota mercante. O «Sofala», que passou a operar, essencialmente, na rota das colónias, foi construído nos estaleiros Bremen Vulkan AG, de Vegesack. Media 160,92 de longitude e o seu sistema de propulsão conferia-lhe uma potência de 6 400 cv, que lhe permitiam navegar à velocidade de serviço de 14,5 nós. Este navio dispunha, então, de 54 tripulantes e fora agenciado para poder acolher 12 passageiros. Para além de importante carga, naturalmente. A aquisição deste navio deste navio (e de outros nas mesmas condições) deu lugar a negociações entre as autoridades portuguesas, aliadas e do eixo, que levaram à entrega da sua tripulação aos alemães; que foram trocados por prisioneiros de guerra das nações inimigas de Hitler e do seu regime. À parte alguns incidentes de percurso e sem consequências para o futuro do navio (encalhe e incêndio no porto de Leixões no início da década de 50 e deriva e encalhe no Tejo, aquando de ventos ciclónicos em 1958), o «Sofala» prestou grandes serviços ao seu armador e à marinha mercante nacional. Foi desmantelado em finais do ano de 1968 num estaleiro de Castellon, Espanha. Nota : a foto anexada mostra o «Sofala» ainda com a bandeira alemã e as cores do seu primeiro armador.

«PATRIA»


Construído em La Seyne-sur-Mer (França) pelos estaleiros da Société Nouvelle des Forges et Chantiers de la Méditerranée, este navio juntou-se à frota da Fabre Line (Compagnie Française de Navigation à Vapeur Cyprien Fabre & Cie.) em meados de Abril de 1914. Destinado à carreira Marseilha-Nova Iorque, o «Patria», ali se manteve até 1920. Passou, em seguida, a especializar-se no transporte de emigrantes com o mesmo destino e que o navio ia buscar a Nápoles e a Palermo. Este paquete, que apresentava 11 885 toneladas de arqueação bruta, media 148,50 metros de comprimento por 18 metros de boca. A sua maquinaria a vapor garantia-lhe uma velocidade de cruzeiro de 15 nós. Na sua primeira configuração, podia receber a bordo 675 passageiros, 150 dos quais viajavam em primeira classe. E enquanto navio de emigrantes, a sua capacidade subiu exponencialmente, para 2 240 viajantes. Em 1932, o seu primeiro armador alugou o «Patria» à sua concorrente Messageries Maritime por um período de 8 anos. Companhia que, depois de o remodelar, o colocou nas suas ligações entre os portos do sul de França e o Levante : Grécia, Líbano e Egipto, muito especialmente. Em 1939, o «Patria» foi adaptado para servir como navio-hospital e, nessa condição, prestou assistência às vítimas da Guerra Civil espanhola. No início de 1940, ficou, por compra, definitivamente na posse da Messageries Maritimes. A 6 de Junho desse mesmo ano, o navio entrou no porto de Haifa (Palestina), onde, quatro dias mais tarde seria surpreendido pelo estado de guerra estabelecido entre a Itália e a França. E, por medida de segurança, por lá permaneceu, até ser requisitado pelas autoridades britânicas (que, então, administravam aquele território) e colocado ao serviço da British-India Steam Navigation, Cº, que ela própria e os seus navios haviam sido destacados para o transporte de tropas. Mas o «Patria» nunca cumpriu essa tarefa, nem nunca chegou a sair, sequer, de Haifa. Porque, no dia 25 de Novembro desse mesmo ano de 1940, foi alvo de um ataque terrorista da Haganah (organização paramilitar sionista), que nele fez rebentar uma bomba de grande potência. Isso, porque o navio recebera a bordo 1 800 refugiados judios da Europa, impedidos de desembarcar na Palestina pelas leis de emigração britânicas. No rescaldo do atentado (que afundou o navio em 15 minutos), contabilizou-se a morte de 300 pessoas, para além de perto de 200 feridos. Paradoxalmente, a maioria dessas vítimas eram refugiados judeus desejosos de encontrar paz e tranquilidade na chamada Terra Santa. Também morreram, nessa ocasião, 50 membros da tripulação do navio francês. Que foi reemergido em 1952 (já depois da independência do estado de Israel) e posteriormente desmantelado. Nota final : o cartaz aqui reproduzido, mostra o «Patria» nos anos 20 do século passado, quando assegurava o transporte de emigrantes dos portos do Mediterrâneo para os Estados Unidos.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

«PRINCESA CARLOTA»

Fragata portuguesa (navio também por cá designado 'de linha de 5ª classe') dos séculos XVIII e XIX. O «Princesa Carlota» foi construído nos Estaleiros da Marinha da Baía (São Salvador) e lançado ao mar no dia 6 de Outubro de 1791. Desconhecemos o essencial das suas características físicas, mas é claro que era um veleiro de 3 mastros, com 2 conveses de artilharia preparados para receber 44 peças de diferentes calibres. A sua guarnição variava entre 320 e 420 homens, marinheiros e soldados. Este navio cumpriu missões de guarda costas e de protecção e apoio aos nossos navios mercantes que cruzavam o Atlântico nos dois sentidos. Também se sabe que -em 1801- esteve no mar Mediterrâneo, integrado na frota inglesa, que desbaratou a armada franco-espanhola ao largo do cabo Trafalgar. Em 1812, esta fragata foi dada como obsoleta e levada para o Rio de Janeiro, onde se procedeu ao seu desmantelamento.

«SIDI-BEL-ABBÈS»

Paquete francês de 4 392 toneladas de arqueação bruta, inicialmente destinado a servir na linha que ligava Marselha às colónias situadas do outro lado do Mediterrâneo. Nos anos sombrios da 2ª Guerra Mundial, este navio escapou ao ocupante e foi requisitado pelas autoridades militares aliadas para assegurar o transporte de tropas e de material bélico entre os portos do norte de África. Foi afundado pelo submarino alemão «U-565» na manhã brumosa do dia 20 de Abril de 1943 ao largo da cidade de Oran, Argélia. O navio em questão partira, horas antes, de Casablanca e integrara-se num comboio dos Aliados (o UGS 7, em proveniência dos Estados Unidos) perto do canal de Gibraltar. A bordo do «Sidi-Bel-Abbès» (primeiro do nome) seguiam 1 287 pessoas : 95 membros de equipagem, algumas dezenas de civis e muitos militares, entre os quais figuravam o estado-maior e 907 homens pertencentes ao 4º Regimento de Atiradores Senegaleses. Devido aos estragos causados no navio (que foi atingido a tribordo, por baixo da linha de flutuação) o afundamento foi muito rápido, não deixando a mínima 'chance' de sobrevivência às pessoas que se encontravam nos conveses inferiores e porões. Escaparam, apenas, 453 pessoas, algumas com ferimentos graves. Parte delas seriam resgatadas por três navios de guerra britânicos muitas horas mais tarde, já que os outros navios do comboio -obedecendo a ordens rigorosas em caso de ataque inimigo- não pararam para prestar socorro aos desventurados náufragos do paquete francês. Acredita-se que o brusco afundamento, em menos de 2 minutos, do «Sidi-Bel-Abbès» (que pertencia à Société Générale des Transports Maritimes) tenha ficado a dever-se ao facto do projéctil lançado do submersível nazi ter atingido, para além da casa das máquinas, um porão onde haviam sido acomodadas caixas de munições (30 toneladas) e uma carga de barris de óleo de amendoim (500 toneladas). Este paquete foi construído em Inglaterra, nos estaleiros da firma Swan Hunter & Wigham Richardson, em 1929. Um monumento levantado à memoria das suas vítimas foi levantado na costa argelina, diante da qual o navio se perdeu.

sábado, 2 de julho de 2016

«CARLISLE CASTLE»

'Clipper' de bandeira britânica, construído em 1868 nos estaleiros navais de Blackwall, em Londres. Cidade onde também ficou registado. Integrou a frota da Green Blackwall Line, que o utilizou, preferencialmente, nas suas ligações com a Austrália. Transportou emigrantes e carga geral, essencialmente produtos manufacturados da Europa e lã e cereais em proveniências dos antípodas. O «Carlisle Castle» era uma galera de 3 mastros e com casco de aço, que apresentava 1 458 toneladas de arqueação bruta e as seguintes dimensões : 70 metros de comprimento, 11,50 metros de boca e 6,90 metros de calado. No dia 13 de Julho de 1899, quando navegava de Liverpool para Fremantle, este veleiro foi violentamente sacudido por uma tempestade, que o lançou contra uns recifes da costa ocidental da ilha-continente; onde o navio se despedaçou com 24 (26, segundo outras fontes) pessoas a bordo. Nenhuma delas sobreviveu ao terrível naufrágio do «Carlisle Castle», incluindo o seu derradeiro capitão, um experiente oficial da marinha mercante denominado J. Lindsay.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

«GLUCKAUF»

Petroleiro alemão de propulsão mista (vela/vapor), construído em 1885 nos estaleiros da firma Armstrong, Mitchell & Co., de Newcastle-upon-Tyne (nordeste de Inglaterra). O destinatário foi o armador alemão Wilhelm Anton Riedemann, de Geestemunde, que era agente da Standard Oil Company. O navio registava 2 307 toneladas de arqueação bruta e media 91,60 metros de comprimento por 11,33 metros de boca. Dispunha de 1 máquina a vapor de tripla expansão, que desenvolvia uma potência de 200 nhp. E tinha 3 mastros hasteando, o de vante, pano redondo e os de meia-nau e de popa pano latino. A sua velocidade máxima atingia os 10,5 nós. Uma das grandes inovações do «Gluckauf» (cujo nome significa 'boa sorte') eram os seus 8 tanques, que o autorizavam a carregar ramas em grandes volumes, em vez de as embarcar nos tradicionais barris arrimados no porão. Para além disso, o «Gluckauf» dispunha de válvulas de carga e descarga que podiam ser accionadas do convés, de tubagem de ligação intertanques e de um dispositivo que lhe permitia bombear água do mar para os tanques, a fim de assegurar o equilíbrio do navio durante o seu descarregamento ou quando navegava vazio. Este navio tornou-se célebre pelo desastre que ditou o seu fim e que ocorreu a 24 de Março de 1893 em Fire Island, nas proximidades da cidade de Nova Iorque. A sua tripulação foi, toda ela, salva pelo corpo de salva-vidas de Blue Point. Em inícios do mês seguinte, foi feita uma tentativa infrutífera para resgatar o navio; que, na sequência dessa operação falhada, acabou por permanecer durante muito tempo no lugar da encalhação. O navio alemão acabou, posteriormente, por ser engolido pelo mar, situando-se, hoje, a sua carcaça de ferro a profundidades que oscilam entre os 7,50 e os 30 metros.