domingo, 24 de julho de 2016

«PATRIA»


Construído em La Seyne-sur-Mer (França) pelos estaleiros da Société Nouvelle des Forges et Chantiers de la Méditerranée, este navio juntou-se à frota da Fabre Line (Compagnie Française de Navigation à Vapeur Cyprien Fabre & Cie.) em meados de Abril de 1914. Destinado à carreira Marseilha-Nova Iorque, o «Patria», ali se manteve até 1920. Passou, em seguida, a especializar-se no transporte de emigrantes com o mesmo destino e que o navio ia buscar a Nápoles e a Palermo. Este paquete, que apresentava 11 885 toneladas de arqueação bruta, media 148,50 metros de comprimento por 18 metros de boca. A sua maquinaria a vapor garantia-lhe uma velocidade de cruzeiro de 15 nós. Na sua primeira configuração, podia receber a bordo 675 passageiros, 150 dos quais viajavam em primeira classe. E enquanto navio de emigrantes, a sua capacidade subiu exponencialmente, para 2 240 viajantes. Em 1932, o seu primeiro armador alugou o «Patria» à sua concorrente Messageries Maritime por um período de 8 anos. Companhia que, depois de o remodelar, o colocou nas suas ligações entre os portos do sul de França e o Levante : Grécia, Líbano e Egipto, muito especialmente. Em 1939, o «Patria» foi adaptado para servir como navio-hospital e, nessa condição, prestou assistência às vítimas da Guerra Civil espanhola. No início de 1940, ficou, por compra, definitivamente na posse da Messageries Maritimes. A 6 de Junho desse mesmo ano, o navio entrou no porto de Haifa (Palestina), onde, quatro dias mais tarde seria surpreendido pelo estado de guerra estabelecido entre a Itália e a França. E, por medida de segurança, por lá permaneceu, até ser requisitado pelas autoridades britânicas (que, então, administravam aquele território) e colocado ao serviço da British-India Steam Navigation, Cº, que ela própria e os seus navios haviam sido destacados para o transporte de tropas. Mas o «Patria» nunca cumpriu essa tarefa, nem nunca chegou a sair, sequer, de Haifa. Porque, no dia 25 de Novembro desse mesmo ano de 1940, foi alvo de um ataque terrorista da Haganah (organização paramilitar sionista), que nele fez rebentar uma bomba de grande potência. Isso, porque o navio recebera a bordo 1 800 refugiados judios da Europa, impedidos de desembarcar na Palestina pelas leis de emigração britânicas. No rescaldo do atentado (que afundou o navio em 15 minutos), contabilizou-se a morte de 300 pessoas, para além de perto de 200 feridos. Paradoxalmente, a maioria dessas vítimas eram refugiados judeus desejosos de encontrar paz e tranquilidade na chamada Terra Santa. Também morreram, nessa ocasião, 50 membros da tripulação do navio francês. Que foi reemergido em 1952 (já depois da independência do estado de Israel) e posteriormente desmantelado. Nota final : o cartaz aqui reproduzido, mostra o «Patria» nos anos 20 do século passado, quando assegurava o transporte de emigrantes dos portos do Mediterrâneo para os Estados Unidos.

1 comentário:

  1. Historia da pesca do bacalhau:
    Este paquete transportou a tripulação do lugre “Turuna” desde Sydney na Nova Escócia até Lisboa onde desembarcaram.

    O naufrágio do Turuna
    A bordo do paquete francês Patrie, chegaram hoje a Lisboa os náufragos do veleiro português Turuna, da praça de Aveiro, que se afundou, em 12 de Junho, nos bancos da Terra Nova onde andava na dura faina da pesca do bacalhau.
    Os náufragos, em número de 31, seguiram hoje mesmo para as suas terras. (sic)

    In “Gazeta de Coimbra”, 8 Agosto 1930 (pág.2)

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