terça-feira, 10 de julho de 2012

«LES DEUX SOEURS»


Este navio negreiro francês foi construído no estaleiro de André François Normand, em Honfleur, no ano de 1782, por encomenda dos armadores e traficantes de escravos Fauconnier e Beauvoisin da vizinha cidade do Havre. O navio «Les Deux Soeurs» (‘As Duas Irmãs’) era um veleiro de 280 toneladas, com três mastros e armado com 14 pequenas peças de artilharia. O Havre (na costa norte da Normandia) foi o terceiro porto francês por ordem de importância (logo atrás de Nantes e de Bordéus) a dedicar-se ao infame negócio de seres humanos. Que tinham como principais compradores os ricos plantadores de cana-de-açúcar, de tabaco e de algodão fixados do outro lado do Atlântico. Na época do «Les Deux Soeurs», existiam na referida cidade normanda 68 casas comerciais implicadas (directa ou indirectamente) no tráfico negreiro, que armavam 230 navios especializados no negócio triangular do ‘bois d’ébène’. Negócio encorajado pela monarquia, proibido pelos revolucionários de 1789 e logo restabelecido pelo imperador Napoleão Bonaparte. «Les Deux Soeurs», tal como os seus congéneres gauleses, exercia o seu ignóbil comércio, essencialmente, no golfo da Guiné e nas costas de Angola, antes de desembarcar a ‘mercadoria’ nas Antilhas; de onde voltava à Europa carregado com produtos oriundos dessas paragens e cujo exotismo era negociado deste lado do Atlântico a preços vantajosos.

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