quarta-feira, 12 de agosto de 2009

«GRAND SAINT ANTOINE»


Veleiro de três mastros (galera) do século XVIII. Foi construído na Holanda, mas hasteava bandeira gaulesa. A 22 de Julho de 1719 zarpou de Marselha para o Levante. No regresso a França, em Maio do ano seguinte, trouxe um carregamento de tecidos finos da Síria, avaliados em 100 000 Écus, além da bactéria da peste, a temível 'Yersinia pestis'. Apesar de terem perdido (durante a viagem) sete dos seus marinheiros e o médico de bordo, o capitão e os influentes armadores do navio interferiram junto das autoridades sanitárias e administrativas para evitar a quarentena que a mais elementar prudência recomendava. O «Grand Saint Antoine» pôde, assim, atracar no porto de Marselha no dia 25 de Maio de 1720, infectando a cidade. Por ordem do regente Filipe de Orleães (datada de 28 de Julho de 1720) o navio foi, finalmente, isolado e instruções foram dadas às autoridades locais para que o queimassem, assim como tudo o que ainda restava da sua perigosa carga. Mas essas instruções só foram executadas cerca de três meses mais tarde, dando-se tempo, por via desse imperdoável desleixo, a que a epidemia se propagasse à Provença inteira. A peste veiculada pelo sinistro veleiro provocou (até 1722) cerca de 40 000 mortos. Os restos calcinados do «Grand Saint Antoine» foram encontrados em 1978 por mergulhadores submarinos, que entregaram os artefactos de interesse arqueológico emergidos ao museu do Hospital Caroline, da ilha de Ratonneau.

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