segunda-feira, 3 de agosto de 2009

«ALENTEJO»


Foi construído pelos estaleiros britânicos da firma J. Crichton & Shipbuilders Records em 1923. Prestou serviço -durante quase meio século- na linha Lisboa T.P.-Barreiro, tendo transportado muitos milhões de passageiros. Isto, na companhia do «Évora» e do seu irmão gémeo «Trás-os-Montes», do qual ele visualmente se distinguia graças a uma característica barra branca que circundava a sua chaminé preta. O «Alentejo» foi, com os seus já citados parceiros de navegação estuarina e antes da construção da agora chamada ponte 25 de Abril, o único elo de ligação entre os comboios com término na capital portuguesa e as composições ferroviárias que, do Barreiro, permitiam chegar ao Alentejo e ao Algarve. Este modesto vapor funcionava, assim, como uma autêntica ponte móvel entre as duas margens do Tejo, que ele unia em meia hora. O «Alentejo» estava equipado com duas caldeiras elípticas de chama invertida, que alimentavam uma máquina a vapor desenvolvendo 600 cv de potência. O seu consumo era de 1/2 tonelada de carvão por hora e a sua velocidade de cruzeiro rondava os 11 nós. Dois factos importantes marcaram a história do «Alentejo» : em Outubro de 1950 transportou do Barreiro até ao Terreiro do Paço as veneráveis relíquias (provenientes de Granada) de São João de Deus; na véspera de Natal de 1968, encalhou na ponta do Mexilhoeiro (próxima do Barreiro) com 200 passageiros, obrigando-os a passarem a noite da consoada a bordo. Julgado obsoleto (muito justificadamente) em finais da década de 60, o «Alentejo» foi retirado do serviço activo pela C. P., a sua companhia armadora. Depois de ter desaparecido do Tejo, surgiu na marina de Vila Moura, transformado num restaurante flutuante chamado «O Recuperado». De lá saíu para parte incerta, indo, sem dúvida, parar a um qualquer estaleiro de desmantelamento. Porque também os barcos úteis como o velho «Alentejo» acabam por morrer assim, ingloriamente... A sua substituição na linha Lisboa-Barreiro, tal como a dos seus companheiros de geração, foi assegurada por uma série de navios construídos nos estaleiros navais nacionais de Viana do Castelo («Estremadura», «Algarve», «Minho», «Trás-os-Montes», «Alentejo» e «Lagos») e de São Jacinto («Pinhal Novo» e «Tunes»).

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