quinta-feira, 13 de agosto de 2009

«ÁRGUS»


Lugre-motor português de quatro mastros e casco em aço, construído e lançado à água no ano de 1939 pelo estaleiro holandês De Haan & Oerlmans, de Heusden. Pertenceu à Parceria Geral de Pescarias (casa Bensaúde) e teve como fundeadouro de inverno o lugar da Azinheira Velha (Telha, Barreiro), na foz do rio Coina. Era ligeiramente maior do que os seus irmãos «Creoula» e «Santa Maria Manuela», visto a sua capacidade de carga superar a destes navios em 120 toneladas. O «Árgus» participou em inúmeras campanhas bacalhoeiras nos mares da Terra Nova e da Groenlândia e gozou de uma grande notoriedade após a publicação de artigos de imprensa, livros e documentários escritos e realizados pelo australiano Alan Villiers, que esteve a bordo do lugre aquando da campanha de pesca de 1950. Deve-se ao «Árgus» o salvamento dos pescadores e restante tripulação do «Santa Quitéria», que, em 1941, naufragou nos Grandes Bancos. O navio da P. G. P. foi considerado obsoleto em 1970 (ano em que foi pela última vez ao bacalhau) e vendido -em 1974- ao comandante Mike Burke, proprietário de uma sociedade promotora de cruzeiros de luxo a operar em águas caribenhas : a Windjammer Barefoot Cruises. O navio foi, então, transformado para se adaptar às exigências dos turistas e baptizado com o nome de «Polynesia». Depois da morte de Burke e da falência da Windjammer, o navio foi abandonado no porto de Aruba (Antilhas Neerlandesas), de onde foi, em boa hora, resgatado por agentes da casa Pascoal & Filhos (da Gafanha da Nazaré). Esta empresa, que já salvou da ruina o «Santa Maria Manuela», propõe-se agora recuperar o velho «Árgus», um navio com nome e história nos anais da pesca do bacalhau.

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