quinta-feira, 7 de maio de 2015

«AZEMMOUR»

Este paquete francês de médio porte foi construído em 1949 pela empresa Ateliers e Chantiers de Bretagne, em Nantes. O «Azemmour» foi realizado por encomenda da Compagnie de Navigation Paquet (de Marselha) para as suas carreiras com o norte e África, muito especialmente com a Argélia. A sua viagem inaugural fez-se (em Agosto de 1950) sob a forma de um cruzeiro, que levou turistas de Marselha a Casablanca, via Port Vendres e Tânger. Com grande capacidade de carga (4 447 m3), este navio estava preparado para poder transportar 6 000 ovinos vivos em cada uma das suas viagens para o Magrebe. Era um navio com uma arqueação bruta de 3 921 toneladas, com 113,60 metros de comprimento por 15 metros de boca. Na sua versão inicial, este navio dispunha de camarotes com capacidade e condições para receber 260 passageiros. As suas máquinas dispunham de uma potência combinada de 3 500 kW, força que lhe garantia uma velocidade de 17 nós.  A partir de 1958, com a cada vez mais forte reivindicação da independência pelo FLN, o «Azemmour» fez várias viagens para a Argélia com militares do contingente. E, em 1962, com a aproximação da dita autonomia política dos argelinos, o «Azemmour» foi adaptado ao transporte de retornados e de soldados feridos. Depois desses episódios dolorosos, o navio foi profundamente transformado e passou para a indústria do turismo, fazendo vários cruzeiros às Canária, ao Senegal e a Marrocos. Na década de 70 foi cedido a armadores gregos, que o baptizaram, sucessivamente, «Delos» e «Bella Maria». Depois foi vendido para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde (em 1883) o navio tomou o seu quarto nome : Khaled I». Em 1985, o ex-«Azemmour» já estava de regresso ao Mediterrâneo e à Grécia, onde voltou a ser registado com um dos seus antigos nomes : «Bella Maria». Foi com esse derradeiro designativo, que o navio encalhou desastrosamente -em Abril de 1987- nas ilhas helénicas de Salamis. Considerado irrecuperável pelos peritos, o antigo «Azemmour» foi desmantelado 'in situ' no ano seguinte. Curiosidade : o seu nome fazia referência à cidade de Azamor, antiga praça da costa atlântica de Marrocos que os portugueses chegaram a ocupar dos finais do século XV até 1541; ano em que de lá saíram por determinação d'el rei D. João III, que não acreditou na viabilidade da manutenção dessa praça.

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