quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

«LAMORICIÈRE»


Este paquete francês foi realizado pelos estaleiros Swan, Hunter & W. Richardson, de Newcastle (G.B.), que o lançaram à água em 1920. Deslocava 4 712 toneladas e media 112,72 m de comprimento por 15,24 m de boca. Navegava graças a 1 máquina de tripla expansão desenvolvendo uma força de 8 000 cv. A sua velocidade de cruzeiro era de 18 nós. O «Lamoricière», que entrou em serviço em 1921, pertenceu à frota da Compagnie Générale Transatlantique, a famosa ‘French Line’. O navio foi colocado em Marselha, para assegurar a carreira do norte África; linha que nunca abandonou em 21 anos de actividade. A viagem que o paquete realizou com partida de Argel a 6 de Janeiro de 1942 guardou-lhe um lugar na História trágico-marítima contemporânea. O «Lamoricière» transportava, então, 122 membros de equipagem e 272 passageiros com destino a Marselha. A sua rota passava perto das Baleares, arquipélago ao largo do qual o paquete encontrou, nesse trágico dia, grandes dificuldades de navegação, devido a uma medonha tempestade. Apesar dos problemas por que passava o seu próprio navio, o comandante do paquete «Lamoricière» (capitão Milliasseau) achou ser de seu dever responder aos SOS’s lançados desesperadamente por um outro navio francês -o «Jumièges», da companhia Worms- que naufragava junto à ilha de Minorca. Chegada ao lugar do apelo lançado pelo navio em perdição, a gente do «Lamoricière» só pôde constatar o desaparecimento do dito. Isto, quando, ao mesmo tempo, tripulantes e passageiros lutavam pela sobrevivência do paquete da C.G.T. e pela salvação das suas próprias vidas. Sacudido por vagalhões, que o inundaram completamente, o «Lamoricière» acabou, também ele, por soçobrar. Acontecimento que provocou a morte 300 dos seus ocupantes. Entre as vítimas encontravam-se dezenas de soldados aquartelados na Argélia e que iam a casa passar uns dias de licença, um grupo de meninos de uma instituição escolar e um certo Jerzy Rosycki, matemático polaco, que, tempos atrás, havia descodificado (com dois colegas da mesma nacionalidade) os segredos da ‘Enigma’, aparelho de transmissão alemão ultra-secreto. Ao balanço desse dia trágico para a marinha mercante francesa, há que juntar, obviamente, os 20 mortos do «Jumièges». O desastre de 6 de Janeiro de 1942 comoveu a França inteira. O poeta Max Pol Fouchet referiu-se ao paquete naufragado, chamando-lhe ‘La mort ici erre’, palavras que têm a mesma fonética e que significam : ‘a morte erra por aqui’. Os despojos do navio, que jazem a 156 metros de profundidade (a cerca de 10 km ao largo do cabo Favaritx, Minorca), foram descobertos e identificados, em 2008, por uma equipa italo-espanhola de mergulhadores.

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