domingo, 1 de maio de 2016

«SLAVONIA»

Paquete britânico construído em 1902 nos estaleiros da firma James Laing, de Sunderland (Inglaterra). O seu primeiro armador foi a British Indian Steam Navigation Cº., que, com o seu primitivo nome de «Yamuna», o utilizou numa carreira regular estabelecida entre a Inglaterra e a Índia. Mas, apercendo-se essa empresa de navegação que este navio estava sobredimensionado para as suas necessidades do momento, acabou por vendê-lo à companhia Cunard com menos de um ano de uso. O navio sofreu, então, profundas transformações e recebeu um novo nome, o de «Slavonia», antes de ser colocado na linha Liverpool-Nova Iorque. Como tantos outros paquetes da época, também este navio chegou a passar os meses de Inverno em cruzeiros no mar Mediterrâneo. Na primeira década do século XX (a única que conheceu) o «Slavonia» transportou, essencialmente, emigrantes da Europa para os Estados Unidos, muitos deles originários dos países eslavos, daí a razão do seu segundo e derradeiro nome. Era um navio com 10 606 toneladas de arqueação bruta, com 155,44 metros de longitude por 18,13 metros de boca. Estava equipado com máquinas a vapor de tripla expansão acopladas a um par de hélices. Navegava à velocidade máxima de 13 nós e podia receber (na sua configuração Cunard) 71 passageiros de 1ª classe, 74 na 2ª classe e 1 954 em 3ª classe. A sua tripulação era constituída por 225 membros. Foi, no seu tempo, o maior navio de passageiros construído no Reino Unido. Teve uma vida activa sem percalços, até que a fatalidade o fez entrar -em data de 10 de Junho de 1909- na História das travessias transatlânticas. Na madrugada desse dia, com efeito, o «Slavonia» navegava no mar dos Açores (vinha de Nova Iorque e dirigia-se para Trieste, porto italiano do Adriático) com 597 passageiros a bordo, dos quais cerca de uma centena viajavam nas classes privilegiadas. Parece que partiu destes a ideia de solicitar ao comandante um desvio da rota habitual do navio, que passava 160 quilómetros a norte da ilha do Corvo. O oficial (com 30 anos de experiência) acedeu imprudentemente mudar de rumo, de modo a que os passageiros pudessem desfrutar de algumas paisagens açorianas, e rumou na direcção das Flores. Mas, essa zona de fortes correntes marítimas estava então coberta por nevoeiro espesso e o navio foi embater violentamente nos rochedos de Baixa Rasa. Que lhe provocaram rombos fatais, por onde a água acabou por entrar, invadindo os porões. Parece que foi do «Slavonia» em perdição, que foram emitidos os primeiros sinais SOS da História da Navegação; que foram captados pelos navios germânicos «Prinzess Irene» e «Batavia», que navegavam naquelas paragens e que, prontamente, acudiram ao pedido de socorro. Para além da ajuda dos supracitados navios, também a população da longínqua ilha portuguesa ajudou activamente no resgate de todos os náufragos do «Slavonia». Que, afinal, só foi o navio de maior porte afundado naqueles mares entre, ao que parece, mil outros naufrágios ali ocorridos desde o século XVI.

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