sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
«ROUMANIA»
Navio de bandeira britânica , construído em 1881 nos estaleiros Henderson D. & W. & Cº Ltd., de Meadowside (G.B). De propulsão mista (vapor/velas), o «Roumania» hasteava as cores do consórcio Anchor Line/Henderson Bros.; que o colocou no serviço de passageiros e carga entre Liverpool e Bombaim. Esta unidade da marinha mercante apresentava uma arqueação bruta de 3 387 toneladas e media 110,90 metros de comprimento por 11,60 metros de boca. Para além de estar equipado com 1 máquina a vapor de 480 hp, o «Roumania» arvorava 2 mastros, que usavam pano redondo (à vante) e latino. Este navio da carreira da Índia teve vida curta, já que se perdeu -devido (ao que se disse) a erros humanos e às deploráveis condições de tempo- na costa portuguesa em 1882. A fatal ocorrência teve lugar na noite de 27 para 28 de Outubro, no sítio do Gronho, junto à Foz do Arelho. No desastre pereceram 122 tripulantes e passageiros, só se tendo salvado 9 das pessoas que se encontravam a bordo. A maioria dos passageiros deste vapor (registado na capitania do porto de Liverpool) era constituída por militares e por agentes administrativos ingleses, destacados naquela (ou para aquela) que foi considerada -ao tempo e na Ásia- a pérola do Império Britânico. Os restos deste navio de finais do século XIX foram recentemente achados e devidamente identificados por mergulhadores desportivos portugueses.
domingo, 23 de setembro de 2018
«RHONA»
O rebocador «Rhona» pertenceu a uma frota de embarcações similares que -sob as cores da empresa britânica Mason & Barry, concessionária das minas de São Domingos- cumpriu a sua missão no rio Guadiana, puxando barcaças de transporte de minério (pirite). Em 1923, esta pequena embarcação (já com mais de 40 décadas de vida), rumou do Pomarão a Lisboa, para, num estaleiro da capital, se submeter a urgentes trabalhos de reparação. A viagem fez-se sem incidentes, até à chegada do «Rhona» perto do porto de destino, quando foi assaltado por violenta tempestade. Devido, muito provavelmente, à sua vetustez, este rebocador não aguentou o assalto das ondas do estuário, nem as fortes rajadas de vento e acabou por afundar-se -com 9 homens a bordo- nas imediações do forte do Bugio. Os dois sobreviventes da tragédia foram socorridos (e salvos, obviamente) pela abnegada tripulação do «Patrão Lopes», o famoso salva-vidas do Instituto de Socorros a Náufragos. Este drama marítimo ocorreu no dia 9 de Fevereiro de 1923 e o foi amplamente noticiado pela imprensa do tempo, nomeadamente pela «Ilustração Portugueza» Revista ilustrada à qual pertence a imagem aqui publicada, à falta de fotos do rebocador em apreço. O «Rhona» foi construído, em 1897, pelos estaleiros ingleses de South Shields. Apresentava uma arqueação bruta de 182 toneladas e media 31,85 metros de comprimento por 6,60 metros de boca. A sua tripulação normal era de 7 homens. Os seus destroços -descobertos e identificados em 2015- repousam a 10 metros de fundo. O sítio arqueológico do «Rhona» está protegido, sendo as suas visitas devidamente controladas pelas autoridades marítimas.
domingo, 6 de maio de 2018
«MINAS»
Destinado às carreiras transatlânticas, este paquete italiano foi construído, em 1881, nos estaleiros Ansaldo, de Sestri Ponente, para a companhia de navegação de Angelo Parodi, de Génova. O seu nome de baptismo foi «Michele Lazzarone». Era um navio com 2 854 toneladas de arqueação bruta e com 110,90 metros de longitude por 12,22 metros de boca, capaz de transportar -a 12 nós de velocidade de cruzeiro- 60 passageiros em camarotes de 1ª classe e cerca de 900 outros em 3ª classe. Depois de ter hasteado, durante 11 anos, as cores do seu primeiro armador, o navio foi vendido (em 1892) à firma Mazzino B., que lhe conferiu o novo nome de «Remo». Mas, logo dois anos mais tarde, em 1894, o navio mudou outra vez de mãos, passando a usar o pavilhão da Società di Navigazione Ligure Romana, que lhe deu o nome de «Pará». Nome que também não durou muito, pois em 1897, quando aquela empresa foi absorvida pela Società Ligure Brasiliana o paquete passou a usar o designativo de «Minas». Nesse tempo, este navio ligava Génova aos portos brasileiros do Rio de Janeiro e de Santos. Passando, a partir de 1911, a prolongar a sua rota até ao Rio da Prata. Durante a Grande Guerra e devido ao perigo representado pelos submarinos alemães que cruzavam o Atlântico, essas viagens foram interrompidas e o «Minas» transformado em transporte de tropas. Foi nessa condição que -em 15 de Fevereiro de 1917- ao largo do cabo Matapão (quando navegava de Taranto para Salónica) o «Minas foi torpedeado e afundado pelo «U-39» (submarino que se encontrava, então, sob o comando do capitão Walter Forstmann) com perda de muitas centenas de vítimas. Assim acabou, tragicamente, um navio que havia transportado para a América do Sul (especialmente para o Brasil e para a Argentina) muitos milhares de emigrantes italianos, mas não só...
«PARIS»
Couraçado da armada francesa. Construído em 1912 pelo estaleiro F.C.M. (Forges et Chantiers de la Méditerranée), de Seyne-sur-Mer, este navio pertenceu à classe 'Courbet'. Entrou precipitadamente no serviço activo em 1914, por causa da eclosão da Grande Guerra. O que determinou um regresso ao estaleiro (Arsenal de Toulon) em Novembro de 1915, para ajustes e reparações. Durante o primeiro conflito generalizado, o «Paris» operou essencialmente no mar Mediterrâneo, cumprindo missões (de soberania, de escolta e de patrulha) nas costas do norte de África, mas também em águas maltesas e gregas. Em 1919, já depois do fim da Grande Guerra, este navio assegurou a protecção às tropas gregas que participaram no malfadado desembarque de Esmirna. O «Paris» sofreu, em 1920, uma significativa modernização no arsenal de Sidi Abdallah (Tunísia), depois da qual passou a assumir o papel de navio-almirante da frota francesa do Mediterrâneo. Operação (de remodelação) que repetiu em 1923, desta vez em Brest. Depois disso, o couraçado em apreço esteve envolvido nas operações militares franco-espanholas contra o líder nacionalista Abd-El-Krim. A partir de Outubro de 1931 -já ultrapassado enquanto navio de combate- o «Paris» passou a ser utilizado como navio-escola de timoneiros, de fogueiros e de artilheiros. Quando, em 1939, rebentou a guerra contra a Alemanha nazi, este couraçado foi rearmado e afectado à chamada 3ª Divisão de Linha; mas o facto de se tratar de uma unidade obsoleta, acabou por condená-lo, de novo, a funções subalternas e focadas na formação de marinheiros. Uma avaria grave no seu sistema propulsivo (ocorrida em 1943, já com a França sob ocupação hitleriana) ditou o seu fim e consecutivo desmantelamento. O «Paris» era um navio de 26 000 toneladas (em plena carga), que media 164,90 metros de comprimento por 27 metros de boca por 9 metros de calado. Movia-se graças à força de 28 000 cv desenvolvida por um sistema propulsivo a vapor, composto por 4 turbinas e por 24 caldeiras. Estava equipado com 4 hélices. A sua velocidade máxima era de 21,5 nós. Estava fortemente blindado (de 48 mm a 300 mm) e poderosamente armado com 12 canhões de 305 mm, 22 peças de 138.6 mm, 11 de 47 mm e 4 tubos lança-torpedos de 450 mm. A sua guarnição ascendia a 1 108 homens, oficiais incluídos.
«WESTERN STATES»
Vapor lacustre de bandeira norte-americana, construído -em 1889- no estaleiro Detroit Ship Building Cº, de Wyandottte (Michigan). Foi realizado para operar na linha Detroit-Cleveland, onde permaneceu durante décadas a fio. Mas também participou em excursões sazonais no lago Superior. A sua companhia armadora foi a Detroit & Cleveland Navigation Cº. Esta embarcação teve uma 'sister ship' baptizada «Eastern States», com a qual partilhou a referida carreira. As suas principais características físicas eram as seguintes : 3 077 toneladas de deslocamento; 110,33 metros de comprimento; 13,78 metros de boca; 5,94 metros de calado. Movia-se com a ajuda de 1 máquina a vapor de dupla expansão (alimentada a carvão), que desenvolvia uma potência de 4 200 cv. Força que lhe assegurava uma boa velocidade de cruzeiro. Para além de viajantes, tinha capacidade para receber carga geral. Depois do fim da 2ª Guerra Mundial, o tráfico fluvial e lacustre sofreu uma grande quebra nos 'states' e no sul do Canadá, devido à construção de boas estradas na região dos Grandes Lagos e à criação de empresas de transporte colectivo mais rápidas e mais seguras; que 'roubaram' muita clientela ao «Western States» e congéneres e provocaram o fim da actividade da Detroit & Cleveland Navigation Company. De modo que, em Junho de 1955, o navio em apreço foi rebocado para Tawas City (Michigan), onde funcionou como hotel flutuante com o nome de «Overnighter»; unidade que não teve sucesso comercial e que acabou parcialmente destruída por um incêndio. Levado para um estaleiro especializado de Bay City (também no estado do Michigan), o navio foi desmantelado em 1959.
terça-feira, 24 de abril de 2018
«BAYERN»
Este couraçado da armada imperial alemã deu o seu nome a uma classe de navios, que deveria compreender 4 unidades. A saber : o navio em apreço, o «Baden», o «Sachsen» e o «Württenberg». Mas só a construção dos dois primeiros seria concretizada. O «Bayern» -feito nos estaleiros Howaldtswerke-Deutsche Werft, de Kiel- entrou em serviço em Março de 1916. E o facto mais marcante da sua vida operacional ocorreu no dia 12 de Outubro do ano seguinte, durante a Operação Albion, quando chocou com uma mina no golfo de Riga. Este navio sofreu, então, algumas avarias, que necessitaram trabalhos de estaleiro; sendo, por via de consequência, afastado dos combates da Grande Guerra. Depois do armistício, o «Bayern» tomou (como tantos outros navio da frota imperial) o rumo de Scapa Flow, onde foi afundado por elementos da sua própria guarnição. Em Setembro de 1934, uma empresa de salvados -a Metal Industries of Charlestown- procedeu à sua reemersão (para aproveitamento de materiais), mas, durante essa complicada manobra para trazer o navio a flor das águas, as suas famosas torretas da artilharia principal soltaram-se e não puderam ser recuperadas. O «Bayern» deslocava 32 000 toneladas e media 180 metros de comprimento por 30 metros de boca. O seu calado ultrapassava os 9 metros. O seu sistema propulsivo desenvolvia uma potência de 56 000 cv, força que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 22 nós e uma autonomia de 5 000 milhas náuticas com andamento reduzido a 12 nós. Este vaso de guerra estava fortemente blindado (120 mm - 350 mm). Do seu armamento destacavam-se 8 poderosos canhões de 380 mm, 16 de 150 mm, 2 de 88 mm e 5 tubos lança-torpedos de 600 mm. A sua guarnição era composta por 1 270 homens, oficiais incluídos. Nota : a acima referida Operação Albion consistiu na ocupação alemã de um arquipélago situado ao largo da Estónia; que resultou na expulsão das forças navais russas daquela região do Báltico.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
«AUGUSTUS»
Transatlântico italiano. Foi construído, em 1927, no estaleiro naval G. Ansaldo & Cº, de Sestri Ponente, para a armadora genovesa Navigazione Generale Italiana. Era gémeo do «Roma», construido no ano precedente. O «Augustus» apresentava uma arqueação bruta de 32 652 toneladas e media 232,90 metros de comprimento por 27,16 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por máquinas diesel, desenvolvendo uma potência de 28 000 ihp. Força que lhe permitia navegar à velocidade de cruzeiro de 20 nós. Dispunha de 4 hélices. Este paquete foi, no seu tempo, o maior navio do mundo do seu tipo a usar motores diesel. Podia transportar 1 675 passageiros na sua versão civil e 2 116 combatentes enquanto transporte de tropas; função que desempenhou a partir de 1939. O «Augustus», que, antes da eclosão do conflito, navegara nas linhas Génova-Nápoles-Buenos Aires e posteriormente entre Génova e Nova Iorque, foi escolhido pelas autoridades fascistas -tal como o «Roma»- para ser transformado em porta-aviões, plano que nunca chegou a concretizar-se. E foi, nesse entretanto, sucessivamente nomeado 'Falco» e «Sparviero». Recuperado pelos alemães, já depois o desembarque dos Aliados em Itália, este navio foi voluntariamente afundado pelos nazis em frente do porto de Génova, para dificultar o seu acesso ao inimigo. Depois do armistício, em 1946, o navio foi reemergido e vendido, como sucata, para futuro desmantelamento. O que ocorreu, por completo, em 1951.
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