domingo, 5 de agosto de 2012
«GOVERNOR AMES»
Navio de cinco mastros com o aparelho característico dos lugres; mas que os norte-americanos designam por escuna (‘schooner’). Construído em 1888, no estaleiro de Leavitt-Storer, de Waldeboro, no estado do Maine, o «Governor Ames» foi considerado o maior cargueiro do mundo do seu tempo. Era um navio de 1 690 toneladas, que media 81 metros de comprimento por 15 metros de boca. O seu nome prestava homenagem a Oliver Ames, figura política então muito popular na costa leste dos ‘states’, onde havia exercido o cargo de governador do Massachusetts. O navio pertencia à frota da Atlantic Navigation Company, sociedade de transportes marítimos com sede em Somerset. A primeira viagem do «Governor Ames» foi desastrosa : tendo partido do seu porto de abrigo para Baltimore (Maryland), o veleiro afrontou uma violenta tempestade –a 11 de Dezembro de 1888- que o desarvorou completamente. E como, nessa ocasião, o seu cabo de âncora também se rompeu, o navio foi empurrado por rija ventania para um baixio de George Bank (no golfo do Maine), onde encalhou. Não houve vítimas a bordo, mas os estragos causados pela tormenta foram elevadíssimos. Libertado da sua incómoda posição, o «Governor Ames» voltou ao estaleiro para ser remastreado, desta vez com paus de menor dimensão. Concebido para o transporte de carvão, o «Ames» acabou por especializar-se no negócio, mais rendoso, das madeiras. E, em 1889, empreendeu uma viagem com destino ao porto e Buenos Aires com um carregamento constituído por 4 470 m3 de trocos de pinheiros e de abetos, cujo valor foi estimado, ao tempo, em 30 000 dólares. Acredita-se que essa foi a mais volumosa carga até então transportada por um navio ostentando a bandeira dos Estados Unidos. O navio passou, mais tarde, para o oceano Pacífico (via cabo Horn), onde fez fretes com madeira californiana para diferentes destinos, nomeadamente para a Austrália. Nos anos 90 do século XIX, assinala-se, de novo, a sua presença no Atlântico, implicado no comércio do carvão. Foi, aliás, com um carregamento desta substância que o «Governor Ames» encalhou e se afundou parcialmente, no dia 30 de Maio de 1899, nas proximidades de Key West, na Florida. Reemergido e reparado, este veleiro ainda navegou mais uns bons dez anos, até que –a 13 de Dezembro de 1909- foi atingido e destruído por um ciclone a cerca de 4 milhas náuticas ao largo do cabo Hatteras. 13 das 14 pessoas que viajavam no navio pereceram no naufrágio, contando-se, entre os mortos, o capitão do «Governor Ames» e a esposa. Aquando do desastre, o navio velejava de Brunswick (Geórgia) para Nova Iorque com um carregamento de travessas de caminho-de-ferro.
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