domingo, 30 de setembro de 2012
«GAIA»
Com nome também ortografado «Gaya», este lugre com casco em madeira e 3 mastros, foi construído –em 1916- pela firma Manuel G. Amaro & Irmão, em Azurara (Vila do Conde). Apresentava uma arqueação bruta de 277,57 toneladas e media 42 metros de comprimento, 9,54 metros de boca e 3,38 metros de pontal. Pertenceu ao armador portuense António dos Santos Sá e teve um único capitão na pessoa do senhor José de São Marcos, que dava ordens a mais 10 tripulantes e a um número indeterminado de pescadores de dóri, quando o seu navio se dedicava à pesca do bacalhau. O «Gaia» teve vida efémera, já que desapareceu em pleno Atlântico (mais exactamente ao largo do arquipélago dos Açores), quando –com pouco mais de dois anos de actividade- navegava da cidade do Porto para Belém do Pará, no Brasil. Essa triste ocorrência teve lugar no dia 22 de Setembro de 1918 e foi causada pelo infeliz encontro do «Gaia» com o submarino germânico «U-157», cujo comando era da responsabilidade do capitão Ortwin Rave. O ataque da máquina de guerra do ‘Kaiser’ provocou o inevitável afundamento do desprotegido veleiro português e a morte de 6 dos seus tripulantes. Os sobreviventes do soçobro do «Gaia», que haviam tomado lugar num bote, foram resgatados do oceano (a cerca de 250 milhas náuticas a leste dos Açores) por um vapor mercante de bandeira norte-americana denominado «St. Cecilia», que os deixou em Marselha, lugar de destino da sua viagem. «O Comércio do Porto», que publicou a notícia, não referiu se, entre os homens que escaparam àquele torpe acto de guerra contra um veleiro desarmado, se contava o capitão do «Gaia». Notas finais : 1) Presume-se que a imagem que ilustra este texto (um ex-voto consagrado ao Senhor Jesus dos Navegantes, de Ílhavo) corresponda ao navio aqui descrito. 2) A marinha mercante portuguesa, nomeadamente os navios da nossa frota bacalhoeira, pagaram um pesado tributo ao conflito que opôs as nações aliadas na sua guerra (1914-1918) contra os chamados Impérios Centrais. A sua epopeica história –toda ela feita de humildade e de sacrifício- ainda está por escrever.
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