quinta-feira, 20 de setembro de 2012

«SAN TELMO»



O «San Telmo» foi um navio de linha espanhol de 74 canhões. Pertenceu à classe ‘San Ildefonso’, que comportou 6 unidades, que foram, para além dos dois navios já referidos, o «Montañés», o «San Francisco de Paula», o «Monarca» e o «Europa»; que eram, todos eles, navios rápidos, estáveis e manobráveis. Construído pelos Reales Astilleros de Esteiro (no Ferrol), em 1788, segundo os planos do engenheiro naval Romero de Landa, o «San Telmo» deslocava 2 750 toneladas e media 52 metros de comprimento, por 14,50 metros de boca, por 7 metros de pontal. A sua guarnição era de 640 homens, marinheiros e fuzileiros. Muito veleiro, atribuiu-se-lhe (em condições ideais) uma velocidade máxima da ordem dos 14 nós. O «San Telmo» esteve, sucessivamente, baseado no Ferrol (quando integrava a Esquadra do Oceano) e em Cartagena (depois de ter sido transferido para a Esquadra do Mediterrâneo); onde, aliás, ficou bloqueado aquando da batalha naval de Trafalgar. Em 1819, recebeu ordens para aparelhar para Callao (no actual Peru), para participar na guerra contra os insurrectos que ali contestavam a autoridade do rei de Espanha. Dessa expedição (superiormente comandada pelo brigadeiro Rosendo Porlier y Asteguieta) faziam parte quatro navios, que embarcaram 1 400 marinheiros e homens de armas. Mas, na passagem do cabo Horn, a esquadra espanhola -que fora pomposamente baptizada Divisão Naval do Sul- viu-se a braços com o rigor do Inverno austral (mar revolto e rajadas de vento forte), que provocou a dispersão dos navios. O «San Telmo» foi visto pela última vez (do mercante armado «Primorosa Mariana») no dia 2 de Setembro, debatendo-se na tempestade; numa posição anotada de 62º S de latitude. Depois dessa data ninguém mais lhe pôs a vista em cima. Presume-se (na base de estudos feitos sobre os restos encontrados de uma embarcação que bem poderia ter sido o vaso de guerra espanhol desgarrado) que o navio terá naufragado na costa norte da ilha Livingstone. E que os sobreviventes do «San Telmo» tenham vivido nessa ilha da Antárctida algum tempo, antes de sucumbirem ao frio glacial e à falta de mantimentos. O que a ser verdade, faz deles os primeiros homens a estabelecer uma base (por muito efémera que ela tenha sido) em terras do 6º continente.

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