sábado, 8 de setembro de 2012
«MOZART»
Este lugre-escuna de quatro paus foi construído -em 1904- nos estaleiros da firma britânica Greenock & Dockyard Grangemouth Cº, por encomenda dos armadores alemães (de origem lusa) A.C. de Freitas & Cº, sedeados em Hamburgo. O «Mozart» -gémeo do «Beethoven»- era um navio com 2 003 toneladas de arqueação bruta, medindo 82 metros de comprimento por 12,20 metros de boca. A sua tripulação normal era de 28 homens, mas o veleiro podia receber (para formação prática) 12 futuros oficiais da marinha mercante. As suas funções eram, no entanto, as de um cargueiro ordinário, concebido para o negócio com países tão longínquos como o Chile ou a Austrália, de onde trazia para a Europa produtos diversos : nitratos, cereais, etc. Em 1911, o «Mozart» foi vendido a uma outra companhia hamburguesa de transportes marítimos : a Schlüter und Maack; que, com ele, prosseguiu no negócio do guano com o Chile, o maior produtor mundial desse fertilizante natural. A eclosão do primeiro conflito generalizado surpreendeu o navio num porto desse país, onde ele passou todos os anos de duração da contenda. Em 1920 levou um carregamento de nitrato de Taltal até Ostende; carregamento que, a título de indemnizações de guerra devidas pela Alemanha à França, foi encaminhado para este último país. Em 1921, o «Mozart» mudou de armador e de bandeira, visto ter integrado a frota da companhia finlandesa de Hugo Lundqvist, de Mariehamn (ilhas Aland). No seio desta companhia, continuou na rota da Austrália, implicado, simultaneamente, nos comércios da madeira e do trigo. Este veleiro foi vendido, em 1935, à casa Arnolt & Young, de Dalmuir (Escócia), que procedeu ao seu desmantelamento. Curiosidade : os primeiros proprietários do «Mozart» foram os armadores A. C. de Freitas & Cº. Pertenciam a uma família de origem portuguesa e chegaram a ter uma das maiores frotas mercantes da Alemanha, no período que precedeu a Grande Guerra. Alguns navios da sua frota tiveram designativos portugueses, tais como «Affonso de Albuquerque», «Camões», «Lusitânia» (a não confundir com o famoso paquete britânico do mesmo nome), «Sam Miguel», «Trovador» ou «Vasco da Gama».
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