domingo, 6 de setembro de 2009
«TONECAS»
Pequeno cacilheiro dos anos 30 do século XX, que funcionava com uma tripulação de 6 homens. Ao cair da noite de 19 de Dezembro de 1938, este barquito da Empresa de Transportes Tejo, cuja capacidade não excedia 100 passageiros, naufragou a escassas centenas de metros do histórico Cais das Colunas; isto, depois de ter sido abalroado pela draga italiana «Tinalamarina», navio especializado, que se encontrava em Portugal ao serviço da Administração do Porto de Lisboa. Os náufragos do «Tonecas» foram prontamente socorridos pelas tripulações de alguns navios fundeados no Mar da Palha (fragata «D. Fernando II e Glória», cruzador sueco «Götland» e outros) e por gasolinas expedidos a toda a pressa do velho arsenal, de onde o desastre havia sido presenciado. Perante este afundamento, de consequências ainda desconhecidas, gerou-se natural alvoroço em Almada e em Lisboa. Membros do governo da época juntaram-se às muitas centenas de populares e às equipas de salvamento (bombeiros, armada, cruz vermelha) que acudiram ao cais contíguo ao Terreiro do Paço. A imprensa lisboeta do dia seguinte anunciou -de maneira ligeira e sensacionalista- a morte de dezenas de pessoas que viajavam a bordo do «Tonecas». O matutino «O Século», por exemplo, encheu a sua primeira página com o seguinte título : «Mais de 30 pessoas afogadas no Tejo. De noite, um barco da carreira de Cacilhas (...) afundou-s, a meio do rio, em menos de 3 minutos». O alarme foi acentuado por um mergulhador que visitou o cacilheiro naufragado e afirmou ter visto, na câmara de porão do «Tonecas, um número elevado de vítimas. Curiosamente, três ou quatro dias mais tarde, os jornais da capital já não falavam do assunto. Talvez pelo facto do frágil cacilheiro ter sido, entretanto, resgatado do fundo do rio pela cábrea «António Augusto de Aguiar» (da A.P.L.) e de se ter comprovado que o naufrágio fora menos catastrófico do que se imaginou e se escrevera nos órgãos de comunicação social. No rescaldo do naufrágio do «Tonecas» apurou-se a morte de 4 pessoas (entre as quais se encontrava o seu piloto, apontado como o grande responsável pelo abalroamento) e verificou-se o desaparecimento de 8 outros passageiros. 12 vítimas no total. O «Tonecas» foi recuperado e, após reparação na Mutela, voltou ao transporte de passageiros com o novo nome e «Rio Sousa».
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O meu tio materno foi um dos passageiros que sobreviveu ao acidente do Tonecas. Era funcionário do Banco Espirito Santo, Lisboa. Recuperou bem. Muitas vezes em conversas de família este acontecimento era recordado.
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