domingo, 6 de setembro de 2009
«LISBOA»
Paquete português de inícios do século XX. Foi construído nos estaleiros David & William Henderson & Co. Ltd, em Meadowside (Glásgua/Escócia), por encomenda da Empresa Nacional de Navegação, e lançado à água a 27 de Abril de 1910. Chegou à capital portuguesa, seu porto de registo, em 18 de Junho do mesmo ano. «O paquete «Lisboa» podia receber 328 passageiros em camarotes de três classes distintas e cerca de mais 1 000 outros em 4ª classe, que eram alojados (precariamente) nos porões e cobertas. Tinha uma tripulação de 150 membros, incluindo um radiotelegrafista de nacionalidade alemã. Ainda ostentou a bandeira da monarquia e foi o primeiro navio da frota mercante portuguesa a ser dotado com equipamento TSF. O «Lisboa» apresentava uma arqueação bruta de 7 459 toneladas e media 131,80 metros de comprimento fora a fora por 16,47 metros de boca. O seu sistema propulsor compreendia 2 máquinas a vapor de tripla expansão desenvolvendo 7 500 cv e 2 hélices. A sua velocidade de cruzeiro era de 15 nós. Foi inaugurado no dia 1º de Julho de 1910, numa viagem com destino ao continente negro e volta. Levou para África passageiros e produtos metropolitanos e trouxe, na torna viagem, um carregamento de açúcar, milho, café, cacau e 300 toneladas de borracha. Durante a sua segunda (e derradeira) viagem comercial, o paquete «Lisboa», que devia assegurar uma carreira regular entre a capital portuguesa e Lourenço Marques (com escalas programadas nos portos de Luanda, do Lobito e da Cidade do Cabo), transportou para África 204 passageiros e um carregamento de mercadoria diversa, que incluía gado bovino e azeite. Na noite do dia 23 de Outubro de 1910 -quando ainda navegava em águas do Atlântico, mas se encontrava já próximo da extremidade sul do continente africano- o navio foi despedaçar-se contra os traiçoeiros rochedos de Soldier's Reef, perto de Paternoster (África do Sul). No naufrágio -originado, simultaneamente e ao que parece, pelo temporal e por um erro de navegação- pereceram 7 membros da equipagem do «Lisboa». E o desastre só não teve consequências mais gravosas, devido à utilização do equipamento TSF do navio, que permitiu a chegada rápida de socorros ao local do acidente. Os náufragos do paquete «Lisboa» foram, num primeiro tempo, encaminhados para a África do Sul por um dos navios que acorreram ao local do desastre : o britânico «Burton Port». Este paquete da E.N.N. -o «Lisbos»- tornou-se conhecido, por ter sido o primeiro navio a empregar a técnica de comunicação TSF na África austral e, também, por ter tido vida efémera. : o «Lisboa» navegou uns escassos 4 meses e detém, pela certa, o recorde da mais curta longevidade de um paquete português.
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